domingo, 29 de janeiro de 2023

AS ESTATUETAS DO FRANCÊS DUBOUT


Boa noite amigos,


       

Albert Dubout foi um artista francês que nasceu em Marselha em 15 de maio de 1.905 e faleceu em 27 de junho de 1.976 em Paris. Tornou-se notável pela sua versatilidade, criatividade e humor. Cartunista, ilustrador, pintor e escultor sua obra foi vasta e está aí replicada nas galerias europeias e nas lojas do gênero. Fiquei curioso por conhecê-lo e saber um pouco de sua história quando, visitando uma loja de variedades no Shopping Iguatemi aqui de Campinas, fui atraído por graciosas estatuetas de uma sua coleção de Humor. Acabei presenteado pela minha mulher, pela minha filha e pela minha irmã com três (3) das quatro estatuetas da coleção. Elas retratam: a) senhorita em pose de melindrosa para fisgar o parceiro acanhado (o Jogo da Sedução); b) em outra pose grande senhora carrega o marido minúsculo (o Relógio do Ponto); c) novamente  avantajada senhora recolhe o marido entre os braços para levá-lo para casa (Meu Marido está Cansado).  As estatuetas foram concebidas e construídas para ironizar figuras e comportamentos da sociedade europeia das décadas de 20 e 30. E são inspiradoras e interessantes na proposta de seu criador.

Até mais amigos.

P. S. A imagem da coluna de hoje é da estatueta batizada como "Meu Marido Está Cansado" da coleção de Humor de Dubout.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

AMÉLIA E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

 

Boa tarde amigos,



A nova ordem universal, fincada nos preceitos de inclusão, ecumenismo e igualdade, uma exigência do princípio universal da dignidade da pessoa humana, tem provocado reações de grupos radicais feministas que, revendo o passado com os valores de agora, verbera boa parte da produção artística e cultural outrora consagrada pelo público e pela crítica de seu tempo. Composições de Noel Rosa, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Caetano Veloso e outros, têm sido revisitadas, censuradas e proscritas da antologia da música popular brasileira por esses grupos.  Clássico exemplo é do samba de 1.942, batizado de “Ai que saudades da Amélia”, composição de autoria dos saudosos Mário Lago (letra) e Ataulfo Alves (música). A música é também conhecida apenas como “Amélia”, aquela que “era mulher de verdade”, porque não fazia nenhuma exigência. Contam os historiadores da MPB que ela foi inspirada em Dna. Amélia dos Santos Ferreira, lavadeira dos “Almeidas”, familiares da cantora Aracy de Almeida e de seu irmão conhecido no meio artístico e boêmio do Rio, como “Almeidinha”. O samba foi um dos ganhadores de melhor música de carnaval de 1.942 do tradicional Baile de Gala do Municipal e foi elogiado por ninguém nada menos do que o cineasta e ator, Orson Welles, presente ao evento. Pois a blindagem dos feministas de agora, na revisitação rebaixa a composição à categoria daquelas preconceituosas e deve ser excluída da memória ética da MPB. E por que?  Dizem que a Amélia não era mulher de verdade coisíssima alguma. Era uma submissa, vítima de seu marido machista e que lhe impunha seguidos atos de violência doméstica.  Por isso não tinha “a menor vaidade”, na medida em que o seu criador lhe retirou toda a autoestima, como também acabou louca ao lado de seu algoz, “...achando bonito não ter o que comer”. Essa revisitação retroativa, que desconhece a cultura e o contexto da época em que a música foi feita é arbitrária e descabida. Registre-se, ademais, que a canção foi elevada à categoria de obra-prima pelo respeitado historiador, Jairo Severiano e o Almeidinha, já naquela época, discordava de quem achava a tal Amélia uma submissa, pois dizia que a Dna. Amélia (a musa inspiradora) dava duro para ajudar o marido a sustentar uma prole de 9 filhos e, quando faltava comida, ria com o marido por pura solidariedade. 

Até a próxima amigos.  

P.S. A caricatura do compositor Mário Lago aposta acima foi emprestada de BlogHumor de Novaes.