sexta-feira, 14 de outubro de 2022

O DOUTOR TOLEDO DO PENIDO


Boa tarde amigos, 


"Como pessoa tento viver uma vida sem anestesia, olhando-a nos olhos, valorizando a coragem de ousar vivê-la e assim poder ser grato pela curta experiência, a ver tudo sem fantasia por saber que sempre o poeta sou eu”  (do poeta Toledo Filho).

 

“Dr. Jamil. Usualmente meu celular fica no silencioso. Se desejar uma prosa no sábado próximo me envie uma mensagem para que eu faça contato. Fico à disposição.”  (mensagem no meu whatsapp de 23 de fevereiro de 2.022).

 

Com muita tristeza recebi ontem cedo, aqui na praia onde me encontro, a notícia do falecimento do Dr. Milton Baptista de Toledo Filho, o nosso estimado Dr. Toledo. Na esteira do pai, Dr.Milton Baptista de Toledo, um dos competentes e serenos médicos fundadores do centenário Hospital Penido Burnier de Campinas, então referência nacional e internacional em oftalmologia e otorrinolaringologia, o Dr. Toledo era exemplo de caráter, de elegância, de dedicação aos seus pacientes. Sensível e com apreciável formação humanística “prosear” com ele sobre cinema, viagens, gastronomia, política ou qualquer outro assunto era um grande prazer e uma troca na qual a gente sempre ganhava, considerado o seu vasto cabedal diante do nosso.  Não entendia a nossa linguagem, a linguagem forense, o trato formal que se via entre advogados e outros operadores do Direito. Nem a conduta de alguns de seus colegas sócios ou de descendentes que, desviando-se dos nobres objetivos dos seus ancestrais fundadores, converteram a instituição num centro de disputa pelo Poder, um poder que pouco pode acrescentar de prestígio ao centenário centro médico, combalido em suas finanças e dividido pela falta de harmonia.  Não consegui encontrar tempo para responder à sua última mensagem. Perdi, assim, uma última chance de um encontro derradeiro e me deliciar com uma pauta em que, por certo, não entraria dinheiro, nem poder, coisas prosaicas e indignas de uma vida que vale a pena ser vivida.  Vá em paz caro Toledo ciente de que deixou muitas saudades entre a companheira, os parentes, os pacientes e os amigos e admiradores como eu, o Guilherme, a Samira. Ciente de que nessa curta passagem por esse planeta, viveu e sentiu a vida possível. Com a visão e o sentimento do poeta, porque sua alma não, não era e não é pequena, na advertência do nosso eterno Fernando Pessoa.

Até mais amigos.