terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

E O OSCAR DE MELHOR FILME VAI PARA...

Boa noite  amigos,

Moonlight - Sob a Luz do Luar, o grande vencedor do Os-
car 2.017, focalizando o preconceito e a intolerância con-
tra negros e homossexuais. (imagem emprestada de adoro
cinema)
Quando os veteranos atores, Warrem Beatty (79 anos) e Faye Dunaway (76 anos), surgiram no palco do Dolby Theater em Los Angeles,  para anunciar a estatueta de melhor filme, O Oscarversão 2.017, na sua 89a. edição,  ninguém imaginava que estava para acontecer a maior gafe da história do famoso prêmio da Academia Americana de Cinema. Ao abrir o envelope para ler e comunicar ao público presente e ao mundo, o filme vencedor, Warren fica em dúvida e gera um momento de apreensão. Ao mostrar o envelope para sua companheira de palco, ela sim, decidida e imediatamente,  proclama o musical  La La Land Cantando Estações, como vencedor. Toda a equipe responsável pela película, então, invade o palco, ao som dos aplausos efusivos do seleto auditório, e já se iniciam os agradecimentos de praxe. Mas o real vencedor era o filme Moonlight – Sob a Luz do Luar, outro concorrente. Descoberto o engano são convocados os verdadeiros vencedores para subir ao palco, o que fazem anestesiados pela confusão, diante da perplexidade dos convocados anteriormente, num clima de constrangimento geral. O equívoco ficou por conta da troca de envelopes. O envelope dado aos apresentadores não era o relativo ao melhor filme, mas ao prêmio de melhor atriz para Emma Stone, àquela altura já anunciado e entregue. O fato ganhou especulação, piadas e memes em geral na internet (rendeu até um  Ga, Ga, Land para o casal anunciante). 
La La Land, musical que levou seis estatuetas, dentre elas
a de melhor diretor e melhor atriz.
Tirante o incidente,  o Oscar deste ano teve outros destaques.  Havia grande expectativa com relação aos discursos e pronunciamentos de produtores, atores e diretores contra a política de discriminação de imigrantes do Presidente Trump, especialmente depois da polêmica declaração de Mary Streep, durante o Globo de Ouro, que provocou reação raivosa do mais alto mandatário da política americana. Alguns discursos fizeram menção ao Presidente e a discriminação manifesta em relação aos imigrantes, a despeito de uma clara intenção de não polemizar demais, convertendo o prêmio numa espécie de  movimento político contra Trump e suas propostas de governo. O  apresentador, o comediante,  Jimmy Kimmel,  em tom de pilhéria, provocou risos,ao anunciar Mary Streep, solicitando ao auditório uma salva de palmas à atriz de Filomena, “embora ela não merecesse.”  E chegou a provocar, fazendo graça, o Presidente, indagando se ele já estava dormindo, porque até aquele momento, não tinha postado nada acerca da cerimônia no seu instagran. Nenhum dos prêmios constituiu surpresa, Com pelo menos três concorrentes explorando o preconceito contra negros e a indicação de atores e atrizes negros para os prêmios de melhor ator e melhor atriz (principal e coadjuvante), a Academia se redimiu das críticas do ano passado,  quanto à ausência completa deles na indicação às diversas categorias da premiação. Casey Afflex, o irmão mais novo do ator e diretor, Ben Affleck (Argo, Oscar de 2.013), sem ser favorito, venceu na categoria de melhor ator, pela atuação em Manchester à Beira Mar, deixando para trás atores veteranos consagrados como Denzel Washington (61 anos), a quem fez questão de agradecer, afirmando ter aprendido a arte de atuar com ele, conquanto não o conhecesse pessoalmente. E em particular a Matt Damon, que o convidou para o papel inicialmente destinado ao próprio Matt, que preferiu apenas permanecer como produtor do filme. À Emma Stone, soberba em La La Land, ficou bem a estatueta de melhor atriz. Era favorita e unanimidade, embora tendo como concorrentes atrizes do porte de Mary Streep (Filomena), a ótima francesa, Isabelle Huppert (Elle), e a americana Natalie Portmann, protagonista de Jackie, e que venceu na mesma categoria, em 2.011,  por Cisne Negro. Das doze indicações, La La Land ganhou a metade dos prêmios (Melhor atriz, direção, fotografia, canção original,  design de produção e trilha sonora), mas não levou o principal de melhor filme. Elegeu, porém, o mais jovem diretor, Demian Chazelle, que, com apenas 32 anos recentemente completados, entra para a elite dos grandes diretores consagrados pela Academia, prenunciando uma carreira auspiciosa em Hollywood.
Emma Stone, melhor atriz, um prêmio merecido. Imagem -
emprestada de TV Line.
Enfim, uma das versões mais avançadas da tradicional premiação, ao indicar filmes e diretores de vanguarda, com roteiros ousados, conferindo a  Moonlight Sob a Luz do Luar,  o premio máximo, um filme que, a um só tempo explora o preconceito americano em relação a negros e homossexuais. Ainda nas principais categorias, destaque para o melhor roteiro original que ficou para Manchester à Beira-Mar, melhor roteiro adaptado para Moonlight Sob a Luz do Luar e para melhor ator e melhor atriz coadjuvante, prêmios entregues a Mahershala Ali (Moonlight) e Viola Davis (Um Limite entre Nós).


Ate mais amigos.

Um trio vencedor: Matt Damon, Casey e Ben Affleck. Casey
venceu na categoria de melhor ator, num papel antes desti-
nado a Matt,que só permaneceu como produtor. Matt e Ben, 
porém, têm uma longa história de parcerias importantes.
imagem emrpestada de boston.com.
P.S. (1) Matt Damon me impressionou muito ao protagonizar um jovem auxiliar de limpeza de uma universidade e que se revela um gênio na solução das questões matemáticas. Gênio Indomável, de 1.998, venceu o Oscar daquele ano na categoria de melhor roteiro original e conferiu também a Robin William a estatueta de melhor ator coadjuvante. Matt recebeu, pela interpretação, o Urso de Prata, do Festival de Berlim;

P.S. (2) Warren Beatty e Faye Dunaway, o  casal de artistas  que anunciou equivocadamente o filme vencedor na cerimônia do Oscar de domingo, se tornou célebre nos anos 60, como protagonistas do revolucionário “Bonnie and Clyde”. A película, no melhor estilo do nouvelle vague francesa, era uma versão romanceada da história real de um  casal de bandidos que assaltava e matava durante o período da Grande Depressão, levando o terror aos estados centrais dos Estados Unidos. O filme arrastou milhões de espectadores aos cinemas de todo o mundo, enriquecendo Beatty, para quem a Warner Brothers ofereceu a bagatela de 40% da bilheteria, em substituição à remuneração  em valor fixo do que se pagava, no mercado, a um jovem produtor, por não acreditar no sucesso comercial do filme. 

P.S. (3)   "Eu sou da Itália, eu trabalho pelo mundo. Por isso dedico este prêmio a todos os imigrantes" alfinetou o italiano Alessandro Bertolazzi, prêmio de melhor maquiagem para Esquadrão Suicida; O diretor iraniano, Asghar Farhadi, vencedor do prêmio de melhor filme estrangeiro com O Apartamento,  se recusou a comparecer ao prêmio, mas mandou seu discurso, nos seguintes termos: "Minha ausência é devida ao desrespeito com as pessoas do meu país. Dividir o mundo em categorias como "nós" e "os nossos inimigos" cria medo, uma enganosa justificativa para agressão e guerra. Cineastas podem apontar suas câmeras para capturar e compartilhar as qualidades humanas e quebrar esteriótipos de várias nações e religiões. Eles criam empatia entre "nós" e "os outros", empatia de que hoje precisamos mais do nunca."; E o ator Gael Garcia Bernal, por seu turno, disse que "Como mexicano, como latino-americano, sou contra qualquer muro que queira nos separar."

P.S. (4) Há muito tempo que o cinema iraniano vem merecendo destaque. Asghar, pela segunda vez, vence o prêmio da academia dedicado ao melhor filme estrangeiro. O primeiro foi com o bom longa A Separação. Ano passado perdemos o consagrado diretor iraniano,  Abbas Kiarostami, que foi lembrado entre as personalidades que nos deixaram no ano de 2.016. Dentre eles, também foi merecidamente citado o nosso Hector Babenco, diretor do Beijo da Mulher Aranha, Carandiru, dentre outros. 


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

TCHAU VELHO! À VICENTE OTTOBONI NETO

Boa tarde amigos,

Vicente em momento de alegria e orgulho,  exibindo um
dos peixes grandes pescados no Canal do Panamá e que eu
dizia ter sido comprado no mercado só pra documentar men
tira de pescador. A imagem me foi fornecida pelo próprio.
Peço licença aos amigos hoje, para me despedir de um de meus amigos mais queridos, Vicente Ottoboni Neto, advogado íntegro e competente e grande figura humana,  que partiu desta vida no dia de ontem, deixando um enorme vazio no coração de seus parentes, clientes e amigos:

"Não, não vou me lembrar de sua morte. Nem de sua maldita doença.  Elas não importam agora que você nos deixou e virou uma lembrança.  Uma estrela no céu. Uma quimera, sei lá.  Uma retórica qualquer, com sabor de eternidade para se vingar do tempo.  Um tempo que nos limita. Um tempo que nos separa, impiedosamente, mas que também nos deu a grata chance da contemporaneidade. Importa o que você construiu. Importa a sua vida abençoada de doação para seus parentes, amigos, clientes e desconhecidos, privilegiados pela sua mansidão, disponibilidade,  sensibilidade, sua refinada educação, seu espírito voltado para a caridade e a justiça. Importa o abraço, aquele abraço forte, sincero, tranqüilo,  que você me deu na última vez que deixei sua casa e que eu senti como uma doída despedida. Importa o vazio da orfandade das cachorras que você não abandonava, fiéis companheiras em todos os momentos de sua improvável convalescença. Importa a amizade, o carinho, a relevância do ser humano forte, do bom combate travado, das boas causas e da busca incessante de aprimoramento da sabida ridícula e precária condição humana. Importam os amigos de diversas origens e destinos, que você fez nas fugas para as pescarias esportivas e nas viagens longínquas por caminhos áridos e perigosos, em busca de sua essência interior  e da natureza simples do mar e dos peixes, da sensação de estar livre, provisoriamente que fosse,  das questiúnculas  suscitadas em processos que inundam os tribunais humanos  e  dos desencontros forjados no convívio daqueles que lhe eram caros. Importa a sua enorme disposição para perdoar as ingratidões e a falta de caráter das pessoas, bondade para justificar tudo e a todos. Importa a nossa parceria forte sempre no sentido da condução das pessoas à conciliação, ao perdão, à cata da vida como a arte do encontro, como falou um dia a sensibilidade do poeta. Importa a alegria das vitórias justas e a tristeza das derrotas injustas. Importa a solidariedade da partilha de nossas indignações, diante das violências e injustiças sociais. Importam todas as manhãs dos dias seguintes às nossas tragédias, em que a esperança sempre se renovava para alimentar a continuidade da luta, apesar de tudo. Importam aqueles momentos não raros de alegria, divididos com nossas mulheres,  com amigos e com companheiros de escritório, em que trocávamos informações malucas e  piadas, jurídicas e leigas, comemorando o lado bufão e leve da vida, às vezes regado à boa comida e a várias taças de vinho ou cerveja.   Importa o exemplo e o legado que ficam e devem inspirar Rodrigo e Pedro, seus filhos sempre venerados.  Tchau Velho! Obrigado por tudo. Pela divisão da vida, dos sentimentos perscrutados no recôncavo de nossas almas, pelo inaudita e inesgotável poder de compreensão e  pelo ombro amigo. Te amo e esse amor fraterno permanecerá para sempre, ainda que o sempre seja mais uma retórica para se vingar do tempo.".


Até breve amigos.


P.S. Em postagem de 16 de julho de 2.012, contei neste blog, as aventuras de Vicente e seus amigos pescadores em "Pescaria Esportiva no canal do Panamá".