Bom dia amigos,
Imagem de cantiga de roda emprestada do site MultiRio. |
Quem na infância não ouviu algumas cantigas antigas que fazem parte do nosso rico folclore. Pois, Terezinha de Jesus, composição atribuída a um obscuro Tomás Lima, é uma dessas preciosidades que as crianças, na infância, ouviam e cantavam. Os versos diziam: Terezinha de Jesus/deu uma queda foi ao chão/acudiram três cavalheiros/Todos de chapéu na mão/O primeiro foi seu pai/O segundo seu irmão/O terceiro foi aquele/que a Tereza deu a mão.” A singeleza da composição, no entanto, faz pensar que dos três cavalheiros, teria Terezinha desprezado os dois primeiros, respectivamente, seu pai e seu irmão, para aceitar o auxílio do estranho, que a canção a ele se refere unicamente como “aquele que a Tereza deu a mão”. Mas estudiosos do assunto garantem que o socorro oferecido pelo pai e irmão significam que a família está sempre nos apoiando, nos ajudando em todas as circunstâncias e dificuldades da vida, incondicionalmente. O terceiro, então, seria o "príncipe encantado", que precisa ainda ser conquistado e em relação a quem a Terezinha espera viver um grande, eterno, feliz e infinito amor. Bonitinho, né? Nosso Chico Buarque compôs a música Terezinha (Sem Jesus no título), narrando a saga de uma certa Tereza que foi visitada por três cavalheiros, tal como na cantiga. Recusou dois, para ficar com um terceiro. Não quis o primeiro, que trouxe presentes e não lhe negava nada: O primeiro me chegou/como quem vem do florista/trouxe um bicho de pelúcia/Trouxe um broche de ametista/Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha/Me mostrou o seu relógio, Me Chamava de rainha. Disse não também ao que veio do bar fuçando tudo, sem qualquer limite ou respeito: “O segundo me chegou/como quem chega do bar/Trouxe um litro de aguardente/tão amarga de tragar/Indagou o meu passado e cheirou minha comida/Vasculhou minha gaveta/Me chamava de perdida. O terceiro, aquele que ganhou o coração da jovem foi o que nada trouxe e nada perguntou, tratou-a com dignidade e respeito, valorizando-a como mulher e companheira: “O terceiro me chegou, como quem chega do nada/Ele não me trouxe nada/ Também nada perguntou/Mal sei como ele se chama/Mas entendo o que ele quer/Se deitou na minha cama e me chama de mulher/. No fim dessa história Chico nos brinda com essa linda metáfora: “Foi chegando sorrateiro/ e antes que eu dissesse não/Se instalou como um posseiro/dentro do meu coração.” Sobre posse, possuidores, poceiros e posseiros eu costumo falar aos meus alunos da Faculdade de Direito, quando ingressamos no módulo dos Direitos Reais.
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