Queridos amigos:
Fachada em estilo chines do Bataclan no centro de Paris, -
antes do atentado. Imagem emprestada de www.vermelho
org.br.
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UM....
“Mas é claro que
o sol, vai voltar amanhã, mais uma vez eu sei, escuridão já vi pior, de
endoidecer gente sã. Espera que o sol já vem.” Os versos do nosso saudoso Renato Russo, lembram, é claro, que apesar de todo o obscurantismo,
de toda a violência dos homens contra os homens, de todo fanatismo, do terror e da injustiça que marca
e mancha a história da humanidade, a vida sempre continua. À escuridão da noite,
segue-se indefectivelmente nova aurora da manhã, apesar de todos e quaisquer pesares.[1] E
prevalece a lei da continuidade da vida
que nenhum dos apocalipses sustentados por seitas e religiões foram capazes, ainda, de revogar. Permanece
recente em nossa memória o episódio de terrorismo que sacudiu a boate Bataclan, em Paris, há um ano. Um atentado que vitimou 130 pessoas, cuja autoria
foi reivindicada pelo temível Estado
Islâmico. O sangue de inocentes que ali, na noite mágica da cidade-luz,
buscavam a alegria do encontro na arte da música e da dança, escorreu impiedosamente
pelos cantos da belíssima arquitetura chinesa da centenária casa de espetáculo
e pelas calçadas da Boulevard Voltaire,
no centro da capital da França.
Reformada, a casa reabriu com um espetáculo do cantor inglês, Sting, cuja renda integral será
revertida para as famílias das vítimas. A partir da meia-noite de hoje, dia 13,
a casa permanecerá fechada por 24 horas, num dia de luto, em memória dos
inocentes vitimados na tragédia. Todas as mensagens de artistas e pessoas
ilustres, assim como de anônimos frequentadores do café-teatro, se abriam em
duas vertentes: de um lado a homenagem às vítimas e palavras de consolo aos
seus familiares; de outro, a lembrança de que a melhor maneira de homenageá-las
era a reabertura da casa, depois de reformada, resistindo assim ao brutal ato
de barbárie, como tributo à cultura, à arte, ao entendimento humano e ao
encontro que o estabelecimento representava em Paris, o centro da democracia,
da liberdade e fraternidade entre os homens, bandeiras do iluminismo que ali
floresceu.
A atriz Andreia Horta caracterizada para
viver na tela a cantora Elis Regina. Imagem
emprestada de O DIa.com.br.
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Está concluído o
filme ELIS, que retrata a vida e a
carreira da Pimentinha, a mais
importante cantora brasileira de todos os tempos, morta aos 36 anos de idade,
em 1.982. A atriz Andreia Horta
ganhou o papel da protagonista e ficou extremamente sensibilizada com o convite
e a oportunidade de representar a artista que foi sua inspiração nos tempos de juventude. A atriz
se parece com a cantora, especialmente naquele sorriso largo que deixa
transparecer parcela das gengivas superiores e procurou cortar os cabelos como
os de Elis, nos vários momentos de
sua carreira. A voz inigualável da estrela é mesmo de Elis, mas Andreia teve
que treinar muito a voz para cantar junto, dublando com o máximo de realismo
para dar autenticidade às cenas. Agora é esperar. Os ardorosos fãs da cantora,
assim como toda a crítica especializada esperavam ansiosamente pelo
preenchimento dessa lacuna na sétima arte nacional. Afinal, Vinícius, Tom Jobim, Chico, Bethânia, Zezé
de Camargo e Luciano, Cazuza, Renato Russo, Paulinho da Viola e outros tantos já tiveram suas
vidas contadas na telona. Espero que o filme faça jus à competência e
importância de Elis para a música
brasileira e internacional.
Até mais amigos.
[1] Nos
anos 70, numa noite de melancolia, escrevi uma breve poesia que chamei de Suicídio. Um grande amigo muito jovem
tinha se ido. Não suportara a pressão que os fatos da vida exerciam sobre
a sua sensível natureza. Sua morte,
incompreensível para mim, me causara profunda comoção e revolta. Revolta contra
o sol que nascera brilhante no dia subsequente. O poema dizia assim: “Era
um instante, uma estante, estática. Era um lamento, um momento, um laço. No
meio da noite, corpo morno, morto, esboço inacabado. E o dia nasceu
impiedoso... Como se não tivesse acontecido nada.”
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