quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ESPORTE NO BRASIL E NO MUNDO EM 2.013

Boa noite amigos,


1 - O que de mais importante aconteceu neste ano que se finda e antecede a Copa do Mundo a ser disputada aqui na terrinha foi a conquista da Copa das Confederações pela Seleção Brasileira, um título obtido com vitórias importantes contra tradicionais seleções europeias,  como a Itália e, especialmente, a Espanha, esquadrão que  o Brasil  superou por  impiedoso e merecido placar de 3 a 0, na final histórica.  O esquema utilizado pelo técnico Felipão,  funcionou com perfeição contra a campeã do mundo, composta, praticamente toda,  de atletas do Barcelona e do Real Madrid, sem o argentino, Messi,  e o português, Cristiano Ronaldo,  este último, sem dúvida, o melhor atleta do ano pela regularidade na marcação de gols fundamentais, tanto pela equipe espanhola, quanto pela Seleção de Portugal;

2 – O Cruzeiro do técnico Marcelo Oliveira,  campeão brasileiro por antecipação foi, sem dúvida, com sobras, dos times que disputaram as 4 divisões do campeonato brasileiro, o que jogou o futebol mais moderno, bonito, eficiente e regular, tendo merecido o título,  o que também aconteceu com o seu arquirrival, Atlético relativamente à Libertadores, na versão 2.013. O Galo foi o grande campeão desse torneio, enquanto esteve em fase de ascensão. E nem mesmo a derrocada no mundial, quando perdeu para o Raja Casablanca, de Marrocos, nas semifinais e frustrou os torcedores que esperavam uma grande final com o Bayern, campeão europeu, retira os méritos dos jogadores e do técnico Cuca pelo título obtido. A verdade é que o esquadrão mineiro não jogou nem 20% do que sabe e pode  na famigerada partida contra os marroquinos e sofreu os três gols em jogadas em velocidade, de contra-ataque, que não foram contidos pelo meio campo e pela defesa, irreconhecíveis na ocasião. Foi pênalti no segundo gol do Raja? Não, não foi. E daí? Erros de arbitragens fazem parte do risco da partida. Não justifica o mau futebol praticado, como se disse, nessa partida específica, durante os 90 minutos.

3 – A Ponte Preta aqui de Campinas teve um ano de altos e baixos. Fez um bom campeonato paulista, conquistando o troféu de Campeã do Interior. Depois, no Brasileiro patinou e, por tropeços inesperados em partidas dentro do Majestoso, o que sempre foi o seu forte, acabou ficando em situação difícil, amargando, durante boa parte do segundo turno, a zona do rebaixamento e a  queda da qual não se livrou, no final, sendo acompanhada pelo Náutico do Recife e por dois grandes do Rio, o Vasco e o Fluminense. Renunciou à Copa do Brasil, colocando em campo um time reserva, para poder disputar a Copa Sulamericana, tendo em vista ser essa a primeira competição internacional da qual participaria nos seus mais de 100 anos de existência. Acertou? Completamente. Fez uma espetacular campanha no aludido torneio, obtendo vitórias importantes contra adversários fortes e tradicionais como o São Paulo, no Morumbi (3 a 1) e o argentino Velez, em Buenos Aires (2 a 0). Quando parecia perto, muito perto de um título importante na sua trajetória, não conseguiu superar outro argentino,  menos conhecido e tradicional, o Lanús, da Província de Buenos Aires, e perdeu a partida final, no campo do adversário, pelo placar de 2 a 0. O vice-campeonato, porém, foi uma conquista marcante, embora, como se saiba, aqui no Brasil, o que vale mesmo o título. É ele que fica na história. E vices a Macaca tinha de sobra. Agora é partir para 2.014, com pretensões mais modestas, compatíveis com a quota muito menor reservada pela TV Globo às equipes da série B do Campeonato Brasileiro. E buscar novamente o acesso, pois o objetivo é a volta e a permanência na elite do futebol brasileiro;

4 -  Para o seu rival Guarani, mais um ano ruim. Um novo rebaixamento no Campeonato Paulista tira a equipe de qualquer vitrine no ano que vem, pois também não conseguiu o seu objetivo de acesso da série C para a série  B no Campeonato Brasileiro. Pouco ou nada a comentar ou acrescentar. É acreditar, com o Presidente Negrão, sua Diretoria e os bugrinos de coração,  que 2.014 será melhor para o clube de tantas tradições. A aprovação do projeto que implicará em investimentos no Brinco de Ouro e no pagamento das dívidas trabalhistas acumuladas e a aposta em sucesso nos campeonatos que disputará são as expectativas dos bugrinos neste Natal. É pedir para Papai-Noel um presentinho no ano que vem. Ao menos um. Chega de rebaixamentos.


5 - O Corinthians ficou devendo no ano. Não conseguiu reproduzir as  boas campanhas de 2.012, quando foi campeão da Taça Libertadores e do Mundial de Clubes. Fez um campeonato brasileiro apenas regular, permanecendo mais para o meio da tabela e estará fora do grupo que disputará a Libertadores do ano que vem. O volante,  Paulinho, da Seleção Brasileira,  foi vendido,  e Tite deixa a equipe. Agora a esperança é a volta do ex-técnico Mano Menezes (ex-seleção brasileira)  que tem afinidade com o clube e com a torcida. O Presidente já anunciou cortes drásticos nos investimentos do ano de 2.014 e garantiu que não haverá nenhuma grande contratação. Por enquanto, o Timão apenas contratou o lateral Uendel, da Ponte Preta.

6 - A mais recente notícia boa vem da seleção feminina de handebol, uma modalidade esportiva na qual nunca tivemos qualquer tradição e que recentemente venceu o Mundial da categoria, disputado na Sérvia, obtendo a medalha de ouro em final emocionante contra os donos da casa, na  Arena Belgrado tomada por  mais de 23 mil expectadores, torcendo contra. Não se vá pensar que isso aconteceu por acaso. Foi o segundo título de Mundial ganho por um país não europeu. Os investimentos feitos nas meninas e que, obviamente, acabou dando um retorno espetacular, foram relevantes, especialmente por parte dos Correios e do Banco do Brasil, os principais investidores, além do apoio do Ministério de Esportes. Além disso, oito das atletas que disputaram o Mundial, jogam na Europa, onde o esporte é tradicional e a qualidade dos treinamentos e da preparação bastante profissionais. Passada a euforia, virá a cobrança por medalha nas Olimpíadas de 2.016. Para que essa aposta se torne factível, porém, será preciso que os investimentos continuem e sejam até mesmo incrementados. E que também a imprensa e o público apoiem a modalidade;

7 – A grande personalidade do ano sem dúvida é o técnico Pep Guardiola do Bayern de Munique, ex-Barcelona. Vi apenas dois jogos da equipe alemã,  justamente em duas finais: a da Copa dos Campeões  e agora do Mundial em Marrocos. E não é difícil constatar que Guardiola implantou no  Bayern, o mesmo esquema que empreendera no Barcelona, e que levou o time catalão a tantos títulos e, especialmente, a um futebol vistoso e primoroso. O Bayern é uma grande equipe, de excelentes jogadores, como o nosso Dante, o brasileiro Rafinha, o bom meia Philipp Lahm, da Seleção Alemã, de Toni Kroos e da estrela, o francês, Franck Ribéry,  mas sem gênios como Messi ou Cristiano Ronaldo. E, no entanto, a equipe faz a bola girar, ataca e defende em bloco e é sempre dela a chamada “segunda bola”. De quebra, visível é a reformulação geral pela qual  passou o futebol alemão nos últimos anos, trocando  força e  rigidez tática, por um esquema mais leve e versátil, que une técnica, força física e especialmente velocidade. Aguardem a Seleção Alemã na próxima Copa do Mundo. Não será fácil de ser batida e na minha visão é uma das favoritas ao título, juntamente com o Brasil.

Até mais amigos.


P.S. (1) A campanha da seleção brasileira feminina de handebol no Mundial disputado na Sérvia foi irretocável. Foram 09 vitórias em 09 jogos. Venceu Argélia, China, Sérvia, Japão e Dinamarca na fase de classificação. Derrotou, nas oitavas, a equipe da Holanda. Nas quartas-de-finais, a vítima foi a Hungria. Dinamarca e Sérvia respectivamente, voltaram a perder para o Brasil campeão,  nas semifinais e nas finais;

P.S. (2) O técnico da seleção brasileira feminina de handebol, o dinamarquês Morten Soubak vibrou muito com a conquista, mas fez questão de ressalvar que ela só foi possível por causa das atletas que jogam na Europa. Disse também de sua expectativa de  que o Brasil volte a ganhar medalhas na categoria com um time formado no próprio país;

P.S. (3) O Bayern de Munique conquistou simplesmente 4 campeonatos importantes neste ano de 2.013: a Liga dos Campeões da Europa, a Supercopa da Europa, o título da Bundesliga e da Copa da Alemanha;

P.S. (4) A imagem n. 1 da coluna é do lateral Philipp Lahm, do Bayern de Munique e capitão da Seleção Alemã e foi emprestada do site www.hdwallpapersinn.com; a imagem n. 2 é do zagueiro e volante do Chelsea e da Seleção Brasileira de Futebol, David Luiz Moura Marinho, que teve grande participação na conquista da Copa das Confederações e foi emprestada do site chelseaabrasil.com; a imagem n. 3 é da gaúcha de Novo Hamburgo, Bárbara Elisabeth  Arenhart, goleira da seleção brasileira de handebol, campeã do mundo na Sérvia,  é foi emprestada de Pt.br.facebook.com; a imagem n. 4 é do ex-técnico da seleção brasileira e do Corinthians que acaba de ser recontratado pelo clube do Parque São Jorge, Mano Menezes; a imagem n. 5 é do baiano Leonardo, ex-Atlético Mineiro, centroavante da Ponte Preta e um dos maiores responsáveis pela boa campanha da Macaca na Copa Sulamericana e que deverá permanecer na equipe campineira para a temporada de 2.014, emprestada do site www.tribunadabahia.com.br; a imagem n. 6 é do goleiro Douglas, que acaba de ser recontratado pelo Guarani de Campinas, para a temporada de 2.014, na qual o Bugre pretende o acesso, tanto no Paulista, quanto para a série B do Campeonato Brasileiro.


sábado, 14 de dezembro de 2013

DOCE DE MÃE - UM EMMY PARA NOSSA MELHOR ATRIZ

Boa noite amigos,



Arlete Pinheiro Esteves Torres, nascida em 16 de outubro de 1.929 é uma atriz brasileira. Conhecem? Bem, pelo nome de batismo, provavelmente não. Arlete, hoje uma respeitável senhora de 84 anos, virou Fernanda Montenegro (nome de guerra, como se dizia,  na década de 40, quando abraçou a difícil e então marginal  carreira artística). E com intensa participação em cinema, teatro e televisão, a atriz viria a se tornar um “monstro sagrado” e “a grande dama da dramaturgia brasileira”. Durante muito tempo fiquei me perguntando se efetivamente Fernanda tinha méritos  que justificassem os vários epítetos que a ela se atribuíam, todos na linha dos superlativos, colocando-a em   posição de destaque e importância dentro das artes cênicas. Afinal, eu via em outras atrizes brasileiras, espanholas,  americanas, italianas e francesas, da minha juventude (Tonia Carrero, Sarita Montiel, Betty Davis, Brigite Bardot, Sofia Loren, para citar algumas que me impressionavam), virtudes que não identificava na badalada Fernanda que, além de tudo, tinha um rosto comum, de gente comum e nem bonita era.  À medida em que fui amadurecendo,  e a carreira da atriz se consolidando no desempenho de papéis variados e de destaque, ou, ainda de pequenas participações marcantes, fui dissipando as dúvidas a respeito. E há dias atrás, quando ouvi pela TV, a notícia de que Fernanda Montenegro ganhava o prêmio Emmy Internacional de 2.013, na categoria melhor atriz,  pela participação no caso especial feito para a televisão, Doce de Mãe,  fiquei visivelmente emocionado. Duplamente emocionado. Quando em dezembro do ano  passado, assisti a esse filme feito e exibido pela Globo  especialmente para sua programação de final de ano, não tive dúvidas em considerá-lo o grande destaque do ano.  Com enredo nem tão original, focalizando uma viúva octogenária de classe média às voltas com o problema da idade e a preocupação dos filhos, à medida em que se desenvolve a trama ela vai crescendo, consideravelmente. A velhinha,  muito bem humorada, escapa das várias armadilhas que os filhos criam para fazê-la aceitar a companhia de empregadas e de sujeição a regras que contemplam valores morais e sociais burgueses, para viver a sua vida, com sabedoria, alegria e liberdade. E, de quebra, ainda  planeja e  auxilia na solução dos problemas pessoais dos filhos adultos. A mamãe aí é Fernanda, leve, solta, planando no papel  da doce Dona Picucha, a protagonista. Imperdíveis: a trama e a interpretação. O prêmio foi comemorado e muito por Fernanda, pelos autores, pela Globo e por nós brasileiros que adoramos a atriz  e somos bairristas, com orgulho. A primeira artista brasileira a ganhar um Emmy Internacional, na categoria de melhor atriz. E o Emmy é considerado o Oscar da Televisão. O prêmio, merecidíssimo, aliás, apenas aplaca um pouco a nossa ira pela presepada da Academia Americana não ter conferido, em 1.999, a estatueta  a Fernanda, indicada por sua magistral atuação no filme de Walter Salles, Central do Brasil, escolhendo, no seu lugar, a americana Gwlyneth Paltrow, por seu papelzinho água com açúcar, no bom filme Shakespeare Apaixonado,  embora o simples fato da indicação para o prêmio tenha sido histórico, na medida em que foi a primeira e única atriz latino americana, até hoje, indicada para o Oscar de melhor atriz. Fernanda continua trabalhando intensamente, cada vez mais, tanto no teatro, como na televisão e, ainda, no cinema. E como os vinhos, cada vez melhor. Saúde, muita saúde para nossa caríssima dama.

Até amanhã amigos.

P.S. (1) Dona Picucha, personagem de Fernanda em Doce de Mãe, me fez lembrar um outro filme,  belo e sensível, que focaliza o romance de um casal de terceira idade, que tenta viver um relacionamento baseado na liberdade e na ausência de preconceitos,  apesar dos problemas de saúde e da ditadura imposta pela pretensa necessidade de  proteção dos filhos. Trata-se de Elza e Fred, um drama espanhol com Blanca Portilho e Roberto  Carnaghi;

P.S. (2) Fernanda ganhou o Urso de Prata de Melhor Atriz do Festival de Berlim de 1.998, por sua Dora, de  Central do Brasil.Também foi indicada para o Globo de Ouro, pelo mesmo filme e personagem;


P.S. (3) A atriz foi duas vezes convidada para ser Ministra da Cultura do Brasil, nos governos de José Sarney e de Itamar Franco. Em ambas as oportunidades, apesar da relevância do cargo e dos convites, deles abdicou, justificando que seu destino era representar. Ainda bem, essa história de se meter em política, num país como o nosso, em que pouco sobra para a Cultura e há carências enormes na educação, na saúde e em outras áreas sociais, é, como diz um amigo meu “arrumar pra cabeça”.

P.S. (4) Ao contrário de muitos atores e atrizes  menos dotados, que gostam de esnobar a televisão, ressaltando a preferência pelo teatro dentro das artes cênicas,  Fernanda sempre enfatizou que aprecia teatro, cinema e televisão igualmente, conhecendo, como ela conhece, perfeitamente, as virtudes e os defeitos de cada um desses veículos de arte e entretenimento, e as exigências e qualidades que eles requerem dos atores. Quem sabe, sabe;

P.S. (5) Uma coisa parece certa: apesar da crítica que fiz no item anterior, o teatro não comporta atores forjados ou criados como a televisão e, eventualmente, o cinema. E é verdade que especialmente a televisão se notabilizou, em certa época (a moda parece ter passado, mas ainda tenho dúvidas), em transformar carinhas bonitas de passarelas, em atrizes, da noite para o dia. Nada contra "as" e "os" modelos. Mas "cada macaco no seu galho" continua sendo um atual e sábio ditado.
P.S. (6)  A Falecida, drama de Nelson Rodrigues escrito para o teatro, foi o primeiro filme de Fernanda Montenegro, sua estréia, pois, no cinema. Nos idos de  1.964;
P.S. (7) A atriz participou de muitas novelas na televisão brasileira, a maior parte na TV Globo. Em 1.967, integrou o elenco de Redenção, a mais longa novela da televisão brasileira. O folhetim de Raimundo  Lopes, dirigido por Reynaldo Boury e Waldemar de Moraes, que a extinta TV Excelsior  mandou ao ar de 1.966 a 1.968,  teve nada menos do que 596 capítulos e durou  24 meses e 17 dias. Um recorde não superado até hoje.
P.S. (8) Fernanda também ganhou, em 1.999, a Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito, prêmio conferido pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, por sua destacada importância nas Artes Cênicas;


P.S. (9) As imagens da coluna de hoje são de personagens de Fernanda Montenegro em papéis que considero particularmente os mais marcantes da atriz, embora seja muito difícil fazer escolhas, em se tratando de quem se trata. Vamos lá:  imagem n. 1 – Dona Picucha, com Daniel de Oliveira,  em Doce de Mãe (www.gtelemaniacos.com.br); imagem n. 2 – Zulmira, em A Falecida, filme de 1.964, com Paulo Gracindo (viveracenarecife.blogspot.com); imagem n. 3 – Nossa Senhora, em Auto da Compadecida, filme baseado  no clássico romance de Ariano Suassuna (canalviva.globo.com); imagem n. 4 – Regina de O Outro Lado da Rua, longa metragem de 2.000 com Raul Cortez, a única película da América Latina a participar de longas de ficção do festival de Tribica, festival esse no qual a artista venceu o concurso de melhor atriz (vejasp.abril.com.br);  imagem n. 5 - A Dora de Central do Brasil, filme de 1.998, com o menino Vinícius de Oliveira (vejasp.abril.com.br);  imagem n. 6 – Dona Candinha de Saramandaia, novela de Dias Gomes, que foi apresentada como remake em 2.013 (wp.clkicrbs.com.br); imagem n. 7 – a madrasta (1ª. parte) e a narradora da história (2ª. parte), Hoje é Dia de Maria, minissérie, com Daniel de Oliveira (memoriaglobo.globo.com); imagem n. 8 – A Quitéria de Incidente em Antares, minissérie de 1.994, baseada no romance homônimo do saudoso Érico Veríssimo (www.teledossie.com.br); imagem n. 9 – Vó Manuela, da minissérie Riacho Doce, Globo 1990/1991) (oglobo.globo.com);  imagem n. 10  - a Charlotte de Alcântara Pereira Barreto, com Paulo Autram, na primeira versão da novela Guerra dos Sexos, em 1.983 (veja.abril.com.br); 

 P.S. (10) Duas atrizes americanas que sempre considerei fantásticas, às quais equiparo o talento e a versatilidade de nossa Fernanda Montenegro: a saudossíma Betty Davis e a atuante e espetacular Meryl Stripp.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ELEIÇÕES MUNICIPAIS I - CAUSAS & CAUSOS


"Boa noite amigos,


Eleição municipal em cidade pequena é um evento marcante para a comunidade, as autoridades e os candidatos, amigos e familiares. A postagem de hoje é um dos "causos" que inclui no livro "Causas & Causos n. II", publicado pela Editora Millenium.  E, de fato, foi o que aconteceu na realidade. Vai lá:

                                                                 “Chega de aluguel. Chega de patrão. O coração no céu. E o sol no coração. Pra tanta solidão, cerveja, cerveja, cerveja, cerveja” (Cesar Augusto e Cesar Rossini, Cerveja).           


Aconteceu em Angatuba.

O Juiz da Comarca, único, aliás, por se tratar de comarca de primeira entrância, hoje chamada de entrância inicial, deveria presidir as eleições municipais, em regime da mais absoluta e possível harmonia, sem incidentes, muito menos graves.

O colégio eleitoral não passava de cerca de 2.000 eleitores.

Mas não se pense que eleição em cidade pequena é moleza.

Ao contrário, os votos são perseguidos um a um, cara a cara, quase “na marra”.

Para se ter ideia vereador se elegeu com 17 votos.

Nêgo de família grande já entrava com vantagem na disputa.

Isso, supostamente, pois teve casos e “causos” em que eleição deu até divórcio ou vias de fato, já que o desafortunado candidato, para surpresa e desencanto, constatara que havia recebido apenas 1 (um) voto: supostamente o seu próprio.

E a mulher entrou no cacete.

A bicha jurava que tinha votado no marido, que não sabia o que tinha contecido. Pudia sê que anularo o voto dela por argum engano, ou só por sacanagem! Tinha um mesário que era ex-namorado dela. Tinha um outro que queria comê ela e ela não deu.

E ainda por cima, pudia sê que ele próprio o marido tivesse errado na hora da votação. Era meio burro, não tinha estudo e daí por diante ela deitou conversação e argumento e mais argumento por cima do bicho.

Que o que, que o marido aceitou a conversaiada mole.

Deu Delegacia, processo, os cambau.

Mas o causo a ser contado não é esse.

Acontece que não havia na cidade,  Batalhão de Polícia Militar que pudesse fazer a segurança, durante o pleito.

O juiz solicitou segurança ao TRE, de maneira que foram enviados à cidade, um grupo de 5 policiais militares, comandados por um Capitão da PM, um senhor gordo, de vasto bigode, com anos contados na corporação, muito solícito e que, a todo tempo, acompanhou os trabalhos diretamente do Fórum da cidade.

Concluída a eleição sem incidentes, passou-se à apuração, que era tensa, como se pode imaginar.

Fim de apuração, lá pelas 18,30 horas, no ginásio do clube atlético.

Estavam cansados, tensos e famintos.

Seguiram, o Magistrado e o Capitão, para o restaurante do Jairo, um dos únicos da cidade, cuja especialidade era costela de boi.

Sentaram, pediram uma bela costela, com todas as guarnições a que tinham direito (arroz, batata etc. etc.), um cerveja gelada e enquanto comiam, conversavam distraída e descontraidamente.

Nova cerveja!

Mais um causo, uma conversa, outra cerveja.

Quando pediram a terceira cerveja, o Jairo, meio sem jeito, pediu licença e educadamente perguntou: - Dotô, posso servir cerveja pra eles tamém?

Olharam ao redor, quase ao mesmo tempo.

As mesas estavam cheias de gente. E todos  olhavam para eles com  olhos de censura e revolta.

Na mesma hora, sem que fosse preciso perguntar nada ao Jairo, o juiz se lembrou que estava proibida a venda de bebida alcoólica, em todo o Estado de São Paulo, até às 6,00 horas do dia seguinte.

E nem se dera conta disso.

O que fazer?

Resolutamente, levantou-se e  dirigindo-se aos presentes,  em tom alto e convincente bradou:

- Ô gente. O Jairo não tinha entendido bem o negócio da lei seca. O Tribunal proibiu a bebida até às 6,00 da manhã de segunda ou até que a apuração acabasse. É que nem negócio de garantia de carro, 1 ano ou 10.000 quilômetros, o que chegar primeiro.

Como nós já acabamos a apuração, já pode bebê. Eu mandei servir proceis tamém tá?

Imediatamente os olhares raivosos foram substituídos por semblantes aliviados, confortados e agradecidos.

O Juiz era eu mesmo.

E a interpretação da regra do TRE era razoável, razoabilíssima, atendendo às peculiaridades locais e as circunstâncias em que foi feita, convenha-se.

E por envolver típica matéria de fato, apesar de etílica, por certo não ensejaria recurso especial, por força da Súmula n. 07 do STJ"
Até amanhã amigos,
P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada do site www.sudoestehoje.com.br.