Boa noite amigos,
A unificação dos títulos
promovida pela CBF é medida politiqueira, feita para atender interesses e pressão de alguns clubes e dirigentes. Não
reflete, todavia, o que deveria: separar títulos de campeonatos nacionais de outros
referentes a simples copas ou torneios. Um campeonato é uma competição de que
participam todos os clubes de uma
divisão (primeira, segunda, terceira, etc.), com ascensões e rebaixamentos, dentro das séries. Do ponto de vista ideal é que todos joguem contra
todos para que se chegue ao campeão, aquele clube que acumulou mais pontos,
numa competição de pontos corridos, sem os artifícios de classificações por
chaves, classificações para oitavas, quartas, etc. e outros critérios
mirabolantes. Mesmo utilizando alguns desses artifícios, em verdade, só tivemos
no Brasil um campeonato verdadeiramente nacional, a partir de 1.971. Uma Copa
ou Taça jamais corresponde a um campeonato, a começar pelo fato de que seus
participantes são convidados, ou, ainda que definidos por algum critério
técnico, dela não participam todos os clubes de uma divisão. Podem, inclusive,
reunir clubes de várias divisões, como é o
caso da Copa do Brasil. As copas e torneios são disputados, em regras, por meio de eliminatórias (os chamados
mata-mata), antecipadas por fases de grupos. E o mais importante: mesmo o campeão,
que participa do maior número de jogos, disputa poucas partidas e não enfrenta
todos os adversários. São competições, como se costuma chamar entre os cronistas
esportivos “de tiro curto”.
Daí ocorrer nesse tipo de competição, não raro, um campeão que, simultaneamente
participando do campeonato brasileiro,
encontrar-se neste na chamada zona do rebaixamento; ou sequer estar disputando
qualquer das divisões do campeonato brasileiro. Nada contra as copas ou
torneios. A Copa do Brasil, inclusive, é muito interessante e pode ser mesmo
considerado o torneio mais democrático que temos, pois envolve clubes do
Oiapoque ao Chuí deste vasto pais-território,de todas ou de nenhuma divisão
oficial, capaz também de levar ao mais singelo município brasileiro (e com ele
toda uma mídia, incluindo TV e Internet), um Flamengo, um Corinthians, um
Internacional, ou outro grande clube, estabelecendo confrontos que jamais
aconteceriam numa competição estratificada como é o campeonato brasileiro das
quatro divisões.
No Brasil, antes de 1.971 tivemos muitos torneios ou copas que
a imprensa chamou de campeonato apenas no objetivo de atrair ouvintes,
leitores e espectadores da época. Não eram. Nunca foram. Eram os casos do Roberto Nunes Pedrosa e da Taça Brasil, cujos títulos foram considerados para a propalada unificação. Por isso essa
unificação de títulos é um engano e um engôdo. Que me desculpem os
palmeirenses, santistas e cruzeirenses, beneficiados com esse critério.
Até mais amigos,
P.S. (1) Atualmente o campeão brasileiro disputa 38 jogos, desde a época
dos pontos corridos, a partir do campeonato de
2.003. Nem sempre foi assim. Em
1.989, o Vasco da Gama foi campeão disputando 19 partidas, ainda assim um
número mais significativo do que as 4 partidas que o Santos disputou quando
tornou-se campeão, duas vezes, da antiga Taça Brasil, porque o representante de
São Paulo e do Rio de Janeiro só entravam na competição em fase mais adiantada;
P.S. (2) Em 1.978, o Guarani Futebol Clube tornou-se campeão brasileiro
num campeonato que começou com 74
clubes, com fases de classificação, oitavas, quartas, semifinal e final. Disputou
32 jogos, nos quais somou 54 pontos. O Palmeiras, vice-campeão, disputou o
mesmo número de jogos (32), mas somou apenas 44 pontos. Já o Internacional (3º
lugar), eliminado nas semifinais, fez 31
jogos e somou 53 pontos, nove a mais que a equipe do Palestra Itália;
P.S. (3) A Copa do Mundo é copa, torneio, portanto, e não campeonato. A
Alemanha foi a última campeã, na Copa do Mundo de 2.014 realizada no Brasil,
fazendo apenas 6 (seis) jogos. O Uruguai,
país sede da Copa do Mundo de 1.930, foi
campeão jogando apenas 4 vezes. A Taça
Libertadores da América, o mais importante torneio sul-americano pode ser
conquistada, atualmente, em 14 jogos, sendo 6 na fase de grupos, outras 6
nas 3 fases eliminatórias e mais 2 partidas na fase final;
P.S. (4) Com a unificação
dos títulos o Palmeiras e o Santos tornaram-se os maiores colecionadores, com
oito láureas cada. Antes, o Palmeiras
tinha cinco títulos (1.972, 1.973, 1.993 e 1.994). A eles se somaram as conquistas
de 1.960, 1.967 e 1.969 da Taça Brasil. O Santos, campeão em 2.002 e 2.004 uniu
a estes os títulos de 1.961, 1.962,
1.963, 1.964, 1.965, 1.968, totalizando, os oito. Bahia (1.959), Botafogo
(1.968) e Cruzeiro (1.966), foram os outros clubes beneficiados com a
unificação. O Bahia tinha 1 título (1.988) e ficou com 2; o Botafogo também 1
(1.995) e ficou com 2.O Cruzeiro tinha 3 (2.003, 2.013 e 2.014) e ficou com 4,
com a conquista de 1.966.
P.S. (5) As imagens do hoje são: a) do Santos de 1.962, que foi cinco vezes campeão da Taça Brasil, numa impressionante hegemonia que o levou ao pentacampeonato da Taça Brasil naquela década; b) do Guarani de 1.978, com muitos destaques, dentre os quais Zenon, Renato e principalmente o jovem Careca, que foi centroavante da Seleção Brasileira nas copas de 1.982 e 1.986; c) do fantástico time do Flamengo, campeão brasileiro de 1.980, seguramente o melhor time que o clube da Gávea já montou na sua história (Zico, Andrade, Junior etc.). Imagens emprestadas, respectivamente, de www.imortaisdofutebol.com., jornal diário do povo de Campinas e crflamengo.net.
Querido Tio Jamil,
ResponderExcluirPra quem não tem nada, metade é o dobro!
Pra mim torneio é Copa do Mundo!!! rsrsrsrs
Bjão