domingo, 30 de novembro de 2014

POSSE DE TREVISAN NO TJ E O ADEUS AO ADVOGADO ROBERTO CHIMINAZZO

Boa noite amigos,

° Conheci Carlos Henrique Miguel Trevisan no 153º Concurso de Ingresso na Magistratura do Estado de São Paulo.  Ambos fomos aprovados e empossados no cargo de Juiz Substituto e elegemos a Comarca de Campinas para exercer nossas funções. Eu já era daqui. Ele não. Mas, juntamente com o Dr. Álvaro Cury, que já era Desembargador do TJ e o Dr. Dionísio Barbosa, então Diretor do Fórum Central da Comarca, tivemos a incumbência de arregimentar mais três candidatos para ocupar as 4 vagas existentes em Campinas (uma era minha por escolha antecipada). Aqui o trabalho era árduo e difícil naqueles tempos e não seduzia bons candidatos. Convidado, Trevisan, muito jovem ainda,  aceitou o desafio, se revelando amigo leal e excelente magistrado, com  carreira marcante pela ausência de qualquer episódio de conflito ou contestação. Voltou a Campinas anos depois, espontaneamente, assumindo, por concurso, o  cargo de Juiz de Direito da 2ª. Vara Cível. Jamais ouvi um comentário de quem quer que seja depreciativo do Magistrado ou da pessoa de Trevisan, entre colegas, jurisdicionados, advogados, promotores. Ao contrário, eram pródigas as referências à sua irretocável elegância no trato com advogados, partes ou testemunhas. Agora em agosto,  Carlos Henrique foi promovido ao cargo de Desembargador do Estado de São Paulo. Parabéns a ele e a esposa Geórgia,  Procuradora do Estado, que com as duas filhas, formam uma família querida e exemplar. Parabéns, sobretudo, à Magistratura Bandeirante que ganha, na 2ª. Instância, o concurso de um dos mais elegantes, cultos e comprometidos Magistrados que conheci na minha trajetória de vida e de carreira.

° Logo que foi publicada a sua nomeação, a convite de alguns colegas Trevisan esteve em Campinas no dia 25 de setembro último no Giovannete do Cambuí, para rever os amigos e comemorar a promoção. A imagem n. 2 da coluna de hoje é uma foto tirada na ocasião. Trevisan é o 4º,  à esquerda.  Pela ordem, vemos, da frente para trás, à esquerda, José Henrique Rodrigues Torres, um dos nossos colegas do mesmo concurso e que é hoje Juiz de Direito da 1ª. Vara do Júri de Campinas e foi Diretor do Fórum Central à época da construção e inauguração da Cidade Judiciária; o Dr. Luis Benedicto Ferreira de Andrade, Magistrado aposentado como eu,  o Dr. Richard Pae Kim, Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude, hoje afastado para exercer a função de Assessor do Ministro Toffoli, em Brasília, Trevizan, o Dr. Ricardo  Hoffmann, Juiz da 3ª. Vara Cível de Campinas, e José Walter Chacon Cardoso, Juiz da 9a. Vara de Família e Sucessões do Foro Central da Comarca de São Paulo. Do lado direito, ainda da frente para trás, eu, o Desembargador Antonio Mário de Castro Figliola, o Desembargador aposentado, Osni de Souza, o Juiz da 6ª. Vara de Campinas, Gilberto Luiz Carvalho Fransceschini, o Juiz da 4ª. Vara da Família e das Sucessões, Ricardo Sevalho Gonçalves, e o Dr. Roberto Chiminazzo Junior, Juiz da 1a. Vara do Juizado Especial Cível. Em pé, atrás do homenageado, o  Desembargador Euvaldo Chaib Filho. Ao fundo, na cabeceira, o Dr. Wagner Roby Gidaro, Juiz de Direito da 2a. Vara da Fazenda Pública de Campinas.


° Depois de longo período de internação, faleceu esta semana, o advogado e Procurador Geral Municipal Aposentado, Roberto Chiminazzo. Dr. Roberto era casado com dona Vânia Chiminazzo e deixa três filhos, o Juiz Roberto Chiminazzo Junior, o advogado e atual Diretor do Procon-Campinas, Ricardo Augusto Fabiano Chiminazzo e a advogada, Dra. Rosana Chiminazzo Moreira.  Conheci Dr. Roberto quando eu ainda era funcionário de Cartório e passei a admirá-lo como advogado atuante e combativo que sempre foi, sem perder a simplicidade e a natural elegância. Tinha por ele grande respeito e, posteriormente, amizade que se estendeu à esposa, Dona Vânia,  aos filhos (dois dos quais, Roberto e Rosana foram meus alunos na Faculdade de Direito da Puc Campinas),  noras, genros e netos (as queridíssimas Roberta e Ana Paula). Dr. Roberto em 1.965, fundou um dos mais prestigiados escritórios de advocacia da cidade de Campinas, atuando em várias áreas, especialmente em ações visando reconhecimento de direitos a servidores públicos, na área de direito imobiliário, trabalhista e esportivo. Integram o escritório, hoje desfalcado de seu fundador e inspirador, o Dr. Ricardo Augusto Fabiano Chiminazzo, o Dr. Daniel Martins dos Santos e o Dr. Emerson José Moreira Neto, além de advogados associados e estagiários. A todos, familiares e colegas, as minhas condolências, o meu abraço solidário  e a certeza de que o Dr. Roberto deixou um legado que não pode ser perdido ou subtraído: o exemplo de um homem e profissional admirado por  sua família, seus clientes, amigos e sociedade campineira em geral.

Até amanhã, amigos.


P.S. (1) A frase é de um Juiz de Direito aposentado e Professor.  Trata-se  do Doutor Mozart Hamilton Bueno,  maçon, que reside em Brasília, nossa Capital Federal:
Não é a política que faz o candidato virar ladrão. É o seu voto que faz o ladrão virar político. Não seja um deficiente cívico, faça a sua parte. Como cidadãos e contribuintes de tributos e de votos, vamos nos mobilizar para o exercício saudável da cidadania”.  É isso aí;

P.S. (2) A imagem n. 1 é do agora Desembargador Carlos Henrique Miguel Trevisan na posse administrativa perante o TJ, e foi emprestada do site do Tribunal de Justiça de São Paulo. A imagem n. 2 é do encontro aqui em Campinas entre Trevisan e seus amigos. A imagem n. 3, emprestada de www.alexnucci.com.br, é do Dr. Roberto Chiminazzo, que nos deixou semana passada,  e sua esposa, Dna. Vania Chiminazzo, em momento social.





sábado, 29 de novembro de 2014

DUPLA IDENTIDADE - A RENOVAÇÃO DE ROGÉRIO E DECISÃO NA SÉRIE B DO BRASILEIRÃO

Bom dia amigos,


° Estamos no final do ano mais uma vez. Os mais velhos e até os de meia idade reclamam da passagem rápida do tempo. As crianças e os adolescentes têm pressa e não têm a mesma percepção dos adultos. Isso sempre foi assim. Lembro-me da ansiedade para ir a escola, depois para a vinda das notas das provas, o término de uma etapa do curso, o diploma, etc. etc. A mesma expectativa nos movia para o primeiro namoro, o primeiro beijo, a possibilidade de ver os filmes proibidos para 14, depois para 18 anos. O tempo de hoje, claro, é o mesmo de antigamente e o que mudou foi apenas a nossa idade e as nossas expectativas. Quando a consciência nos demonstra que já vivemos muitos anos e que talvez o final esteja mais próximo do que desejaríamos, a ansiedade muda de foco. Agora, temos pressa para viver tudo aquilo que achamos que merecemos ou que deveríamos ter feito ou vivido.

° Como diz a escritora Lya Luft, nessa nossa chamada “melhor idade” (quem inventou isso é um velho despeitado, claro), precisamos mesmo de duas coisas: projetos e afetos.  Muitos. É isso aí.

° A minissérie Dupla Identidade que a Rede Globo apresenta às sextas-feiras após o Globo Reporter é muito boa. Não a acompanhei desde o início, mas quando assisto a um ou outro capítulo realmente fico interessado. Um roteiro que não é novidade, mas que tem merecido muito cuidado por parte dos profissionais envolvidos na sua realização. Os atores respondem bem ao desafio, com destaque para o belíssimo e convincente desempenho de Bruno Gagliasso, no papel do psicopata, serial killer,  Edu, e da bela  Luana Piovani.

° O goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, acaba de renovar o seu vínculo com o clube, depois da imprensa toda (ele garante que nunca foi consultado a respeito) noticiar a sua aposentadoria no final deste ano. O aval do técnico Muricy Ramalho para a renovação foi sem dúvida o fiel da balança nessa história, pois no clube a Diretoria estava bem dividida a respeito, incluindo o próprio Presidente Carlos Aydar, pelo que senti da entrevista que ele deu a um repórter da Globo esta semana. Bom político, o Presidente disse que como torcedor queria muito que o goleiro permanecesse, mas que como dirigente não podia raciocinar emocionalmente. Por outras palavras se dividiu em dois: como torcedor quer, como dirigente, não quer ou nem tanto, problema de dupla identidade?

° Uma coisa é certa. Ceni é, sem dúvida,  um patrimônio do clube e um profissional respeitabilíssimo pelo que fez pelo futebol do clube e do Brasil, batendo grandes recordes mundiais. Tem de ser respeitado, sim. E muito. Mas, convenhamos, é preciso ter sabedoria para sentir que  o momento é de parar e de preservar a própria imagem e dignidade. Ceni teria, como certamente tem, portas abertas para muitas carreiras dentro do futebol e das entidades futebolísticas. E o futebol brasileiro certamente não dispensa a sua experiência e contribuição como atleta e como homem;

° Amigos: A Ponte Preta carrega a sina dos vice-campeonatos. Quando tudo indica que poderia conquistar finalmente um título, ainda que sem grande expressão, como o de campeão da série B do Campeonato Brasileiro, nada dá certo. Vejam só: a Ponte Preta, até a  34ª.  rodada, continuava em primeiro lugar, fazendo boas partidas e obtendo vitórias convincentes, especialmente fora de casa. Na sua cola, vinha o Joinville, com quem até hoje, data da última rodada, tem o seu adversário único e direto na obtenção do título. Surge então a partida fundamental: Ponte e Joinville na casa do adversário. Para a Macaca valia a vitória e até o empate. O empate manteria a distância entre as equipes que era de 02 pontos. Resultado: derrota por 3 a 1, perdendo, desde então, a liderança para a equipe catarinense. Título perdido, imaginava-se, pois o Joinville vinha de seguidas vitórias e bom futebol. Na rodada seguinte, a primeira surpresa: o Joinville abre uma porta escancarada para a Macaca recuperar a liderança: perde para o Boa Esporte, fora de casa,  enquanto a Ponte, jogando com o América de Natal em Campinas, tem tudo para obter a vitória. Ganhando por 2 a 1, a equipe, no final da partida, cede o empate, em lance de pênalti assinalado pelo árbitro, para revolta de toda a equipe e da Diretoria. Sem entrar no mérito acerca da arbitragem, uma bobeada que não podia acontecer. 

Na partida seguinte, o Joinville empata em casa, surpreendentemente. A distância de apenas 1 ponto, abre para a Macaca uma outra escancarada oportunidade de retomada da liderança. Jogando em pleno Moisés Lucarelli outra façanha:a equipe perde por 1 a 0 para o América de Minas. E assim chegamos hoje à última rodada. Esperança continua. Mas sinceramente: alguém acredita que a Ponte vença o Naútico em Recife e o Joinville perca para a rebaixada equipe do Oeste em Itápolis? Em futebol tudo é possível, não é? Mas que pela lógica tudo caminha para um novo vice-campeonato, não resta dúvida. Quem sabe, porém, a torcida pontepretana, que vive há gerações na expectativa de vencer um campeonato (e que o ano passado quase conseguiu na fantástica campanha da Sulamericana), possa finalmente comemorar um título. Juro por Deus que não estou secando;

° Uma das frases atribuídas ao saudoso presidente do Corinthians, Vicente Matheus: “Se a vida lhe der um limão, faça uma laranjada.”

Até mais amigos,


P.S (1). A imagem n. 1 da coluna é da minissérie "Dupla Identidade", focalizando o personagem Edu, o psicopata serial killer vivido por Bruno Gagliasso e foi emprestada do site br.finanças.yahoo.com;  A imagem n. 2 é da bela atriz Luana Piovani, ao lado de seu parceiro na mesma minissérie, o delegado vivido pelo ator Marcelo Novaes;

P.S. (2) A terceira imagem é do meia Adrianinho, prata da casa e ídolo dos torcedores da Ponte Preta. Adrianinho, que teve passagem pelo Corinthians Paulista, volta pela 3a. vez a defender a Macaca e estará em campo hoje, em Recife, na partida decisiva pelo título contra o Náutico.


sábado, 22 de novembro de 2014

CAUSO - A FAXINEIRA E O MUDINHO

Boa tarde amigos,

Saindo ontem do banheiro masculino de um supermercado, deparei-me, na porta, com a faxineira que, ignorando a minha presença e munida de um balde e material de limpeza, gritou: - Há mais alguém aí? Como não obteve resposta, invadiu a dependência, iniciando a sua tarefa cotidiana. A cena, porém, me fez dar tratos a bola e a pensar como a falta de educação no país e de políticas que nos obriguem, por dever de cidadania e consciência, a  contemplar, com atitudes adequadas, as chamadas minorias, cria constrangimentos e desrespeita  a dignidade de nossos irmãos, carentes ou, ao menos, diferentes. Imaginei, em memória, um outro roteiro para a cena. Eu saindo do banheiro, a mesma faxineira e um mudo (não surdo),  ocupando uma das casinhas sem porta (o que é muito comum no Brasil)[1],  desincumbindo-se da necessidade fisiológica conhecida como n. “2”.  Ao ouvir a indagação da serviçal quer responder, mas não consegue e desesperado pensa consigo: “Porra, tem eu, caranho, dando uma cagada. Dá para esperar um pouco?” De boa fé, e frente ao silêncio tumular, a faxineira invade o banheiro e diante da constatação da presença do  distinto senhor praticamente nu, ainda lhe passa um pito: “Pô meu amigo, eu perguntei se tinha alguém e o senhor não disse nada”. O mudinho, entre surpreso e indignado, diante do constrangimento imposto e, ainda da bronca da faxineira bronca, limita-se a lhe mostrar o dedo médio da mão direita, pensando com muita força: “Vá tomando o cu, pô”. A serviçal, no entanto, sai do banheiro  irritada, balbuciando alguma coisa do tipo:  “Velho ignorante e malcriado”. Pois é!


Até mais amigos.


PS (1) A imagem caricatural de hoje foi emprestada de tyrannusmelancholicus.blogspot.com e mostra em bem humorada charge o nosso querido e imortal Zagalo sentado em uma privada. O desenho, segundo noticiários da época, teria sido feito (ou colocado)  num banheiro, em bar de propriedade do jogador e hoje deputado federal, Romário, o que teria provocado a ira de Zagalo, talvez pela motivação, porque quanto ao desenho em si considero-o extremamente espirituoso, sem potencial ofensivo, mas muito ao contrário, até carinhoso. Enfim, como ele está ainda vagando na Internet, suponho que o nosso simpático Zagalo não se importe com a sua veiculação. No caso e no meu "causo" a imagem é mais do que perfeita para ilustração;


PS (2) A segunda imagem, foto tirada do meu celular, mostra o banheiro masculino do Fórum da Comarca de Bertioga, Estado de São Paulo, com os mictórios todos fora de serviço. Retrato da falta de manutenção tão comum nos ambientes públicos deste país.



[1] Não é que se construam as casinhas dos banheiros sem as portas. E que, no Brasil, a sanha de destruição dos usuários é tão grande que é só equiparável à absoluta falta de manutenção dos bens públicos de uso comum do povo. Ter, tinha. AGORA NÃO TEM MAIS,

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

OPERAÇÃO LAVA-JATO E A CRISE ANUNCIADA

Boa noite amigos,

As manifestações de julho de 2.013, de grande magnitude e variadas motivações, que ressoaram por todo o país e respingaram em políticos de todas as esferas de poder, com grande cobertura e  destaque na imprensa nacional e estrangeira, evidenciaram, sem dúvida, a insatisfação de miseráveis, pobres, remediados e ricos, empresários e trabalhadores, aposentados, servidores públicos e donas de casa, com a ausência de definição e implantação de  políticas públicas que efetivamente devolvam o mínimo de quantidade e qualidade aos serviços públicos básicos, desde infra-estruturas, como transporte, passando necessariamente pela saúde, educação e habitação, dentre outros, compatíveis com o alto custo de tributos e tarifas. Concluídas as eleições para Presidente da República,  apesar da reeleição da Presidenta Dilma Roussef, os mais de 50 milhões de votos dados ao opositor, que nem de longe, suponho, correspondia  pessoalmente ao ideal dos eleitores, mas que polarizou, em dado momento,  todas as insatisfações com a crise porque passa a Nação (oneração tributária para além do razoável e da capacidade de competição dos produtos nacionais com similares estrangeiros, incompetência ou falta de vontade política para drástica diminuição dos gastos públicos e da dívida interna, ausência de reformas importantes e inadiáveis e de contenção do processo inflacionário, com consequências sérias para o povo e o empresariado em geral,  fruto de equívocos na política econômica, para não dizer outros),  sinalizaram para um segundo mandato muito difícil para a Presidenta reeleita.  O tom e o conteúdo de seu discurso logo após a proclamação do resultado das urnas, em que, de forma realista, afirma ter entendido o recado de mudança que o apertado sufrágio registrou, acena não apenas para um novo, mais um renovado e maduro segundo mandato, em que não se tolerará omissão, nem condescendência com aliados ou mesmo com os chamados “mau feitos” de amigos de longa data, contemplados com pastas de Ministérios e Diretorias de empresas públicas, ou  confrades de seu próprio partido, desgastado profundamente com o episódio do chamado Mensalão. Para a implantação desse seu compromisso terá que mostrar que efetivamente assumirá o comando e o poder que as urnas lhe conferiram para realizar as reformas tão aguardadas e inadiáveis, repita-se. A situação da corrupção no país é tão grave que a Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal e com declarações bombásticas às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, ameaça reunir provas de envolvimento de uma estimativa de mais de 60 políticos de todos os partidos e, sem exceção, proprietários e executivos de todas as grandes empreiteiras com as quais o governo tem celebrado contratos na área da construção civil e de infra-estrutura em geral. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, famoso por defender políticos (cita que já respondeu pela defesa de mais de 40 governadores e ex-governadores e famosos como Roberto Carlos e Carolina Dieckmann), em declaração dada neste domingo ao repórter Mário Cesar Carvalho, da Folha de São Paulo, revelou sua preocupação se a Operação Lava Jato conseguir que as empreiteiras todas sejam consideradas inidôneas e proibidas de participar de obras públicas, assim como com a pena de perda de mandato de grande número de políticos que supostamente estejam envolvidos. Ele textualmente afirma que nesse caso o "país para".  Não duvido disso. A Lei de Improbidade Administrativa realmente prevê a pena de proibição de contratar com o Poder Público durante determinado tempo, como uma das consequências da condenação. E não dá para imaginar que a lei não seja aplicada irrestritamente e em relação a todos os que efetivamente violaram os seus preceitos, consoante as condenações judiciais que eventualmente se seguirem. Mas é preciso ressalvar, como fez o juiz Sérgio Moro neste sábado, tornando indisponíveis cerca de 720 milhões de pessoas físicas envolvidas, mas se negando à mesma conduta em relação aos recursos das pessoas jurídicas, que são as pessoas físicas que corrompem ou são corrompidas e que a pessoa jurídica, uma ficção da lei, não pode, nem deve ser penalizada por causa da conduta de seus representantes, senão na medida em que evidentemente forem beneficiadas com recursos públicos indevidos incorporados ao seu patrimônio,  que devem realmente restituir ao Erário. Mas isso não ocorre, como se sabe, pois o dinheiro fruto de corrupção engorda as contas bancárias de representantes, seja de primeiro, segundo ou terceiro escalão, ou de simples servidores e não da empresa que representam. Afastem-se os homens e deixem a instituição cumprir a sua destinação lícita e de relevância social, se for o caso.  Aí está a Petrobrás, exemplo de empresa pública e que se mantém – e deverá se manter– apesar da permanente sangria de seus recursos, fruto da malversação. Vamos aguardar o desfecho dos fatos. Mas temo, como o experiente advogado, por uma verdadeira crise institucional sem precedentes se a coisa esticar além do imaginado. E não sei por que me lembrei daquele caso escrito por Luis Fernando Veríssimo, na sua obra “Em algum Lugar do Paraíso”. Relata o grande escritor que depois de ter Eva comido o fruto proibido e a Terra ter entrado na sombra da noite, Adão sentiu o seu membro que ele pensava que era só para fazer xixi, se mexer. E avisou à Eva:É melhor chegar para trás porque eu não sei até onde este negócio cresce”.


Até amanhã amigos,

P.S. (1) Agora à noite, a Presidenta deu uma entrevista coletiva na Austrália, onde se encontra para reunião com os países integrantes do BRICS (Brasil, China, África do Sul, Rússia e Índia). E ao responder pergunta de um repórter acerca das empreiteiras envolvidas que têm contratos com o governo, assegurou que elas continuarão a participar de licitações de obras governamentais, dando a entender que as punições que vierem a ser impostas não deverão interferir na idoneidade das pessoas jurídicas para a prestação de serviços lícitos e de qualidade, em benefício da população.

P.S. (2)  A primeira imagem da coluna de hoje (emprestada de www.dci.com.br) é do advogado criminalista, Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que fez a defesa de inúmeros políticos e réus famosos, inclusive no processo do Mensalão;  A segunda e última imagem é da atriz Carolina Dieckmann que contratou o famoso advogado para o pleito judicial em que buscou impedir e responsabilizar a pessoa que interceptou e publicou fotos íntimas da atriz na Internet.




sábado, 8 de novembro de 2014

FUTEBOL - E A PONTE PRETA VOLTA À ELITE DO FUTEBOL BRASILEIRO

Boa noite amigos,

Acabou agora há pouco no Estádio Nabi Abi Chedid, na vizinha Bragança Paulista, a partida entre a Ponte Preta e o Bragantino. O resultado: 2 a 0 para a equipe campineira, para alegria e comemoração  de 5.000 torcedores que lotaram o pequeno estádio, empurrando a equipe para a vitória e o acesso, e milhares de outros que acompanharam a partida pelo rádio e TV. Nas Tribunas, impedido nesta semana, por decisão do STJD da CBF, de orientar sua equipe do banco, o técnico Guto Ferreira, a tudo assistiu,torcendo muito é claro, monitorado  por médicos que há algumas semanas cuidaram do coração disparado do treinador e recomendaram muita cautela e pouca emoção, prescrição última essa, porém, impossível neste momento. A Ponte Preta está de volta à elite do futebol brasileiro com quatro rodadas de antecedência para a final do campeonato da Série B. A sua fanática torcida tem assim uma alegria neste final de ano, depois da dupla decepção do ano passado, em razão da queda para a segunda divisão do Brasileiro e a perda do título da Copa Sulamericana, torneio disputado pela primeira vez, com uma participação brilhante, mas sem o perseguido título, perdido para o Lanús da Argentina, na casa do adversário, depois de um primeiro jogo, que levou quase 30.000 torcedores ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo. A Macaca, que há  anos vem mantendo uma estrutura estável, em tempos sabidamente difíceis, mostra mais uma vez a competência de sua Diretoria, a capacidade de sua comissão técnica, encabeçada pelo técnico Guto Ferreira, a união e o talento da equipe montada a dedo para o perfil da competição,  e a força de sua abnegada torcida. Volta à 1ª. Divisão depois de permanecer apenas por uma temporada na segunda, realizando uma campanha extraordinária que a mantém no topo da tabela, com reais possibilidades da conquista do título. São 67 pontos em 34 jogos, 19 vitórias 10 empates e apenas 5 derrotas. O ataque,  também o melhor da competição, fez 57 gols (quase 1,7 por partida) e sofreu 31 (o segundo melhor atrás apenas do Joinville que tem 29), com um saldo de 26 e 77% de aproveitamento. É o resultado de um projeto bem elaborado, que foi executado segundo o planejamento e contou com o esforço e a dedicação de todos os profissionais envolvidos. Parabéns à Ponte Preta e aos pontepretanos, dentre os quais muitos queridos amigos. Registro na coluna, para que não se perca da memória,  mais um acesso,  e a equipe a quem se deve a volta do clube para a seleta e difícil elite do futebol brasileiro.


Até breve amigos.


 P.S. (1)  Foi acertada, sem dúvida,  a dispensa, pela Ponte Preta,  durante o campeonato, do centroavante Edno, um atleta muito caro pelo futebol que vinha jogando, com salários acima da realidade do clube e do futebol brasileiro, assim como a recontratação do meio campista Renato Cajá. É que, enquanto o centroavante continua sendo o eterno craque da Portuguesa de Desportos, único clube onde joga um futebol extraordinário, Cajá rende mais e muito na Ponte Preta, quando joga o que não consegue jogar em outras equipes. Coisas inexplicáveis do mundo do futebol.

P(2) De qualquer maneira, é de se reconhecer que Edno parece ter reconquistado o seu bom e estável futebol na Boa Terra. Tem feito boas partidas e bonitos gols pelo Vitória. No último final de semana, uma pintura de gol de bicicleta. Oxalá consiga salvar o Vitória da queda para a segunda divisão. No momento, a equipe baiana, com os mesmos 34 pontos do Coritiba (17º colocado), está em 16º lugar e é o primeiro fora da zona de rebaixamento. Assim mesmo faz campanha superior ao seu rival Bahia, vice-lanterna com 31 pontos.


P.S. (3) Esta é a equipe do jogo do acesso da Ponte Preta  em 2.014,  para a 1ª. Divisão do Brasileiro: Roberto; Rodinei, Tiago Alves, Gilvan e Bryan; Adilson Goiano (Juninho), Fernando Bob e Renato Cajá; Cafu, Alexandro (Rafael Ratão) e Rafael Costa (Roni)
Técnico: Guto Ferreira;


P.S; (4) Alguns pontepretanos, amigos (e rivais no futebol da cidade), aos quais cumprimento, com indisfarçável inveja: o advogado  e ex-aluno, Ricardo Ortiz de Camargo, leitor assíduo deste blog; a professora e advogada Stela Vicente Serafini; o Desembargador Pedro de Alcântara da Silva Leme Filho; o médico ginecologista, Presidente da nossa estimada Creche Lar Ternura,  Pedro Antunes Negrão; o Juiz Diretor do Fórum Central de Campinas, Luis Antonio Alves Torrano; o Professor da Puc e Procurador de Justiça aposentado, Paulo de Tarso Barbosa Duarte; as irmãs advogadas,  Rosa e Márcia Bittar; o advogado e compositor, Thiago Vasconcelos de Souza; o empresário e ex-Presidente da Macaca, Lauro Moraes Filho; o Professor da Puc, advogado e ex-aluno, Denis Ferraz; o advogado e ex-atleta,  Hamilton Oliveira; meu colega do Colégio Barão de Ataliba Nogueira, ex- técnico da Macaca,  Pardal; os advogados, Rodrigo Badan Herrera e José Henrique Farah e seu irmão, Assessor no Tribunal de Justiça de São Paulo, meu ex-assistente na Faculdade de Direito da Puc, Carlos Farah;

P.S. (5). Eles estão no céu. Foram muito amados e admirados em vida. Especiais amigos e rivais pontepretanos: o desembargador Benedito Jorge Farah e a advogada, Neide Caricchio. Saudades!;


P.S. (6) – As imagens da coluna de hoje são, pela ordem: a) do bom e experiente goleiro, ROBERTO, da Ponte Preta, eleito, em 2.013, o craque do ano pela enquete realizada pelo canal FOX SPORT, especialmente em função de sua participação na Copa Sulamericana; b) de RENATO CAJÁ, meiocampista habilidoso, com 30 anos de idade,  recontratado pela Ponte durante a competição, para reforçar e estabilizar a equipe (essa imagem e a anterior foi emprestadas de pontepreta.com.br; c) do centroavante EDNO, preparando a bicicleta que originou no segundo gol do Vitória da Bahia,  na vitória de 2 a 1, sobre o Criciúma pelo Campeonato Brasileiro, no domingo passado (imagem emprestada de torcedores.com.)


terça-feira, 4 de novembro de 2014

SOBRE RUBENS ALVES

“Há escolas que são gaiolas e há escola que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.


Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.” (Rubem Alves).

Boa noite amigos,

Eu estive com ele em apenas duas oportunidades. Mesmo assim somente em uma delas, convidados por uma amiga comum para um encontro em “petit comitê” é que nos falamos por preciosos minutos. Cerca de 30. Não haverá  outros  encontros nesta vida, porque ele se foi não faz muito tempo. Era um homem fascinante.  Foram muitas e indescritíveis as sensações e especulações provocadas por essa aproximação única e meteórica. Aquele simples e bom mineiro, de sua inesquecível Boa Esperança, sul das Minas Gerais, daqueles que, embora distantes do torrão natal há muitos anos, denuncia, sem qualquer constrangimento, a origem,  no uso de uma ou outra expressão, cá e lá, no jeitão que economiza palavras, nos “uais” de espanto ou indagação, ou  nos “trens”, que servem para designar tudo e qualquer coisa. O semblante revelava, como na sua poesia e retórica, uma alegria profunda pela vida[1]. Pela experiência amealhada de forma ampla,  variada e significativa. Ali estava diante de mim o que sempre me fascinou no homem: o ser plural, com naturalidade. Aquele capaz de viajar livremente pelo universo do conhecimento.  O poeta, o escritor, o cronista, o filósofo, o pedagogo, o músico, o psicanalista, o teólogo[2] festejado em cada um desses departamentos separados, unicamente, para fins didáticos. Alguém que reunia e carregava  as marcas de situações, funções, profissões  e acasos e que de todas elas não deixara escapar a essência do aprendizado extraído das experiências pessoais e  humanas[3]. Experiências que o transformaram, no ocaso da existência, num homem mais humilde e com um olhar terno, generoso e piedoso para todos os seres e as contingências que eles carregam na passagem por essa vida. Levei nessa noite um  de seus preciosos livros[4] e pedi que ele me brindasse com um autógrafo.  Ousei lhe contar dois dos meus “causos” que ele ouviu atentamente e sorriu no final por sinceridade, gentileza ou por efeito da euforia adicional do whisky que bebíamos saboreando, como devem ser apreciadas as bebidas alcoólicas,  durante o breve colóquio. Há pouco tempo, passando por uma das casas - 
 em que vivi parte da minha infância aqui em Campinas, me lembrei dele. Em um de seus livros, ao narrar memórias de  sua marcante infância lá na zona rural de Boa Esperança, lembrava da casa de seu avô e de como ele a julgava grande, do tamanho da sua felicidade forjada na pobreza[5]. E nesse imaginário afetivo, já na idade adulta, veio a constatar que esse lugar era pequeno, muito menor que a imaginação generosa infantil lhe proporcionara. Assim também me senti no dia em que voltei a rever a minha casa de adolescência, de onde saía para a escola, para as brincadeiras de rua  ou para passeio com os amigos do bairro. De outra feita, falando em colação de grau oficial aos Bacharéis de 2.004, como Diretor da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, não pude deixar de observar aos formandos, que a palavra “formatura” significava, na exata linguagem da escola tradicional, reuni-los numa mesma “forma”. De moldar, como dizia Rubens Alves, como num ritual do  rolo em plástico, cada um dos alunos, a uma fórmula que, quando pouco, lhes roubava a essência da individualidade  e a liberdade de pensar,  de criar, de voar[6]. Rubem Alves foi um revolucionário a seu modo. Jamais parou no tempo ou fez concessões. Se achava parecido com o mar de Minas que, segundo o poeta “não é no mar; o mar de Minas é no céu, pro mundo olhar para cima e navegar, sem nunca ter um porto onde chegar.” E concluía: “Acho que, porque nasci em  Minas, dentro de mim é assim, como esse navegar sem nunca ter um porto onde chegar. Vou contando e recontando a minha estória sem nunca chegar a uma conclusão, as peças fazendo balancê, se remexendo, um quebra-cabeça que não termina nunca pois sempre a travessia pode ser feita de outro jeito.” Fiquei sabendo de sua morte quando não estava em Campinas. Melhor assim. Não gosto de velórios de pessoas queridas e admiradas. Prefiro tê-las vivas na memória e no coração. Me contaram que ele pediu à família que fosse cremado. E que suas cinzas fossem espalhadas, num dia qualquer, pela Mata da Fazenda Santa Elisa. Na sua Campinas, que ele fixou como sua residência durante muitos anos e até a morte. Pertinho da Unicamp, instituição que elegeu para exercer o que considerava a mais nobre de todas as suas funções: a de professor. Um professor que não tem a pretensão de ensinar, mas de inspirar. Na Mata, onde moram  as borboletas, o sapo, o jequitibá, as lagartas, as personagens de Monteiro Lobato, o príncipe e a princesa e  a natureza que Rubens trouxe da infância perdida para a sua poesia, as suas metáforas e o nosso encantamento. Tive um imenso prazer em conhecê-lo nesta vida, por meio de sua rica e profunda obra, e  pessoalmente, um pouquinho naquela noite de inverno,  na casa da amiga Lenide, lá em Barão Geraldo.

Até breve amigos,

P.S. (1) A imagem que abre a coluna de hoje foi emprestada de quemtemfomepoesiacome.blogspot.com..  A imagem do poeta foi emprestada de oespiritualismoocidental.blogspot.com.







[1]Plantei árvores, tive filhos, escrevi livros, tenho muitos amigos e, sobretudo, gosto de brincar. Que mais posso desejar? Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu a viveria como a vivi porque estou feliz onde estou.”
[2] Rubem Alves foi um dos fundadores da Teologia da Libertação. A esse respeito, um dia escreveu: “Eu achava que religião não era para garantir o céu, depois da morte, mas para tornar esse mundo melhor enquanto estamos vivos. Claro que minhas idéias foram recebidas com desconfiança”
[3] Ao sistematicamente privilegiar a experiência como sensação pessoal da qual  extraí as verdades nas quais  acredita, em detrimento dos dogmas, Rubem Alves se aproxima, segundo julgo, do grande escritor alemão, Herman Hesse, que aliás é um dos seus autores preferidos.
[4] “A Alegria de Ensinar”/Rubens Alves – São Paulo: Ars Poética, 1.994, 4ª. edição.
[5]Do tempo da pobreza só tenho memórias de felicidade.”
[6] É o ritual dos rolos em plástico. Formatura é isto: todos ficam iguais e ajustados da mesma forma. Moldados pela mesma Forma. Assim, o grande poeta Rubem Alves se refere à escola, quando fala da escola e de sua experiência institucional” (trecho do discurso que proferi naquela ocasião)