terça-feira, 12 de junho de 2018

MORRE ZÉ CARLOS, O VOLANTE CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1978 E O MEIA DO CRUZEIRO DA LIBERTADORES

Boa noite amigos,
O volante Zé Carlos, no Guarani campeão
brasileiro de 1.978. Foto de galeria.
Soube, agora à tarde,  do falecimento do jogador Zé Carlos, o inesquecível volante do Guarani Futebol Clube, campeão brasileiro de 1.978. Aos 73 anos, o atleta sofria de problemas de saúde desde que foi acometido por um acidente vascular cerebral e vivia atualmente em Contagem, nas Minas Gerais. No Cruzeiro, clube onde jogou por 12 anos e que o projetou para o futebol brasileiro e mundial, sua posição era de meia. Destaque em grandes times montados pela  Raposa, foi o segundo jogador que mais jogou pelo Cruzeiro em todos os tempos. Foram 619 jogos, perdendo apenas para o goleiro Fábio, que recentemente superou a casa dos 700. Pelo clube celeste ganhou a Taça Brasil, torneio que equivalia ao Brasileirão atual, foi campeão da Libertadores e nove vezes campeão mineiro. Aos 32 anos, em 1.977, por um ato de esperteza da Diretoria do Guarani, veio para o Bugre, que venceu a competição com grandes equipes do futebol brasileiro, que já haviam avançado nas negociações com o clube mineiro para trazê-lo e acabaram frustrados. Prevaleceram, além do assedio da Diretoria,  a predileção do jogador por Campinas, uma cidade do interior de São Paulo que, à época, oferecia condições de vida mais tranquila e segura, era dotada de recursos de primeiro mundo, e se situava em posição geográfica privilegiada em relação à Capital do Estado. E, ainda, a amizade com o técnico recém-contratado, Carlos Alberto Silva, igualmente mineiro de nascimento e coração.  Zé Carlos veio para suprir a lacuna deixada por Flamarion, o último volante do Bugre, ídolo do clube e da torcida. E o experiente atleta caiu como luva, num time de jovens talentos e que lograria o título inédito do campeonato brasileiro de 1.978, encantando o Brasil e o Mundo, com um futebol objetivo, ofensivo e de arte, onde despontavam os laterais Mauro e Miranda, os meias Zenon e Renato, e principalmente um menino de 17 anos, Careca, que iria fazer grande carreira no Brasil e no exterior e seria o nosso centroavante na Copa de 1.986.  Zé Carlos jogou com a camisa 5, na posição de volante. Um volante de futebol eficiente e refinado e que comandava a equipe com a sua experiência, ora cadenciando, ora fazendo lançamentos

Zé Carlos logo após o AVC que determinou o encerramento
de sua carreira no futebol, como técnico e olheiro que foi
tanto de Guarani, quanto do Cruzeiro, clubes que defen-
deu como atleta exemplar, na mocidade.

primorosos, cobrando faltas, criando jogadas para os atacantes e, sobretudo, dando segurança e proteção à defesa, cujos laterais tinham liberdade para apoiar o ataque. Um amigo que, certo dia, assistia comigo a uma das partidas daquela equipe bugrina no Brinco do Ouro, encantado com o futebol do volante, afirmou literalmente que a bola “gostava do Zé”, estava sempre ali, no seu pé, ou aos seus pés. E eu, fingindo entender bastante do assunto, lhe garanti que era Zé Carlos que tinha um sentido de posicionamento no campo de jogo, que lhe permitia receber qualquer bola: a que vinha na cobrança de longo tiro de meta, a segunda bola rebatida pela defesa, e assim por diante. Foram de seus pés, de sua visão de jogo, de sua liderança, de sua competência ofensiva e defensiva, que aquela jovem equipe pode superar todos os obstáculos, chegando ao título do campeonato. Era ele quem dava o equilíbrio entre os departamentos do time.  Por isso sempre afirmei que Zé Carlos estava para aquele Guarani campeão de 1978, como Ademir da Guia estava para o Palmeiras da Academia. Sem qualquer exagero. O tempo passou. Agora se foi. A história, porém, de seu futebol invejável, vigoroso e vitorioso, o seu futebol de talento e competição, deixou saudades e alegria na memória de torcedores e de todos quantos apreciam o esporte mais popular do Brasil. Descanse em paz, Zé. Tive muito prazer nesta vida de vê-lo em campo tratando sua majestade, a bola, com carinho, cuidado e respeito. Obrigado por tudo.

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