Boa noite amigos.
Na origem, a genética.
Por força de uma característica genética, eu, meus irmãos, filhos e sobrinhos, ressalvadas honrosas exceções, somos atrapalhados e sem habilidade para movimentos finos, estreitos e coordenados. Atabalhoados, derrubamos copos, pratos, bandejas e tudo aquilo que estiver num raio próximo aos nossos braços, mãos e corpos, incluindo pessoas, que podem ser agredidas ao menor gesto de aproximação.
- Que explicação você tem para
essa etiqueta colada na sua cueca? questiona a mulher, entre surpresa e
indignada. O homem olha para baixo, acabara de tirar as calças para o banho do
final do dia, exausto pela longa jornada de trabalho e observa a pequena
etiqueta colada entre a parte dianteira e a traseira da peça íntima, com a
inscrição "visitante". Uma presumida explicação: Sugeria o termo "visitante" que entre uma tarefa profissional
e outra, o marido fora a um "puteiro" só para conhecer a casa e seus
atrativos. Lá, no entanto, não resistira aos encantos
de alguma moça e resolvera experimentar o n. 2 do cardápio: Hum, Talvez um “69 à
moda da casa”, coisa que o sessentão nunca propusera à própria mulher. A etiqueta, colada à camisa,
se despreendera e a parceira, por sacanagem, a grudara na cueca do amante
casado, sem que o homem desse conta. E
ainda, por cima, com aquela inscrição estranha. Afinal, quem ou o que o marido
havia visitado? Admitiu com seus botões que o termo melhor se ajustaria à situação
dele em relação à residência conjugal, onde pouco permanecera nos últimos
tempos. Esbravejou e exigiu uma explicação convincente. Estava preparada para a
verdade nua e crua, fosse ela qual fosse.
A Sincera Versão do
Marido.
Sereno, isento de culpa, o marido esclarece que estivera na Prefeitura, naquela tarde, para tentativa de solução de uma demanda versando sobre crédito fiscal, de interesse de um cliente, junto à Secretaria dos Negócios Jurídicos. O encontro ocorrera no prédio administrativo da Municipalidade. Finda a longa reunião, o distinto solicitou as chaves do banheiro privativo do Secretário, seu amigo de longa data, para não ter que usar o banheiro público existente lá na parte externa do prédio, mesmo porque a dor de barriga que o assolara rapidamente, sinalizava com um iminente n. 2. No exercício entre tirar o paletó, baixar as calças, evacuar e movimentar-se para se limpar, tudo dentro do sanitário de diminutas dimensões, a tal etiqueta solta, anda e gruda, solta de novo, anda e termina esse “solta e cola” sucessivo, na cueca do distinto, sem que ele tenha percebido.
Final e revelação dos Personagens.
A história é verdadeira.
A Prefeitura é a de Campinas, prédio da Av. Anchieta.
O advogado era eu.
A mulher, claro, a minha.
O Secretário (?) Não vou
declinar o nome, mas ele confirmaria o meu álibi, se fosse necessário.
O álibi só incluiria a confirmação de que eu estivera sim na Secretaria
naquela tarde, entre as horas tais e tais. O Secretário pediria para que eu não
o comprometesse. He, He!
Quanto à situação da etiqueta colante e onde ela acabou alojada não
tenho testemunhas.
Ela, afinal, acreditou em mim. Só um sujeito atrapalhado e de movimentos
e atitudes mirabolantes como eu seria capaz de fazer aquela maldita etiqueta ir
parar na cueca.
De “putas” e “putarias” não tinha nem sequer memória recente.
Até mais amigos,
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