domingo, 8 de outubro de 2023

MÚSICA E CINEMA: ELIS & TOM - SÓ QUE TINHA QUE SER COM VOCÊ.


Boa tarde amigos,



Fui ver esta tarde o documentário Elis & Tom, Só tinha que ser com Você, já aclamado pela crítica antes do lançamento ocorrido no Brasil, no último dia 21 de setembro. Com  exibições especiais no Festival do Rio 2022 e no Marché du Film do Festival de Cannes, além da 46ª. Mostra de São Paulo, no qual obteve o prêmio de melhor filme brasileiro, o longa registra, agora em versão totalmente remasterizada  (gravado naquela oportunidade em 16 mm),   os bastidores do encontro e da gravação do álbum que une os dois ícones da música popular brasileira, realizado em 1.974, nos estúdios da MGM, em Los Angeles. Com roteiro de Nelson Mota e Roberto de Oliveira, este também respondendo pela Direção, ao lado de Jom Tob Azulay, não há como não se emocionar com os ensaios, os desentendimentos entre o maestro, a cantora e o músico, instrumentista e arranjador Cesar Camargo Mariano, a ameaça de Elis que acabou impedida, na última hora, de abandonar o projeto e voltar para o Brasil,  até o momento em que, como por mágica, todos passam a se entender e se respeitar,  contribuindo para a perfeição das gravações finais,  de cada acorde, do momento de introdução de cada instrumento, da sugestão do maestro, de Cesar, de Elis, dos demais músicos, todos talentosos, do  que resultou essa obra prima, consagrada pela crítica mundial e por famosos como um dos melhores álbuns de todos os tempos. Às cenas originais da ocasião do encontro, acrescentam-se imagens de Tom e Frank Sinatra cantando Garota de Ipanema, lembrando o álbum que gravaram antes, assim como com  a apresentação de Elis no Festival de Montreux na França, ao lado de Sacha Distel, cantor e guitarrista de jazz já famoso nos anos 70. Os comentários de João Marcelo Bôscoli, filho mais velho de Elis, hoje produtor musical e maior divulgador da obra de sua mãe e de outros artistas do passado e do presente, bem como de Roberto Menescal e André Midani, dão cor, compreensão e sentido aos fatos e à manifestação das idiossincrasias das jovens celebridades (Tom tinha 47 e Elis apenas 29 anos).  Para sentir a atmosfera desse filme emocionante, que permite a cada espectador experimentar a proximidade com os protagonistas e com cada som, acorde, arranjo, instrumento e a perfeição, além  das infinitas possibilidades da voz e interpretação da melhor cantora brasileira de todos os tempos, e, sem dúvida, uma das dez melhores do mundo, tem que haver intensidade e grandeza. Por isso o longa merece ser visto na telona do cinema. É justamente ali, naquela sala especial, no escuro silencioso do público, na potência dos microfones ampliados, que a gente mergulha saudoso na grandeza e originalidade do feliz dueto, convertendo em verdadeiro hino nacional a já composta e ignorada “Águas de Março”, na poesia de Vinícius cantada por Elis em “Soneto da Separação”, na delicadeza dos versos de Chico em Retrato em Branco e Preto, de Vinícius em Modinha, do próprio Tom (verso e música) em Fotografia, tudo  com os performáticos arranjos de Tom ou de Cesar,  e no mito presente daqueles que fizeram desse encontro tão desencontrado, uma obra prima da música brasileira e, agora, também do cinema brasileiro. Não deixe de ver.

  

Um comentário:

  1. Um retrato colorido desse que, mesmo sem ter assistido, já considero um dos melhores documentários com o tema da música brasileira e dois protagonistas dos mais importantes do cenário musical. Obrigado por compartilhar a sua abalizada visão dessa obra, Professor Jamil. E vamos conversar bastante assim que puder assistir.

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