terça-feira, 29 de dezembro de 2015

COMÉDIA FRANCESA - SUPERCONDRÍACO

Boa noite amigos,


Apesar de raros atualmente no circuito comercial, os filmes franceses são sempre muito bem vindos,  pela boa qualidade que em geral apresentam. Vi, por recomendação,  o longa de 107 minutos, Supercondríaco (do original, Supercondriaque), uma co-produção franco-belga, de 2.014, roteiro, direção e interpretação de Dany Boon. Trata-se de uma comédia que provoca riso do começo ao fim, sem qualquer apelo para o escatológico ou aos clichês de sexo. Centrado nos exageros do protagonista, conta a história de   Romain Faubert, interpretado pelo ótimo Dany Boon, um solteirão de quase 40 anos que trabalha como fotógrafo de dicionário médico virtual, mas é um hipocondríaco em surto, que cria situações hilariantes e dificuldades para si e para  seu amigo, o médico, Dr. Dimitri (Kad Merad). Dimitri decide ajudá-lo a se livrar do mal, o que acredita seja possível se Romain se apaixonar de verdade. Convencido pelo doutor, Romain promove uma série de tentativas de encontrar, pela Internet,  a mulher ideal pela qual possa se interessar e eventualmente se curar. Depois de várias tentativas frustradas acaba se envolvendo, sem saber ou querer, com a irmã do médico-amigo, Alice Pol (Anna Zvenka), que o confunde com o lendário Anton Miroslav (Jean-Yves-Berteloot), líder da revolução do Tcherkistan, um país vizinho ficcional do Leste Europeu, governado por uma ditadura militar. Ao bom roteiro original, soma-se a bela interpretação de Dany, que é um comediante nato e competente, como já provara na direção e interpretação do longa anterior, A Riviera Não é Aqui, um sucesso de 2.008. Não faltam, também, as sutilezas da sátira francesa, presentes em boa dose. Enfim, um bom filme, uma boa comédia, sem pretensão de fazer carreira antológica.

Até amanhã amigos.


P.S. (1) A imagem da coluna de hoje é de um dos cartazes de propaganda do longa e foi emprestada de filmspot.pt.

domingo, 27 de dezembro de 2015

O IRMÃO ALEMÃO - CHICO BUARQUE

Bom dia amigos,

Terminei, nesta madrugada, a leitura do recente livro do poeta, escritor, cantor, compositor, dramaturgo e um dos maiores intelectuais brasileiros, Francisco Buarque de Holanda, que já foi o jovem Chico, autor da popular A BANDA, vencedora de um dos festivais de música popular brasileira, nos idos de 60, quando surgiu,  e que,  agora, mais de cinquenta anos depois, é o velho Chico, epíteto que disputa com o milenar Rio São Francisco. O Irmão Alemão (Cia. das Letras, 2.014), dizem os críticos[1], é o seu melhor romance. A inspiração para a obra não poderia ser mais instigante. Nasceu de um fato real, relevante e ignorado pelo poeta até o dia em que, ocasionalmente, num encontro informal de que também  participavam Tom Jobim e Vinícius, na casa do saudoso Manuel Bandeira, descobre que tinha um irmão concebido e nascido em Berlim, na década de 30, fruto do relacionamento de seu pai, o então diplomata brasileiro, Sérgio Buarque de Hollanda, com Anne Margrit Ernst. Esse irmão germano unilateral[2], cuja existência, omitida por seus pais, se traduzia em um assunto delicado, um verdadeiro tabu,  no qual não se tocava na família, desperta no poeta o interesse por saber notícias acerca da vida e do destino do mano mais velho, busca que teria levado finalmente o escritor, com a contribuição da filha Sílvia Buarque, a encontrar, em Berlim, no ano 2.013,  Kerstin Prügel, Josepha Prügel e Monika Knebel, respectivamente,  filha, neta e  ex-mulher de seu  irmão alemão,  Sérgio, falecido no ano de 1.981. O grande desafio para o escritor, conforme adverte nota de orelha do livro[3] foi mesclar o fato real com o ingrediente indispensável a todo romance  que se preze como tal,  ou seja, com a ficção, num mix que o autor manipula com extrema habilidade. Aí está talvez o maior mérito da obra: manter o leitor atento a cada detalhe, a cada descrição de ambiente ou de personagem, a cada fato histórico ou ficcional a que se refere o autor, nessa busca pelo irmão alemão,  cujo elo nunca foi estabelecido nesta vida. Muitas são as indagações subliminares dos leitores: As referências ao pai e à mãe são efetivamente reais? Em que medida a descrição do temperamento, do comportamento, das sensações  e do relacionamento entre o casal, e deles com os filhos é verdadeira? Existe um terceiro irmão, vagabundo e conquistador, dileto do pai, de quem o autor teria relativa inveja e  que desaparecera na época da ditadura, sem deixar vestígio, para desconsolo eterno da mãe extremosa e tolerante? E no tocante às namoradas, às conquistas, às buscas efetivas às quais o romance se refere, o que têm de real e o que há de fictício? Teria o autor descrito pessoas reais e alterado apenas os nomes, as referências?  Bem, se o mote para a obra foi efetivamente inspirador, o autor, no seu desiderato,  consegue atrair o leitor durante todo o tempo, para  um possível desfecho,  pela habilidade com que vai construindo o  roteiro cronológico dessa busca,  sem descurar do cotidiano do protagonista, de suas dúvidas, anseios, frustrações, relacionamentos com familiares, amigos e estranhos, com a profundidade de um bom romance psicológico, inclusive. De sobra um rápido, mas interessante, panorama de São Paulo e da Berlim dos anos 30 e dessas mesmas metrópoles, com suas arquiteturas e culturas, nesta época da chamada pós-modernidade. O respeitado autor, internacionalmente consagrado pela sua vasta e variada obra artística, cultural e estética, com o romance escrito na sua adiantada maturidade cronológica e intelectual, pretendeu explicitamente homenagear, a um só tempo e postumamente, o pai e o irmão alemão, ambos de prenome Sérgio,  como registra na lacônica, mas induvidosa dedicatória: Para Sérgios. O resultado é uma bela homenagem.


Até amanhã amigos.

P.S. (1) O romance psicológico é um gênero literário centrado mais no ânimo dos personagens, nos motivos íntimos de suas escolhas, no campo de afetos e memórias do inconsciente para o consciente e  menos nos condicionantes exteriores do meio ambiente social e cultural. A primeira obra representativa do chamado Romance Psicológico é “Les Liaisons Dangereuses” (As Relações Perigosas) do general francês Choderlos Laclos de 1.782. Porém, só no final do século XIX,  o gênero foi efetivamente reconhecido como tal, a partir da tradução do russo para outras línguas,  das obras de Dostoiévski, especialmente Crime e Castigo, de 1.866, que apresenta um personagem atormentado por sua memória após cometer um assassinato. São obras representativas do gênero no Brasil, Dom Casmurro, de Machado de Assis;  Laços de Família e Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector, e, São Bernardo, de Graciliano Ramos;

P.S. (2) A primeira imagem da coluna de hoje é de Chico Buarque recente, aos setenta anos, com o seu último romance, O Irmão Alemão e foi emprestada de louge.obviousmag.org. A segunda é de Chico jovem, ainda nos primeiros anos de sua carreira (imagem emprestada de musicariabrasil.blogspot.com).




[1] Publicou as peças de teatro RODA VIVA (1.968); CALABAR, em parceria com RUY GUERRA (1.973); GOTA D’ÁGUA, com PAULO PONTES (1.975), e ÓPERA DO MALANDRO (1.979). Autor da novela, FAZENDA MODELO (1.974) e dos romances, ESTORVO (1.991); BENJAMIN (1.995), BUDAPESTE (2.003) E LEITE DERRAMADO (2.009).
[2] A pág. 36, o autor brinca com as palavras,  lembrando que irmãos germanos, na língua portuguesa são os filhos do mesmo pai e da mesma mãe, uns com relação aos outros, portanto, sempre bilaterais. No caso acima o “germano”, obviamente,  significa "alemão", sentido que também e mais usualmente, inclusive, tem o verbete na língua portuguesa culta (cf. AURÉLIO BUARQUE DE HOLLANDA. NOVO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA).
[3] “O que o leitor tem em mãos, no entanto, não é um relato histórico. Realidade e ficção estão aqui entranhadas numa narrativa que embaralha sem cessar memória biográfica e invenção. O romance se constrói na tensão permanente entre o que foi, o que poderia ter sido e a pura fantasia.”

domingo, 20 de dezembro de 2015

CERVEJA PARA CERVEJEIROS - UM GRANDE PRESENTE DE NATAL

Boa tarde amigos,
imagem emprestada de
www.aekojr.  Teor
alcoólico de 5,4%


Em tempos de vacas magras, com um final de ano desgastante por causa da grave crise econômica e política, é preciso imaginação para presentear neste natal, amigos visíveis ou invisíveis  (secretos) e parentes, sem gastos exagerados e incompatíveis com a situação geral e a particular de cada um. Há muito tempo já se sabe que não é necessariamente o preço do presente que vai agradar ou desagradar. Jóias e bijuterias, brinquedos, roupas e bebidas caros nem sempre atendem à expectativa do destinatário, mas ao contrário, muitas vezes revelam que o amigo não conhece, nem presta atenção na pessoa que visa presentear, provocando um efeito contrário decepcionante. É mais ou menos servir “peixe” no almoço em que o convidado, amigo de longa data, proclamou, em diversas oportunidades, nos últimos 30 anos de suposta amizade, que não come peixe, nem frutos do mar, “de jeito nenhum”,  desde que, num episódio assustador de infância, comeu camarão e sofreu um choque anafilático grave. Bem, imaginação e atenção redobradas à parte, acho interessante sugerir neste final de ano brindar os amigos “cervejeiros” (preste bem atenção, cervejeiros), com cervejas  (meia dúzia delas com marca única ou variada, desde que de boa qualidade,  farão um grande sucesso, com certeza).  Foi-se o tempo em que a cerveja era considerada uma bebida menor, de mau gosto, sem charme ou elegância, nem nobreza necessária para acompanhar banquetes e festas. A popular cachaça também já teve seus dias de infâmia esquecidos, na medida em que se provou ser  possível convertê-la numa bebida sofisticada, cuja fabricação, preparo e envelhecimento passaram a merecer a atenção de empresários do ramo, que hoje exportam a bebida para o mundo inteiro,  por preços similares aos do whisky.

Imagem emprestada de www.drinknanet.com.br
Teor alcoólico de 4,65%.
Observei que muitos estabelecimentos, como incentivo à compra do produto, estão promovendo verdadeiras liquidações, com até 50 a 70% de desconto, relativamente aos preços normais pelos quais o produto é comercializado. Aqui no Cambuí, em Campinas, a unidade do Pão de Açúcar, promete grandes descontos em vinhos e cervejas na próxima 3ª. feira, dia 22 de dezembro, segundo me advertiu o funcionário William.  O clube de compras Sam’s Club também está com preços abaixo da tabela e tem a vantagem de oferecer um grande número de opções entre cervejas nacionais e importadas. Abaixo uma pequena lista de cervejas dentre as muitas que aprecio e considero de boa qualidade, como sugestão aos amigos. Há infinitas outras, no entanto, para todos os gostos e bolsos. Experimente a baixinha belga, Vedett, feita, além dos ingredientes tradicionais, com adição de coentro e casca de laranja seca e refermentada na própria garrafa, por semanas. É suave e ultrarrefrescante para o verão brasileiro.  Finíssima.


Grande abraço e até a próxima.


1)    kirin ichiban –  a mais popular cerveja do Japão é fabricada pela japonesa Kirin que recentemente adquiriu o controle acionário da Schincariol e se tornou a segunda maior cervejaria do Brasil, atrás apenas da Ambev. A empresa se orgulha de realizar o processo de fabricação da cerveja  com uma única passagem pelo filtro-prensa (first press), o que lhe garante a utilização apenas da parte mais nobre dos ingredientes. No Concurso Brasileiro de Cervejas 2.015, foi premiada com a Medalha de Bronze. A cerveja é fabricada no Brasil há 1 ano e esse aniversário coincide com os 120 anos do Tratado Diplomático entre Brasil e Japão; Preço no San’s Club Campinas: R$2,99 a unidade de 355 ml;


Imagem emprestada de www.ocontador
decerveja.com.br.
Teor alcoólico: 4,7%.



Teor alcoólico de 4,7%
na versão clara.
2) Eisenbahn – produto da cervejaria nacional fundada em 2.002 em Blumenau, Santa Catarina,  mantém a fórmula originária alemã  (exclusivamente água, malte e lúpulo). São variadas as opções, nas diversas modalidades (pilsen, larger, dunkel, ale, etc.), premiadas no mundo inteiro em festivais e concursos relevantes na especialidade;  Preço no San’s Club Campinas: R$2,98 a unidade de 355 ml;


3)    Hofbräu Oktoberfestbier – produzida em Munique, na Alemanha, é versão especial em comemoração à grande oktoberfestbier, o maior festival popular de cerveja do mundo. Trata-se de uma cerveja produzida pela alemã Hofbräu rica, encorpada, de baixa fermentação e 100% natural, com índice de amargor considerado ideal e elevado teor alcoólico para a  modalidade; Preço no San’s Club Campinas: R$14,88 a unidade de 500ml;

Imagem emprestada de www.paodeacucar.com.br
Teor alcoólico: 4,8%.
4)    Benediktiner Weissbier – cerveja alemã tipo Ale, de trigo, produzida pela Ettal. Segue a fórmula da receita original dos monges beneditinos, desde 1.330. É feita com malte de trigo e cevada. É frutada, macia, cremosa e encorpada; Preço  no San’s Club Campinas: 16,88 a unidade de 500 ml;



5)    Pabst Blue Ribbon – é uma “larger” no melhor estilo americano, leve e premiada como uma das melhores cervejas nos Estados Unidos da América. Seu produtor orgulha-se de utilizar, na sua fabricação, produtos da mais alta qualidade. Na sua composição entram os tradicionais água, malte de cevada e lúpulo, acrescido do xarope de milho. Tem baixo teor alcoólico, sendo ideal para consumo no verão; Preço no San’s Club Campinas: R$5,56 a unidade de 355 ml.


Imagem emprestada de www. acritica.uol.com.br.
Teor alcoólico: 5,1%.

      6)  Black Princess Gold – cerveja brasileira tipo Pilsen Premium, coloração clara, feita à base de água, malte de cevada e lúpulo, contém antioxidantes e estabilizantes. Sua receita é própria da região da Boêmia, hoje pertencente à República Tcheca, é ideal para acompanhar peixes delicados, crustáceos, sushi, frango grelhado e saladas. Preço no San’s Club Campinas: R$9,19 a unidade de 600 ml.