Boa noite amigos,
Aos 29 minutos da partida entre Palmeiras e Santos, pelas finais do Campeonato Paulista de 2.015, um lance polêmico: Cleiton Xavier lança a bola na ponta direita e, Robinho, adiantado, deixa a pelota
passar entre suas pernas, enquanto Lucas,
em posição normal, a recebe, cruza para a área, ali
encontrando Leandro Pereira, que
estufa a rede do Peixe: Palmeiras 1 a 0,
resultado que acabou sendo o escore final. Vi e revi o lance várias vezes na TV e pela
Internet, e não tenho dúvidas: Robinho,
impedido, participa da jogada e, portanto, deveria o árbitro sinalizar o impedimento,
invalidando o gol. Apesar disso, no momento em que assistia à partida, o
árbitro aposentado, agora comentarista de arbitragem da Rede Globo de Televisão, Sr. Leonardo Gaciba, instado a se
pronunciar a respeito da regularidade do gol, afirma o seguinte: Robinho estava impedido, mas desiste de
jogar e, portanto, o lance foi legal. Ou seja, segundo Gaciba, o atleta não participa do lance e não tem qualquer
influência na jogada, o que me parece absurdo. Claro que o chamado impedimento
passivo não deve ser assinalado, quando o atleta, distante do centro da disputa,
não joga, nem ajuda, nem atrapalha, não exercendo influência alguma no desenrolar do lance. Mas dizer que um atleta, no caminho da trajetória
da bola (mais próximo, aliás, do que qualquer outro), teria desistido de jogar, só porque não toca, e no caso propositadamente claro, na bola, é exercício de adivinhação. No caso, a bola passou pelo esperto Robinho. Ele
abriu as pernas para que ela pudesse chegar até Lucas, e se isso não é
participar da jogada, resta a conclusão de que, segundo o comentarista, o jogador só participa de um lance, quando toca a bola. Vi tantas vezes o
espetacular Garrincha jogar sem a
bola, que ficava ali paradinha, enquanto ele gingava para a esquerda, gingava para a
direita, e levava o seu marcador, como se com ele encenasse passos de uma dança. Uma beleza plástica. De
repente, saía com a pelota, livre, pela direita ou pela esquerda, ou dando uma “caneta”
ou um “lençol” no marcador. Mas, segundo Gaciba, nenhum dos dois estaria participando da jogada, enquanto a bola permanecesse ali,
paradinha, paradinha. Quantas vezes, vi Sócrates
abrir as longas pernas para que a bola chegasse até o centroavante Casagrande, naquele inesquecível time do Corinthians dos anos 80. Em
síntese, ao fazer um “corta luz”, o jogador
não participa da jogada? Esse esporte é mesmo apaixonante, justamente por
permitir diversas interpretações. Mas essa do Gaciba é de “cabo de
esquadra”, como diria o meu saudoso pai.
Até mais amigos,
P.S. (1) “Diz-se no Brasil e em Portugal: “essa é de cabo de
esquadra”, quando alguém apresenta um argumento estúpido, ilógico ou
inadequado ao que está em discussão. Na época do Brasil Colônia, o cabo de
esquadra era o militar que comandava uma esquadra – grupo mínimo de soldados
numa tropa. Embora geralmente ignorantes, originários da zona rural,
destacavam-se pela presunção de sabedoria e autoridade” (http://www.tjrs.jus.br/export/poder_judiciario/historia/memorial_do_poder_judiciario/memorial_judiciario_gaucho/revista_justica_e_historia/issn_1677-065x/v10n19n20/O_DIREITO.pdf)
.
P.S.
(2) Rivaldo também não participou da
jogada do segundo gol do Brasil contra
a Alemanha, marcado pelo Fenômeno, na final da Copa do Mundo de 2.002? Lembram-se: Foi o "corta-luz" mais bonito e eficiente que se viu
naquela Copa do Mundo.
P.S.
(3) A imagem da coluna de hoje é de um “corta luz” triplo e foi emprestada de ferozesfc.com.br
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