sábado, 26 de março de 2016

BRASIL E URUGUAI - EMPATE NAS ELIMINATÓRIAS DA COPA DA RÚSSIA

Boa noite amigos,

Cavani - atleta do Paris San Germain da França e da Seleção 
Uruguaia, autor de um dos gols na partida de hoje. Imagem
emprestada de www.mercadofutebol.com.
Logo depois da goleada que o Brasil sofreu para a Alemanha na Copa de 2.014, seguida de outra para a Holanda, pelo terceiro lugar, afirmei nesta coluna, que um dos problemas daquela seleção era, sem dúvida, não ter disputado as Eliminatórias, circunstância que teria permitido não só buscar o necessário melhor entrosamento da equipe pela obrigação de obter a vaga, o  que ela não mostrou em nenhuma das partidas, como também, com a serenidade necessária, detectar os seus profundos defeitos, que acabaram sendo escamoteados com a ilusória vitória de 3 a 0 sobre a sonolenta e desinteressada  campeã do mundo, a seleção espanhola,  e o título simbólico da Copa das Confederações um ano antes. Dormimos em berço esplêndido. A Copa estava no papo. Ainda mais sendo no Brasil. Já se vaticinava o resgate do sentimento nacional depois da catástrofe da Copa de 50, no Maracanã. Pois bem, depois da humilhação, voltamos à realidade, assumindo a necessidade de um recomeço, com a troca da Comissão Técnica e a disputa das Eliminatórias para a Copa de 2.018, que agora a noite concluiu a 5ª. rodada. Jogando na Arena Pernambuco, com o maciço apoio dos fanáticos torcedores pernambucanos, a seleção canarinho, depois de estar vencendo pelo placar de 2 a 0, permitiu o empate do Uruguai  e sofreu bastante para não sair de campo com uma derrota, de virada, pelo placar de 3 a 2, o que seria justo. Mas estamos longe do final das eliminatórias que prevê ainda mais 13 das 18 partidas para cada uma das seleções. E, melhor do que se esperava, a seleção brasileira, com 08 pontos em 15 disputados, encontra-se em posição mediana, em 3º lugar, com a mesma pontuação que o Paraguai, que se mantém em 4º, por causa do critério de saldo de gols (3 contra 1). Nada mal, mas também não dá para achar que tudo está bem. A equipe carece claramente de uma liderança em campo, capaz de botar “ordem na casa”, nos momentos em que a produção cai durante o jogo, toma um ou mais gols, ou que o adversário passa a exercer forte pressão. Um “xerifão que saiba “ler o jogo”, como dizem os especialistas; que possa se impor e seja respeitado pelos companheiros, uma função que o hoje técnico Dunga executou, como atleta,  com sucesso, na vitoriosa seleção de 94, que conquistou o tetracampeonato nos Estados Unidos. Há outras deficiências.  Neymar,  nosso único jogador considerado fora de série há tempos vem jogando abaixo de suas condições reais, evidenciando a mais absoluta falta de equilíbrio emocional. Se isso decorre ou não dos problemas que vem enfrentando com a justiça espanhola, por causa da transferência para o Barcelona, ou não, é questão pessoal que transcende a análise esportiva. O fato é que um atleta pode passar por delicada situação, seja familiar, seja decorrente de doença, de ordem financeira, pessoal, emocional, como qualquer ser humano que é. No caso da seleção brasileira é preciso que ela se liberte da dependência seja desse atleta, seja de qualquer outro considerado individualmente. Se se pode contar com ele em boas condições, ótimo. Se não, é preciso ter plano B, como em tudo na vida. 

Jonas centroavante da Seleção Brasileira e atleta do Benfica
de Portugal. Imagam emprestada de www.maisfutebol.iol.pt. 
Neymar em campo, além de não estar rendendo o que dele é lícito esperar, pode (uso o verbo no condicional por se tratar de hipótese) estar afetando o equilíbrio emocional de toda a equipe, que vê nele o padrão, a perfeição esperada. Em cinco rodadas, Neymar jogou três jogos e já está suspenso para o jogo de quarta-feira próxima, contra o Paraguai, em Assunção. Ou seja, jogará três de seis jogos, apenas metade, por causa de cartões vermelhos e amarelos que recebeu em razão de violação de regras esportivas. Há pontos positivos, sem dúvida. William continua sendo o nosso melhor jogador nestas eliminatórias, demonstrando raça e velocidade, exercendo, não raro, a função de um ponta direita que vai à linha de fundo com facilidade e alça a bola  para seus companheiros na área adversária, uma das mais eficientes jogadas para neutralizar a retranca de adversários, sobretudo quando jogam por  aqui. Renato Augusto vem se firmando como um meia  atacante competente que tem boa visão do campo de jogo,  sabe girar no meio de campo, e criar boas situações de ataque, além de às vezes surgir em boas condições de concluir a gol, com oportunismo de centroavante. Mas a dupla de zaga está devendo e precisa ser cobrada ou incomodada. David Luiz hoje fez uma péssima partida. Lento e perdendo o tempo da bola, foi diretamente responsável pelos dois gols uruguaios e  não fosse uma grande defesa à queima roupa do goleiro Alisson, numa bola por ele recuada nos pés do oportunista Suarez, teria decretado a derrota da seleção brasileira, por um placar de virada. Nada disso desmerece o desempenho da boa seleção do Uruguai, uma das melhores dos últimos tempos e que não se entregou, nem se desesperou em nenhum momento da peleja, mesmo sofrendo dois gols, um deles a menos de um minuto de jogo. Destaque para o ataque com Cavani e Suarez, justamente os autores dos dois gols da Celeste. Vamos ver o que acontece quarta-feira próxima em Assunção, quando a seleção jogará fora de casa, contra uma equipe bem entrosada e sem Neymar, mas possivelmente com um centroavante de referência, Ricardo Oliveira ou Jonas, que poderá estrear.


Até mais amigos,


P.S.  Jonas começou a carreira nos juniores do Guarani Futebol Clube. Depois de grande destaque na categoria sub-20 do Bugre, estreou como profissional, no Guarani, aos 20 anos em 2.003. Foi um dos artilheiros da Série B de 2.005, com 12 gols, destacando-se ainda na Copa do Brasil e no Campeonato Paulista. Foi transferido para o Santos e jogou ainda no Grêmio, antes de seguir para o exterior. Jogou no Valença da Espanha e atualmente é jogador do Benfica de Portugal e o atual artilheiro europeu.  Pode fazer sua estréia pela seleção brasileira na próxima quarta-feira;

quarta-feira, 23 de março de 2016

CINEMA: O JUIZ (THE JUDGE)

Boa noite amigos,

Uma parte da crítica achou muitos defeitos e fala de abuso no uso de clichês. O cinéfilo comum gostou. E muito! Prova de uma e de outra afirmação pode-se conferir na avaliação de um blog especializado em sétima arte e  em reunir críticas e atribuir conceitos em forma de estrelas de 0 a 5, entre internautas, público em geral e avaliação dos especialistas feitas nos principais veículos de imprensa. Particularmente fiquei bem impressionado com o roteiro adaptado e com o andamento do drama, cujo desfecho não me pareceu tão previsível quanto possa parecer, embora não seja mais novidade a exploração do gênero drama/policial, com ênfase para debates travados em tribunais criminais e a estratégia de promotores e advogados, para vencer a causa.  Há bons filmes a esse respeito como 12 Homens e uma Sentença (1957) e O Advogado do Diabo (1.997), para citar dois. Com competente direção de David Dobkin, o drama, um roteiro adaptado do livro do mesmo nome do consagrado escritor, John Gusham, especialista em dramas forenses e familiares, conta a história do velho Juiz Joseph Palmer (numa magistral interpretação do veterano Robert Duvall), que, depois de mais de 45 anos de uma judicatura da qual se orgulha, é acusado de ter cometido homicídio, na mesma noite em que enviuvou, e o difícil e traumático relacionamento dele  com um de seus três filhos, justamente o advogado Hans Palmer (Robert Downey Junior), que se afastou da família durante anos e que agora retorna para o velório da mãe e vê o pai ser acusado de um crime que ele duvida possa ele ter cometido. Cioso de sua qualidade profissional e disposto a defender o pai,  vê-se tolhido, porém,  pela negativa deste em contratá-lo, preferindo atribuir a sua defesa a um jovem e inexperiente advogado. As cenas passadas no Tribunal, porém, não constituem a essência do longa, que mais se concentra na problemática de uma família dilacerada pelos desencontros do passado e no esforço de cada um de seus membros para restabelecer o elo perdido, buscando o resgate das raízes afetivas, para o que não se dispensa o exercício de catarse, que envolve necessariamente admissão de culpas e concessão de  perdões. Não se trata de um filme sensacional, mas sem dúvida é um filme bom, muito bom, daqueles que vale a pena assistir e se emocionar se puder. Há cenas, diálogos e interpretações suficientes para isso.

Até amanhã amigos.
  
P.S. (1) O diretor e roteirista David Dobkin tem em sua filmografia duas comédias que fizeram muito sucesso no Brasil: Bater ou Correr em Londres (Shanghai Knigths, no original americano), de 2.003 e Penetras Bons de Bico (Wedding Crashers, no original), de 2.005, este o seu maior sucesso de bilheteria em todo o mundo;

P.S. (2) Dentre os especialistas que consideraram o filme O Juiz como um filme de  médio para bom está o conhecido comentarista de cinema, Rubens Ewald Filho (3 estrelas),  e de bom para ótimo,  o jornal a Folha de São Paulo  (4 estrelas);

P.S. (3) O cinqüentão Robert Downey Junior é um dos queridinhos de Hollywood e nosso velho conhecido por ser expert em protagonismos de heróis e famosos.  Foi, dentre outros, o Hulk, de O Incrível Hulk (2.008), o Sherlock Holmes do filme do mesmo nome (2.009), o Homem de Ferro na trilogia Iron Man 1 (2.007), 2 (2.010) e 3 (2.013). E vem aí o Capitão América: Guerra Civil, de 2.016;

P.S. (4) Robert Duvall é um veterano ator de cinema e televisão, com 85 anos de idade, nascido em San Diego, na California e que foi indicado, em 2.015, para o Oscar,  na categoria de melhor ator coadjuvante por sua atuação como o Juiz Joseph Palmer em The Judge, mas não venceu. Ganhou porém o Oscar de Melhor Ator em 1.984, por sua atuação em Tender Mercies, um delicado filme de 1.983, que no Brasil recebeu o título de A Força do Carinho. É detentor ainda de quatro troféus do Globo de Ouro e de outros prêmios importantes do cinema e televisão americanos e estrangeiros;


P.S. (5) a imagem da coluna de hoje foi emprestada do blog animação.com., do jovem Henrique Rizatto, especializado em comentário sobre cinema e eventos culturais.