Boa noite amigos,
O volante Zé Carlos, no Guarani campeão
brasileiro de 1.978. Foto de galeria.
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Soube, agora à tarde, do falecimento do jogador Zé Carlos, o inesquecível volante do Guarani Futebol
Clube, campeão brasileiro de 1.978. Aos 73 anos, o atleta sofria de problemas
de saúde desde que foi acometido por um acidente vascular cerebral e vivia
atualmente em Contagem, nas Minas Gerais. No Cruzeiro, clube onde jogou por 12
anos e que o projetou para o futebol brasileiro e mundial, sua posição era de
meia. Destaque em grandes times montados pela
Raposa, foi o segundo jogador que mais jogou pelo Cruzeiro em todos os
tempos. Foram 619 jogos, perdendo apenas para o goleiro Fábio, que recentemente
superou a casa dos 700. Pelo clube celeste ganhou a Taça Brasil, torneio que
equivalia ao Brasileirão atual, foi campeão da Libertadores e nove vezes
campeão mineiro. Aos 32 anos, em 1.977, por um ato de esperteza da Diretoria do
Guarani, veio para o Bugre, que venceu a competição com grandes equipes do
futebol brasileiro, que já haviam avançado nas negociações com o clube mineiro
para trazê-lo e acabaram frustrados. Prevaleceram, além do assedio da Diretoria, a predileção do
jogador por Campinas, uma cidade do interior de São Paulo que, à época,
oferecia condições de vida mais tranquila e segura, era dotada de recursos de primeiro mundo, e se situava em
posição geográfica privilegiada em relação à Capital do Estado. E, ainda, a
amizade com o técnico recém-contratado, Carlos Alberto Silva, igualmente mineiro
de nascimento e coração. Zé Carlos veio para suprir a lacuna deixada por
Flamarion, o último volante do Bugre, ídolo do clube e da torcida. E o
experiente atleta caiu como luva, num time de jovens talentos e que
lograria o título inédito do campeonato brasileiro de 1.978, encantando o
Brasil e o Mundo, com um futebol objetivo, ofensivo e de arte, onde despontavam
os laterais Mauro e Miranda, os meias Zenon e Renato, e principalmente um
menino de 17 anos, Careca, que iria fazer grande carreira no Brasil e no
exterior e seria o nosso centroavante na Copa de 1.986. Zé Carlos jogou com a camisa 5, na posição de
volante. Um volante de futebol eficiente e refinado e que comandava a equipe com a sua experiência, ora cadenciando, ora fazendo lançamentos
primorosos,
cobrando faltas, criando jogadas para os atacantes e, sobretudo, dando
segurança e proteção à defesa, cujos laterais tinham liberdade para apoiar o
ataque. Um amigo que, certo dia, assistia comigo a uma das partidas daquela
equipe bugrina no Brinco do Ouro, encantado com o futebol do volante, afirmou
literalmente que a bola “gostava do Zé”, estava sempre ali, no seu pé, ou aos
seus pés. E eu, fingindo entender bastante do assunto, lhe garanti que era Zé
Carlos que tinha um sentido de posicionamento no campo de jogo, que lhe
permitia receber qualquer bola: a que vinha na cobrança de longo tiro
de meta, a segunda bola rebatida pela defesa, e assim por diante. Foram de seus pés,
de sua visão de jogo, de sua liderança, de sua competência ofensiva e
defensiva, que aquela jovem equipe pode superar todos os obstáculos, chegando
ao título do campeonato. Era ele quem dava o equilíbrio entre os departamentos
do time. Por isso sempre afirmei que Zé
Carlos estava para aquele Guarani campeão de 1978, como Ademir da Guia
estava para o Palmeiras da Academia. Sem qualquer exagero. O tempo passou.
Agora Zé se foi. A história, porém, de seu futebol invejável, vigoroso e
vitorioso, o seu futebol de talento e competição, deixou saudades e alegria na
memória de torcedores e de todos quantos apreciam o esporte mais popular do
Brasil. Descanse em paz, Zé. Tive muito prazer nesta vida de vê-lo em campo tratando sua majestade, a bola, com carinho, cuidado e respeito.
Obrigado por tudo.
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