sábado, 9 de março de 2019

CINEMA ITALIANO - DE PUNHOS CERRADOS.


Boa noite amigos,
Os atores Lou Castelo (Alessandro) e Liliane Gerace, filho
e mãe na trama, em cena do filme. Imagem emprestada de -
clubedaspipocas.
Ambientado em algum lugar não especificado, na zona rural do Norte da Itália, tendo como pano de fundo e inspiração o país pós-fascismo,  ainda recentemente devastado pela segunda guerra mundial e com grandes problemas econômicos e sociais, o primeiro longa do diretor Marco Bellocchio, I Pugni in Tasca, de 1.965, que no Brasil rodou com o título De Punhos  Cerrados e, em Portugal, numa tradução mais literal, como  De Punhos no Bolso, foi saudado na ocasião como um grande filme, de um jovem e promissor diretor, então com apenas 26 anos, que entrava para  o rol de notáveis como Fellini, Antonioni e Bertolucci.  Em branco e preto, com um roteiro bem concebido e fielmente executado, uma fotografia magnífica, belíssima trilha sonora e um montagem dinâmica e  instigante, o longa explora o desalento dos membros de  um família disfuncional, formada pela mãe viúva, (Liliane Gerace),  e os filhos, Giulia (Paola Pitagora), Alessandro (Lou Castelo), Augusto (Marino Mase) e Leone (Pier Luigi Troglio). Todos à exceção de Augusto, possuem limitações físicas e mentais. A mãe é cega e dependente; Leone é retardado e epilético; Giulia é portadora de transtorno bipolar e Alessandro (Lou Castel), o grande protagonista, com uma interpretação magnífica e visceral, é também epilético,  e psicopata. Só Augusto é normal, único que trabalha, tem planos  e administra a família, mas se sente tolhido no seu desejo de se casar (ele tem uma noiva) e ir morar na zona urbana. Leone é ignorado pelos irmãos e vive calado dentro de seu mundo. Giulia mantém uma relação ambígua, que beira o amor e o ódio,  tanto com Augusto, quanto com Alessandro, havendo em relação a este uma sugestão forte de incesto e agressões físicas e morais. E Alessandro, entre atos de depressão e loucura, permeados com as crises de epilepsia, decide que todos os membros da família devem morrer para que Augusto possa finalmente, livre da tragédia de administrar loucos e dependentes, seguir em sua vida e na execução de seus planos e sonhos. São 109 minutos que jamais se arrastam, por causa da dinâmica do transcurso dos fatos e das cenas, provocando no espectador um misto de encanto, poesia, suspense e horror, num filme de arte imperdível. Não assisti na época em que foi exibido. Vi hoje, por acaso, no canal Arte, procurando algo de bom nas dezenas de estações abertas e fechadas. E para quem aprecia cinema de arte vale a dica, com certeza.

Até mais amigos,
P.S.  O cinema desses diretores italianos da segunda metade do século passado, girava muito em torno de um dilema filosófico ligado à natureza humana: o homem e suas relações complexas com o poder e a condição social. E invariavelmente a conclusão de que a cada conquista nessa área, o homem mais se afasta de valores, resvalando para as condutas amorais, para a hipocrisia, para a autodestruição e o crime e não raras vezes para o incesto, o suicídio e o homicídio como resultado de uma degradação desses mesmos valores e do próprio sentido da vida. Dilemas atemporais e como tais sempre presentes e atuais.

sábado, 2 de março de 2019

PONTO DE VISTA SOBRE O GUARANI NO CAMPEONATO PAULISTA DE 2.019

Prezados amigos,

O meia-atacante Thiago Ribeiro, um dos principais jogadores
do elenco bugrino que, aos 33 anos, volta a jogar após su-
perar uma longa depressão. Imagem emprestada de Portal
CB.
Não vi o jogo entre Guarani e Ferroviária no Brinco de Ouro, ontem às 21,00 horas. Nem no campo, nem no Sportv que transmitiu a partida. Cheguei em casa a tempo apenas de ouvir parte dos comentários do pessoal da Rádio Bandeirantes. Soube que o Bugre fez uma partida abaixo da crítica e o resultado final de empate em 1 a 1 foi um lucro enorme para a equipe que somou mais um ponto e se manteve, pelo menos até agora à tarde, na segunda colocação no grupo A, com 14 pontos, dentro da zona de classificação e assim permanecerá por causa da derrota do Novorizontino agora à tarde. Os poucos mais de 2.500 torcedores que foram ao estádio não pouparam a equipe e a comissão técnica.  A modesta Ferroviária da Araraquara, apesar de ser uma boa equipe,  não pode impor ao Guarani, dentro de seu estádio, uma supremacia em raça e técnica que se traduziu em nada menos do que 73% de posse de bola, um gol, duas bolas na trave e grandes defesas do goleiro Giovanni, considerado o melhor jogador da partida. O Bugre, segundo os comentários e as anotações dos repórteres, não conseguiu jogar, não criou, não marcou e em resumo, foi inferior em todos os quesitos e fundamentos. Na coluna do observador e crítico de futebol, Carlos Carcani, do Correio Popular, li durante a semana que a torcida deveria jogar com o time e não vaiá-lo durante o transcorrer do jogo, reservando esse  direito incontestável para o encerramento da peleja, quando o resultado não viesse. Pois bem, a observação é lógica e realmente os apupos que se verificarem durante o jogo são negativos para a equipe, que conta com o incentivo do torcedor, especialmente quando joga em casa. Mas isso não pode servir de desculpa para as péssimas atuações da equipe neste campeonato, muito embora tenha se salvado quase sempre pela individualidade de um ou alguns jogadores, em certas partidas, pelas falhas dos adversários, em outras,  ou pela sorte. Isso mesmo, o Guarani não pode reclamar da sorte neste campeonato. Quem olhar a tabela de classificação hoje vai verificar que o Bugre, com 14 pontos em 09 rodadas, é surpreendentemente a 4ª. melhor equipe entre todas as 16 que disputam o campeonato, só atrás de Santos, que mostra o futebol mais ofensivo e vistoso do torneio e pode chegar, no caso de vitória amanhã,  a 22 pontos; do Palmeiras, um dos maiores esquadrões do país e  da ótima e equilibrada equipe do Red Bull Brasil, ambos com 18 pontos. Essa posição não pode ser contestada pelos números, mas engana no que tange à qualidade do futebol que o alviverde campineiro está jogando. A equipe, em regra, não tem padrão definido, não joga com a mesma intensidade e raça os 90 minutos de jogo, erra muitos passes quando está com a bola e não consegue marcar o adversário com eficiência. Sem verticalidade, vive dos gols oportunistas de Diego Cardoso, da categoria do meia atacante, Thiago Ribeiro, quando assume a condição de protagonista (e nem sempre isso acontece, pois ontem, por exemplo, esteve abaixo da crítica), da luta incansável de Ricardinho no meio de campo, um jogador que se movimenta e ajuda no ataque e na defesa, e, ainda,  na fase excelente por que passa o goleiro Giovanni (mérito também para seu reserva Keven, que, ao substitui-lo contra o São Paulo, fez uma partida irrepreensível na vitória bugrina por 1 a 0 em pleno Pacaembu).  Vamos considerar todas as contingências: a equipe voltou este ano para a 1ª. divisão do  Paulista, depois de amargar 4 anos na série A-2, montou a equipe toda praticamente no começo do ano, sem tempo suficiente para entrosamento e acondicionamento físico e a esta altura do campeonato está livre de qualquer risco de rebaixamento e tem chances de passar à fase seguinte. Ótimo, ou tanto melhor. Mas, gente, o Bugre não jogou bem praticamente nenhuma das partidas que disputou. Fez partida mais equilibrada contra o Botafogo (2 a 0),  em Campinas, sem convencer,  mas ganhou do Corinthians no Brinco, sem jogar bem. 
O goleiro Giovanni, de 33 anos, que passou por grandes -
equipes e veio para disputar posição com Agenor. Ganhou
a posição de titular e  vem fazendo um grande campeonato
pelo Bugre. Imagem emprestada de A Cidade ON
Em São Paulo, foi massacrado pelo tricolor e contou com a sorte e com o excepcional desempenho do goleiro reserva para acumular a segunda vitória contra um grande (1 a 0). Venceu o São Caetano, de virada, no Brinco (2 a 1), jogando mal contra um time praticamente rebaixado. Conseguiu empatar com o Mirassol fora de casa, no último minuto (2 a 2),  graças a um pênalti infantil cometido por um dos defensores. E  perdeu para Bragantino (1 a 0), fora de casa, Oeste (2 a 1), de virada no Brinco e para o Santos pelo placar mais elástico (3 a 0).  E se nem todas as quatro vitórias foram merecidas, as três derrotas mostraram melhor a diferença entre o futebol jogado pelos adversários e o da equipe de Loss, que não foi capaz até aqui de dar ao time equilíbrio, estabilidade e padrão de jogo. Vi hoje a partida entre Red Bull e Novorizontino, vencida pelo primeiro pelo placar de 1 a 0. Um jogo bom, franco, de boa qualidade técnica. O Novorizontino, mesmo derrotado, mostrou um grande futebol e apesar de estar em terceiro lugar na chave do Bugre, tem uma equipe superior, pelo menos no que diz respeito ao futebol coletivo que vem jogando. Como bugrino comemoro  os 14 pontos e a campanha que o Guarani vem fazendo. Como observador e amante do futebol, não há o que comemorar. Até aqui a equipe e a comissão técnica estão devendo. O sinal vermelho está acionado no Brinco. O torcedor sabe. E teme o futuro da equipe se não neste campeonato, no Brasileiro da série B que vem por aí, porque o retorno à Copa do Brasil neste ano durou uma partida e uma frustração: a desclassificação na derrota para o modestíssimo Avenida do Rio Grande do Sul, que segundo se noticiou estava, antes do jogo, sumamente honrado por receber um campeão brasileiro!!!!
                                                                                     
Até mais amigos.