Boa tarde amigos,
O movimento de retomada do cinema
nacional às telas, em todo o país, com um percentual expressivo de público e de salas, encontra uma velha e tradicional conhecida: a
comédia. Justamente o gênero que fez sucesso em todos os tempos no Brasil, mas
que sofre sério preconceito da crítica especializada. Um dos diretores da nova geração, consagrados
agora com o gênero, é Roberto Santucci, que já inclui em seu
currículo, três retumbantes sucessos de
público: Até que a Sorte Nos Separe e De
Pernas Para o Ar 1 e 2 e promete mais com o recém-lançado,Odeio o Dia dos Namorados, e a sequência
dos dois primeiros (Sorte n. 2 e Pernas pro Ar n. 3), para 2.014. O diretor vem sendo considerado um Midas da sétima arte e já não sente, como
no passado, dificuldades para
encontrar produtores e distribuidores dispostos a investir em suas películas. Depois de vários curtas e longas que nem
chegaram a ser lançados, conseguiu alguma atenção para o seu “Bellini e a
Esfinge” baseado em livro homônimo de Tonny Bellotto, em 2.002. Nada, porém,
relevante. Agora é diferente. Badalado, tem à disposição generosos orçamentos
(De Pernas Para o Ar 2 já contou com orçamento de R$5.000.000,00) e até a
garantia de que, a cada 10.000.000 de ingressos vendidos, poderá fazer um filme
tipo “cabeça”, daqueles que todo diretor tem vontade de realizar, sem compromisso com o retorno de mercado, como
afirmou recentemente o seu produtor. As obras-primas cinematográficas
geralmente passam longe do gênero “comédia”, mas não se pode imaginar que elas
não façam parte do mundo mágico da Sétima Arte e que não possam ser realmente
inesquecíveis. Acho espetacular, por exemplo, a versão, para o cinema, da obra de Suassuna, o Auto da Compadecida, em
todos os aspectos. Abaixo algumas considerações sobre o filme “Até Que a Sorte
Nos Separe” que assisti recentemente.
ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE – Baseada no livro “Casais
Inteligentes Enriquecem Juntos” de Gustavo Cerbasi, e tendo como protagonistas
o humorista Leandro Hassun e a atriz Daniele Winits, o filme, apesar das considerações
negativas da crítica especializada, não
é ruim, pois, ao contrário da maioria
dos longas atuais que exploram o gênero
comédia-romântica, tem efetivamente enredo e mensagem leves, que agradam e divertem o espectador, um bom ritmo e
um humor limpo e inteligente, afastado
do estereótipo das cenas apelativas de sexo e de excesso de palavrões. Na sinopse, um casal, Tino (Leandro
Hassum) e Jane (Danielle Winits), de classe média baixa, ganha 100 milhões na
loteria, e vive de forma abastada e fútil, com os dois filhos, por 15 anos, até que todo o dinheiro acaba, em decorrência
da gastança e dos maus investimentos. Jane está grávida do terceiro filho do
casal e o marido não sabe como contar a ela que estão pobres, pois o médico
afirma que ela não pode sofrer qualquer tipo de emoção. Então, ele resolve pedir ajuda a amigos, especialmente a um vizinho, com quem não se dava bem. Há quem veja no
filme um roteiro esquemático, mais uma comédia televisiva, ou feita para
crianças. Com mais de um milhão de espectadores, o filme
não está mais no circuito comercial, mas pode ser encontrado nas videolocadoras
e no sistema pay-per-view. Veja num sábado à noite comendo pipoca ou tomando um bom vinho. De preferência no horário do insuportável “Zorra Total”.
Garanto que é bem melhor.
Até amanhã amigos.
P.S. (1) “A Comédia é o primeiro gênero a se profissionalizar
no cinema brasileiro” – de Pedro Butcher do Filme B;
P.S. (2) Do diretor Roberto Santucci: “Você ter a atenção das
pessoas para seus filmes é algo difícil. E custa uma fortuna”;
P.S. (3) Os diretores da terra têm investido em comédias e
cinebiografias, depois dos sucessos de Se Eu Fosse Você 1 e 2 e Dois Filhos de Francisco;
P.S. (4) Roberto Santucci é um diretor que, segundo os
artistas que trabalham com ele, é generoso e permite que os talentosos atores
deem vazão ao hábito de improvisar. Ele inova na arte de filmar, para extrair o
máximo possível de seus atores. Trabalha com 3 câmeras ao mesmo tempo,
exatamente para dar liberdade de criação e improviso.
P.S. (5) A comédia romântica, concebida pelos norte-americanos há
décadas, continua muito em moda, arrastando multidões para os cinemas no mundo
inteiro, especialmente jovens em busca de alegria e entretenimento;
P.S. (6) Não compreendo o preconceito de parte considerável da
chamada crítica especializada com o gênero “comédia”. A questão é de premissa:
há muita gente que pensa e acredita que cinema é coisa séria, não é arte para
exercício de entretenimento;
P.S. (7) Um desses críticos afirma que a comédia “Até Que a Sorte Nos
Separe” é daquelas que você saí do cinema e não lembra mais. E eu pergunto: E é
para ficar lembrando sempre, de tudo?
P.S. (8) A imagem que abre a coluna hoje é do filme "Até que a Sorte Nos Separe", a do meio da coluna do filme recém-lançado, Odeio o Dia dos Namorados. A imagem ao lado é do filme americano de 2.009, também denominado "Eu Odeio o Dia dos Namorados", que foi estrelado por Nia Vardalos e John Corbett. Dirigido e produzido pela própria atriz Nia Vardalos (lembram-se dela do ótimo filme "Casamento Grego"?), esta última comédia romântica é uma das piores que eu já assisti. A versão brasileira ainda não vi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário