Boa tarde amigos,
Confesso que não aprecio cinebiografias, a despeito do fato de que sou
tentado a assistir todas as que envolvem os meus ídolos e gente que admiro. Vi Piaf; Cazuza - O Tempo não para; Rapsodia
Bohemia; Elvis; Elis; Hebe; Meu nome é Gal; Getúlio; Amadeus; Lincoln etc. E
por mais que admire o extraordinário trabalho dos atores que interpretam todas essas
celebridades saio insatisfeito do cinema, às vezes com o roteiro, a abordagem ou a falta dessa ou daquela peça que reputo
indispensável para registrar e entender as escolhas e a trajetória de vida do
focalizado. Por isso prefiro mesmo os documentários, nos quais não há excessiva
preocupação com o roteiro e construção de uma obra de ficção, nem há
rigorosamente compromisso com a verdade ou realidade, mas sim com a reprodução
de uma vida, aqui contada, pelo próprio artista, com a adição de relatórios, fotos e vídeos, materiais por ele
mesmo ou por familiares e amigos franqueados. Assim assisti ao documentário, Luiz
Melodia - No Coração do Brasil, dirigido por Alessandra Dorgan. que também assina o roteiro, em conjunto com Joaquim Castro. A jornalista Patrícia Palumbo é a
responsável pela irretocável direção musical e que trouxe para o longa a entrevista
que tinha feito com o cantor em 2001, para um livro. São 75 minutos dentro dos quais só vi pontos
positivos, quer na utilização do material disponibilizado em original,
incluindo os raros vídeos de infância e juventude do protagonista (sempre ele
próprio, sem retoques, nem simulação), como nos encontros musicais e de
gravação. Há efetivo foco na carreira do artista e menos na sua vida particular,
abordagem em excesso e dispensável como em Homem com H, embora a interpretação
de Jesuíta Barbosa, na pele, na voz
e na alma de Ney Matogrosso tenha sido fantástica. E não faltou nenhuma de suas canções autorais ou de interpretação
original. Pérola Negra, Magrelinha, Juventude Transviada, Negro Gato, Codinome
Beija-Flor, Estácio Holly Estácio. Polivalente o cantor desenvolveu a
carreira com liberdade de criação e escolha, compondo e cantando os mais
variados gêneros musicais, nunca cedendo às pressões de gravadoras ou daqueles
que insistiam em vê-lo unicamente como um sambista, pela simples razão de ser
negro, carioca, nascido e criado no
morro do São Carlos, ao lado da escola de samba Estácio de Sá. As letras de suas composições são verdadeiras
poesias da mais alta categoria. A presença, no papel deles próprios. dos cantores
Gal
Costa, Maria Bethania, Jars Macalé,
Caetano Veloso, Zezé Motta, Elza Soares, das atrizes Bruna Lombardi e
Fernanda Montenegro e do saudoso humorista e apresentador, Jô Soares, em
entrevista com o cantor no Programa do Jô, talk-show que foi exibido pela TV Globo durante mais de uma década, enriquece o roteiro e dá à obra
esse caráter de documentário, sem apelo à ficção ou ao enfoque desnecessário da vida privada de Melodia, fora da carreira. Gostei e indico.
Até mais amigos.

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