segunda-feira, 14 de novembro de 2016

E A VIDA CONTINUA... A REABERTURA DO BATACLAN EM PARIS. E ELIS, O FILME, VEM AÍ.



Queridos amigos:

Fachada em estilo chines do Bataclan no centro de Paris, -
antes do atentado. Imagem emprestada de www.vermelho
org.br.
UM....

“Mas é claro que o sol, vai voltar amanhã, mais uma vez eu sei, escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã. Espera que o sol já vem.”  Os versos do nosso saudoso Renato Russo, lembram, é claro, que apesar de todo o obscurantismo, de toda a violência dos homens contra os homens, de  todo fanatismo, do terror e da injustiça que marca e mancha a história da humanidade, a vida sempre continua. À escuridão da noite, segue-se indefectivelmente nova aurora da manhã, apesar de todos e quaisquer pesares.[1] E prevalece  a lei da continuidade da vida que nenhum dos apocalipses sustentados por seitas e  religiões foram capazes, ainda, de revogar. Permanece recente em nossa memória o episódio de terrorismo que sacudiu a boate Bataclan, em Paris, há um ano. Um atentado que vitimou 130 pessoas, cuja autoria foi reivindicada pelo temível Estado Islâmico. O sangue de inocentes que ali, na noite mágica da cidade-luz, buscavam a alegria do encontro na arte da música e da dança, escorreu impiedosamente pelos cantos da belíssima arquitetura chinesa da centenária casa de espetáculo e pelas calçadas da Boulevard Voltaire, no centro da capital da França. Reformada, a casa reabriu com um espetáculo do cantor inglês, Sting, cuja renda integral será revertida para as famílias das vítimas. A partir da meia-noite de hoje, dia 13, a casa permanecerá fechada por 24 horas, num dia de luto, em memória dos inocentes vitimados na tragédia. Todas as mensagens de artistas e pessoas ilustres, assim como de anônimos frequentadores do café-teatro, se abriam em duas vertentes: de um lado a homenagem às vítimas e palavras de consolo aos seus familiares; de outro, a lembrança de que a melhor maneira de homenageá-las era a reabertura da casa, depois de reformada, resistindo assim ao brutal ato de barbárie, como tributo à cultura, à arte, ao entendimento humano e ao encontro que o estabelecimento representava em Paris, o centro da democracia, da liberdade e fraternidade entre os homens, bandeiras do iluminismo que ali floresceu.


A atriz Andreia Horta caracterizada para 
viver na tela a cantora Elis Regina. Imagem
emprestada de O DIa.com.br.
DOIS....

Está concluído o filme ELIS, que retrata a vida e a carreira da Pimentinha, a mais importante cantora brasileira de todos os tempos, morta aos 36 anos de idade, em 1.982. A atriz Andreia Horta ganhou o papel da protagonista e ficou extremamente sensibilizada com o convite e a oportunidade de representar a artista que foi sua  inspiração nos tempos de juventude. A atriz se parece com a cantora, especialmente naquele sorriso largo que deixa transparecer parcela das gengivas superiores e procurou cortar os cabelos como os de Elis, nos vários momentos de sua carreira. A voz inigualável da estrela é mesmo de Elis, mas Andreia teve que treinar muito a voz para cantar junto, dublando com o máximo de realismo para dar autenticidade às cenas. Agora é esperar. Os ardorosos fãs da cantora, assim como toda a crítica especializada esperavam ansiosamente pelo preenchimento dessa lacuna na sétima arte nacional. Afinal, Vinícius, Tom Jobim, Chico, Bethânia, Zezé de Camargo e Luciano,  Cazuza, Renato Russo, Paulinho da Viola e outros tantos já tiveram suas vidas contadas na telona. Espero que o filme faça jus à competência e importância de Elis para a música brasileira e internacional.


Até mais amigos.








[1]  Nos anos 70, numa noite de melancolia, escrevi uma breve poesia que chamei de Suicídio. Um grande amigo muito jovem tinha se ido. Não suportara a pressão que os fatos da vida exerciam sobre a  sua sensível natureza. Sua morte, incompreensível para mim, me causara profunda comoção e revolta. Revolta contra o sol que nascera brilhante no dia subsequente. O poema dizia assim:  “Era um instante, uma estante, estática. Era um lamento, um momento, um laço. No meio da noite, corpo morno, morto, esboço inacabado. E o dia nasceu impiedoso... Como se não tivesse acontecido nada.”

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