Amigos,
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente. Que chega a sentir dor. A dor que deveras sente.” (Autopsicografia, Fernando Pessoa, Ele
Mesmo).
I) Conheci Francisco Fernandes de Araújo na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, nos anos 70. Fomos contemporâneos de curso. “Chico português”, como passou a ser carinhosamente tratado por nós,
mais velho e mais maduro, logo mostrou que o caminho pelo Direito era uma inclinação a ser levada a sério. Aprovado em
concurso público, foi Juiz de Direito,
mas nunca deixou de fazer poesia. A aspiração da Justiça e as deficiências na
tarefa árdua de buscá-la e realizá-la, efetivamente, em cada situação
concreta, foram valorizadas e amenizadas pela sua arguta
sensibilidade de humanista e poeta. O
poeta que sorri, porque sabe fingir, fingir alegria e esperança sinceras, por
misericórdia de seus semelhantes.
II) Todos os anos, a cidade se enfeita com árvores de
ypê rosa inteiramente floridas. Especialmente no bairro do Cambuí, onde
esses ypês se encontram em maior quantidade. É um espetáculo para os olhos, ver
aquelas flores ali, juntas em galhos que se voltam para os edifícios, as casas e o céu. E, ainda, de quebra, ao pé delas os tapetes que se formam com as
flores caídas, uma ao lado, ou sobre as outras. É a natureza contrastando com a engenharia
humana e a beleza suavizando e dando poesia e individualidade àquelas obras de concreto armado muito
parecidas, áridas como todas as outras. Um espetáculo para parar, olhar e fotografar. São apenas 25 dias mais ou menos que elas se apresentam assim. Dias efêmeros como a vida. Em
junho de cada ano!
III) Depois de longos
anos, encontrei Chico em pleno Largo do Rosário. Ali realizava, pelo sétimo ano
consecutivo, a sua meritória campanha “Um livro por um Sorriso”. Trata-se de
uma empreitada que o próprio autor esclarece, “de incentivo à leitura”. Filas
se formam ali, de cidadãos de todas as camadas sociais, mas especialmente de
gente mais simples, ávida pelo conhecimento, pela leitura, pelo aprendizado que
vem dos sábios, além da dura experiência da vida. A distribuição é gratuita e vem com a mensagem e o autógrafo do autor. Este ano a campanha atingiu a marca extraordinária de
100.000 exemplares distribuídos. Na oportunidade de nosso encontro, ganhei de presente um de seus livros (Antologia de pensamentos), uma medalha comemorativa do evento e fiz um
flagrante do poeta e do ambiente. Na
foto da coluna de hoje Chico autografa um de seus livros para José Valério que
é corretor e loca apartamentos no litoral norte;
IV) O ipê rosa é um árvore brasileira e pode atingir até 35
metros. Floresce, de forma abundante, de junho a agosto, e é ideal para
paisagismo em geral por apresentar belíssimas inflorescências de cor rosa. É
também recomendada para revegetação de áreas contaminadas com metais pesados;
V) O “curriculum vitae”
de Chico é vastíssimo, evidenciando sua versatilidade e seu comprometimento
com a literatura e as causas sociais,
como advogado, Magistrado e escritor.
Escreveu mais de 80 obras, dentre as quais a série “O Juiz de Turbante Dourado”,
com muitos elogios e prêmios. Além de advogado e magistrado, é também mestre e
doutor em Direito e foi Presidente da Academia
Campineira de Letras.
Até amanhã amigos.
P.S. (1) Três frases de Chico constantes de sua Antologia de Pensamentos "Pedaços de vida nas asas do Vento": Precisa-se de uma lei que elimine o ódio do planeta; Gente prudente procura papel antes de sentar; Sinto-me gigante quando consigo agradecer sem pedir.
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