terça-feira, 31 de dezembro de 2024

CINEMA - ALMA DA FESTA

Boa tarde amigos, 


Cena do longa Alma da Festa, com destaque a
protagonista, a atriz Melissa Mc Carty.

Longa de 2.018, ALMA DA FESTA (Life of The Party), é uma comédia dirigida por BEN FALCONE, que também assina o roteiro ao lado de sua mulher, a também atriz, MELISSA MC CARTY, que dá vida à protagonista, Deanna Miles, narra a saga de uma cinquentona frustrada,  a partir da confissão do marido, Daniel "Dan" Miles (MATT WALSH)com quem mantém um casamento supostamente estável e conservador, de que pretende o divórcio por haver se apaixonado por uma corretora de seguros. Da estabilidade até então desfrutada, Deanna decide reorganizar sua vida, para se vingar do ex-marido e de sua amante, mas principalmente para dar um novo rumo à sua trajetória de mulher e mãe. Volta ao curso universitário, que abandonou para casar no último ano da graduação e a frequentar as aulas na mesma escola de sua filha, Maddie Miles (Molly Gordon), de 18 anos que, em princípio, se sente envergonhada pela decisão da genitora. No retorno aos bancos acadêmicos é inicialmente hostilizada pelos colegas,  pela sua idade e maneira de se vestir e se comportar e, principalmente,  pela ousadia de se reinventar e se intrometer num mundo privativo da juventude (é, inclusive, estimulada depois pela própria filha, a mudar seu visual e forma de vestir e a frequentar as festas regadas de muito álcool e paixões). Paulatinamente, porém,  acaba conquistando as amigas da filha (que se tornam também suas amigas e incentivadoras), assim como os rapazes, com  um dos quais, Dee Rock (Luke Benward), acaba se envolvendo, numa descompromissada aventura amorosa. Apesar do roteiro batido, a deliberada intenção dos produtores e direção em realizar um  filme para mero entretenimento, as sutilezas dos diálogos  e situações e as ótimas intepretações dos atores, especialmente da consagrada protagonista,  garantem um passatempo divertido e gostoso de se ver, seja no sofá da sala com a família e pipoca, seja para amenizar o tempo de 9 horas de voo de Campinas para Orlando, como foi o meu caso.  Arrisque!  


Feliz Ano Novo queridos amigos deste blog. 


sábado, 28 de dezembro de 2024

CASIMIRO DE ABREU - MEUS OITO ANOS

 

Boa tarde meus amigos,

  

Casimiro de Abreu (1839-1860), poeta do romantismo, viveu cerca de  três anos em Portugal, país no qual, segundo Sergius Gonzaga  "elaborou boa parte de suas obras e  desenvolveu o sentimento de exílio, que tanto perseguia os românticos. Inspirado em Gonçalves Dias escreveu uma série de poemas impregnados de nostalgia da terra natal, denominado “canções de exílio”. No entanto, não é apenas a saudade do Brasil e a correspondente sensação de estar exilado que anima a sua lírica. O que o consagrou foi a nostalgia típica dos românticos, daquelas realidades pessoais que ficam para trás: a mãe, a irmã, o lar, a infância” [1]. Essa paixão pela infância e seus encantos o consagrou como o poeta da  “aurora da vida”. O seu poema Meus Oito Anos é um exemplo típico dessa nostalgia lírica tão bonita, tão cara, a despeito das diferenças entre os “viveres” de cada um de nós, de ter ou não ter tido  uma infância como a dele, com afagos de mãe e irmã e um folgar nas sombras de bananeiras e laranjais.  O poema Meus Oito Anos explora o encanto da infância, trazendo à tona um turbilhão de emoções e  sensações de um tempo perdido, mas nunca  esquecido. E que serviu, certamente, para moldar a nossa história, os nossos valores e a nossa personalidade. Salve o poeta da aurora da vida!

 



Até breve.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

CINEMA - O TREM ITALIANO DA FELICIDADE


 Boa noite amigos, 



O Trem Italiano da Felicidade (2024, Netflix) é uma das raras preciosidades do bom cinema italiano, que, em alguns momentos, lembra o badalado “Cinema Paradiso” (1988) e “O Carteiro e o Poeta” (1994), sem, porém,  o acabamento e o primor de seus antecessores.  As questões que se colocam não são fáceis de responder: É possível perseverar na busca de uma vocação num mundo cruel e impiedoso que rejeita todas as possibilidades de ascensão? Pode uma criança conviver com a repetida afirmação de que é "um castigo de Deus"  para a família? O sentimento de amor e cuidado é compatível com a aspereza, a agressão física e moral, em nome de uma segurança hipotética ditada pelo sofrimento e desilusão? É ainda possível converter em amor um ato de caridade de uma mãe “postiça”, que desconhece o afeto, endurecida pela ideologia política de desprezo ao fascismo e amor ao comunismo? Com adaptação do romance CRIANÇAS DE GUERRA: A HISTÓRIA SOBRE O TREM ITALIANO DA FELICIDADE, de Viola Ardone, o longa se passa no pós segunda guerra mundial, dando ênfase ao movimento do Partido  Comunista Italiano e da Unione Donne Italiano, entre 1945 e 1.952, de enviar crianças do Sul da Itália, para famílias do Norte, tendo em vista a  absoluta precariedade e miséria em que elas viviam nas famílias de origem, sem o mínimo para sobrevivência com alguma dignidade. Nesse cenário, o menino Amerigo Spera (Christian Cervone) é enviado ao Norte, onde é adotado provisoriamente por uma mulher solteira e passa a receber  o essencial como boa alimentação, teto, roupas adequadas e educação, até retornar para o lar materno onde encontra novamente a mãe biológica na mesma vida de penúria. Com direção da italiana Cristina Comencini, o tempo presente mostra  um famoso maestro, já na maturidade, recebendo a notícia do falecimento de sua mãe de sangue, antes de uma de suas famosas apresentações públicas com teatro lotado, mas prefere manter o espetáculo. Depois se dirige à humilde, quase miserável residência daquela mãe, com quem teve grandes embates e desencontros  e ali, enquanto revê objetos e fotos, vêm à tona à sua memória episódios de sua vida e seus relacionamentos, desde a infância, a sua transferência para a família adotiva e a luta para estudar música e se tornar uma referência internacional na arte. Profundo, o longa transmite comportamentos  antagônicos dos personagens que buscam subsistir no caos e na miséria, mesclando sentimentos de amor e revolta, incompreensão e desrespeito, paixão, admiração, amizade, lealdade e tudo o mais que a supressão do mínimo existencial possa provocar em mães e filhos, ricos e pobres e a discussão sobre os rumos políticos da Itália pós guerra com o crescimento do comunismo e a forte rejeição ao fascismo e ao nazismo, derrotados no final da segunda guerra mundial. Sensível e delicado, melancólico e, ao mesmo tempo, didático e humano,  talvez sejam os adjetivos que melhor expressem o que os ótimos atores, especialmente as crianças conseguem transmitir. Não deixe de ver!