Boa noite
amigos,
Nelson Pereira dos Santos em fotografia recente. Imagem
emprestada de Jornal do Comércio Uol.com.
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O Brasil perde hoje, perdemos todos nós hoje, amantes da
cultura e da arte, uma grande personalidade, um dos nossos mais expressivos e
importantes cineastas. Aos 89 anos, Nelson
Pereira dos Santos faleceu no Rio de Janeiro, deixando um legado
extremamente relevante para o cinema nacional, que ele amou desde a infância,
quando acompanhava os pais em sessões de cinema e já se interessava pela magia
da sétima arte. O nome de Nelson
está ligado inexoravelmente ao cinema novo, como um de seus precursores.
Estudioso e dedicado, Nelson, a
exemplo dos artistas liberais deste país, e como outros de sua geração, teve
seu trabalho muitas vezes interrompido e censurado pela ditadura militar.
Subsistiu,
porém, íntegro e integral a ela, nos legando preciosidades como Rio Quarenta Graus (1.955), Rio Zona Norte (1.957), Como Era Gostoso o Meu Francês (1971), Vidas
Secas (1963), Tenda dos Milagres
(1.977) e Memórias do Cárcere (1.984), este baseado na obra homônima do grande Graciliano Ramos, sem dúvida a sua obra-prima. Lembro perfeitamente como o
filme me impressionou na minha mocidade, quando o cinema era até então, para
mim, um mero
e descompromissado meio de entretenimento apenas.
Arduino Colassanti e Ana Maria Magalhães, nos papéis do
francês e da índia, protagonistas do excelente Como Era
Gostoso o Meu Francês, uim dos bons filmes do cineasta.
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Acho que esse filme foi um
marco na minha vida, mudando completamente a minha visão de cinema e
especialmente do cinema intenso, engajado, comprometido com a nossa história,
cultura e literatura e as discussões
políticas relevantes do país. Aos meus amigos mais jovens, de uma geração que
não conheceu a obra de Nelson, quero
dizer que se trata de um intelectual da mais alta expressão para a nossa cultura e a nossa memória. Imortal pela Academia
Brasileira de Letras, ocupando a cadeira que, no passado, foi do nosso
poeta Castro Alves, Nelson Pereira dos Santos ainda
assinou, antes de nos deixar, uma verdadeira relíquia, qual seja, o delicado
filme A Música segundo Tom Jobim (2.012),
uma das cinebiografias de outro monstro sagrado que ele tanto admirava: o
Maestro, Músico e compositor, Antonio Carlos
Jobim.
Cartaz de promoção publicitária do filme
Memória do Cárcere, obra-prima do-
cineasta, baseada no livro de Graci-
liano Ramos.
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Ave Nelson! Sua morte não
nos retira, antes reafirma, a expectativa de que sua obra continue a inspirar as novas gerações de cineastas a pensar e
realizar um cinema verdadeiramente comprometido com a
realidade dura e crua de nossa sociedade e com a altivez de um povo que
aprendeu e aprende, nos revezes por que passa, a descobrir a sensível necessidade
de se envolver politicamente para manter viva a chama da esperança de que
tenhamos, um dia qualquer no futuro, uma sociedade minimamente ética, justa e solidária.
Até amanhã amigos.
P.S. (1) O ator Carlos Vereza foi o protagonista do filme Memórias do Cárcere, vivendo, no cinema, Guimarães Rosa, preso durante 10 meses no Presídio da Ilha Grande, sob a acusação infundada de que era comunista. O livro, que ficou inacabado pois Rosa morreu antes de conclui-lo é uma denúncia das condições daquele presídio e do despotismo da ditadura Vargas;
P.S. (2) O filme está entre os nacionais que levaram aos cinemas mais de um milhão de espectadores. Com um elenco vasto e de qualidade, entre eles a ótima Glória Pires, vivendo na tela a mulher de Guimarães, o longa tem 185 minutos de duração.
P.S. (1) O ator Carlos Vereza foi o protagonista do filme Memórias do Cárcere, vivendo, no cinema, Guimarães Rosa, preso durante 10 meses no Presídio da Ilha Grande, sob a acusação infundada de que era comunista. O livro, que ficou inacabado pois Rosa morreu antes de conclui-lo é uma denúncia das condições daquele presídio e do despotismo da ditadura Vargas;
P.S. (2) O filme está entre os nacionais que levaram aos cinemas mais de um milhão de espectadores. Com um elenco vasto e de qualidade, entre eles a ótima Glória Pires, vivendo na tela a mulher de Guimarães, o longa tem 185 minutos de duração.