Amigos,
Algumas vozes se levantam nos últimos anos, contra a manutenção
dos campeonatos regionais, invocando-se, dentre outros inconvenientes, o calendário dos grandes clubes, cada vez mais
apertado, por causa do formato do campeonato nacional, de pontos corridos e longas 38 rodadas, além da Copa do Brasil (um dos campeonatos cobiçados e que melhor remuneram os
clubes e ainda abre vaga suplementar para a Libertadores) e campeonatos latino-americanos, como a Libertadores da América e a Copa Sulamericana, sucessora da Copa Conmebol. A briga por audiência pelos canais de TV aberta também contribuiu para que a
campanha ganhasse algum fôlego, pois, tirante os clássicos, a maioria dos jogos
envolvendo os chamados “grandes” com equipes de menor expressão, regionalizando
demais, ao que se supõe, o interesse dos espectadores, são argumentos que conspiram contra a manutenção daqueles que foram considerados, outrora, os mais relevantes campeonatos, por causa da rivalidade local. Esses argumentos, porém,
podem ser considerados apenas “meia-verdades”. Os índices de audiência quando
joga o Flamengo contra um time pequeno do Rio pelo Campeonato Carioca, ou o
Vasco, não é muito menor do que aquele que envolve um Fla-Flu, um Palmeiras e
Corinthians, um Internacional e Grêmio, tudo dependendo da importância desses jogos, em função dos esdrúxulos regulamentos que as federações e os próprios clubes impõem a essas competições. A Copa do Nordeste é uma experiência
interessante e o Campeonato Paulista, o mais difícil e importante do Brasil, é um grande celeiro de promessas para o futebol brasileiro. As equipes médias e pequenas precisam
subsistir e a ausência em campeonatos que envolvam os grandes clubes
praticamente inviabiliza a manutenção deles, cuja vocação, dentre
outras relevantes, é a de revelar e formar
grandes jogadores.
Goleiro Cassio, 31 anos, ídolo corintiano, responsável por
defesas importantes durante o campeonato. Imagem em-
prestada de GoboEsporte.
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Ontem assisti a uma das semifinais do campeonato paulista da
série A-2, que corresponde à 2ª. divisão. Um clássico regional envolvendo o XV
de Novembro e a Internacional de Limeira, no Estádio Barão de Serra Negra, em Piracicaba. Um jogaço, que terminou em 2 a 2,
com a equipe da casa muito melhor e que estava vencendo até a prorrogação,
quando tomou o empate e a decisão foi para os pênaltis. A Internacional, que
foi campeã paulista de 1.986, venceu e obteve o acesso para a elite. O Estádio,
literalmente lotado, recebeu quase 15.000 pagantes. Foi o maior público envolvendo
os jogos das equipes do interior de São Paulo em 2.019, inclusive com os chamados "grandes" superando assim os pagantes do jogo Ferroviária
e Corinthians, em Araraquara (12.998), pelas quartas de finais do Campeonato
Paulista, que até então detinha o recorde.
Hoje o Corinthians, em
final contra a equipe do São Paulo, sagrou-se tricampeão paulista pela quarta
vez em sua história, com uma equipe aguerrida, mas longe, muito longe de seus
melhores dias e tradições. Marcante mesmo é a trajetória do técnico Fábio Carille, sucessor
de Tite, que, indagado pelo repórter da Globo, que o entrevistou no final da partida, sobre o segredo para conquistar, em três anos, um título brasileiro e três paulistas,
respondeu que não sabia se era bom técnico, mas tinha certeza que tinha sido
abençoado nessa sua trajetória.
Até mais amigos.
P.S. (1) O gol do título corintiano surgiu de um
contra-ataque mortal, onde se destacou o passe certeiro de Somoza e a precisão
do centroavante Vagner Love, que bateu de primeira, sem chance para o goleiro
tricolor;
P.S. (2) A imprensa destacou o público presente à Arena
Corinthians, de 46.000 pagantes aproximadamente, como recorde do jovem estádio.
Longe, porém, muito longe do público presente no segundo dos três da
final entre Corinthians e Ponte Preta pelo Paulistão de 1.977. Nada menos do
que 142.000 pagantes viram incrédulos a Macaca, de virada, vencer aquele jogo
por 2 a 1, forçando a terceira partida. Bons tempos em que não havia torcida única nos estádios;
P.S. (3) Muitos dos campeonatos estaduais foram decididos
nesta semana em disputa de pênaltis. Com um futebol cada vez mais competitivo,
em que prevalecem a força e os esquemas táticos e, portanto, maior equilíbrio
entre as equipes, as decisões de mata-matas e de campeonatos por penalidades
máximas tende a ser cada vez mais frequente. Se eu fosse técnico exigiria que
todos os jogadores treinassem esse fundamento, independentemente da posição de
origem.
P.S. (4) A decisão por pênaltis do campeonato gaúcho
conquistado pelo Grêmio sobre o rival Internacional foi um show à parte dos
dois goleiros. Os ótimos Marcelo Lomba pelo Inter e Paulo Victor pelo Grêmio assustaram os cobradores e realizaram defesas
incríveis;
P.S. (5) Os goleiros que, no passado, não eram tão
valorizados, no futebol de hoje ganharam maior projeção e prestígio. São muitas
vezes os responsáveis por títulos e classificações, graças a intervenções
precisas e estudo do perfil dos adversários. Cássio, do
Timão, por exemplo, é ídolo e reconhecido
como diretamente responsável por vitórias fundamentais da equipe.
P.S. (6) Há 650 clubes profissionais no Brasil, segundo o
presidente do Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia. A Globo só vai
transmitir os campeonatos estaduais até 2.020, salvo o Campeonato Paulista que,
por contrato, será transmitido até 2.022. O representante da emissora afirma
não ser contra os estaduais. Mas a preferência da emissora pelos campeonatos
nacionais é indiscutível. Afirma-se que é preciso que o público veja o que
acontece no futebol brasileiro como um todo e não se cinja ao futebol local;
P.S. (7) A hegemonia da Rede Globo na transmissão do futebol
e do esporte em geral está com os dias contados. As muitas mídias eletrônicas
surgidas com a Internet pulverizaram a atenção dos espectadores e democratizaram
as transmissões. Não acredito, assim, que o campeonato estadual de São Paulo,
por exemplo, vá acabar, nem que não seja disputado por muitas dessas mídias, para transmissão aos fiéis torcedores que não podem ir, com frequência, aos estádios.
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