quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

CENTO E DEZ ANOS DE ADONIRAN BARBOSA

 

Amigos, bom dia.

 

                                    Acordei hoje com a música Amor e Samba, de Chico Buarque na cabeça.

                                  Os primeiros versos da composição dizem: “Eu faço amor e samba até bem tarde. E tenho muito sono de manhã”.

                                Sei lá a razão, mas suponho que seja porque continuo tendo muito sono de manhã e fico preocupado, na medida em que esse sono exagerado perdeu a sua etiologia  (não faço amor e muito menos samba).

                                Bem, o assunto de hoje é samba. Samba paulista da melhor qualidade. Samba de Adoniran Barbosa.


                             Vou dividir Adoniran e sua obra em várias postagens para não cansar o leitor,  pois o assunto rende... E muito...

                                Se vivo fosse, o autor de Trem das Onze e Saudosa Maloca, teria hoje cento e dez anos, a caminho de cento e onze, que faria em agosto deste ano.                                                                     

                                  Proponho, aos historiadores, aos escritores, aos amantes da música e do samba que, diante do silêncio e afastamento que marcou o trágico ano de 2.020, por causa da pandemia do coronavírus, todas as merecidas homenagens a esse grande artista, em suas variadas formas (escritas, cantadas, encenadas, reproduzidas pela tecnologia) sejam prestadas neste ano, trazendo ao conhecimento das novas gerações, a vasta produção do maior (não o único, claro) compositor do chamado “samba paulista”.

                              No assento de seu nascimento, João Rubinato veio à luz na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, no dia 06 de agosto de 1.910, mas em verdade nasceu mesmo na vizinha  Valinhos, que, àquela época, contudo, era simples distrito do município campineiro.  Faleceu no dia 23 de novembro de 1.982, em São Paulo, a grande metrópole onde viveu, compôs e trabalhou a maior parte de sua vida, palco de inspiração de grande parte de suas composições.

                                      Era filho dos italianos Francesco Rubinato e Emma Ricchini,  oriundos de  Cavarzere, província de Veneza,  que imigraram para o Brasil,  desembarcando no porto de Santos no ano de 1895, seguindo para Tietê, município paulista, onde foram trabalhar nas lavouras, como tantos imigrantes que substituíram o trabalho escravo no campo, com a abolição da escravatura no Brasil.

                                    Foi compositor, cantor, ator e humorista, mas também, para ajudar a família, aos 14 anos,  entregador de marmitas, cujos conteúdos dividia, pelo caminho, com os incautos clientes, em conduta que, segundo ele próprio, estava justificada por manifesta necessidade famélica.

                                  João Rubinato começou tentando a vida como ator e o nome de um de seus personagens, o Adoniran Barbosa, acabou sendo adotado como nome artístico e, assim, se popularizou e se eternizou.

                                   Sua vida artística, em parte preponderante, se apoiou – e vice versa – na vida e história do conjunto Demônios da Garoa, que ainda hoje continua ativo, com substituição de vários músicos originais por outros de gerações posteriores.

                                  Abaixo algumas frases e bordões de autoria de Adoniran, que se tornaram célebres e bem evidenciam o seu humor e filosofia de vida:

                                 Não nasci, porque pobre não nasce, aparece”.

                                Tá certo, seu Paulo, o senhor continue estudando, tá, e quando chegar o dia de sua formatura, me avise”  (Resposta que deu ao Doutor Paulo Machado de Carvalho, proprietário da Rede Record quando a ele pediu aumento de salário e o dito cujo disse que iria estudar).

 Chega de homenagens. Eu quero o dinheiro.”

“Mulher é uma mistura completa de vitaminas e sais minerais. Fortalece o homem, faz bem para a saúde.”

Nóis viemos aqui pra beber ou para conversar?” Bordão que se tornou popular extraído de  comercial da cerveja Antarctica dos anos 1970. 

“Bom de briga é aquele que cai fora.”

 “Que tristeza que nóis sentia, cada táuba que caía, doía no coração” (do samba Saudosa Maloca).

“Eu sou um cara triste, sabe, eu faço piada, mas é tudo por fora”.  

“Eu vou pro samba, não sei que horas eu vou voltar”.

“E melhor viver um dia de cada vez, do que sonhar com um futuro que talvez possa não acontecer”.

“Quanto a você, da aristocracia, que tem dinheiro, mas não compra alegria, há de viver eternamente, sendo escrava desta gente, que cultiva hipocrisia.” 

Até amanhã amigos.

P.S. A imagem da coluna de hoje, obtida de meu celular, retrata a estátua, em bronze, do cantor e compositor, exposta no Centro de Artes, Cultura e Comércio de Valinhos, Estado de São Paulo.

                                     

 

 

3 comentários:

  1. Linda homenagem Dr Jamil! Aposto que ele está dizendo- chega de homenagem,quero dinheiro ! Rs

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  2. Linda homenagem Dr Jamil! Aposto que ele está dizendo- chega de homenagem,quero dinheiro ! Rs

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    1. Pois é Márcia. Com certeza ele faria essa proposta de troca. Mas como dinheiro, pelo menos para êle, não serve mais pra nada (caixão não tem gaveta), resta aceitar as homenagens que proponho e que, certamente, servem para manter viva a memória de um grande compositor e peculiar pessoa, para conhecimento das gerações subsequentes à sua. Abraço.

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