Boa
noite amigos.
“MONDE FUTEBOL
Guarani campeão : exemplo a ser
seguido
Os
organizadores dos grandes torneios espanhóis e italianos que acabam de receber
Flamengo, Fluminense e Botafogo pensam, ingenuamente, ter mostrado a seu
público a fina flor do futebol brasileiro. A realidade mostra-se bem diferente.
O
vencedor da competição nacional, Guarani (de Campinas, a 90 km de São Paulo)
zombou dos pseudo grandes nomes da bola cariocas e paulistas. Apenas o
Palmeiras, que chegou à final, lutou bravamente para barrar o caminho desse
grupo irresistível. O Internacional e o Grêmio, ambos de Porto Alegre, Santa
Cruz (de Recife) e Vasco da Gama merecem uma menção honrosa. Mas a cada dia as
tradições são subvertidas. Os clubes do interior se impõem sem dificuldade. Na
Europa, porém, é preciso ter fama...
O
recente contrato assinado por Oswaldo Brandão com a “Ponte Preta”, o outro
clube de Campinas, faz desta cidade (250.000 habitantes), hoje,
incontestavelmente, a capital do futebol brasileiro.
Este
sangue novo em um esporte que podíamos considerar doente vai ser muito
importante. Mais do que o título em si, é a forma que mais agradou. Uma equipe
de temperamento ofensivo, jogando com todas as armas e a duzentos por hora, sem
grandes nomes nem vedetes (isso não vai tardar, apesar do pouco interesse
demonstrado pela imprensa local em relação aos clubes e jogadores do
“interior”, como dizem em tom pejorativo). Reflexo dessa armadilha: dos
melhores clubes (Guarani, Palmeiras, Inter, Grêmio e Santa Cruz), apenas um dos
jogadores estava na Copa da Argentina com o uniforme verde e amarelo-ouro da
CBF, o ‘meia’ Jorge Mendonça (Palmeiras). Isso para demonstrar, se ainda fosse
necessário, como o treinador Coutinho foi cego ao deixar de lado Zenon,
Miranda, Nunes e Falcão, citando apenas alguns deles.
As
partidas finais Guarani-Palmeiras prolongaram os espetáculos televisionados da
Copa do Mundo: uma técnica de qualidade a serviço da rapidez e do compromisso.
“É esse o futebol que eles nos mostram?”, ironizavam aqueles que ainda pensam
que é preciso jogar em câmara lenta para poder executar seus espetaculares – e,
infelizmente improdutivos – feitos técnicos. De todo modo, é o futebol que
ganha. Depois de uma vitória irrefutável (2-0) em casa, diante do Vasco da
Gama, o Guarani foi ao Rio, e, ao invés de ser devorado como previsto,
impôs-se mais uma vez. Zenon, o Platini de Campinas, marcou dois tentos
fantásticos no gol carioca de Mazaropi e tudo aconteceu. Vimos uma formação
extremamente sólida na defesa com Mauro, Edson e Miranda, brilhante no meio
campo graças ao regente Zenon e ao veterano Ze Carlos e fulminantes no ataque
graças aos dois alas muito rápidos Capitão e Bozó. Além de tudo isso, a estrela
do ataque é Careca, um garoto de 17 anos, rápido e audacioso como ninguém,
lutando em todo o campo de ataque, dando gosto de ver! Notem que a média de
idade gira em torno de 24 anos. Não é pra menos..... É por essa razão que o
Guarani possui esse entusiasmo e “esse futebol que canta” como a ópera de mesmo
nome. Da obra do compositor Carlos Gomes. O treinador Carlos Alberto da Silva tem apenas 38 anos. Mas ele
aprendeu na excelente escola do futebol mineiro, em pequenos clubes como o
Caldense. Aprendeu a profissão convivendo com os grandes de Belo Horizonte:
Cruzeiro e Atlético. (oração final sem conclusão......)."
Até amanhã amigos,
P.S.
(1) A tradução do artigo foi feita a meu pedido pela Dra. Ângela de Noronha
Bignami, que é Procuradora da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e
Professora de Francês da tradicional Aliança Francesa de Campinas;
P.S.
(2) O jogador Careca, que despontava para o futebol brasileiro e mundial, tinha
à época apenas 17 anos. Foi convocado pelo técnico Telê Santana para a Copa do Mundo de 82 na Espanha, mas não jogou por estar lesionado. Depois, jogou na Seleção Brasileira na Copa de 86 no México, tendo sido vice-artilheiro da competição com 5 gols. Ontem, Careca, já cinqüentão,
estava lá próximo de minha cadeira nas vitalícias do Estádio Brinco de Ouro da
Princesa, sofrendo com a necessidade de seu time do coração, precisar ganhar do
Asa de Arapiraca, em casa, para não se complicar e correr risco de cair da
série B para a Série C do Brasileiro. O Bugre venceu o jogo pelo placar de 2 a
1 e acabou com uma série negativa de 10 partidas sem vitória, afastando um
pouco mais o risco de rebaixamento, mas ainda não matematicamente. Os tempos
efetivamente são outros.
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