Boa noite amigos,
Espetacular,
emocionante, arrepiante, glamouroso, visceral, inesquecível, e tantos outros
adjetivos que se possa buscar na língua portuguesa, seria pouco para definir a
apresentação magistral da Banda inglesa Queen, na noite de ontem, abrindo o mais famoso festival de Rock (Rock?) do Brasil: o
Rock In Rio, que completou exatos 30 anos nesta edição e se tornou
antológico não só no Brasil, como em muitos países europeus[1].
Fundado em 1.985, por obra e graça do empresário brasileiro, Roberto Medina, o
badalado festival ganhou fama internacional pelo nível das bandas e dos
artistas que se apresentam anualmente para um público sempre maior que 80.000
espectadores por noite. Criado para atender a um público específico, o dos
roqueiros, o festival se abriu desde logo para outros ritmos e tendências,
contemplando a música brasileira e a internacional, em plenitude. Ninguém se
queixou desse ecumenismo. Ao contrário, abrindo-se para a diversidade, o
festival agregou sons, ritmos e tendências do mundo todo, comprovando que a boa
música, a música fundamental, o músico fundamental, não dependem de tempo, nem
de espaço. Em 1.985, a banda inglesa Queen,
com o seu carismático vocalista e compositor, Freddie Mercury, desaparecido precocemente por causa da AIDS, no ano
de 1.991, aos 45 anos de idade, abria o festival, cobrando o mais alto cachê
entre os convidados (cerca de 600 mil dólares), mas oferecendo a um público
ávido pelo seu som e qualidade de suas composições, o que havia de mais
refinado em termos de música pop, no universo musical dos anos 70 e 80. Pois bem, quem viveu, viu, sorriu, cantou e nunca
mais esqueceu. Ontem, exatamente ontem, 30 anos depois, o público que lotou a Cidade do Rock, viu essa mesma banda, com seus músicos e
instrumentos maravilhosos, relembrar os grandes sucessos que dela fizeram uma
das ícones de todos os tempos, ao lado dos lendários Rolling Stones e dos Beatles
e de outros conjuntos, bandas e músicos
do século passado. Não estive no festival. Fui brindado pela boa iniciativa da TV Globo de transmitir boa parte do
espetáculo depois do Jornal da Globo.
E exatamente na apresentação da banda, agora com Adam Lambert, magistral, maravilhoso, simpático, sensível,
competente, que parodiando o seu
antecessor, mas sem a pretensão de substituí-lo, se misturou ao público, em êxtase, para
relembrar os grandes sucessos das composições elaboradas pelo gênio Mercury. E foi com o próprio Mercury
que fazia dupla, ao entoar cada uma das estrofes de We Are The Champions, no
telão que retransmitia o festival de 1.985, o marco de um projeto que veio para
ficar e sensibilizar. Quando, porém, Brian
Mary, guitarrista original da banda, propôs cantar Love of My Life, o que se viu foi uma
grande movimentação multitudinária. Não um movimento de armas, de guerra, de agressão. Foi um movimento de bocas,
braços, pernas e quadris que cantaram afinadamente a canção mais popular e
conhecida do compositor, encobrindo totalmente a voz miúda do próprio Bryan.
Foi um movimento de união. Um movimento de luz e de paixão. De todas as paixões
que elevam. Que unem e reúnem, numa celebração ecumênica, justamente num mundo
desigual, em que se abrem trincheiras pelo direito à paz e à felicidade. Lembrei-me nesse instante da luta cotidiana
dos imigrantes que, fugindo da guerra e da morte, clamam pelo direito de buscar
a terra prometida onde quer que ela esteja, longe da miséria, da morte, da
guerra, da infelicidade. Pensei por um instante: a música é como a terra prometida. A música é
de todos e não é de ninguém. A vida é
como a música. Ou deveria ser. Deve ser amada, cantada, dançada
e vivida, com a dignidade que não pode ser negada a qualquer ser humano. Por
isso, no meio daquela multidão, se podia e se devia repetir: We
are the Champions, my friends. And we’ll Keep on fighting,
Till the end. We are the champions. We are the champions. No time for losers,
Cause we are the champions of the world. Ode ao Queen. E oxalá, a
universalidade da mensagem de sua música
inesquecível, que não tem espaço, nem
tempo, seja capaz de abrir os corações e as fronteiras das nações que,
aquinhoadas pela sorte e pelo destino, devam acolher, por dever cristão ou ético de solidariedade, os seus irmãos atormentados pelo simples direito fundamental de viver com paz e dignidade.
Até amanhã
amigos.
P.S. (1)
As imagens da coluna de hoje são, respectivamente, do vocalista Adam Lambert se
apresentando ontem, ao lado dos músicos da banda, na Cidade do Rock, primeiro dia
do festival do Rock in Rio de 2.015 e foi emprestada de rollingstone.uol.com.br. A imagem ao lado é do vocalista e
compositor Freddie Mercury, desaparecido precocemente em 1.991, aos 45 anos de idade,
deixando uma lacuna profunda na banda e na música popular internacional. Foi
emprestada de agorabr.wordpress.com.
P.S. (2) Muito interessante a prática adotada pela TV Globo, de inserir na tela, durante a apresentação ao vivo do Rock in Rio, ontem, diretamente da Cidade do Rock, de dados e informações, alusivos à 1a. edição do Festival, que ocorreu no ano de 1.985, esclarecendo, assim, o espectador, a respeito do projeto e execução daquele primeiro e vitorioso empreendimento musical brasileiro.
[1] O
Rock in Rio já é apresentado em Portugal e na Espanha e seu administrador
pretende estendê-lo a outros países europeus e asiáticos.
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