sexta-feira, 2 de junho de 2023

CAUSO - SOBRE ETIQUETAS COLANTES

 

Boa noite amigos.

  

Na origem, a genética.

Por força de uma característica genética, eu, meus irmãos, filhos e sobrinhos, ressalvadas honrosas exceções, somos atrapalhados e sem habilidade para movimentos finos, estreitos e coordenados. Atabalhoados, derrubamos copos, pratos, bandejas e tudo aquilo que estiver num raio próximo aos nossos braços, mãos e corpos, incluindo pessoas, que podem ser agredidas ao menor gesto de aproximação.

 O caso da etiqueta colante.

 

 - Que explicação você tem para essa etiqueta colada na sua cueca? questiona a mulher, entre surpresa e indignada. O homem olha para baixo, acabara de tirar as calças para o banho do final do dia, exausto pela longa jornada de trabalho e observa a pequena etiqueta colada entre a parte dianteira e a traseira da peça íntima, com a inscrição "visitante". Uma presumida explicação: Sugeria o termo "visitante" que entre uma tarefa profissional e outra, o marido fora a um "puteiro" só para conhecer a casa e seus atrativos. Lá, no entanto, não resistira aos encantos de alguma moça e resolvera experimentar o n. 2 do cardápio: Hum, Talvez um “69 à moda da casa”, coisa que o sessentão nunca propusera  à própria mulher. A etiqueta, colada à camisa, se despreendera e a parceira, por sacanagem, a grudara na cueca do amante casado, sem que o homem desse  conta. E ainda, por cima, com aquela inscrição estranha. Afinal, quem ou o que o marido havia visitado? Admitiu com seus botões que o termo melhor se ajustaria à situação dele em relação à residência conjugal, onde pouco permanecera nos últimos tempos. Esbravejou e exigiu uma explicação convincente. Estava preparada para a verdade nua e crua, fosse ela qual fosse.

  

A Sincera Versão do Marido.

 

Sereno, isento de culpa, o marido esclarece que estivera na Prefeitura, naquela tarde,  para tentativa de solução de uma demanda versando sobre crédito fiscal, de interesse de um cliente, junto à Secretaria dos Negócios Jurídicos.  O encontro ocorrera no prédio administrativo da Municipalidade. Finda a longa reunião, o distinto solicitou as chaves do banheiro privativo do Secretário, seu amigo de longa data, para não ter que usar o banheiro público existente lá na parte externa do prédio, mesmo porque a dor de barriga que  o assolara rapidamente, sinalizava com um iminente n. 2. No exercício entre tirar o paletó, baixar as calças, evacuar e movimentar-se para se limpar, tudo dentro do sanitário de diminutas dimensões, a tal etiqueta solta, anda e gruda, solta de novo, anda e termina esse “solta e cola”  sucessivo,  na cueca do distinto, sem que ele tenha percebido.


Final e revelação dos Personagens.


A história é verdadeira.

A Prefeitura é a de Campinas, prédio da Av. Anchieta.

O advogado era eu.

A mulher, claro, a minha.

O Secretário (?)  Não vou declinar o nome, mas ele confirmaria o meu álibi, se fosse necessário.

O álibi só incluiria a confirmação de que eu estivera sim na Secretaria naquela tarde, entre as horas tais e tais. O Secretário pediria para que eu não o comprometesse. He, He!

Quanto à situação da etiqueta colante e onde ela acabou alojada não tenho testemunhas.

Ela, afinal, acreditou em mim. Só um sujeito atrapalhado e de movimentos e atitudes mirabolantes como eu seria capaz de fazer aquela maldita etiqueta ir parar na cueca.

De “putas” e “putarias”  não tinha nem sequer memória recente.

 

Até mais amigos,