Boa noite amigos,
Cena do filme focalizando o professor Emad e sua mulher,
a atriz Rana, no drama, fiel representante do cinema exis-
tencialista do Irã.
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O Apartamento, nome no
Brasil do bom filme, Foushande, do
diretor, Asghar Farhadi, que conquistou, com méritos, o Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro em 2.017, é um legítimo representante do cinema iraniano moderno. Trata-se de um cinema maduro e denso, com memoráveis exemplares, tais como, Um Instante de Inocência (1.996), Close Up
(1.990), Gosto de Cereja (1.997), Cópia
Fiel (2.010), e mais recentemente, A Separação (2.011), do próprio Asghar. O
drama vivido por Emad Elesami (Shahab Hossein) , um professor de literatura e
ator de teatro e sua mulher, a atriz
Rana Elesami (Taraneh Alidoosti), vítima de agressão e estupro, arrebata o espectador, transmitindo, com
intensidade, sensações de ódio, medo,
trauma, insegurança, suspense, emoção e
os valores do perdão e generosidade, ou ainda, de sua impossibilidade, alimentada pela força
de uma cultura de machismo e, sobretudo, de discriminação da mulher, para além da questão
religiosa. Mas essas sensações, como sóe acontecer em outros clássicos do
cinema do Irã, não são comuns. A interpretação dos atores, os cenários, o jogo
de câmeras, as questões sutis e subliminares que surgem nos longos períodos de
silêncio e solidão dos personagens tornam tudo muito particular, específico e
superior. E o mais importante: verossímil, a ponto do espectador imaginar que
tudo está acontecendo ali, entre pessoas conhecidas, no prédio vizinho ou na
esquina de sua casa, talvez. A universalidade dos temas explorados e o comum dos sentimentos, reduz a distância
entre Oriente e Ocidente, tão
distintos, e na briga entre valores abandonados pelo imediatismo do mundo da
pós-modernidade. E é justamente essa
verossimilhança que faz a diferença de outro ou outros roteiros iguais ou
similares. O dilema entre a impunidade
ao estuprador e a denúncia pública do estupro, a censura pública, a dúvida, o
ciúme, o perdão, tudo isso se mistura e se dosa bem no jeito de fazer cinema existencialista desse talentoso cineasta iraniano. Não deixe de ver.
Até breve amigos.
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