domingo, 28 de julho de 2013

TV - AMOR À VIDA - CARRASCO E A SÍNDROME DE SALVE JORGE

Boa noite amigos,

O consagrado autor de telenovelas, Walcyr Carrasco, de sucessos como Chocolate com Pimenta, O Cravo e a Rosa, Xica da Silva, Alma Gêmea e Morde & Assopra,  tinha e tem tudo para emplacar com a atual novela do horário nobre da TV Globo, Amor à Vida. Com uma proposta supostamente nova e mais envolvente, com roteiro, situações e personagens pendendo mais para a realidade, tudo indicava que a novela redimiria a emissora das críticas sofridas com a antecessora, da não menos competente autora Glória Perez.  Nos últimos capítulos, porém, parece que a síndrome de Salve Jorge ataca de novo, arrastando a trama mais para o lado do fantástico ficcional, do que para o da realidade com concessão poética. Cenas anteriores como a da dedicada esposa e mãe, mulher de bom caráter,  Pilar (Suzana Vieira), oferecendo dinheiro para Bruno (Malvino Salvador),  com o objetivo de solucionar a questão da guarda de Paulinha (Klara Castanho), visando proteger a estabilidade emocional da filha postiça, Paloma (Paola Oliveira) e a situação econômica do hospital do marido, Cesar (Antonio Fagundes) pareciam sinalizar  mesmo para a propalada redenção e mudança de rumo na linha da dramaturgia da emissora. O vilão  da história, o invejoso e sem caráter, Felix Khouri (Mateus Solano),  aparece também  na pele de um homossexual, num indicativo de  que o autor não se  preocupou em criar sobre o politicamente correto, nem  com eventuais acusações idiotas e exageradas de homofobia ou preconceito. Até então os autores em geral preferiam  mostrar os homossexuais como pessoas sempre boas,  corretas, perseguidas injustamente pela opção sexual etc.   Por outro lado, ao tratar de temas afetos a várias áreas específicas do conhecimento humano, tenho sustentado (e a própria Globo já fez isso muitas vezes), que é indispensável ao autor, consultoria adequada, para não cometer certas heresias. Não se trata apenas de apego exagerado à realidade, mas sim da constatação de que com a penetração das novelas, sobretudo nas classes mais humildes, ao tratar de temas delicados como inseminação artificial, barriga de aluguel, linfomas, guarda de filhos etc.,  a obra de dramaturgia chega ao expectador como uma verdade também de seu mundo, pois ele não é capaz de separar, em temas técnicos e complexos, o que é real e o que é ficcional. A Juíza que apareceu julgando a quem deveria ser concedida a guarda de Paulinha exibe um envelope com o resultado do exame de DNA e depois de afirmar que ele está juntado aos autos (e ele não está), termina com a seguinte e surpreendente frase: “Ante o exposto eu decreto que Paula ...... não é filha de autora, Paloma Khouri”. Escorregadas terríveis perceptíveis mesmo para o leigo: Afinal,   alguém já ouviu Juiz decretar realidade biológica? Tem mais: com dois exames de DNA, um afirmando que Paloma é a mãe, e o outro negando a sua maternidade, fosse este último oficial ou não, como é que se aceita essa contradição e não se faz um terceiro laudo? Por acaso aqueles brilhantes advogados contratados pelo Dr. César e maltratados pelo tal Félix (o que tem gerado a ira de advogados e pessoal do meio jurídico) deixariam que a questão fosse solvida dessa forma, sem  qualquer pretensão de novo exame que pudesse revelar qual dos laudos estaria correto? Ademais, havia um evidência escandalosa de erro  ou falsidade do segundo laudo, porquanto  Paloma doou parte de seu fígado à menina, depois de se constatar inteira compatibilidade que, como se sabe,  sempre é encontrada em parentes, e quase nunca em estranhos. Despeça esses advogados cara Paloma.  Agora a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), em comunicado que  divulgou na última sexta-feira, afirmou que  o câncer de Nicole (Marina Ruy Barbosa),  revelado como se tratando de um  linfoma de Hodgkins tipo 4, ao contrário do apregoado, é “altamente tratável e curável”.  E que, mesmo nos casos em que é detectado tardiamente, como na trama, o percentual de cura é superior a 80%. Em resumo, mata menos que as patologias comuns, consideradas não letais. Ora,  é inadmissível que o autor, referindo-se a uma doença real e bem definida pela ciência, cometa o desserviço de informar à comunidade dados falsos acerca desse mal. Nesse ponto  a tal licença poética é absurda. Escolhesse então um nome fictício para a doença, sob o pretexto de ser  ela  raríssima e desconhecida, com pouca ou nenhuma literatura. O compromisso maior com a educação real da população deve ser a primeira preocupação da mídia em geral e da TV Globo, em particular, dado os altos índices de Ibope  de sua programação, e das telenovelas, em particular. Não quero ser chato como esse povo que vive pegando  no pé dos autores, não dando o devido desconto de que suas obras são fruto de ficção. Gosto,e muito, de arte  ficcional, em particular quando elas revelam a grande capacidade do autor na utilização do improvável, do absurdo,  do exagerado, como elemento de construção de refinada crítica social e política. Mas aí é outra história. Um dos folhetins mais interessantes que a mesma emissora transmitiu há muitos anos, e que agora, é exibido  num “remake” é Saramandaia, do saudoso Dias Gomes. Na sua fauna humana, há homens que viram lobisomen, que soltam formigas, pelo nariz,  ou o coração pela boca, mulheres gordas que explodem de tanto comer, ou que pegam fogo, pela fogosidade sexual.  É outro papo, porém. No entanto,  quando o autor se propõe a construir trama mais voltada para a realidade, ao que ordinariamente acontece, aquele envolvimento que se acaba tendo com os personagens e as tramas, pelo excelente roteiro e trabalho dos atores,  começa a desaparecer quando, de repente, nessa interatividade, sem mais, nem menos,  surge o elemento improvável. Aí  a gente cai na real de que  é tudo mentira mesmo,  o tesão desaparece, a gente se sente meio palhaço, levanta do sofá e vai ver o que é que tem na geladeira para comer. É ruim hein!

Até amanhã amigos.


P.S. (1)  Senhores autores: Ninguém agüenta mais. Em toda novela, seja das 7, das 8, da Globo, da Record, tem sempre um bendito exame de DNA falsificado. Agora mesmo a mania contagia as novelas das 7 e das 8. Dá pra  virar o disco, como se dizia no passado;

P.S. (2)  Excelente a atuação do grande ator, Mateus Solano, na pele do vilão Felix. Um presente para o ator e também para o telespectador, inclusive pelos textos bem humorados do personagem;

P.S. (3) Dizem que a personagem Nicole (Marina Ruy Barbosa), depois de morrer do tal mal polêmico, vai voltar como fantasma para assombrar a vida do marido Thales (Ricardo Tozzi) e de sua amante, Leila (Fernanda Machado). Se isso é certo, há que se considerar que Carrasco não resiste mesmo e sempre acaba incluindo um tema espírita nas suas novelas;

P.S. (4) A 1a.  imagem da belíssima  Marina Ruy Barbosa foi emprestada de entretenimento.r7.com.,  e a 2a.,  de Walcyr Carrasco de rd1.ig.com.br;




sábado, 27 de julho de 2013

VIVA O GALO CAMPEÃO DA LIBERTADORES E O FUTEBOL DA TERRA


Boa noite amigos,
Estava escrito nas estrelas: o Atlético Mineiro seria campeão da Libertadores, versão 2.013. A qualidade do elenco, o arrojo  de uma Diretoria que investiu de forma séria e profissional, dentro e fora do campo, a grande campanha na primeira fase capaz de entusiasmar o mais pessimista dos torcedores, sinalizavam com o vaticínio. O Galo, na fase de mata-mata, depois de eliminar o São Paulo, com duas grandes vitórias (em casa e fora de casa), caiu de rendimento e sofreu nas semifinais e finais. Nos dois casos saiu em desvantagem nos jogos de ida, com derrotas por 2 a 0, mas conseguiu reverter esses resultados.  Nas semifinais, passou pela boa equipe da Tijuana do México,  nos pênaltis (3 a 2) e também venceu o Olímpia do Paraguai, na finalíssima,  em disputa de penalidades (4 a 3). Foram muitos os heróis dessa conquista: o iluminado goleiro Victor, que operou verdadeiros milagres em jogos decisivos, o regularíssimo zagueiro Rever, que a cada dia se firma como o nosso zagueiro central da Copa de 2.014,  a grande fase do atacante Tardelli, no retorno à sua equipe do coração, o jovem talento Bernard, convocado por Felipão para a Copa das Confederações, por força de suas atuações de destaque jogando pelo Galo,   Ronaldinho Gaúcho, uma arriscada aposta da Diretoria  que deu certo tanto na produção pessoal para a equipe, quanto no papel surpreendente de capitão,  a grande torcida atleticana, o Estádio Independência, onde a equipe mandou praticamente todos os jogos em casa, menos o último, disputado no Mineirão,  o Presidente Kalil e o técnico Cuca. E os demais? Bem os demais, sem nenhuma exceção, merecem também  todos os elogios porque completaram essa base muito boa, com futebol  regular, aplicado, solidário e eficiente, técnica e taticamente.  Por fim, a sorte. Esse fator imponderável não pode abandonar e não abandonou a equipe. Invocando novamente o saudoso Nelson Rodrigues, o fato é que "com sorte você atravessa o mundo, mas sem sorte você não atravessa a rua".  O Atlético assim confirma o bom momento do futebol brasileiro, com o 4º título seguido da Libertadores (2.010 – Internacional (RS); 2.011 – Santos; 2.012 – Corinthians) e a conquista da Copa das Confederações.

Até amanhã amigos.  


P.S. (1) A campanha do Galo na Libertadores, registrada agora para a história é a seguinte: 1) Galo 2x1 São Paulo; 2) Arsenal –(Arg.) 2x 5 Galo; 3) Galo 2x1 The Strongest (Bolívia); 4) The Strongest 1x2 Galo; 5) Galo 5x2 Arsenal; 6) São Paulo 2x0 Galo; 7) São Paulo 1x1 Galo; 8) Galo 4x1 São Paulo; 9) Tijuana (Mex) 2x2 Galo; 10) Galo 1x1 Tijuana; 11) Newell’s Old Boys 2x0 Galo; 12) Galo 2x0  Newell’s Old Boys (pênaltis 3 a 2); 13) Olímpia 2x0 Galo; 14) Galo 2x0 Olímpia (pênaltis 4 a 3).  Em 14 jogos foram 8 vitórias, 3 empates e 3 derrotas. Marcou 28 gols., média de 02 gols por partida e sofreu 18, com saldo de 10 gols positivos;

P.S. (2) Levantando o título da Libertadores, o Atlético Mineiro foi a 10ª. equipe brasileira a ganhar esse campeonato. Os outros nove são o Internacional e o Grêmio (RS), o São Paulo, o Corinthians, o Palmeiras,   o Santos (SP), o Flamengo, o Vasco (RJ) e o Cruzeiro (MG). Botafogo e Fluminense, ambos do Rio de Janeiro já disputaram mas nunca venceram esse campeonato;

P.S. (3) Nem tudo, porém, são rosas no futebol brasileiro. A desorganização e o absurdo continuam. A Ponte Preta acaba de comemorar (?) muito a sua desclassificação na Copa do Brasil com duas derrotas, em casa e em Manaus, para a equipe do Nacional do Amazonas, ambas pela contagem mínima.   Isso mesmo. Depois de obter classificação no Brasileirão do ano passado,  para disputar o primeiro torneio internacional de sua história, a Copa Sul-Americana, a Macaca quase viu seu sonho frustrado. E que, se passasse à fase seguinte da Copa do Brasil, não disputaria a Sul-Americana. Coisas do futebol brasileiro. Bem, como não é possível pedir para jogador perder jogo, o técnico Carpegianni mandou para Manaus uma equipe inteira reserva e nem embarcou junto.  Quem acompanhou a delegação foi seu filho. Ele, bem, ele ficou aqui rezando – como todos os demais pontepretanos, para a garotada não ganhar o jogo de jeito nenhum. E deu sorte!

P.S. (4) O São Paulo vive seu inferno astral. Enquanto os atleticanos comemoravam o título inédito da Libertadores, nessa mesma noite de quarta-feira, o tricolor foi derrotado, diante de seus torcedores, pelo Internacional, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro da Série A. Foi a 8ª. derrota seguida. A  equipe do Morumbi entre os jogos pelo Brasileirão e as duas partidas contra o Corinthians, pela Recopa, não vence há 11 partidas. Tem mais um adversário fatídico neste final de semana pelo Brasileirão: de novo o Timão, do qual virou fregues ao menos nos últimos tempos.  Semana que vem, sai  em oportuna excursão pelo exterior, período dentro do qual a poeira deve baixar e o técnico Autuori  ganhar condições de análise e implantação  de sua filosofia de trabalho, visando a reabilitação da equipe.

P.S. (5)  Maurício de Souza, o pai da Mônica, a exemplo do que vem fazendo todos os anos em que equipes brasileiras logram ganhar a Libertadores, prestou homenagem ao Atlético Mineiro, com o desenho que ilustra a coluna de hoje.  Nele se vê a Turma da Mônica, mais Ronaldinho Gaúcho pulando bastante na comemoração do título. A imagem foi emprestada de uolesporte.blogosfera.uol.com.br;

quarta-feira, 24 de julho de 2013

COBRANÇA DE ASTREINTES DEPENDE DE VITÓRIA NA AÇÃO PRINCIPAL - A MORTE DE DJALMA SANTOS


Amigos, 

 1)    O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n. 1.370/707-MT, decidiu que a multa diária (astreinte), fixada em ação ou medida cautelar, perde sua eficácia se a parte que a tiver obtido sucumbir em sua pretensão, no processo principal. Por outras palavras, ainda que o adversário tenha descumprido a determinação judicial e acumulado a dívida de multa diária durante meses e até anos (tempo que pode durar o processo principal até  decisão final transitada em julgado), não sofrerá qualquer consequência – e estará livre de  pagar qualquer quantia a esse título – se for vitoriosa relativamente à pretensão principal. Daí decorre que a cobrança da multa não pode ser admitida como execução provisória da decisão cautelar (liminar ou não) exatamente por causa dessa condição.  Só após o trânsito em julgado e, assim mesmo, se o demandante vencer a demanda é que pode pretender executar o montante da multa e embolsar o seu valor acumulado. Lembrando sempre que  o juiz ainda pode reduzir a tal penalidade na fase de execução.  E fim de papo!

2)     Djalma Santos, um dos maiores laterais de todos os tempos,  morreu hoje aos 84 anos, pouco tempo depois de sua internação e de, emocionado, ter acompanhado por uma emissora de televisão, a bela conquista de nossa Seleção, da Copa das Confederações, com aquela vitória sensacional contra a seleção espanhola. Djalma nunca foi e agora, com sua morte,  jamais será esquecido pelos apaixonados do futebol. Surgiu  na Portuguesa de Desportos e sua trajetória  incluiu apenas dois outros clubes brasileiros:  o Palmeiras e o Atlético Paranaense, onde jogou e se aposentou aos 42 anos de idade.   Como os atletas, naquela época, se vinculavam aos clubes e às torcidas! Hoje, no currículo de qualquer jogadorzinho medíocre você encontra 10, 12 clubes, no mínimo, dos mais diversos lugares do Brasil e do mundo.  Mal veste uma camisa, jura amor a ela e à sua torcida e já está deixando o clube para novos horizontes, na peregrinação que virou a profissão de jogador de futebol. Mas voltando a Djalma Santos  convocado para quatro Copas do Mundo,  foi campeão mundial em 1.958,  na Suécia, e, em 1.962, no Chile, considerado o melhor jogador de sua posição, a lateral direita.   Atleta competente e exemplar, jamais foi expulso em toda a carreira, e eram marcantes, dentre outras virtudes, o seu apoio ao ataque (ao tempo em que os laterais apenas defendiam) e a sua força na cobrança de laterais diretamente na área adversária.


 Até amanhã amigos.

P.S. (1)       A respeito das famosas “astreintes” é bom relembrar que, obtida a tutela cautelar ou a antecipação de tutela para que a muta diária passa a correr imediatamente, o advogado do autor deve exigir a intimação pessoal da parte que deve cumprir o preceito. Na prática vi muitos advogados ignorarem essa providência, que é fundamental.  O Superior Tribunal de Justiça já sumulou o entendimento reiterado de que “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer” Súmula n. 410 daquela Corte de Justiça. É bom prestar atenção.

P.S. (2) A imagem de Djalma Santos foi emprestada do site www.estadao.com.br;

















quinta-feira, 18 de julho de 2013

MPB - MART'NÁLIA - MENINO DO RIO


Boa noite amigos,

Ela nasceu num 7 de setembro e seu nome é fruto da junção do nome de seus pais, os artistas Martinho da Vila e Anália Mendonça.  Recentemente mostrou seus dotes de atriz-comediante na série de Miguel Falabela, Pé na Cova,  que a Rede Globo exibiu às quintas-feiras, no horário hoje ocupado pelo remake de Saramandaia.. Trata-se de MART'NÁLIA, hoje uma cantora, música e compositora consagrada.  Independentemente de ser filha de Martinho, seu grande talento próprio  é indiscutível e despertou, desde cedo, o entusiasmo do pai, e dos irmãos Veloso (Caetano e Bethânia), que não por  acaso dirigiram, em tempos diferentes, dois de seus CDs. Mart'nália tem hoje um discografia com 10 CDs. e alguns DVDs. Mas foi a partir   de Pé do Meu Samba,, de 2.004, dirigido por Caetano e especialmente de Menino do Rio, de 2.006, dirigido por Maria Bethânia,  o primeiro pelo selo Quintana da Biscoito Fino, atual distribuidora de seus discos, que ela ganhou notoriedade e amadurecimento, surgindo como uma das mais importantes cantoras da Música Popular Brasileira deste século.

CD - MENINO DO RIO

Só agora tive tempo e oportunidade de conhecer o projeto que, em 2.006, se tornou o CD Menino do Rio. Com direção competente de Maria Bethânia e Kátia Almeida Braga e produção de Pedro Seiler  e Tomaz Secco  e direção musical, assim como de todos os arranjos, de Jaime Alem,  cuida-se de um dos mais versáteis  CDs. da cantora, que por isso mesmo, mostra toda a sua diversidade como  voz, como  instrumentista  e como compositora, inclusive. As faixas, cuidadosamente selecionadas,  traz interpretações personalíssimas e suaves de clássicos como Menino do Rio, de Caetano Veloso, Estácio Holly Estácio (se alguém quer matar-me de amor/que me mate no Estácio/Bem no compasso/Bem junto ao passo....), do saudoso Luiz Melodia. Não é só. Tem o clássico Monsueto com sua Casa 1 da Vila, na faixa n. 12. Na abertura, uma homenagem à própria cantora, no Pra Mart'nália, um belíssimo presente para ela de Fred Camacho  e Jorge Agrião,  com citações autorizadas de Martinho (Quatro Séculos de Modas e Costumes; de Tribo dos Carajas e de Iaiá do Cais Dourado).  Do próprio Martinho, em parceria com Nelson Rufino, o ótimo samba, Nas Aguas da Amaralina (Fui pra’s águas do mar de Amaralina/com mágoas de mais em cima/ Aos meus sonhos juntei perfume e flores/ desejos, temores...). Surpreendentes o Essa Mania (faixa n. 10) e Pára Comigo (faixa n. 11), ambas de autoria da própria Martin'ália, o primeiro em parceria com Moska,  e o segundo com Paulinho Black. A Pretinhosidade  e uma curiosa canção feita em  homenagem  à  raça negra da cantora, composição que  a artista também assina com  Mombaça. Em São Sebastião, tributo de Totonho Villeroy ao santo padroeiro do Rio de Janeiro, à suavidade de interpretação se mistura   a participação especial de Bethânia, recitando trecho do poema Cartão Postal  de Vinícius de Moraes. E tem balada de Guilherme Arantes: Só Deus é Quem Sabe; tem fundo de quintal carioca do impagável Arlindo Cruz, que também responde pelo banjo na faixa Boto Meu  Povo na Rua. E dá saudade, muita saudade de Clara Nunes,  quando Mart'nália interpreta, ao estilo da sambista falecida, o samba de roda Casa da Minha Comadre (Roque FerreiraJorge Agrião). Em Sem Perdão a vida é Triste Solidão, um samba canção da compositora Mart'nália em conjunto com Ana Costa  e Zélia Duncan, uma letra com versos de refinada poesia (Lá Vem/ Você Dizer pra mim que quer voltar/Conheço o texto agora e sem piscar/ Os olhos vermelhos de mar/ Teatro barato, impostor/Chantagens de amor eu não posso mais aturar/Já conheço e bem...).. Ah! Ia me esquecendo. Tem também a interpretação com chancela da versátil artista para uma das composições mais belas de Ana Carolina: Cabide.. Enfim, um CD que revela o talento, a maturidade, a versatilidade e o bom gosto de Mart'nália:     cantora de muitos gêneros, compositora e instrumentista  de imenso talento cada vez mais a ser descoberto e lapidado. Uma  artista que faz música de ótima qualidade e projetos, como esse, do CD Menino do Rio, que não pode, nem deve ser ignorado pela crítica especializada e pelos apreciadores da boa música que se faz atualmente no Brasil.

Até amanhã amigos.

 

P.S. (1) As Faixas do CD: 1) Pra Mart'nália; 2) Nas Aguas da Amaralina; 3) Só Deus é Quem Sabe; 4) Menino do Rio/Estácio Holly Estácio; 5) Cabide; 6) Boto meu Povo Na Rua; 7) Sem Perdão a Vida é Triste Solidão; 8) Soneto do Teu Corpo; 9) Pretinhosidade; 10) Essa Mania (Rest La Maloya); 11) Pára Comigo; 12) Casa Um da Vila; 13) Casa da Minha Comadre; 14) São Sebastião; 15) Origem da Felicidade.


P. S. (2)  Martin'ália declarou em entrevista que cresceu ouvindo Clara Nunes e João Donato, que frequentavam religiosamente a sua casa.

P.S. (3) A bela canção São Sebastião (faixa n. 14 do CD), de autoria do cantor, musico e compositor gaucho, José Antonio Franco Villaroy, conhecido como Totonho Villaroy  foi indicada para o  Grammy Latino, em 2.005, como  a melhor canção de língua portuguesa;

P.S. (4)  Mart'nália  fez parte, no passado,  de um conjunto musical que acompanhava o cantor e compositor, Ivan Lins;

P.S. (5) Na faixa Origem da Felicidade,  há participação especial da Bateria da Vila Isabel;

P.S. (5) A imagem da coluna é da capa do CD Menino do Rio.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 16 de julho de 2013

GASTRONOMIA E PRAIA - CAMARÃO EM MINIMORANGAS


Amigos,




No inverno, subir a montanha é o programa mais natural.   Lá,  a gente pode  desfrutar de  um clima saudável, de uma alimentação rica em calorias, indispensáveis  na estação, e sabores apuradíssimos, oferecidos por bons restaurantes,   acompanhados de vinhos e de programas culturais interessantes, que normalmente são  oferecidos aos turistas, como em Campos do Jordão, por exemplo. Mas não vou falar disso hoje. Vou falar de inverno na praia. Isso mesmo, na praia. Aqui no sudeste onde o inverno é normalmente seco e sem piques muito baixos de temperatura, o sol de inverno na praia é muito mais ameno e gostoso do que no verão bravo, quando o calor e a  intensidade do sol são insuportáveis, especialmente para os mais velhos. Bem, inverno na praia reclama criatividade também na cozinha. Importante privilegiar o cardápio com peixes e frutos do mar que podem ser adquiridos ali mesmo, no litoral, muito mais frescos. Oportunidade, ímpar, portanto.  Uma fritada de camarão sete barbas é um prato para curtir com qualquer tempo e uma boa cerveja ou vinho. Ou, com um pouco mais de sofisticação,embora a  receita seja  simples, você pode fazer uma entrada gostosa e saudável. E até traçar como prato principal.  O refogado de camarão em minimorangas é uma opção que a gente curtiu hoje, um dia mais frio, mas nem tanto,  no almoço.  Vão lá a receita e as fotos que fizemos para registrar a refeição em família e  animar os amigos para também experimentar. 
  
 

Segue a receita:

(A porção é para quatro pessoas, calculando duas minimorangas para cada uma. Aumente os ingredientes de acordo com o número de pessoas e o apetite de cada uma).

Ingredientes:

8 Minimorangas.

300 gramas  de Camarões médios  cortados ao meio ou pequenos.

½ Cebola média.

1 dente de Alho.

1 colher de Pimentão amarelo bem picadinho.

1 colher de pimentão vermelho bem picadinho.

1 Tomate picado sem sementes.

2 colheres de Cheiro-verde picado.          

Sal e pimenta a gosto.

Requeijão.

 

Modo de Preparar

Com uma faca abra as minimorangas,  fazendo uma  tampa. Em seguida retire as sementes. Coloque as minimorangas numa assadeira com um pouco de água e leve ao forno a 180 graus  para amolecê-las,  cuidando para que não fiquem  excessivamente moles.

Faça um refogado com os camarões, o alho, a cebola,  a pimenta, o sal, o pimentão amarelo e vermelho, o tomate e o cheiro-verde. Passe o requeijão por dentro das morangas e preenchea-as com o refogado. Volte-as ao forno por tempo suficiente apenas para derreter o requeijão.

Recoloque as tampas e sirva-as como entrada, ou como prato principal, acompanhada de arroz branco.

 
Até amanhã amigos.
 

P.S. (1)  O tradicional  Mercado de Peixes de Bertioga, Litoral Norte de São Paulo,  onde se pode adquirir os mais diversos tipos de peixes e frutos do mar absolutamente frescos e do qual sou freguês há mais de 25 anos,  fica na Avenida Vicente de Carvalho, s.n., Centro, CEP 11.250-000 – Bertioga, ao lado do embarque da Balsa que faz a travessia Bertioga-Guarujá e vice-versa;

P.S. (2)  Um dos meus boxes preferidos no Mercado é o do Mano, aquele palmeirense com apelido de corintiano, de que falei na coluna do dia 02 de março de 2.012.



P.S. (3) Além do Box do Mano, onde normalmente compro peixes e frutos do mar muito frescos, também recomendo o Box n. 6, de Silmara e Cabral. Ali, vendem-se peixes e camarões diretamente do pescador. E também entregam em casa, se você reside em Bertioga, incluindo  a Riviera de São Lourenço. Os telefones para contato são 3317-1623, 8137-9053 e 9750-8395. O DDD é (13).  Conferir nas fotos tiradas do meu celular, as vitrines exibindo os peixes e camarões que estavam sendo oferecidos na segunda feira, pela manhã;


P.S. (4) Quem passou a receita e produziu a refeição para a galera  foi minha mulher, Mara Furlan Miguel (feito o crédito e o agradecimento).
 
 
 

P.S. (4) As fotos das minimorangas com o refogado de camarão foram tiradas, recortadas e editadas pela minha filha, Samira Furlan Miguel Schmidt, a quem registro o crédito respectivo.

 

 

 

 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CINEMA PREMIADO: ARGO DE BEN AFFLECK


Boa noite amigos,
 
 
O avião que o trouxe quase não conseguiu decolar de tanto ouro que carregava. Essa é uma  frase dita numa das cenas envolvendo dois policiais da CIA, referindo-se ao voo que levou mais um  beneficiário de "asilo político" concedido pelos Estados Unidos a um amigo,  chefe de Estado. Tratava-se do Xá Mohammad Reza Pahavi,  que governou o Irã antes da revolução iraniana que ocorreu em 1.979 e levou ao poder o líder xiita, Ayatolá Khomeini. O sentimento anti-americano que, vez ou outra, se manifesta, sobretudo em países do Oriente, não é infundado, embora nada justifique o terrorismo e a perseguição a cidadãos norte-americanos, muitos dos quais nem sabem, e grande parte não concorda, com a política externa americana que, a pretexto de garantir a liberdade e os direitos humanos no mundo, historicamente protege ditadores de direita, aliados por defenderem  os interesses norte-americanos em seus países,  em troca de benefícios e privilégios pessoais, numa verdadeira traição à nação e ao seu povo, aos quais, em regra,  saqueiam, oprimem e impõem uma vida de miséria.   Bem, independente dessa visão, que me parece indiscutível, o filme de Ben Affleck, vencedor do Oscar 2.013 e de muitos outros prêmios importantes do cinema,  retrata a sua versão de um interessante conflito verificado durante a revolução iraniana, em 1.979, cujos detalhes só foram revelados nos anos 90, a um elenco talentoso, capaz de segurar  a trama em todos os momentos. Só esses ingredientes não seriam suficientes se o roteiro adaptado não fosse tão bom  e Goldemberg  não fosse tão preciso na primorosa edição. Os três (Ben, Chris e Goldemberg),  foram premiados com a estatueta da academia, respectivamente, como o melhor filme, o melhor roteiro adaptado e a melhor edição.  O filme tem momentos de comédia, de drama, de suspense, de policialesco, sendo mesmo difícil seu enquadramento, de forma plena, num desses gêneros, como considera Bruno Carmelo, em crítica manifestada no blog "Adoro Cinema". A verdade é que esse roteiro baseado no best seller “My Secret Life in The Cia", de Antônio J.Mendez foi tão bem adaptado e dirigido, com   uma sequência dinâmica que leva o espectador a não piscar durante os 130 minutos em que dura o longa metragem, ARGO. Na sinopse, durante a revolução iraniana,  seis funcionários americanos, conseguem escapar da prisão, depois que militantes islâmicos e estudantes iranianos, invadem a Embaixada Americana em Teerã, inconformados com a recusa americana de extraditar o ditador, ex-governante e a quem concede asilo político,  e fazem os funcionários reféns.  Eles se refugiam  na Embaixada do Canadá e pedem auxílio ao governo americano. A CIA então, convoca um agente especial experiente, Antônio Mendez (Ben Affleck), e,  num plano exótico que envolve uma parceria entre os governos norte-americano e canadense, o policial,  cineastas famosos e equipe técnica de renome, buscam  tentar resgatar os refugiados, montando o roteiro de um inventado longa de ficção científica, muito em moda naquela época (Jornada nas Estrelas, O Planeta dos Macacos).  Com o falso argumento, tratam de pedir autorização ao governo iraniano para realizar cenas no deserto do país dos Aiatolás.  O filme foi proibido recentemente no Irã e seu diretor acusado de deturpação do incidente que se verificou entre os países, no final dos anos 70.  Um grande filme de suspense, num roteiro bem adaptado, com um orçamento de quase 45 milhões de dólares. Não deixe de ver.

Até amanhã amigos.

P.S. (1) Argo é um filme produzido, dirigido e estrelado pelo  jovem ator, diretor e produtor americano, Ben Affleck, de apenas 40 anos, que, como ator, participou de mais de dezenas de filmes para cinema e televisão nos Estados Unidos, dentre os quais, Pearl Harbor (2.001), Sheakespeare Apaixonado (1.998) e Elektra (2.006). Tem em seu currículo três direções: Medo da Verdade (2.007), Atração Perigosa  (2.010)Argo (2.012);

P.S. (2) O filme levou 7 estatuetas da academia americana: Melhor filme, melhor ator coadjuvante para Alan Arkin , melhor roteiro adaptado para Chris Terrio ; melhor edição: William Goldemberg; melhor trilha sonora: Alexandre Desplat, e, ainda, melhor edição de som e melhor mixagem de som.

P.S. (3) As gravações foram feitas em Los Angeles, na Virgínia,  em Washington e as cenas externas do Irã, em  Istambul,  na Turquia;

P.S. (4) A imagem da coluna de hoje, de Ben Affleck, foi emprestada do site produto.mercadolivre.com.br;
 

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

E O GALO ESTÁ NA FINAL DA LIBERTADORES!


Boa noite amigos,






Jornais, sites, mídia em geral detalharam, reproduziram e  comentaram, desde as primeiras horas da madrugada de hoje, a partida eletrizante entre o Atlético Mineiro e o Newell’s Old Boys, por uma das semifinais da Taça Libertadores da América, versão 2.013. Falar algo da partida assim, a esta altura, seria “chover no molhado”. A verdade é que o Galo, com uma campanha sensacional desde a fase de classificação, chegou à final, de forma  emocionante, depois de ter se complicado, na semana passada, quando sofreu, para o mesmo adversário, em Buenos Aires,  um inesperado e preocupante revés por 2 a 0.   Mas,  vencendo, ontem,  a partida de volta pelos mesmos 2 a 0 e a disputa de pênaltis por 3 a 2, a equipe, para alegria de sua enorme torcida, de seus dirigentes e atletas, e dos brasileiros em geral, à exceção dos cruzeirenses, é claro, porque rivalidade é rivalidade e no futebol ela é fundamental, vai disputar, pela primeira vez em sua história, o título da principal competição das Américas.  O que eu gostaria de registrar para os amigos são os detalhes que mostram que o futebol envolve muito mais do que 22 jogadores em campo atrás da bola e do gol. Trata-se de um esporte coletivo, o único, diria um grande amigo meu, em que o mais fraco pode vencer o mais forte e coisas improváveis podem determinar resultados, fazer campeões, heróis, vilões, consagrados, desgraçados e rebaixados. E a sorte, ou os Deuses  dos Estádios, o acaso, ou coisa que o valha, dependendo da crença, não pode ser ignorado, na construção de uma campanha vitoriosa de um campeão. Vamos lá:




° O Atlético, jogando, no Estádio Independência, a partida de volta que determinaria a sua classificação para a semifinal ou a eliminação da competição, empatando em 1 a 1, contra o Tijuana, comete um pênalti aos 42 minutos do segundo tempo. Era o lance crucial que provavelmente decretaria a derrota da equipe e a sua desclassificação. O atacante parte para a cobrança e o goleiro Victor,  caindo para um dos cantos, vê a bola se dirigindo para o meio do gol. Com o pé esquerdo consegue realizar uma defesa espetacular. E o jogo termina logo após, com o empate e a classificação do Galo;

 ° Ontem, o  Atlético fez um gol logo aos 3 minutos de jogo. E já a poucos minutos do encerramento da partida, aos 50 minutos,  quando o adversário jogava melhor e de forma mais competente, faz o segundo gol,  num chute  do atacante Guilherme, que acabara de entrar,  em bola rebatida da defesa. Pronto: 2 a 2,  consideradas as duas partidas. E vamos aos pênaltis;

° Cobrança de pênaltis. Alecssandro bate o primeiro e faz o gol.  Scocco empata com uma bela cobrança. Guilherme em seguida faz o segundo para os donos da casa  e Verguini novamente empata. Na 3ª. cobrança, Richarlisson isola a bola e, assim, bastava ao adversário acertar a cobrança para ganhar vantagem considerável. O que acontece, porém: Casco  manda a cobrança na trave. Tudo igual novamente. Aí nova tragédia: o centroavante Jô, que teve grande participação na Copa das Confederações, escorrega e manda a bola para fora na 4ª. cobrança. Tudo parecia caminhar para o fim do sonho atleticano. A torcida, no entanto, continuava a  repetir o slogam “Eu acredito”. Cruzado erra também a 4ª. cobrança, empatando novamente a disputa. Ultimo pênalti da série de 5. Ronaldinho Gaúcho caminha para a bola. Silêncio e apreensão gerais. Com categoria o atacante faz o terceiro gol. Estava agora nas mãos, ou melhor, nos pés de um dos melhores jogadores adversários, Maxi Rodriguez,  um exímio cobrador de faltas, o empate ou a desclassificação. No centro do gol o “iluminado” Victor agita os braços, provocando o batedor. E quando a bola vem bem batida  no canto esquerdo, o goleiro voa para ela e faz a defesa. Estava terminado o espetáculo;

° Victor se mexeu antes da quinta cobrança de pênalti e o gesto do juiz, conferido com calma depois do jogo, mostra claramente que ele apontava para anulação da cobrança e a determinação de outra. Mas, diante da euforia, da correria e da gritaria que tomou conta do campo e do estádio desistiu dessa empreitada, encerrando a disputa.

° Antes da cobrança de pênaltis um terço é jogado para o goleiro Victor. Ele apanha e beija o terço e  agradece a quem o jogou, ou aos céus, quem sabe. E fica com ele. Uma ajuda extra que, segundo muitos, foi fundamental para a defesa mais importante do campeonato.

° Dois outros detalhes: 1. Não faz tempo a torcida do Atlético hostilizava o atacante Guilherme e não queria que ele permanecesse na equipe. O técnico Cuca, no entanto, peitou a torcida e o manteve. Ontem, ele foi responsável pelo segundo gol  que levou a definição para os pênaltis. E bateu um dos pênaltis convertidos. Coisas do futebol; 2– De repente, mais da metade do segundo tempo, o Atlético jogando mal e parte da iluminação do estádio se apaga. A partida fica paralisada por mais de 10 minutos, aguardando o retorno da iluminação. Nesse meio tempo, o técnico Cuca aproveita para arrumar a sua equipe, dialogando bastando com Ronaldinho Gaúcho, o seu capitão. No retorno, surge o segundo gol.  Houve mesmo um problema com a iluminação? Coisas do futebol;

° A imagem da coluna de hoje é do goleiro Victor e foi emprestada do site www.globoesporte.com.


terça-feira, 9 de julho de 2013

SOBRE POESIA, POETA, LIVROS E FLORES

Amigos,


“O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a sentir dor. A dor que deveras sente.” (Autopsicografia, Fernando Pessoa, Ele Mesmo).

I)  Conheci Francisco Fernandes de Araújo na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, nos anos 70. Fomos contemporâneos de curso. “Chico português”, como passou a ser carinhosamente tratado por nós, mais velho e mais maduro, logo mostrou que o caminho pelo Direito era uma inclinação a ser levada a sério. Aprovado em concurso público, foi Juiz de Direito, mas nunca deixou de fazer poesia. A aspiração da Justiça e as deficiências na tarefa árdua de buscá-la e realizá-la, efetivamente, em cada situação concreta,  foram  valorizadas e amenizadas pela sua arguta sensibilidade de humanista e  poeta. O poeta que sorri, porque sabe fingir, fingir alegria e esperança sinceras, por misericórdia de seus semelhantes.




II)  Todos os anos,  a cidade se enfeita  com   árvores de  ypê rosa inteiramente floridas. Especialmente no bairro do Cambuí, onde esses ypês se encontram em maior quantidade. É um espetáculo para os olhos, ver aquelas flores ali, juntas em galhos que se voltam para os edifícios, as casas  e o céu. E, ainda, de quebra,  ao pé delas os tapetes que se formam com as flores caídas, uma ao lado, ou sobre as outras.  É a natureza contrastando com a engenharia humana e a beleza suavizando e dando poesia e individualidade  àquelas obras de concreto armado muito parecidas, áridas como todas as outras.   Um espetáculo para parar, olhar e fotografar.  São apenas 25 dias mais ou menos que elas se apresentam assim.  Dias efêmeros como a vida. Em junho de cada ano!



III)  Depois de longos anos, encontrei Chico em pleno Largo do Rosário. Ali realizava, pelo sétimo ano consecutivo, a sua meritória campanha “Um livro por um Sorriso”. Trata-se de uma empreitada que o próprio autor esclarece, “de incentivo à leitura”. Filas se formam ali, de cidadãos de todas as camadas sociais, mas especialmente de gente mais simples, ávida pelo conhecimento, pela leitura, pelo aprendizado que vem dos sábios, além da dura experiência da vida. A distribuição é gratuita e vem com a mensagem e o autógrafo do autor. Este ano a campanha atingiu a marca extraordinária de 100.000 exemplares distribuídos. Na oportunidade de nosso encontro, ganhei de presente um de seus livros (Antologia de pensamentos), uma medalha comemorativa do evento e  fiz um flagrante do poeta  e do ambiente. Na foto da coluna de hoje Chico autografa um de seus livros para José Valério que é corretor e loca apartamentos no litoral norte;

IV) O ipê rosa é um árvore brasileira e pode atingir até 35 metros. Floresce, de forma abundante, de junho a agosto, e é ideal para paisagismo em geral por apresentar belíssimas inflorescências de cor rosa. É também recomendada para revegetação de áreas contaminadas com metais pesados;

V) O “curriculum vitae” de Chico é vastíssimo, evidenciando sua versatilidade e seu comprometimento com  a literatura e as causas sociais, como advogado, Magistrado e escritor.  Escreveu mais de 80 obras, dentre as quais a série “O Juiz de Turbante Dourado”, com muitos elogios e prêmios. Além de advogado e magistrado, é também mestre e doutor em Direito e foi Presidente da Academia Campineira de Letras.


Até amanhã amigos.

P.S. (1) Três frases de Chico constantes de sua Antologia de Pensamentos "Pedaços de vida nas asas do Vento":  Precisa-se de uma lei que elimine o ódio do planeta;  Gente prudente procura papel antes de sentar; Sinto-me gigante quando consigo agradecer sem pedir.



domingo, 7 de julho de 2013

CAUSO - MERCEDES VELHA


Bom dia amigos,

Neste domingo ensolarado de inverno, vai lá um "causo" que está no meu livro "Causas & Causos" n. II.

"Mercedes Velha.

                                       “Oh Lord, won’t you me a Mercedes Benz? My friends all drive Porsches, I must make amends.”
                                      (Janis Joplin, “Mercedes Benz”)


Essa  história se passa na  década de 60,  num   Tabelionato de Campinas.
A personagem central era uma senhora já com idade avançada e um  mau humor inquebrantável.
Ninguém ousava contar piada ou sorrir demasiadamente perto da distinta.
Dona Mercedes  era famosa naqueles tempos, exatamente por alguns predicados não muito desejáveis e que a afastavam do convívio mais próximo com seus colegas de Cartório: rigor excessivo na apuração do numerário do Cartório, impaciência,  impiedade com os erros dos moleques, inclusive dos pobres guardinhas ou patrulheiros (conforme a origem naqueles tempos),   e esse já propalado mau-humor de fazer inveja ao saudoso Presidente Figueiredo ou ao Murici Ramalho no trato com a imprensa.
Certo dia, grande parte dos funcionários que já tinham, de uma forma ou de outra, sido vítimas de Dona Mercedes, resolveram, na surdina, se vingar da dita cuja.
Dias difíceis,  grana curta, tiveram que fazer uma “vaquinha” para poder bancar a tal sacanagem combinada.
O Joel preparou o texto que deveria ser curto porque iria ser publicado, e cada palavra, cada sílaba,  custava o “olho da cara” no jornal da cidade.
E a publicação haveria de ser feita na edição de domingo, a  mais concorrida, cara e lida do “Correio Popular”.
Aprontado o texto,  restava alguém levar até o jornal, orçar, pagar  e autorizar a publicação.
O João se dispôs a correr o “risco”, isso mesmo, pois podia ser identificado e aí é que o “pau ia comê de verdade”.
Todos tinham feito pacto de absoluto silêncio sobre o assunto, pois ele viria necessariamente à tona.  O Tabelião podia querer saber de quem partira a idéia, quem participara etc. etc. e  o segredo não podia ser revelado, de jeito nenhum.
Mas o jornal podia exigir a identificação do solicitante ou então, a pedido posterior, identificar “o” ou “os” proponentes  do anúncio.
Enfim, a coisa  era braba ou podia ficar.
O João  voltou meio contente, garantindo que não tinha sido  visto por nenhum conhecido do Cartório, nem tinham pedido a identidade dele, apenas o dinheiro e o texto a ser publicado.
A seção era de Classificados,  a sub-seção, de automóveis usados.
O texto: “VENDE-SE UMA MERCEDES VELHA. TRATAR NO TELEFONE 0265  DIRETAMENTE COM A DONA”
O telefone era o do Cartório, atendido diretamente pela distinta.
Publicado o anúncio, na 2ª. feira seguinte choveram os telefonemas:
Um deles dizia:
- É aí que tem uma Mercedes véia pra vender?
Outro:
- Quanto custa a Mercedes véia anunciada?
Aceita trocá a Mercedes véia com um terreno em Hortolândia?
Dizem as más línguas que a velha Mercedes subiu a serra.
Dizem até que mandou muita gente de volta para a  distinta mãe que a pôs no mundo,  ou  tomar naquele lugar utilizado, como regra,  para as necessidades fisiológicas.
Descoberta a sacanagem  a velha exigiu do Tabelião providências.
Mas o pessoal se manteve firme e fiel: um acusou o outro, o outro o terceiro, o terceiro disse que deveria ter sido o quarto, e assim, por diante.
Durante muito tempo,  ao tratar com qualquer funcionário ouvia-se a velha em altos brados,  tentando descobrir a autoria do anúncio:
- Foi você, eu sei que foi você seu safado, isso não vai ficar assim.
E o povo tinha que rir de canto de boca, escondidinho, senão..."


Até amanhã amigos.


P.S. (1) A caricatura da coluna de hoje foi emprestada do site  www.jeffcaricaturas.com.;