quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ADEUS, NEIDE CARICCHIO

Boa noite amigos,
 
Amiga de tantos e tantos anos, perdidos na noite dos tempos, era sempre uma grande alegria encontrá-la, o que acontecia, raramente embora, nos últimos anos.
Na década de 70, saíamos pela noite de Campinas, frequentando ambientes simples e marginais, próprios de boêmios e sonhadores.  Do Bar da Lingüiça àquela adega, cujo nome não me lembro (se é que tinha nome), lá na Sales de Oliveira.  Eu, ela, o Bentão, o Zé de Oliveira,  a Vanderli, o Hélio, a Lysia, o glorioso Manuel Fábio, que nos deixou há tão pouco tempo, em noitadas históricas nas quais dividíamos as nossas tristezas e alegrias, regadas ao vinho, chopp, e algum tira-gosto, as inquietações políticas, o lirismo dos nossos poetas e os seus eventuais préstimos na nossa vida e nos nossos sonhos.
Era  um Brasil de ditadura, de protestos, de Geraldo Vandré, Chico e Caetano, de um povo que tentava resgatar a sua identidade étnica, cultural, política e a sua liberdade.
Ela mais velha entre nós, e portanto, mais sábia,  mais experiente, parecia, contudo, a mais jovem naquele espírito maravilhoso, e  sempre  tinha uma palavra, uma piada, uma história, uma sacada inteligente, que alegrava os nossos encontros.
Procuradora Municipal ilustre e de carreira, tinha chefiado a Procuradoria e sido Secretária dos Negócios Jurídicos do governo do Prefeito Rui Novaes. Era um exemplo de mulher vencedora, que rompera barreiras, numa época em que pouco se concedia às mulheres, especialmente na política. Tempos de Leila Diniz, cuja corajosa trajetória foi abortada por um acidente aéreo, que também levou o nosso Agostinho dos Santos.  Confidenciou-me um dia que seu nome tinha sido levado a certo General do Exército, por um puxa-saco da revolução,  como suposta militante comunista,  o que, se não se positivou, nem lhe custou violência física ou prisão, chegou a restringir, de certa forma, algumas de suas pretensões profissionais. Não impediu, porém, de maneira alguma, o seu sucesso e a sua marcante trajetória, como pessoa e profissional.
Eu sempre brincava, que ela se tornara imortal, des que seu nome fora inscrito numa placa (acho que não era placa, mas inscrição em alvenaria mesmo), debaixo do Viaduto Miguel Vicente Cury, como sendo a Secretaria dos Negócios Jurídicos no governo do Prefeito Rui Novaes, responsável por aquela obra.
Uma grande tristeza foi a morte repentina e absolutamente precoce de sua querida sobrinha Maria Inês (ela nunca se casara, nem tivera filhos, dedicando seu amor aos irmãos e sobrinhos, especialmente aos filhos de Maria Inês, que ficaram órfãos).
Aposentada na Prefeitura desde a década de 80, comandou, com grande desenvoltura, um alentado escritório de advocacia em Campinas, um dos mais famosos e competentes na área de direito administrativo e direito do Trabalho, juntamente com o advogado Wilson Rahal, de quem era discípula,  responsável por grandes causas em favor, sobretudo, dos servidores públicos ativos e inativos e de seus dependentes.
Quando fiz concurso para a Magistratura e assumi o cargo de Juiz Substituto em Campinas, encontrei-me com ela no corredor do segundo andar do Palácio da Justiça e ela, delicadamente, me estendeu a mão, num cumprimento formal, preocupada com a distância que deveria manter entre a advogada militante e o Juiz de Direito, nas dependências do Fórum.
Recusei o cumprimento e a beijei como sempre fazia, sem a preocupação que ela demonstrara, de forma generosa,  com a minha imagem e a minha posição.
Nossas conversas eram intermináveis. Varávamos a noite tagarelando sobre os mais diversos assuntos. Ela dizia à Mara minha mulher, quando nos despedíamos lá pelas tantas da madrugada, que ainda não tínhamos acabado o assunto. Era sempre assim.
Pontepretana por tradição de família e eu bugrino, tínhamos a sensatez de não falarmos de futebol, papo que eu mantinha e mantenho com outros companheiros e que certamente,  nunca fez falta, no nosso caso.
Nas últimas décadas, os nossos encontros aconteciam na casa da Ophélia, outra grande amiga, outra mulher exemplar, nos jantares com que Ophélia nos brindava, de tempos a tempos,  regados a whisky, vinho e cerveja, com comida tradicional nordestina ou européia, "papo mole" ou "papo cabeça", à escolha do fregues, música, canto e poesia.
Não fumávamos mais, como nos velhos tempos.  Ela também já não bebia, mantendo uma vida mais consentânea com a idade que chegava irremediavelmente. Mas a alegria, a jovialidade, o interesse por tudo e por todos continuavam vivos, vivíssimos.
A semana passada fiquei sabendo que  fora internara depois de passar mal.
A Ophélia me dava notícias quase diárias de seu estado de saúde, que piorara muito nos últimos dias e não prenunciava um final feliz.
Hoje recebi dois telefonemas seguidos: o da Mara, minha mulher e o da Ophélia, me transmitindo a triste notícia de seu falecimento.
Acho que hoje não chego a lamentar demais a morte de meus amigos. Aceito-a como contingência da vida e  não quero vê-los sobreviverem com dificuldade e sem qualidade de vida, com sérias seqüelas, por exemplo.  Meu amor por eles é menos egoísta. Recebo a notícia da morte de meus amigos, assim, sem muito sofrimento, até com suposta resignação, louvando o fato de que nessa vida temporal e finita, me deram a possibilidade, a honra  e a alegria de uma contemporaneidade de compartilhamento e trocas.
Campinas, a sociedade campineira, os parentes e amigos perdem uma grande cidadã, que muito fez pela cidade, uma excepcional mulher e uma companheira leal e sensível.
A advocacia campineira perde uma de suas mais ilustres profissionais.
Adeus minha grande e estimada amiga,  Neide Caricchio.
Agora não  podemos  mais terminar a nossa conversa, aquela que nunca terminava.
Ou vamos fazê-lo, quem sabe,  qualquer dia, rindo bastante, como a gente fazia, tomando um whiskinho.
Quem sabe!
Lá no infinito, como diz aquele samba belíssimo da Gaviões da Fiel, que ganhou o carnaval de São Paulo há anos "O que é Bom Dura Pra Sempre".
Até amanhã.
 
P.S. (1) Se é verdade que o Prefeito Rui Novaes  teve contra si a demolição do Teatro Municipal Carlos Gomes, realizou também  uma obra que na época foi importante para Campinas: a construção do Viaduto Miguel Vicente Cury, que ligava a Vila Industrial ao Centro da Cidade, substituindo um caminho estreito que não se coadunava com a grandeza que a cidade assumia e que permitia a passagem apenas de um veículo de cada vez;
P.S. (2) Antes do espaço sob o viaduto Miguel Vicente Cury ser transformado em terminal de ônibus e, posteriormente, invadido por comércio ambulante, ali existia uma bela praça, muito bem arrumada. Era lá que ficava a tal inscrição com os dados da inauguração da obra. Nem sei se ela (a inscrição) ainda existe; 
P.S. (3) Neide tinha 79 anos. No seu “curriculum vitae” consta, ainda,  ter sido Chefe de Gabinete da Prefeitura Municipal de Campinas, entre 1.983 e 1.985,Conselheira Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo e Vice-Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (CAASP);
 
P.S. (4) A imagem de Neide que ilustra a coluna de hoje foi emprestada do site g1.globo.com;

P.S. (5) Algumas figuras, durante a revolução, se prestavam a denunciar pessoas que julgavam contrárias ao movimento. Às vezes a denúncia era infundada ou gratuita, e visava: a)  ou excluir a competição de alguém que tinha mais competência que o denunciador, ou, b)  simplesmente "se dar bem" ou "ficar bem" com os militares. Gente desprezível essa, mas não se pense que eram apenas pessoas comuns. Tinha muito cidadão ilustre ou importante que se prestava a esse tipo de coisa. Não deixaram saudade, certamente;

 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

BOCÓ DE MOLA

Boa noite amigos,
Bocó de Mola I
Na minha infância e mocidade, décadas de 50 e 60, ouvíamos muitas expressões no interiorzão  de São Paulo, cujo significado desconhecíamos por completo. Muitas delas vinham do pessoal do sítio que gastava fiado, por ano, no armazém do meu pai, lá em Pirambóia, pequena localidade ao pé da Serra de Botucatu.  Confesso que tempos depois, quando descobri por exemplo que o “calipá” a que se referiam os adultos era uma plantação de eucaliptos, portanto, um “eucaliptal”, quase tive um treco. Esta semana, não me lembro porque, me lembrei de outro verbete muito utilizado naquela época, mesmo em casa, por minha mãe, parentes, colegas e  até pelo pessoal da imprensa. Trata-se do “bocó de mola”. Bem, a gente tinha uma vaga noção do significado da palavra, por certo um insulto, sem chegar a ser palavrão. O bocó seria um tonto, um imbecil, um “stupid personal” como vi agora há pouco num site que cuida de traduzir palavras do nosso idioma para o inglês. Afinal, ser um “stupid personal” deve ser mais chique do que ser um “bocó de mola”, assim como “fazer cocô atrás do eucaliptal”  supõe-se mais elegantemente  higiênico do que “cagá atrás do calipá”, que era pra o que servia o próprio,  para a molecada.  Não achei a expressão por inteiro nos dicionários mais conhecidos. O “bocó” sim, no sentido do que a gente desconfiava. Do Dicionário Brasileiro de Insultos, porém, de autoria de Altair J. Aranha, lançado pela Editora Ateliê, existe o seguinte registro, verbis: “Bocó – o que tem um comportamento meio infantil, apatetado. “Bocó de Mola” – um bobo a quem se dá corda; “nasceu e cresceu bocó”; vai  morrer assim”. Pois bem, agora acabo de me lembrar a razão de me vir a mente o tal “bocó de mola”.  Ouvi pela rádio as justificativas que um determinado político estava dando a respeito de certa conduta supostamente criminosa a ele imputada. Coisa mais estapafúrdia, inverossímil, improvável. Daí me veio a mente, numa espetacular e instantânea retrospectiva da memória, a tal expressão. Estava  sozinho. Por isso nada disse. Mas pensei cá comigo:  Tá achando que eu sou um “bocó de mola”, é?

Bocó de Mola II

Quando alguém chamava alguém de “bocó de mola” o destinatário imediatamente se ofendia. Não raro, partia para a briga e saía a socos e pontapés contra o agressor... Batia e apanhava, ou apanhava, ou só batia, mas era questão de honra.

Na outra versão, aquela ali de cima, o “bocó de mola” era uma forma de indignação quando éramos atingidos no nosso “brio”, ou reagíamos em nome da nossa sociedade, contra a lesão praticada ao patrimônio público ou a direito fundamental nosso ou de terceiro; contra o absurdo, o inaceitável, o abominável.

Hoje não reagimos contra os nossos agressores e  aceitamos o abominável, o saque, a lesão, como se tudo isso fosse natural, ou não nos dissesse respeito.

Ganhamos o medo, perdemos a honra, o brio, a capacidade de indignação.
Somos bocós de mola, sim, em nome exclusivo de nosso egoístico sentido de auto-preservação e  de preservação de nosso mundo restrito.

Até amanhã amigos,

P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada ao blog musicasparacantarbrincando.blogspot.com.;

P.S. (2) A indignação e a coragem são virtudes irmãs. Delas assim falou Augusto dos Anjos: “A esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem a mudá-las.”;

P.S. (3) Indignação também é o nome de uma poesia de Henrique do Carmo, triste e desalentadora que reza: “Indignação. Promessas não cumpridas.  Mortes sem motivo. Indiferença de extrema falta de piedade. Somos mais sujos que o solado dos sapatos dos ditadores. Nosso cheiro causa ânsia. Nossa fala causa indignação. Nosso comportamento, causa vergonha. Tenho nojo dos humanos. Tenho nojo de mim. Por ser um. O ser mais inteligente. É o ser mais ignorante. É preferível a pureza dos animais.À podridão dos seres humanos.”;

P.S. (4) “Deus é justo juiz. Deus que sente indignação todos os dias”, Biblía Sagrada, Salmo 7.11;

P.S. (5) “Observo hoje uma falta de indignação coletiva. Os valores morais que alicerçaram a sociedade mudaram ou fomos nós que mudamos ao nos tornarmos indiferentes?” – Esse o questionamento de Plinio Lopes Junior.

 


domingo, 25 de novembro de 2012

VETTEL - TRICAMPEÃO DA FÓRMULA 01 - GRANDES PILOTOS

Boa noite amigos,
O alemão Sebastian Vettel, de 25 anos,  se tornou, agora à tarde, em Interlagos, tricampeão da mais importante competição de automobilismo do planeta, a Fórmula 1, juntando o seu nome aos mais famosos e tradicionais pilotos da história da competição que começou em 1.950. Foram três títulos consecutivos (2010, 2011, 2012),  façanha só alcançada por outros dois pilotos, o argentino Juan Manuel Fangio, e o compatriota de Vettel,  Michael Schumacher. Até agora o tricampeão mais jovem, embora não em títulos consecutivos, era o  nosso inesquecível Ayrton Senna, com o título de 1.991 e que  por certo superaria essa marca, e muitas outras,  se não tivesse precocemente falecido, no acidente mais chorado e lamentado da Fórmula 1.  A conquista foi definida, mais uma vez, como tem sido comum nos últimos anos, no Grande Premio do Brasil, em corrida cheia de alternativas, por causa da chuva e dos incidentes. Em Interlagos, o inglês Jenson Button fez uma corrida estável  e venceu a competição com 1 hora, 45 minutos, 22 seg. e 656 centésimos, seguido do espanhol Fernando Alonso (Ferrari), que ficou a apenas 2 segundos e 754 centésimos, da marca do inglês e a uma ultrapassagem do ápice do pódio. E a apenas 3 pontos do perseguido título de 2.012. Massa, que ficaria em 2º lugar, depois de ganhar importantes posições,  cedeu seu lugar a Alonso, o que não foi suficiente para levar mais um título para a escuderia italiana,  e, muito emocionado, subiu ao pódio, deu entrevistas, chorou e saudou o público, que o aplaudiu muito. Foi um ano difícil para o piloto brasileiro, que teve um fatídico primeiro semestre e melhorou sensivelmente o  seu desempenho no segundo, e carrega fundada expectativa de um  2.013 melhor, com a renovação de seu contrato com a Ferrari e um veículo mais competitivo, sem os problemas que enfrentou no ano que se finda. Certo, que a edição de 2.012 da Fórmula 01 foi a mais espetacular dos últimos anos, por causa da competição que se estabeleceu entre vários pilotos e escuderias, e em especial entre Vettel da Red Bull e Alonso da Ferrari. A competição também marcou a segunda despedida (e por certo a última) do veterano,  fantástico e controvertido piloto, Michael Schumacher, que retornou em 2.010 pela Mercedes e é o  maior colecionador de títulos de toda a história do torneio.
Até amanhã amigos.
 
 P.S. (1) O argentino Juan Manuel Fangio nasceu em 1.911 e faleceu em 1.995, em Buenos Aires. Foi campeão da Fórmula 01 em 1.951, 1.954, 1.955, 1.956 e 1.957, ou seja, em cinco oportunidades,   4 em seguida (de 54 a 57), por quatro escuderias diferentes (Alfa Romeo, em 51, Maserati em 54, Mercedes em 55 e Ferrari em 56) , durante a chamada Era Romântica da Fórmula 01;
P.S. (2) Quando Fangio deixou de participar da Fórmula 01, no ano de 1.959, o alemão Michael Schumacher, o maior campeão da Fórmula 01, não havia nascido.  Vindo ao mundo dez anos depois, isto é, em 1.969, Michael conquistou o título pela Benetton em 1.994, 1.995, e pela Ferrari, em 2.000, 2.001, 2.002, 2.003 e 2.004;
P.S. (3) A escuderia de Enzo Ferrari conquistou, ao longo da história da Fórmula 1, 16 títulos de construtores e 15 títulos por piloto;
 
P.S. (4) O advogado, professor universitário e grande amigo Marcelo Hilkner Altieri  é grata revelação como comentarista de automobilismo, um esporte pelo qual se diz apaixonado.  Esta semana, o jornal “Correio Popular” publicou um artigo de sua autoria, no qual indaga e demonstra porque  Ayrton Senna  foi e é considerado, por brasileiros e estrangeiros, como o melhor  piloto de todos os tempos;
P.S. (5) A imagem de Vettel foi emprestada do site autodromocuritiba.com.br; a de Fangio do blog zoronzum.blospot.com e de Senna do blog.jovempan.uol.com.br.
 
 
 
 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A SEXAGENÁRIA FACULDADE DE DIREITO DA PUC CAMPINAS


  
Boa noite amigos,
 
No distante ano de 1.941, enquanto se desenrolava a Segunda Guerra Mundial e o Brasil, um país de analfabetos e de economia preponderantemente rural, ainda não definia a sua posição de alinhamento aos aliados, o ideal e a perseverança de um homem visionário, o saudoso Monsenhor Emilio José Salim, conferia à provinciana cidade de Campinas, no interior de São Paulo, o privilégio de sediar um curso universitário, o de Filosofia, Letras e Artes, embrião do que se tornaria, um pouco mais tarde, no ano de 1.955, a Universidade Católica de Campinas. Entre essas duas datas, ou seja, em 1.951, Monsenhor já lograva outro tento relevante: a autorização do governo federal para a criação do Curso de Direito. A sua primeira turma se reunia, no início do ano de 1.952, no elegante prédio da rua Marechal Deodoro, 1.099, a Casa do Barão de Itapura, cujo Páteo dos Leões passou a ser um símbolo desse e de outros cursos. Ali universitários, docentes, dirigentes e funcionários da época começavam, assim, a escrever o  roteiro do que seria uma história institucional rica e plena de sucesso no campo da educação para o Direito, orgulho de seus egressos e daqueles que, como eu, ainda permanecem cumprindo vocação de amor à docência. O Curso de Direito, que acaba de receber do prestigioso Guia de Estudante da Editora Abril o conceito de curso “Cinco Estrelas”, se encrava conceitual e teleologicamente, nos objetivos de uma Universidade Católica, Pontifícia a partir de 1.972, eleita recentemente, dentre as Universidades particulares, a primeira do Estado de São Paulo e a quinta melhor do Brasil. Não por acaso, certamente. São hoje quase 15.000 Bacharéis em Ciências Jurídicas e Sociais graduados nessas seis décadas e que exercem ou exerceram relevantes postos ou papeis sociais.  De seu Bacharelado são oriundos ilustres Advogados, Ministros de Estado, Ministros de Tribunais Superiores, Governadores, Prefeitos, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Vereadores, Desembargadores, Juízes de Direito, Procuradores de Justiça, Procuradores do Estado, Promotores de Justiça, Defensores Públicos, Delegados de Polícia, Professores Universitários, Reitores, diplomatas e uma gama imensa de profissionais que se enveredaram pelas mais diversas atividades para as quais os Bacharéis em Ciências Jurídicas e Sociais são requisitados, as chamadas carreiras jurídicas, e em outras, de cunho social, não privativas de Bacharéis. Em todos os casos, porém, uma certeza: a de que esses Bacharéis receberam profunda, cabal e adequada preparação, preconizada por um projeto pedagógico centrado no objetivo de proporcionar não só preparo técnico necessário ao exercício de qualquer das profissões, mas também de elevada formação humanística, na premissa sempre relembrada de que, no âmbito do Direito, mesmo em tempos de avançada tecnologia, não existe software disponível na praça, para a aplicação e realização da Justiça em cada caso concreto, objetivo esse que nasce e se realiza na vontade constante e consciente de contribuir para o efetivo aperfeiçoamento das instituições, a melhor qualidade dos serviços que se prestam à comunidade e no desenvolvimento de políticas públicas que contribuam verdadeiramente para diminuir o abismo entre as classes sociais, a enorme distância entre ricos e miseráveis. Para comemorarmos os 60 anos de atividades de nossa Faculdade de Direito, realizaremos um jantar por adesão no dia 23 de novembro de 2.012, para o qual já estão convidados alunos, ex-alunos e professores, cujas informações poderão ser obtidas no www.pucdireito60anos.com.
 
Até amanhã amigos
P.S. O artigo acima foi  publicado no Jornal "Correio Popular", Campinas, São Paulo, edição de 16 de  novembro de 2.012, pag. A-2.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CINEMA - BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR

 
Boa noite amigos,

Pegue uma história infantil universal conhecida e consagrada,  cuja força seja capaz de continuar inspirando e   povoando o imaginário de filhos, pais e avós (Branca de Neve e os Sete Anões,  conto originário do folclore alemão, publicado em 1.812, em livro atribuído aos Irmãos Grinn)  e,  ao invés de personagens de desenho animado, use dois atores bonitões    que vivem os papéis de Eric (Chris Hemsworth) e William (Sam Clafin),   ambos com o  objetivo de  conquistar o coração da protagonista, Branca de Neve,    na pele da jovem atriz Kristen Stewart,  cujo rosto já se tornou notório para os adolescentes,  numa série de sucessos do cinema a eles direcionada  (A saga Crepúsculo e seus promissores filhotes).  Ao desenvolver a receita da ficção,  ponha uma  pitada do trivial: a luta entre o Bem e o Mal,   bruxa com poderes mágicos,  castelos, príncipes e princesas, reis assassinados e herdeiros em busca de recuperação do trono para salvar o povo da tirania da rainha usurpadora.  Junte, na mesma fórmula, a mocinha enfrentando os mistérios da floresta, brigando com  cobras e lagartos,  no estilo Indiana Jones, e  acrescente o embate final entre Branca de Neve  e a rainha Ravenna (Charlize Theron), ambas mostrando poderes extranaturais, com efeitos especiais, sugerindo a saga de  "Harry Potter"“ ”. Por fim, uma rainha obcecada pela juventude eterna e  seu castigo final. Pronto: Você acaba de descobrir  o roteiro de Branca de Neve e o Caçador, uma aventura de 120 minutos,   do diretor Rupert Sanders,  um publicitário que estreia no cinema com sucesso.  Apesar da utilização de clichês conhecidos e batidos, o diretor consegue fugir ao lugar comum, prendendo  o espectador durante todo o tempo, graças à dinâmica utilizada no desenrolar da história e a curiosidade que a gente tem de saber se e quais foram as deturpações ou mudanças que o roteirista  criou ou alterou sobre a história original, que também tem várias versões, mas todas mais ou menos parecidas. O resultado foi tão bom que já está em andamento, para o ano que vem, o Branca de Neve e o Caçador 2,  que inaugura uma série que não se sabe quando irá acabar, tudo dependendo do interesse do público. É sucesso de público e a crítica se apresenta mais favorável do que contrária (no Brasil, por exemplo, conseguiu uma média de 2,8 numa escala de 0 a 5). Experimente. É boa opção como cinema de entretenimento.
Até amanhã.
P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada do site guiadasemana.com.br;
P.S (2) O orçamento do filme foi de 170 milhões de dólares, mas o retorno já foi garantido;

P.S. (3) Várias obras exploraram a busca pelo ser humano, da fórmula da juventude e da beleza eternas. O tema foi objeto de conhecido romance do escritor Oscar Wilde, chamado O Retrato de Dorian Gray, muitas vezes reproduzido em teatro e no cinema.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

BRASIL E COLÔMBIA - UM AMISTOSO ELETRIZANTE


 

                                                 
Boa tarde amigos,

Empolgante o último amistoso da Seleção Brasileira neste ano de 2.012. A excelente Seleção Colombiana, exigiu, no amistoso de ontem em New Jersey,  e  muito,  da Seleção de Mano Menezes.  Em alguns momentos da partida demonstrou superioridade, especialmente no segundo tempo quando soube fazer o gol e criar oportunidades de ampliar o marcador, em rápidos contra-ataques.  Não que a “canarinho” não tenha jogado bem. Ao contrário. Tanto a defesa, como o meio-campo, especialmente com os volantes Paulinho e Ramirez e o ataque sem centroavante de função, mas com um Kaká maduro (que volta a jogar bem e a exercer papel relevante de liderança no jovem ataque da seleção brasileira),  Oscar, rodando bastante,  e com o genial Neymar, alternando bons e maus momentos, a seleção começa a ganhar uma base para a Copa das Confederações, no ano que vem e, depois, para a Copa do Mundo de 2.014.

PAULINHO E RAMIREZ

Os volantes Paulinho e Ramirez, que não apenas destroem bem, mas que sabem conduzir a bola e criar jogadas de ataque e até, eventualmente, se apresentam bem, mais à frente, como alternativas para arremates a gol, ao que tudo indica  vão se firmando como uma dupla que deve ser fixada, por Mano Menezes, para a titularidade do meio de campo da seleção brasileira. O bom entrosamento da dupla, apesar do pouco tempo de treinamento,  cria expectativa de maior rendimento ainda, na medida em que a base for  definida. Gostei – e muito – de ambos na partida de ontem.

NEYMAR – GOL DE CRAQUE E PENALTI NAS NUVENS.

O atacante Neymar alternou bons e maus momentos. De uma maneira geral fez menos do que dele se esperava em toda a partida. Mas, note-se que o que se espera de Neymar é sempre um rendimento extraordinário, pelo craque que ele indiscutivelmente é e que se traduz na grande esperança de algo diferente na Copa de 2.014. Anteontem, a FIFA anunciou que o atacante estará concorrendo novamente à autoria do gol mais bonito do ano, láurea que obteve no ano passado com aquele fantástico gol contra o Flamengo, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro, partida vencida pela equipe carioca por 4 a 3. Neymar errou passes, perdeu várias jogadas para os marcadores colombianos,que o marcaram de forma ferrenha e dura,  sofreu, como de costume, muitas faltas e perdeu um  pênalti discutível marcado pelo árbitro, quando a partida estava empatada. Escorregou na hora da conclusão, só o que pode explicar a bola mandada às nuvens. Mas fez também jogadas geniais, uma das quais resultou no gol de empate da seleção brasileira.

CUADRADO – O DONO DA NOITE

O lateral direito Cuadrado, que joga na Fiorentina da Itália, foi o dono do jogo. Ágil, com grande habilidade nos passes, apoiou o ataque colombiano, convertendo-se no jogador mais perigoso, em toda a partida. Fez, sofreu e cobrou  faltas, marcou, roubou bolas e fez o gol de sua equipe. Raçudo não se intimidou em momento algum com os marcadores. Se a Argentina tem Redondo, a Colombia tem um Cuadrado. Talentos geométricos, indiscutíveis, que aparecem de vez em quando, para a alegria dos amantes do futebol.

KAKÁ E AS TRAVES

Buscando sempre o jogo, chamando para si a responsabilidade de líder, o “vovô” (!!!!) Kaká, que completou 30 anos, concluiu três vezes na partida. Uma das finalizações passou muito perto da trave. Nas duas outras, a bola se chocou contra a trave. Esteve assim muito perto do gol, que merecia ter feito. Fica para a próxima. Mas, que Kaká vai se firmando e garantindo sua convocação, disso não há dúvida.

 

COM OU SEM CENTROAVANTE – EIS A QUESTÃO?

Jogar com ou sem centroavante, de função ou referência, eis a questão.O que será ideal para a nossa seleção? Bem, a questão é polêmica entre os entendidos e os palpiteiros do futebol, como eu.Parece-me que tudo é relativo, assim como as opções táticas são sempre tomadas em função das características do jogo do adversário. Costuma-se citar o Barcelona  como sendo exemplo de equipe que faz muitos gols, jogando sem centroavante, desde a saída em 2.011 de Ibrahimovic. O exemplo, porém, reclama prudência. Para jogar sem centroavante fixo é preciso que a equipe tenha meias de talentos e volantes de qualidade. No Barcelona, o volante-meia, Fábregas, é o grande responsável pelo sucesso dessa formação tática. É que, com grande virtudes, jogando ao lado de Messi & Cia., o  camisa 4, é considerado “um falso centroavante”, pela maneira com que chega pelo meio e arremata para o gol. Como  afirma com sabedoria o ex-centroavante Tostão, jogar ou não com centroavante fixo é de menos. O que importa são as características e as qualidades dos jogadores. E isso sobra no Barcelona. E falta, por exemplo, no meu time e em muitos outros.

E POR FALAR EM IBRAHIMOVIC

E por falar em Ibrahimovic, o grande jogador fez três gols ontem, pela Suécia, na vitória de 3 a 2 sobre a Seleção da Inglaterra. Um dos gols foi uma sensacional bicicleta praticamente do meio de campo, quando o goleiro adversário saiu mal e estava adiantado. Um golaço para se ver muitas vezes.

 

Até amanhã.

 

P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada do site veja.abril.com.br;

P.S. (2) A Seleção da Colômbia, graças ao seu desempenho nas Eliminatórias Sulamericanas, em que ocupa o segundo lugar, é a 8a. colocada no último Ranking da FIFA;

P.S. (3) Os torcedores da Colômbia deram um verdadeiro show, ontem em New Jersey, na partida entre a sua seleção e a seleção brasileira. Em determinados momentos, em que jogadores da Colômbia trocavam passes no meio de campo, os abusados torcedores não deixaram por menos e gritavam “olé”, a cada passe.  A euforia, afinal, se justifica, mas claro que há limites.



sábado, 10 de novembro de 2012

ELEIÇÕES AMERICANAS - A LÁGRIMA DO PRESIDENTE REELEITO




Boa noite amigos,
A notícia mais importante das últimas semanas foi, sem dúvida, a eleição presidencial para a Casa Branca. Depois de uma intensa campanha envolvendo os dois candidatos, quais sejam, Barack Obama, tentando se reeleger pelo Partido Democrata, e Mitt Romney, pelo Partido Republicano, por pequena margem de votos dos delegados, Obama venceu o sufrágio. Várias observações, no entanto, devem ser feitas a respeito do resultado dessas eleições. O primeiro diz respeito ao fato de que se a eleição fosse direta Romney teria obtido a vitória. O sistema eleitoral americano, porém,  diferente do nosso, se opera de forma indireta. Os eleitores não votam  no candidato a Presidente, mas em um representante (delegado) no colégio eleitoral. Esses representantes, por seu turno, é que votam no candidato. Cada Estado tem um número de delegados proporcional à sua população. São, ao todo, 538 delegados em 50 Estados, o que significa dizer que estará eleito o candidato que obtiver, pelo menos, o voto de 270 delegados. Além disso, o voto nos Estados Unidos é facultativo e segue regras estabelecidas pelos Estados, que podem também interditar o direito ao sufrágio, por exemplo, aos portadores de doença mental e presos.  Não se admite, porém, por ferir princípio constitucional, que estabeleçam regras discriminatórias em razão de sexo, origem, cor ou religião.  De qualquer maneira, questiona-se se um Presidente que foi eleito sem ter a maioria de votos da população, teria legitimidade e credibilidade suficientes para governar,  em nome desse povo. A resposta, ainda que possa parecer estranha, é sim, ao menos no que tange aos Estados Unidos da América.  Isso já aconteceu, por exemplo, com a eleição do republicano George Bush, em detrimento do democrata Al Gore nas eleições de 2.000,  sufrágio que gerou especulações por causa de 25 delegados do Estado da Flórida e o processo de recontagem de votos nesse Estado,  governado, na ocasião,  pelo irmão do candidato vitorioso. Passado à parte e transcorrida a eleição, certo é que  o povo americano jamais deixou de reconhecer, no candidato eleito pelo sistema eleitoral indireto, a  legitimidade de Chefe de Estado e de Governo. Ainda a considerar que se a eleição fosse direta, o processo eleitoral por certo se desenvolveria em outro sentido, ou seja, os candidatos não abandonariam os Estados considerados tranqüilos, para se dedicarem aos Estados mais importantes e indecisos, como ocorreu novamente, sem a preocupação com o eleitor diretamente.  A verdade é que Obama fez um bom governo dentro da governabilidade possível. Os ventos internacionais não o favoreceram. Tendo que administrar duas guerras estúpidas decretadas por Bush, no mundo islâmico (a do Iraque e a do Afeganistão), e grave crise econômica, não pode se dedicar à criação de empregos, prioridade número 1 dos americanos. Terá tempo agora para cumprir essa promessa de campanha, certamente. O que fez de positivo, no entanto, não foi ressaltado durante a campanha. Ao contrário, os republicanos preferiram bater  duro nos aspectos negativos de seu governo, com o qual jamais colaboraram e ainda decretaram uma sistemática oposição no congresso, dificultando a aprovação de projetos importantes e urgentes. O mundo porém, agradece o resultado da eleição. Obama é o preferido dos europeus e de todos os Presidentes e Primeiros Ministros do mundo ocidental, inclusive da América do Sul e do Brasil. Os Chefes de Estado respiraram aliviados com a sua reeleição, demonstrando que o único Presidente negro da história dos Estados Unidos da América, embora preocupado primordialmente  com os americanos, é capaz de diálogos francos, de posições equilibradas  e de alianças indispensáveis às boas relações internacionais,  num mundo  cada vez mais globalizado. Romney, ao contrário, embora tenha demonstrado grande conhecimento teórico de política internacional, tem posições voltadas para uma extrema direita que desde a extinção da guerra fria e da luta pela hegemonia do poder internacional com a também extinta União Soviética,  não tem mais lugar no mundo atual, que reclama tolerância e conciliação, especialmente num país que recebe e converte em cidadãos americanos, a cada dia, gente oriunda de todas as Nações, de todas as cores, culturas e matizes. Os Estados Unidos da América não é mais um país de  arianos descendentes de europeus ricos, aos quais o republicano considera responsáveis pela grandeza da pátria, como declarou durante a campanha,   mas uma Nação democrática de mulheres, negros, orientais e hispânicos.  Não  sem razão Mitt teve maior votação entre homens, brancos e maduros, enquanto Obama recebeu votação mais expressiva entre jovens, mulheres e hispânicos. Ontem, o Presidente reeleito, ao agradecer  a jovens voluntários, na sede da campanha em Chicago,  deixou escorrer lágrima pelo rosto, flagrada pela lente de fotógrafos do mundo inteiro e reproduzidas em todas as mídias. Dá para sentir que foram lágrimas sinceras de quem estava visivelmente emocionado. Quando o homem mais importante do mundo, porque Presidente do país mais poderoso do planeta é um negro que ascendeu pelos próprios méritos, fruto de uma invejável formação humanística, se emociona e não se envergonha de  chorar em público, penso que o mundo ainda tem jeito. Boa sorte Obama, nesse novo e desafiador mandato. Boa sorte ao povo americano e aos brasileiros, latinos, europeus, asiáticos e africanos que vivem e fazem também a história daquela nação.

Até amanhã amigos.

P.S. (1) Assim como Nelson Rodrigues  considerou que o pênalti é tão importante no futebol que deveria ser batido pelo Presidente do clube, também todos os cidadãos do mundo deveriam ser admitidos a votar para Presidente dos Estados Unidos, porque de certa forma, a política americana diz respeito a todo o  planeta;

P.S. (2) Pesquisa realizada no mundo inteiro indicou que Obama era o preferido disparado dos eleitores. No Brasil o percentual pro-Obama foi de expressivos 90%. Só na China é que Mitt obteria maioria, assim mesmo, por uma pequena margem (52% contra 48% de Obama).

P.S.(3) A imagem da coluna de hoje, de Obama chorando, foi emprestada do site g1.globo.com;

P.S. (4) O famoso jornalista e escritor, Peter Davis, que em 1.975 produziu o filme, Corações e Mentes, criticando as guerras declaradas pelos Estados Unidos e que recebeu o Oscar de Melhor Documentário, afirma que votou em Obama e acredita que o  democrata reeleito era efetivamente o melhor candidato, inclusive,  também, pelas suas posições em relação ao aborto, ao casamento gay e ao direito das mulheres;

P.S. (5) Ao grande amigo, Walber Leonel Junior, que seguiu para os Estados Unidos em 1.988, ainda jovem e se tornou distinto cidadão americano, o nosso afetuoso abraço com nostalgia dos bons tempos da Assistência Judiciária da Faculdade de Direito da PUC de Campinas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

FUTEBOL DE ONTEM - BUGRE E MACACA SÃO NOTÍCIA NO LE MONDE DA FRANÇA


Boa noite amigos.

 A arte aliada à competência são adjetivos associados à competitividade em qualquer atividade esportiva. No futebol não é diferente. No final da década de 70 e na década de 80, as equipes de Campinas, Ponte Preta e Guarani conseguiram montar grandes times. Não fosse pelo preconceito e por questões extra-campo, teriam conquistado muitos títulos. Mesmo assim, a Macaca foi vice-campeã paulista em 77, 79 e 81, enquanto o Guarani foi campeão brasileiro em 1978, vice-campeão brasileiro em 1.986 e 1.987 e vice-campeão paulista em 1.988.  Campinas foi considerada a capital do futebol, pois a mescla de suas duas equipes era considerada uma verdadeira seleção. Carlos, Oscar, Polozzi, Mauro, Miranda, Jair, Wanderley, Zé  Carlos, Dicá, Renato, Zenon, Lúcio, Careca são alguns dos grandes jogadores que as equipes tinham em suas fileiras. Logo após a conquista do título de campeão brasileiro em 1.978, e porque a fama dos times tenha chegado à Europa, o famoso Le Monde, da França, publicou, na página de esportes, em dia que não consegui apurar, uma reportagem sobre esse assunto. O colunista esportivo, Alain Fontan,  publicando a foto do jogador Zenon, do Guarani de Campinas (vide imagem da coluna de hoje), a quem chegou a considerar um novo Platini, teceu elogiosas considerações ao futebol praticado pelas equipes  que assim são traduzidas:
MONDE FUTEBOL

Guarani campeão : exemplo a ser seguido

(por Alain Fontan)   Tradução: Angela de Noronha Bignami.

Os organizadores dos grandes torneios espanhóis e italianos que acabam de receber Flamengo, Fluminense e Botafogo pensam, ingenuamente, ter mostrado a seu público a fina flor do futebol brasileiro. A realidade mostra-se bem diferente.

O vencedor da competição nacional, Guarani (de Campinas, a 90 km de São Paulo) zombou dos pseudo grandes nomes da bola cariocas e paulistas. Apenas o Palmeiras, que chegou à final, lutou bravamente para barrar o caminho desse grupo irresistível. O Internacional e o Grêmio, ambos de Porto Alegre, Santa Cruz (de Recife) e Vasco da Gama merecem uma menção honrosa. Mas a cada dia as tradições são subvertidas. Os clubes do interior se impõem sem dificuldade. Na Europa, porém, é preciso ter fama...

O recente contrato assinado por Oswaldo Brandão com a “Ponte Preta”, o outro clube de Campinas, faz desta cidade (250.000 habitantes), hoje, incontestavelmente, a capital do futebol brasileiro.

Este sangue novo em um esporte que podíamos considerar doente vai ser muito importante. Mais do que o título em si, é a forma que mais agradou. Uma equipe de temperamento ofensivo, jogando com todas as armas e a duzentos por hora, sem grandes nomes nem vedetes (isso não vai tardar, apesar do pouco interesse demonstrado pela imprensa local em relação aos clubes e jogadores do “interior”, como dizem em tom pejorativo). Reflexo dessa armadilha: dos melhores clubes (Guarani, Palmeiras, Inter, Grêmio e Santa Cruz), apenas um dos jogadores estava na Copa da Argentina com o uniforme verde e amarelo-ouro da CBF, o ‘meia’ Jorge Mendonça (Palmeiras). Isso para demonstrar, se ainda fosse necessário, como o treinador Coutinho foi cego ao deixar de lado Zenon, Miranda, Nunes e Falcão, citando apenas alguns deles.

As partidas finais Guarani-Palmeiras prolongaram os espetáculos televisionados da Copa do Mundo: uma técnica de qualidade a serviço da rapidez e do compromisso. “É esse o futebol que eles nos mostram?”, ironizavam aqueles que ainda pensam que é preciso jogar em câmara lenta para poder executar seus espetaculares – e, infelizmente improdutivos – feitos técnicos. De todo modo, é o futebol que ganha. Depois de uma vitória irrefutável (2-0) em casa, diante do Vasco da Gama, o Guarani foi ao Rio, e, ao invés de ser devorado como previsto, impôs-se mais uma vez. Zenon, o Platini de Campinas, marcou dois tentos fantásticos no gol carioca de Mazaropi e tudo aconteceu. Vimos uma formação extremamente sólida na defesa com Mauro, Edson e Miranda, brilhante no meio campo graças ao regente Zenon e ao veterano Ze Carlos e fulminantes no ataque graças aos dois alas muito rápidos Capitão e Bozó. Além de tudo isso, a estrela do ataque é Careca, um garoto de 17 anos, rápido e audacioso como ninguém, lutando em todo o campo de ataque, dando gosto de ver! Notem que a média de idade gira em torno de 24 anos. Não é pra menos..... É por essa razão que o Guarani possui esse entusiasmo e “esse futebol que canta” como a ópera de mesmo nome. Da obra do compositor Carlos Gomes. O treinador Carlos Alberto da Silva tem apenas 38 anos. Mas ele aprendeu na excelente escola do futebol mineiro, em pequenos clubes como o Caldense. Aprendeu a profissão convivendo com os grandes de Belo Horizonte: Cruzeiro e Atlético. (oração final sem conclusão......)."
 

 

Até amanhã amigos,

 

P.S. (1) A tradução do artigo foi feita a meu pedido pela  Dra. Ângela de Noronha Bignami, que é Procuradora da Universidade Estadual de CampinasUnicamp e Professora de Francês da tradicional Aliança Francesa de Campinas;

 

P.S. (2) O jogador Careca, que despontava para o futebol brasileiro e mundial, tinha à época apenas 17 anos. Foi convocado pelo técnico Telê Santana para a Copa do Mundo de 82 na Espanha, mas não jogou por estar lesionado. Depois, jogou na Seleção Brasileira na Copa de  86 no México, tendo sido vice-artilheiro da competição com 5 gols.  Ontem, Careca, já cinqüentão, estava lá próximo de minha cadeira nas vitalícias do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, sofrendo com a necessidade de seu time do coração, precisar ganhar do Asa de Arapiraca, em casa, para não se complicar e correr risco de cair da série B para a Série C do Brasileiro. O Bugre venceu o jogo pelo placar de 2 a 1 e acabou com uma série negativa de 10 partidas sem vitória, afastando um pouco mais o risco de rebaixamento, mas ainda não matematicamente. Os tempos efetivamente são outros.

 

 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

SEMANA JURÍDICA, MINHAS TARDES COM MARGUERITTE E FUTEBOL DO TRICOLOR DO MORUMBI


Boa noite amigos,
 SEMANA JURÍDICA DA FACULDADE DE DIREITO

Entre 22 a 26 de outubro, aconteceu mais uma Semana de Estudos Jurídicos da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, promovida pelo Centro Acadêmico XVI de Abril, em conjunto com a Direção e professores colaboradores. Inúmeros palestrantes e personalidades do mundo jurídico desfilaram pelo Páteo dos Leões, trazendo a discentes, docentes e participantes,  temas diversificados e atuais. Na sexta-feira, dia  26 de outubro,  o Corregedor Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Jose Renato Nalini, proferiu palestra denominada “Parâmetros para a Construção de Uma Nova Imagem do Judiciário Brasileiro”.  Em seguida, uma banca formada por Juízes e Professores da Casa comandou um seminário  a respeito do tema. Presentes os Professores Francisco Vicente Rossi, Luis Arlindo Feriani,  Jamil Miguel, Fabricio Peloia, e os Juízes de Direito,  Fabrício Realizia, Juiz Auxiliar da Comarca de Campinas,  Wagner Robi Gidaro, da 2ª. Vara da Fazenda Pública em Campinas e Heliana Coutinho Hess, da Vara de Acidentes do Trabalho da Comarca de São Paulo. Nalini é ex-aluno  de nossa Faculdade de Direito e membro da Academia Paulista de Letras. Durante a exposição, Nalini asseverou que a sociedade vive a “Era do Efêmero”, na qual as informações chegam de maneira veloz, enquanto o sistema judiciário é lento e não acompanha a tendência. Afirmou, ainda, que “a Justiça convencional está atrelada a praxes, formalismos, rituais e é incompreendida pela maior parte da população”.

 

CINEMA EUROPEU - MINHAS TARDES COM MARGUERITTE

Baseado no livro homônimo de Marie-Sabine Roger, o drama francês, Minhas Tardes com Margueritte (do título francês, La Tête em Friche),  de 82 minutos, narra, de forma delicada e tocante,  o encontro entre um homem rude, de meia idade e inculto, Germain (Gerard Depardieu), que sofre de traumas de uma infância em que sofreu hostilidades por parte da mãe e hoje é um feirante, que encontra os amigos em um bar e nem sequer é respeitado,  com uma idosa, Margueritte (Gisèle Casadeus), que aprecia a natureza e tem especial encanto pela literatura. De um encontro casual numa praça  cheia de pombos,  nasce  uma grande e apreciada relação de amizade e respeito, que vai produzir  trocas intensas baseadas na convivência, no respeito às diferenças, na generosidade  e na afetividade. Dirigido por Jean Becke, o filme é emblemático no que toca à tendência do cinema frances e europeu atuais de  brigar contra a sociedade mercantilista e tecnológica do século XXI, em que as emoções, os sentimentos, a convivência, a amizade sincera,  não são valorizados. Não deixe de ver.   

 

SÃO PAULO

° O São Paulo vive boa fase tanto no Campeonato Brasileiro, quanto na Copa Sulamericana. No final de semana, o tricolor fez outra grande partida e em plena Ilha do Retiro, venceu o Sport pelo placar de 4 a 2, indo a 58 pontos e consolidando a quarta posição na tabela, dentro da zona de classificação para a Taça Libertadores da América de 2.013. Ontem, jogando em Santiago, não tomou conhecimento do Universidad do Chile,   atual campeão da Sulamericana e, pelo mesmo torneio, derrotou  o adversário pelo placar de 2 a 0, adquirindo uma considerável vantagem para o jogo de volta,  semana que vem, no Morumbi. Passando pelo adversário o tricolor estará nas semi-finais do torneio, cujo campeão assegura vaga também na Libertadores de 2.013. Ney Franco anda satisfeito com a produção da equipe, mesmo quando Luis Fabiano não joga, como aconteceu na partida de ontem, em que ele foi poupado e substituído por William José, que marcou os dois gols sãopaulinos.

 

° Elogiável a dedicação do meia Lucas. Mesmo já vendido para o Chelsea, o jogador não tem se poupando e transmite dedicação, como se viu  nas últimas partidas, contribuindo significativamente para a boa produção do meio-campo e ataque e, pois, com as vitórias da equipe. O mesmo se diga do goleiro Rogério Ceni, que tem feito defesas incríveis, dando também, pela sua experiência e espírito de liderança, grande tranqüilidade à equipe para mostrar o seu futebol.

 

FALA GALVÃO

 

° Galvão Bueno está de volta à transmissão dos jogos do meio de semana pela TV Globo. Ontem cobriu a partida do São Paulo contra a Universidad do Chile e fez outro comentário daqueles que geram muitas críticas e gozações nas redes sociais. Quando o árbitro  expulsou o jogador Mira do Universidad,  pela falta que derrubou  Osvaldo quando este  seguia sozinho para fazer o gol, o comentarista veio com a seguinte pérola: - O cartão vermelho até que ficou barato para o jogador. Barato? Qual teria sido outra consequência mais grave do que essa?  Combustível para os amantes do "Cala Boca Galvão".

 

Até amanhã, amigos.
 
P.S. (1) A imagem de cima da coluna foi extraída do site cinemaminhapaia.com.br e a da Semana Jurídica do site www.puc-campinas.edu.br