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Do lado esquerdo a atriz Andrea Horta, na pele da Pimentinha.
Do lado direito, Elis Regina, capa de um de seus famosos -
discos. Imagem emprestada de Veja S.A. - Abril.com.
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Escrevo de
Orlando, nos
Estados Unidos, onde me encontro de férias, pedindo desculpas pela falta de todas as acentuações na postagem de hoje - talvez também as próximas - pela utilização de computador americano e um teclado que desconhece cê cedilha e acentuação ignorada pela língua inglesa. Vai lá uma avaliação pessoal de quem pouco entende tecnicamente de cinema e de outras tantas coisas nesta vida. Fala o ardoroso fã da saudosa cantora e do filme
Elis, que vi na véspera de minha viagem de férias. Gostei e recomendo. Vão lá algumas considerações que acredito possam ser úteis na avaliação dos amigos interessados: "Parece que faltou algo. A gente sai do cinema com o gosto de
"quero mais". Faltou
Milton, faltou
Gil, dois dos grandes compositores, cujas obras estariam inacabadas, ou talvez, sem o mesmo brilho, se desassociadas da
Pimentinha. Sacrificar, por isso ou por aquilo, o diretor, como fazem alguns críticos, reclamando da falta de profundidade, da excessiva linearidade na narrativa dos fatos que, por isso mesmo, teriam constituído, no conjunto da obra, relato inverossímil da intensidade e relevância de cada acontecimento na carreira e na vida da cantora? Vou defendê-lo, usando o seu argumento, que ouvi numa reportagem: - como fazer a edição em uma história rica e relevante, em apenas duas horas? Bem, em
"A Dama de Ferro", suposta cinebiografia, o roteiro ignora toda a trajetória politica de
Margareth Tatcher, vista esta na pele e interpretação da soberba
Mary Streep, para focalizar uma anciã, no ostracismo, dialogando sobre coisas domésticas, com o marido falecido. E o que dizer de
Invictus, uma visão da vida do grande
Mandela, vista sob a ótica exclusiva de uma equipe de rugby, que precisa ser campeã para resgatar a auto-estima do povo sul-africano?; de
Getúlio, apenas na última semana de governo e de vida, e especialmente, de
Lincoln, ganhador do
Oscar de Melhor Filme, metido numa jogada politica para lograr aprovar, no Legislativo, o projeto que acaba com a escravidão nos
Estados Unidos. Bem, se ficam algumas queixas e eventuais omissões, sobram elogios para a magnifica intepretação de
Andrea Horta, certamente o ponto mais alto da película, a justificar, só por isso, tanto o filme, quanto o ingresso que se paga para vê-lo. A jovem atriz se revela perfeita na imitação, desde detalhes, como o simples gesto de segurar o copo de whisky ou levantar o braço direito portando o indefectível cigarro aceso, às caras e bocas próprias da identidade da cantora e que marcaram a sua forte presença cênica e fama de grande intérprete-atriz, ao lado de seu potencial indiscutível de voz, considerada, por isso mesmo, a maior cantora do
Brasil, um dos epítetos pouco contestados, mesmo por aqueles que não gostavam dela. Há também emoção sim, a despeito da propalada linearidade, sobretudo quando surgem as canções na voz da própria
Elis e no corpo e gestual de
Andrea. Uma junção que deu liga e harmonia e que, por isso mesmo, reproduz com muita fidelidade e emociona. Não dá para ouvir parado.
De Arrastão, do Festival da Canção, a Madalena, cantada para os militares por imposição do regime, ao Bêbado e a Equilibrista, que resgata a amizade de Elis com Henfil, depois do episodio em que ela acabou enterrada pelo
Pasquim, tudo é feito com delicadeza, por certo infiel em relação à realidade, mas que dá ao filme, a concessão de tom necessária à ficção de obra de arte. Longe da perfeição reclamada pelos rigorosos críticos de cinema e da exigência de seus fanáticos fãs, o filme
"Elis" deve ser saudado como um bom e relevante documentário parcial da vida e obra de
Elis Regina Carvalho Costa, uma cantora brasileira, que cantou e encantou milhões de pessoas e levou, com o seu canto, o lamento, o protesto, o amor, o sofrimento e a alegria de músicos e compositores. E especialmente dela e do povo que ouviu e ouve as suas canções, e rendeu e rende homenagem à sua arte peculiar na explosão de manifestação, como peculiar, explosiva e visceral era ela."
Até mais amigos.
P.S. (1) Aos amigos e leitores revelo que no dia de hoje (06/01/2017), de volta ao meu velho computador, editei a coluna com a colocação dos acentos e cê cedilhas faltantes, daí a impertinência, de quem for ler doravante, da observação feita no começo da postagem original.
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