terça-feira, 8 de outubro de 2019

RIDÍCULO.


Bom dia amigos

Um closet de vampiro, das lentes de meu celular, numa das
lojas da Universal Studios em Orlando. Tempos de Halloween
comemoração em homenagem aos mortos.
De “Bom dia”, música de Aldo Cabral e Herivelto Martins  extraio um trecho que diz assim: "Nem sequer no apartamento/ Deixaste um eco, um alento/ Da tua voz tão querida/ E eu conclui num repente/ Que o amor é simplesmente o ridículo da vida". Aqui estou mais uma vez na já tradicional viagem com a família para a Flórida. E em tempos de Halloween, a festa dos mortos. Passa por mim gente de todas as idades, sexo, religião, tamanho e peculiaridades. Sim, peculiaridades porque é impossível categorizar a multiplicidade infinita de narizes, barrigas e bundas. Mas a despeito disso, o que chama a atenção são as mais estapafúrdias formas como essa gente se apresenta de maneira leve e descontraída. Chapéus coloridos, asas, chifres, perucas, tatuagens de bicho,  banda, bunda, mães, caras enormes, dentes,  olhos curiosos etc., etc. Um festival de ridículos, de gente ridícula,  "sem noção",  "fora da casinha", como diriam os jovens. Ah! Mas a felicidade, a alegria, a espontaneidade no rosto dessa gente indica que nada, absolutamente nada acontece à sua volta. Não existe mundo, nem conceitos capazes de impor qualquer limitação ao atrevimento de quem só quer ser livre e leve, planando sobre o universo, desafiando teorias e preconceitos,  sem tomar conhecimento dos ridículos desta vida. As paixões, em qualquer idade e condição, talvez nos faça  experimentar esse atrevimento. É um querer ilimitado, desarrazoado, sem fronteira e sem juízo. Por isso o poeta um dia escreveu, suponho eu,  que tal como a liberdade absoluta o amor é o ridículo da vida.
Outra loja no Parque da Univer-

sal, com decoração típica em -

comemoração ao Halloween.
Foto do meu celular.

Um sentimento sem limitação ou conotação, seja entre moços, seja entre velhos, seja entre moços e velhos, entre amigos, entre companheiros e companheiras, pais e filhos e uma multiplicidade de combinações por uma não menos variedade de razões ou falta de razões. Assim como o corpo enfeitado e colorido, as almas gêmeas podem se encontrar, a qualquer momento, pelas veredas da vida, no fundo não aparente do infinito do ridículo comum a todas as concessões: o amor, cuja existência pode também ser falsa ou verdadeira, como as notícias transmitidas no mundo cibernético ou  os tons dos cabelos pintados, que desfilam pelas avenidas dos parques americanos. Ridículo, meu? E daí? 


Até mais, amigos.



P.S. (1) A "festa dos mortos" (Halloween) foi levada aos Estados Unidos pelos irlandeses, mas tem suas raízes na cultura celta. A Samhain, como era chamada, marcava a passagem do ano e a chegada do inverno, com noites mais longas e escuras. Acreditava-se, então que, nessa ocasião, os maus espíritos chegavam para assustar pessoas e amaldiçoar as plantações e os animais. As fantasias eram usadas com o objetivo de confundir os mortos. Os celtas usavam nabos com velas acesas para afastar os espíritos. Os nabos foram depois substituídos, na América,  pelas abóboras entalhadas e iluminadas, com a mesma suposta finalidade. O dia dos mortos é comemorado no dia 31 de outubro de cada ano, data que é, inclusive, feriado nos Estados Unidos;

P.S. (2) "Trick or Treat" é o que as crianças dizem aos moradores, quando batem às suas portas, no dia da festa, intimidando-os. A expressão, traduzida como "gostosuras ou travessuras" sugere que os anfitriões escolham entre fornecer guloseimas aos visitantes, ou suportar, no caso negativo, uma travessura na casa deles. 

P.S. (3) Uma senhora extremamente obesa exibia na camiseta um esqueleto com os dizeres "One day I'll be Like This." (Um dia eu fico assim). Não sei, nem perguntei, se a frase se referia ao fato da inevitabilidade da morte, ou a resposta àqueles que dela cobravam regime para emagrecer.