sábado, 22 de novembro de 2025

NOSSA SENHORA REDENTORA?

 

Boa tarde amigos,

 

Imagem da Virgem Maria criada por
IA.

Recentemente, por decreto do Papa Leão XIV, o Vaticano reafirmou a sua posição já manifestada anteriormente, de que a Virgem Maria não é redentora, nem corredentora, em eventual parceria com  Jesus Cristo, seu filho. O assunto me interessou sobremaneira, mas especialmente porque não me lembro de ter ouvido, nas lições de catecismo da minha infância e começo da juventude,  afirmação  de que a Virgem Maria detivesse o poder de perdoar os pecados e livrar, assim, a humanidade, da chamada morte definitiva. A Deus,  na forma humana de Jesus Cristo, que padeceu com a condenação, o sofrimento imposto e a morte, é que os católicos reservam o monopólio da redenção. Por curiosidade, então,  fui rever o inteiro teor das orações clássicas voltadas à Nossa Senhora, dentre as quais, a “Ave Maria” e a  “Salve Rainha” e, em ambas, o que se destaca é a sua condição fundamental de mera intercessora,  Vejamos, então: Na Ave Maria “... Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós os pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém”   E na Salve Rainha: “.......  Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.[1] E, adiante: “Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. Para que sejamos sempre dignos das promessas de Cristo.” [2] Na obra literária, Auto da Compadecida,  ficção do escritor e poeta Ariano Suassuna,  a Virgem Maria surge no julgamento de João Grilo como- advogada-defensora, que intercede em seu favor,   rogando  para que o Criador lhe permita voltar à vida terrena e nela a oportunidade de se redimir dos pecados que ameaçam a sua eternidade no céu. No cinema, esse papel foi desempenhado, com autoridade e competência, pela nossa Fernanda Montenegro. À primeira vista, o decreto papal, parece sugerir uma novidade, retirando da Virgem Santa prerrogativa que estaria na sua órbita de competência (misogenia?).  Todavia, tal não  corresponde à realidade, pois em verdade o decreto papal reproduz a verdade teológica, que nunca reconheceu o poder de redentora à santa mãe de Cristo, senão de mera interventora.  E como advogada, dispensada de registro na OAB e isenta do pagamento das anuidades, esperamos que continue a interceder por todos nós, pobres pecadores, pelo seu dom de misericórdia e  prestígio perante o Pai e o Filho.

 Até mais amigos.

 

 



[1] Em Latim:  “Eia ergo, advocata nostra, illos tuos misericordes oculos ad nos convertde.

[2] Em Latim: “Ora pro nobis, Sancta Dei Génitrix. R: Ut digni efficiemur promissionibus Christi.”

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

ARMANDO PIRES - EU HEIN!

 

Boa tarde amigos,

 


Lá pelos idos de 1.990, quando mudei com a família  para o apartamento do Edifício Gauguin, no Cambuí, aqui em Campinas, prédio recém-inaugurado, tivemos o prazer de conhecer – e manter amizade,  por muito anos (alguns até hoje e para sempre, espero), com outros condôminos. Assim o Dr. Armando Pires entrou na nossa vida e de outros tantos vizinhos. Marido da síndica da época, a hoje saudosa Maria Alice, era gastroprotoctologista, simpático e agradável. Logo integrou-se ao grupo que iria, doravante e por muito tempo, reunir-se, aos fins de semana, no salão de festas do edifício, para encontros regados a muita cerveja e refrigerante e incontáveis churrascos, feijoadas, ou o que “pintasse” na hora. Armando era um exímio churrasqueiro, especialista em costelas bovinas, as quais iam para a churrasqueira logo de manhãzinha e ali permaneciam horas, sob supervisão do Armando,  até que estivessem aptas para o consumo. Baixinho, gordinho, descendente de portugueses tinha, não obstante, uma mão grande e nos ameaçava, amiúde, com eventuais exames de toque retal, exibindo o polegar direito, grosso, longo e levemente inclinado para a direita. Caio e Viviane, formavam um casal gaúcho, que passou a residir no edifício e a frequentar nossos almoços de domingo.  Passados alguns meses, em encontro ocasional comigo,  Caio, pessoa discreta e reservada, resolveu relatar uma passagem que teve com o Doutor  Armando, numa consulta profissional. A certa altura da anamnese, o médico perguntou a idade de Caio, tendo ele respondido que tinha cinquenta e poucos anos. Em seguida,  indagou se ele já se submetera, alguma vez, a uma colonoscopia, recebendo resposta negativa. Foi o suficiente para que Armando imediatamente prescrevesse o tal exame ao nosso prezado amigo Caio. Realizado o exame – e com o resultado em mãos – tratou de marcar nova consulta para a entrega  do laudo. Na oportunidade confidenciou ao Armando, aguardando  aprovação,  que o tal exame era “chatinho”, sobretudo, por conta do  preparo, que consistia em consumir medicamentos destinados à limpeza do intestino, dias antes. E aí,  estupefato e indignado,ouviu do doutor amigo, muito mais velho que ele (já contava mais de 60 anos na época) a seguinte resposta:  - Não sei, eu nunca fiz. Só prescrevo. Se vissem a cara do Caio quando me contou, estariam rindo, como eu ri, até agora. Esse é o Armando. Competente, amigo, cagão e. digamos, de uma sinceridade irritante. Há, há!

 

Até mais amigos,

 

P.S. -   Resposta em consulta à IA sobre o exame de colonoscopia: “O Preparo Intestinal: Muitas charges e piadas focam no "pré-exame", que envolve uma dieta restritiva e o uso de soluções laxativas para limpar completamente o intestino. O humor reside na experiência de passar horas no banheiro e nos desconfortos desse processo”