Boa
tarde amigos,
A
nova ordem universal, fincada nos preceitos de inclusão, ecumenismo e
igualdade, uma exigência do princípio universal da dignidade da pessoa humana,
tem provocado reações de grupos radicais feministas que, revendo o passado com
os valores de agora, verbera boa parte da produção artística e cultural outrora
consagrada pelo público e pela crítica de seu tempo. Composições de Noel Rosa,
Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Caetano Veloso e outros, têm sido revisitadas,
censuradas e proscritas da antologia da música popular brasileira por esses
grupos. Clássico exemplo é do samba de
1.942, batizado de “Ai que saudades da Amélia”, composição de autoria dos
saudosos Mário Lago (letra) e Ataulfo Alves (música). A música é também
conhecida apenas como “Amélia”, aquela que “era mulher de verdade”, porque não
fazia nenhuma exigência. Contam os historiadores da MPB que ela foi inspirada
em Dna. Amélia dos Santos Ferreira, lavadeira dos “Almeidas”, familiares da
cantora Aracy de Almeida e de seu irmão conhecido no meio artístico e boêmio do
Rio, como “Almeidinha”. O samba foi um dos ganhadores de melhor música de
carnaval de 1.942 do tradicional Baile de Gala do Municipal e foi elogiado por
ninguém nada menos do que o cineasta e ator, Orson Welles, presente ao evento.
Pois a blindagem dos feministas de agora, na revisitação rebaixa a composição à
categoria daquelas preconceituosas e deve ser excluída da memória ética da MPB.
E por que? Dizem que a Amélia não era
mulher de verdade coisíssima alguma. Era uma submissa, vítima de seu marido
machista e que lhe impunha seguidos atos de violência doméstica. Por isso não tinha “a menor vaidade”, na
medida em que o seu criador lhe retirou toda a autoestima, como também acabou
louca ao lado de seu algoz, “...achando bonito não ter o que comer”. Essa
revisitação retroativa, que desconhece a cultura e o contexto da época em que a
música foi feita é arbitrária e descabida. Registre-se, ademais, que a canção
foi elevada à categoria de obra-prima pelo respeitado historiador, Jairo
Severiano e o Almeidinha, já naquela época, discordava de quem achava a tal
Amélia uma submissa, pois dizia que a Dna. Amélia (a musa inspiradora) dava
duro para ajudar o marido a sustentar uma prole de 9 filhos e, quando faltava
comida, ria com o marido por pura solidariedade.
Até
a próxima amigos.
P.S. A caricatura do compositor Mário Lago aposta acima foi emprestada de BlogHumor de Novaes.
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