Boa noite amigos,
Nesse complicado mês de fevereiro de ano bissexto, curto, porém oneroso, porque é mês de IPVA, IPTU, material escolar e outras despesas pesadas e extraordinárias, falta também vontade e inspiração. Mando aos amigos, assim, um dos "causos" incluído no meu livro Causas & Causos n. II, publicado pela Editora Millenium, no ano de 2.010. Vai lá:
"DISTRAÇÃO
E DISTRAÍDOS:
“O acaso vai me proteger enquanto eu andar
distraído” (Sérgio Britto, Epitáfio)
Nesse mundo moderno, nas grandes cidades, os fatos e
as condutas se repetem.
Não há tempo definido para nada.
Tudo se mistura e, a um só tempo, se deve elaborar
projetos e executar tarefas na correria do cotidiano.
A vida fica assim intercalada e fragmentada.
Vida privada e vida profissional não são estanques.
O pensamento também gira entre uma coisa e outra.
Assim, amiúde, se executa uma tarefa mecanicamente,
enquanto a mente viaja para tentar solver alguma problemática pessoal, social
ou profissional que não se verifica no momento, tudo para, supostamente, se
ganhar tempo.
Daí a distração e os distraídos, que nada mais são do
que vítimas de uma mente desviada do ambiente em que se acha o corpo e se passa
a situação concreta.
Melhor explicando: é estar ali e não estar ao mesmo
tempo, estar em dois lugares diferentes, um na rua ou na casa, ou no
escritório, outro no pensamento.
Para alguns, é “viajar
na maionese”, que significa dar tratos a bola, para além dos tratos e das bolas.
Entenderam?
Fato é que inúmeras situações curiosas aconteceram
comigo exatamente em função do corpo estar
executando mecanicamente uma tarefa,
reproduzindo uma dada conduta, enquanto o pensamento viajava por um
outro lugar, um outro mundo.
Assim, seis meses depois que mudamos (eu e a minha
família) de uma casa da Vila Industrial para outra, que construímos, no Jardim
das Paineiras, aqui em Campinas, em pontos diametralmente opostos da cidade,
não é que, em uma bela manhã, oi só eu chegando na casa velha para almoçar.
Só me dei conta quando já estava abrindo o portão para colocar o carro na garagem,
diante do olhar estupefato da nova moradora, inquilina da minha sogra, dona do imóvel.
De outra feita, estava eu retornando, num sábado pela
manhã, do Mercado Municipal, o velho mercadão, quando avisto um desses “amarelinhos”, fiscais
de trânsito.
Não havia muito tempo, tinha virado lei o uso
obrigatório do cinto de segurança.
Demorei, como sempre, para me acostumar com o tal
cinto. Ele me apertava. Com ele me sentia sufocado. Enfim, não foi fácil
adquirir o hábito de usar o maldito artefato.
Já havia, por isso, sido multado.
Não é que ao avistar o tal fiscal eu imediatamente,
corri a mão pelo peito para conferir se estava portando o cinto ou não.
Só tinha um detalhe.
Eu vinha a pé!
A campeã das situações inusitadas, porém, aconteceu há
uns 15 anos.
Vinha eu distraído na direção de meu automóvel pelas
ruas do centro da cidade.
Estava preocupado com um processo que eu deveria
apresentar contestação ainda naquele dia.
Num dos cruzamentos, o semáforo muda do verde para o
vermelho.
Em atenção ao
comando do sinal, automaticamente parei.
Mas em seguida, peguei o controle do portão da garagem
do meu prédio e clic.
Com ele tentei abrir o sinal de trânsito.
Vá lá entender que coisas a minha mente juntou para me
sugerir essa esquisita solução.
Coisa de doido, né?
Ou de nego distraído.
E põe distraído nisso!"
Até mais.
P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada de www.revistamais.com.
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