Bom dia amigos,
Foi durante a civilização grega que o tal “além” saiu do fundo da terra e dos mares para viajar acima das nuvens, lá no alto, por onde passeavam os deuses mitológicos comandados por Zeus. Os astrônomos, aos quais se deve a percepção e o estudo da existência de outros mundos, além da Terra, aliados à curiosidade humana incessante e consistente, à inteligência e à tecnologia, passaram a proclamar que éramos apenas um mundo pequeno diante do universo e da nossa própria galáxia. Mercúrio, Marte, Saturno, Urano e, assim por diante, foram identificados pelos potentes microscópicos, já que a visão humana comum permitia vislumbrar unicamente a Lua e o Sol, os grandes responsáveis pelas noites e pelos dias intermináveis do nosso planeta. E a permanente insatisfação do homem com a vida nessa terra, aguça a inspiração de escritores e poetas, imaginando a possibilidade de sermos transportados para outros planetas, onde talvez se pudesse encontrar a felicidade plena, no convívio com seus recursos e eventuais habitantes. Em 1.960, antes, portanto, de pousarmos na lua e lá ninguém responder ao grito do “Tem alguém aí”? o cantor Sérgio Murilo lançou uma música que fez sucesso, nominada pelos compositores como “Marcianita”, uma ET, do sexo feminino, que habitava o planeta Marte e que, segundo estimativas para lá de otimistas, seria acessado em menos de 10 anos. A canção se iniciava assim: “Esperada/ marcianita/ Asseguram os homens de ciência que em dez anos mais tu e eu/ estaremos bem juntinhos/E nos cantos escuros do céu falaremos de amor/”. Seria ela a solução para os machões, chamados à época de varões, independentemente do tamanho de seus documentos? Tenho tanto te esperado/ Mas serei o primeiro varão a chegar até onde estás/pois na terra sou logrado/Em matéria de amor eu sempre passado para trás. Inconformados com a insinceridade das namoradas e com a independência das mulheres telúricas, que ousavam se pintar (lembram-se da Marina, com quem o Caymmi ficou de mal depois que ela insistiu em pintar um rosto que ele garantia que era só dele?), fumar, dançar o escandaloso rock and roll:. E prosseguia a canção em que o nosso esperançoso e sonhador não se preocupava muito com a aparência da marciana, mas exigia lealdade e obediência: “Eu quero um broto de Marte que seja sincero/que não se pinte, nem fume, nem saiba sequer o que é rock and roll/ E no final a canção traduzia o vaticínio do nosso protagonista de que lá nos anos 70, quando já se supunha a permissão de acesso e sobrevivência no planeta vermelho, seria ele finalmente feliz com a sua marciana: Gorduchinha, magrinha, baixinha ou gigante serás/ meu amor/a distância nos separa/Mas no ano 70 felizes seremos os dois/. Pois é, o tempo passou, chegaram os anos 70, 80, 90, mudamos de século, o sexo já não tem importância, e continuamos sem saber se a tal marciana existe ou não e como ela seria, se existente. Garanto que por ora é melhor ficarmos por aqui mesmo, cada um vivendo com quem quiser, como quiser e com respeito à dignidade humana, o maior símbolo desta geração de amor e ódio.
Bom final de semana.
P.S. A imagem da coluna de hoje é emprestada do Google Earth.
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