sábado, 31 de outubro de 2020

MORREU JAMES BOND - O 007.

 

Boa noite amigos,

O ator Sean Connery encarnando o agente secre
to, James Bond, no primeiro longa da série, que
virou franquia. Foto de Ronald Grant.

 

Aos 90 anos, morreu hoje, nas Bahamas, onde vivia atualmente, o ator irlandês, Sean Connery, que imortalizou, no cinema, o agente secreto mais conhecido, charmoso e competente de todos os tempos, o James Bond, criação do escritor, Ian Fleming.  Acompanhei, desde menino, como apaixonado pela Sétima Arte, a saga de Sir Bond na luta contra o mal, desde “007 e o Satânico Dr. No”, o primeiro da série que se transformou em  franquia. As notícias sobre óbito de grandes artistas ou cientistas não me emocionam mais, nem me causam qualquer abalo ou sentimento de comiseração. Não há nada mais prosáico do que a morte. Desde a maturidade esta é a minha visão desse evento,  tanto que costumo repetir uma frase que ouvi num velho filme de guerra: não se deve lamentar a morte, mas celebrar a vida do morto. Isto se houver o que celebrar, obviamente. De qualquer maneira, quando ouço queixas lamentosas demais, inconformismo quanto a certa situação ou fato, logo me apresso a animar o meu interlocutor, a quem provoco com a lembrança do tempo:  Não se esqueça meu amigo que tudo é apenas uma questão de tempo, incluindo eu e você. Por isso mesmo a expressão antiga "passamento” de Fulano ou Ciclano, seja talvez a mais fiel para se referir ao óbito de alguém. Bem, Sean se notabilizou como grande ator, não só pelo seu 007 em filmes da série, como por personagens fortes em relíquias como o longa, O Nome da Rosa (1986), baseado na obra homônima de Umberto Eco; Os Intocáveis (1987) e Caçada ao Outubro Vermelho (1990).  Estou tentando colacionar cenas que se tornaram emblemáticas e, pois, inesquecíveis, tanto para o cinema, quanto para imortalizar determinados filmes,  artistas ou personagens. Para mim, uma dessas cenas marcantes vem justamente de um dos filmes de 007. Sob o olhar atônito do nosso herói surge do fundo do mar, como uma sereia, a loiraça,  Ursula Andress, no papel de Honey Ryder, e que foi batizada como “Bond-girl”, por quem me apaixonei profundamente nos meus 12 anos de idade e que, para minha tristeza, nunca soube da minha paixão,  nem sequer da minha existência.

A Bond-Girl, Ursula Andress, em cena emble-
mática do  longa "007 - O Satânico Dr. No" 

Ah! Vou pedir aos meus amigos cinéfilos que me contem qual ou quais foram as cenas de filmes, de qualquer tempo e nacionalidade,  marcantes em suas vidas. Depois podemos promover um concurso pelas redes sociais para saber qual seria a mais popular, dentre elas. Que tal?



Abraços e até mais.

E.T: Na década de 60 foi lançada uma pasta de coro igual a que o agente secreto utilizava, cujo modelo foi registrado como 007. Eu tive mais de uma. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

MAIS UMA LIVE DURANTE A PANDEMIA - PARA OS MÚSICOS DE CAMPINAS - APESAR DOS PESARES

Boa tarde amigos,


No dia 25 de setembro passado aconteceu mais uma live, tão em moda como opção de trabalho e entretenimento nesses tempos de forçado afastamento social. Transmitida  pelo canal próprio da franquia ALMA,  no Youtube  (Alma Live Sessions) e, também, pelo Facebook, APESAR DOS PESARES, título que nasceu como "Apesar de Vocês", passou para "Apesar de Tudo", antes de assumir o nome definitivo, nasceu do desejo de produzir um evento que pudesse arrecadar recursos para músicos de Campinas, cuja fonte de trabalho e renda fosse a arte musical, mostrada ao vivo em bares e restaurantes, e, bem assim, em eventos como aniversários e casamentos e que viram secar toda possibilidade de trabalho e de fonte de renda com o fechamento do comércio e proibição de eventos. Liguei ao Thiago, (Thiago Vasconcelos de Souza), meu querido sobrinho socioafetivo, que vi crescer, um jovem advogado, humorista e compositor de marchas,  amante das artes em geral e que tem contato com o mundo artístico do Rio de Janeiro, de São Paulo e também de Campinas, para criar o "link" indispensável à definição do evento e também aos destinatários das eventuais arrecadações. Daí a indicação de um grupo musical da cidade, o Casa Caiada, comandado pelo Silo (Silo Sotil Filho),  que foi responsável pela produção e direção e do Du (Eduardo Palet Matos), empresário que explora vários tipos de comércio na cidade,  e especificamente dois bares da Franquia "Alma", grande apreciador da arte musical e que sempre prestigiou a classe, contratando e divulgando o trabalho de músicos da cidade. A Live foi dividida em duas partes distintas: Na primeira, gravações antecipadas transmitimos a intenção e a destinação do evento e gravamos uma entrevista com Silo e Du. O Thiago, por solicitação minha, leu uma crônica que escrevi especialmente para a abertura e foram exibidas apresentações já gravadas anteriormente, uma de meu irmão, Antonio Miguel, só com seu inapartável violão e  de 10 bandas da cidade. Na segunda parte, ao vivo e do estúdio, o grupo Casa Caiada e os músicos Daniel Batistone e Osmar Dalbon Filho, durante duas horas, se apresentaram e atenderam às solicitações dos espectadores. Com o meu patrocínio e também da empresa Engetax Elevadores a arrecadação e a verba de patrocínio foram destinadas aos músicos referidos, o que não significou muito, mas que lhes possibilitou algum alívio momentâneo e a oportunidade de um recomeço da atividade da qual estavam todos saudosos.  Abaixo o texto alusivo à crônica que escrevi para a abertura "Apesar dos Pesares" com a qual  decidi, prestar justo tributo ao meu prezado ex-aluno, advogado culto e sensível, grande crítico de arte e política, o Paulinho Menna Barreto, (o "Paulinho" é forma carinhosa de tratamento e que,  de maneira alguma,  faz jus à sua estrutura anatômica, nem à sua estatura como intelectual),  que sempre, com muita delicadeza e atenção,  prestigiou os professores e amigos e que acompanhou o evento com interesse e observações sempre pertinentes.  Foto da postagem de hoje emprestado do Twitter. 

"APESAR DOS PESARES"  À PAULO MENNA BARRETO.

"Se é a  arte que imita a vida, ou a vida que imita a arte,  não sei. E como a história do ovo ou da galinha. 

 Sei que não há vida sem arte, nem arte sem vida.

E que para o artista,  tal como a vida,  sua arte é desafio contínuo,  um mergulhar num turbilhão de emoções e sensações, de olhos fechados, sem se saber, tal como na vida, quando e onde tudo  vai terminar.

Há que inventar, construir, desconstruir, reconstruir, num permanente processo de sobrevivência na renovação, na capacidade de sustentar a respiração ofegante diante do olhar novo sobre o velho, num perene exercício de obstinação e  ressurreição diante do estado comatoso de seu ofício.

E resistir, criando estratégias e disposição para o recomeço, pois assim como na vida,  começo, meio e fim constituem o ciclo inevitável de todos e de tudo que existe neste mundo.

Um novo tempo, diz o poeta, apesar dos perigos, aludindo à constante necessidade de fazer a travessia para seguir em frente, mesmo diante de mares desconhecidos e, por vezes, traidores.

São demais os perigos desta vida, alerta outro poeta.

São demais os perigos da arte também para os artistas.

Ah! esses artistas e  seus mistérios,  seus personagens transgressores da ordem, dos costumes, que nos oferecem amiúde a graça de viajar por um mundo transcendente e colorido, sem os limites impostos pela razão, pelos valores morais contingentes, pelo cotidiano,  pela fragilidade do homem.

Que contam histórias  malucas como eles, a sugerir que tudo é possível, que não há fronteiras entre a realidade e o sonho, a história ou o mito, a natureza e a cultura, a vida e a morte.

Ah! esses poetas, escritores, atores,  cantores, músicos, pintores, metidos em quartos escuros e gabinetes solitários ou desafiando a morte, diante de seu público,  por baixo dos picadeiros, fazendo malabarismo barato nas ruas, diante de semáforos fechados e  espectadores apressados e ansiosos, sem se importar com a decadência e a miséria.

Da bailarina que plana sobre o imenso pé direito do teatro, sustentada pelos fios invisíveis da emoção do público, a sugerir ser possível toda forma de sonhos, como os que alimentam os devaneios da criança inocente e  embalaram o frustrado sonho de  Icaro.

Esses loucos varridos que enfrentam toda sorte de preconceitos e perigos. Negros e brancos, deficientes, especiais, falsos, recorrentes, mas  que abraçam gente, que vivem de gente,que apanham de gente, que sofrem de gente, por gente, que vivem de emoções, de aglomerações. Atrevidos a desafiar o bom senso ou o senso comum que só protege as almas de toda forma de mediocridade.

Essa gente maluca que abusa de instrumentos e da imaginação para criar e explorar  todas as misturas, todos os sons, todas as possibilidades de miscigenação humana ou instrumental, além dos limites da normalidade, da sanidade e até da decência.

Não há arte indigna.

Não há arte menor.

Há gente menor, insensível e sem compreensão para a sua importância na vida humana.

Meus senhores, minhas senhoras, meus amigos e parentes, meus inimigos, meus prezados anônimos, incito-os a  homenagear e prestigiar  essa gente tão extraordinária que tenta fazer arte e cultura num país de tantas carências, para gente, para toda gente, de toda condição, de toda cor, de toda religião, de todo lugar,  apesar de todos os pesares.

Amanhã há de ser outro dia, disfarça um terceiro poeta, para enganar a censura.

E nesse momento difícil por que passa toda a humanidade, eles, a eles, os artistas, rendemos a nossa homenagem e oferecemos solidariedade e ajuda.

Foram eles que primeiro saíram de cena.

E serão os últimos autorizados a voltar a ela, a receber e abraçar o público.

Sem tristeza, pois apesar da  pandemia,

Pandemia não rima com tristeza,

Pandemia rima com alegria,

Não rima com laço,

Que rima com abraço,

Que não rima com mudança,

Que rima com esperança,

Que rima com música, dança.

Com pais, filhos e netos,

Que rimam com afetos.

Eu quero para eles e para nós, quando tudo isso terminar, alegria, abraço, esperança, música e dança, netos e afetos. E viva a arte! Vivam os artistas esses heróis responsáveis pelas nossas mais profundas sensações e nostalgias. E desaparecem de nossas vidas quando a cortina se fecha e eles enfrentam sozinhos todas as mazelas e misérias do ser humano comum,  sem que nós, ingratos, estejamos ali  para lhes oferecer  o ombro e a solidariedade com que fomos contemplados no compartilhamento do exercício de sua arte. 

Boa noite."

Até mais amigos.

Pródigos abraços.