sábado, 25 de outubro de 2025

CINEMA NACIONAL - LUIZ MELODIA - NO CORAÇÃO DO BRASIL

 

Boa tarde amigos,


Confesso que não aprecio cinebiografias, a despeito do fato de que sou tentado a assistir todas as que envolvem os meus ídolos e gente que admiro.  Vi Piaf; Cazuza - O Tempo não para; Rapsodia Bohemia; Elvis; Elis; Hebe; Meu nome é Gal; Getúlio; Amadeus; Lincoln etc. E por mais que admire o extraordinário trabalho dos atores que interpretam todas essas celebridades  saio insatisfeito do cinema, às vezes com  o roteiro, a abordagem ou  a falta dessa ou daquela peça que reputo indispensável para registrar e entender as escolhas e a trajetória de vida do focalizado. Por isso prefiro mesmo os documentários, nos quais não há excessiva preocupação com o roteiro e construção de uma obra de ficção, nem há rigorosamente compromisso com a verdade ou realidade, mas sim com a reprodução de uma vida, aqui contada, pelo próprio artista, com a adição de relatórios, fotos e vídeos, materiais por ele mesmo ou por familiares e amigos franqueados. Assim assisti ao documentário, Luiz Melodia - No Coração do Brasil, dirigido por Alessandra Dorgan. que também assina o roteiro, em conjunto com Joaquim Castro.  A jornalista Patrícia Palumbo é a responsável pela irretocável direção musical e que trouxe para o longa a entrevista que tinha feito com o cantor em 2001, para um livro.  São 75 minutos dentro dos quais só vi pontos positivos, quer na utilização do material disponibilizado em original, incluindo os raros vídeos de infância e juventude do protagonista (sempre ele próprio, sem retoques, nem simulação), como nos encontros musicais e de gravação. Há efetivo foco na carreira do artista e menos na sua vida particular, abordagem em excesso e dispensável como em Homem com H, embora a interpretação de Jesuíta Barbosa, na pele, na voz e na alma de Ney Matogrosso tenha sido fantástica. E não faltou nenhuma de suas canções autorais ou de interpretação original. Pérola Negra, Magrelinha, Juventude Transviada, Negro Gato, Codinome Beija-Flor, Estácio Holly Estácio. Polivalente o cantor desenvolveu a carreira com liberdade de criação e escolha, compondo e cantando os mais variados gêneros musicais, nunca cedendo às pressões de gravadoras ou daqueles que insistiam em vê-lo unicamente como um sambista, pela simples razão de ser negro,  carioca, nascido e criado no morro do São Carlos, ao lado da escola de samba Estácio de Sá.  As letras de suas composições são verdadeiras poesias da mais alta categoria. A presença, no papel deles próprios. dos cantores Gal Costa, Maria Bethania, Jars Macalé,  Caetano Veloso, Zezé Motta, Elza Soares, das atrizes Bruna Lombardi e Fernanda Montenegro e do saudoso humorista e apresentador, Jô Soares, em entrevista com o cantor no Programa do Jô, talk-show que foi exibido pela TV  Globo durante mais de uma década,  enriquece o roteiro e dá à obra esse caráter de documentário, sem apelo à ficção ou ao enfoque desnecessário da vida privada  de Melodia, fora da carreira.  Gostei e indico.

 

Até mais amigos.



 

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