segunda-feira, 25 de setembro de 2017

MORRE BOZÓ - TORCEDOR SÍMBOLO DO BUGRE

Boa noite amigos,

Bozó nos últimos tempos em foto do site oficial  Guarani Fu-
tebol Clube
Volto a escrever para o blog depois de exatos dois meses. E o faço nesta segunda-feira, longe de Campinas, para falar de uma pessoa muito querida dos campineiros e dos bugrinos, em especial. Nas primeiras horas desta manhã, meu sobrinho Silvano, sempre bem informado, me comunicou o falecimento de José Carlos Roque de Oliveira (quem?), conhecido  como Bozó (assim eu sei), um dos torcedores-símbolo do Guarani Futebol Clube, conhecido em toda a cidade. Sem idade confirmada (dizem que os mágicos não contam idade, pois são atemporais), Bozó era o retrato da alegria e da paixão pelo futebol e pelo  seu clube de coração. Uma paixão que se manifestava com leveza e mansidão, com respeito às divergências, sem que dele ou contra ele se tenha notícia de qualquer episódio de violência. Por isso era bem recebido e respeitado por todos os torcedores e cidadãos, indistintamente. Sua alcunha não vinha, como seria natural, daquele famoso ponta esquerda campeão brasileiro de 1.978, e que formava o badalado trio de  atacantes  com Capitão e Careca, ao lado de Renato e Zenon.


Imagem emprestada de R7 Diversões. O ator Vlademir Brich

ta, à esquerda, vivendo o protagonista, Arlindo Barreto, em

Bozo - O Rei das Manhãs, filme brasileiro indicado para

representar o Brasil no Oscar 2.018.
Nem decorre de um variação de "Bozo" (paroxítona com acento tônico na penúltima sílaba e não na última), palhaço que marcou a arte circense de muitas gerações e que tem até filme em cartaz, indicado como representante do Brasil no Oscar 2.018. O Bozó veio mesmo do personagem de Chico Anysio, gago e dentuço, com quem o nosso era parecido, que  propalava prestígio por trabalhar na Globo, para azarar  as gatinhas de plantão. Sempre animado, Bozó menos famoso comandava os torcedores no Brinco de Ouro, dando ritmo aos Olas,  nos grandes jogos e viu o clube, depois do apogeu dos anos 70/80, mergulhar em crise permanente e profunda, com rebaixamentos seguidos em todos os campeonatos dos quais participava, perdendo a gloriosa 13ª. colocação no ranking do futebol brasileiro.


O personagem Bozó, imortalizado por Chico Anysio. Imagem

emprestada de Diário gaúcho.com.
Essa vertiginosa queda de prestígio e de posição,  não foi motivo suficiente para abalar  sua paixão. Ao contrário, seguia o time na 2ª. e 3ª. divisões do Paulista e Brasileiro,  com o mesmo entusiasmo e otimismo do passado.


imagem recente do jogador Bozó, campeão brasileiro pelo -
Guarani Futebol Clube em 1.978. Foto emprestada de ter-

ceiro tempo. uol.
Nos últimos anos Bozó já não esbanjava a vitalidade da juventude. Muito mais gordo, tentava driblar algumas doenças sérias. No dia do jogo do Guarani com o Internacional pelo campeonato da série B deste ano, sofreu um infarto, que ontem se repetiu. Desta vez, o coração levou Bozó para sempre. E por certo com ele um pouco da pureza do torcedor símbolo que afirmava, a cada momento da vida e em todos os lugares por onde passava,  a sua paixão incondicional pela equipe de seu coração, vestindo a camisa verde e branca com o G no centro e duas estrelas laterais, a qual exibia com orgulho, mas sem arrogância. Fica o exemplo de uma pessoa doce, cordata, simples e que, por isso mesmo, simbolizava a alegria do futebol, esse esporte que é paixão nacional, embora muitas vezes lamentavelmente seja o pretexto para  discórdias, violências e mortes. Hoje o Brinco de Ouro amanheceu mais triste, pobre  e vazio. Descanse em paz caríssimo Bozó. E que Deus o proteja e conforte sua família e amigos, os muitos que fez por aí nesse nosso mundinho de passagem.

Até amanhã amigos.
  


P.S. (1) O Guarani Futebol Clube, no seu site oficial, lamentou a morte de seu torcedor símbolo, ressaltando a sua importância para a história do clube e deve a ele prestar homenagens justas nos próximos jogos e eventos;

P.S. (2)  Conversei pela última vez com o Bozó lá no Tonico’s Bar, em uma noite de muito samba, com a presença da neta de Dorival Caymmi, Juliana, e um time respeitável de sambistas, encontro que noticiei em postagem do dia 25 de junho de 2.011;  sambista também  foi o pai de Bozó,  no humilde bairro Manoel da Nóbrega, aqui em  Campinas

P.S.(3) Bozo - O Rei das Manhãs, é o nome da cinebiografia de Arlindo Barreto (Vladimir Brichta), o palhaço Bozo e seu drama. O filme foi indicado para representar o Brasil no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do ano que vem;

   





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