Boa tarde amigos,
Saindo ontem do
banheiro masculino de um supermercado, deparei-me, na porta, com a faxineira
que, ignorando a minha presença e munida de um balde e material de limpeza,
gritou: - Há mais alguém aí? Como não obteve resposta, invadiu a dependência,
iniciando a sua tarefa cotidiana. A cena, porém, me fez dar tratos a bola e a
pensar como a falta de educação no país e de políticas que nos obriguem, por
dever de cidadania e consciência, a
contemplar, com atitudes adequadas, as chamadas minorias, cria
constrangimentos e desrespeita a
dignidade de nossos irmãos, carentes ou, ao menos, diferentes. Imaginei, em memória, um outro roteiro para a
cena. Eu saindo do banheiro, a mesma faxineira e um mudo (não surdo), ocupando uma das casinhas sem porta (o que é
muito comum no Brasil)[1], desincumbindo-se da necessidade fisiológica
conhecida como n. “2”. Ao ouvir a
indagação da serviçal quer responder, mas não consegue e desesperado pensa
consigo: “Porra, tem eu, caranho, dando uma cagada. Dá para esperar um pouco?” De boa fé, e frente ao silêncio tumular, a faxineira invade o banheiro e diante
da constatação da presença do distinto
senhor praticamente nu, ainda lhe passa um pito: “Pô meu amigo, eu perguntei se
tinha alguém e o senhor não disse nada”. O mudinho, entre surpreso e indignado,
diante do constrangimento imposto e, ainda da bronca da faxineira bronca,
limita-se a lhe mostrar o dedo médio da mão direita, pensando com muita força:
“Vá tomando o cu, pô”. A serviçal, no entanto, sai do banheiro irritada, balbuciando alguma coisa do
tipo: “Velho ignorante e malcriado”.
Pois é!
Até mais amigos.
PS (2) A segunda imagem, foto tirada do meu celular, mostra o banheiro masculino do Fórum da Comarca de Bertioga, Estado de São Paulo, com os mictórios todos fora de serviço. Retrato da falta de manutenção tão comum nos ambientes públicos deste país.
[1] Não é que se construam as casinhas dos banheiros sem as portas. E que, no Brasil, a sanha de destruição dos usuários é tão grande que é só equiparável à absoluta falta de manutenção dos bens públicos de uso comum do povo. Ter, tinha. AGORA NÃO TEM MAIS,
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