Amigos, bom dia.
Acordei hoje com a música Amor e Samba, de Chico Buarque na cabeça.
Os primeiros
versos da composição dizem: “Eu faço
amor e samba até bem tarde. E tenho muito sono de manhã”.
Sei lá a razão,
mas suponho que seja porque continuo tendo muito sono de manhã e fico
preocupado, na medida em que esse sono exagerado perdeu a sua etiologia (não faço amor e muito menos samba).
Bem, o assunto
de hoje é samba. Samba paulista da melhor qualidade. Samba de Adoniran Barbosa.
Vou dividir Adoniran e sua
obra em várias postagens para não cansar o leitor, pois o assunto rende... E muito...
Se vivo fosse, o autor de Trem das Onze e Saudosa Maloca, teria hoje cento e dez anos, a caminho de cento e onze, que faria em agosto deste ano.
Proponho, aos
historiadores, aos escritores, aos amantes da música e do samba que, diante do
silêncio e afastamento que marcou o trágico ano de 2.020, por causa da pandemia
do coronavírus, todas as merecidas homenagens a esse grande artista, em suas
variadas formas (escritas, cantadas, encenadas, reproduzidas pela tecnologia)
sejam prestadas neste ano, trazendo ao conhecimento das novas gerações, a vasta
produção do maior (não o único, claro) compositor do chamado “samba paulista”.
No assento de seu
nascimento, João Rubinato veio à luz na cidade de Campinas, Estado de São Paulo,
no dia 06 de agosto de 1.910, mas em verdade nasceu mesmo na vizinha Valinhos, que, àquela época, contudo, era
simples distrito do município campineiro. Faleceu no dia 23 de novembro de 1.982, em São
Paulo, a grande metrópole onde viveu, compôs e trabalhou a maior parte de sua
vida, palco de inspiração de grande parte de suas composições.
Era filho
dos italianos Francesco Rubinato e Emma Ricchini, oriundos de Cavarzere,
província de Veneza, que imigraram para o Brasil, desembarcando no porto de Santos no ano de 1895, seguindo para Tietê, município paulista, onde foram trabalhar nas lavouras, como
tantos imigrantes que substituíram o trabalho escravo no campo, com a
abolição da escravatura no Brasil.
Foi
compositor, cantor, ator e humorista, mas também, para ajudar a família, aos 14
anos, entregador de marmitas, cujos conteúdos dividia, pelo caminho, com os incautos clientes, em conduta que,
segundo ele próprio, estava justificada por manifesta necessidade famélica.
João Rubinato começou tentando a vida como ator e o nome de um
de seus personagens, o Adoniran Barbosa,
acabou sendo adotado como nome artístico e, assim, se popularizou e se
eternizou.
Sua vida artística,
em parte preponderante, se apoiou – e vice versa – na vida e história do
conjunto Demônios da Garoa, que ainda hoje continua ativo, com
substituição de vários músicos originais por outros de gerações posteriores.
Abaixo
algumas frases e bordões de autoria de Adoniran,
que se tornaram célebres e bem evidenciam o seu humor e filosofia de vida:
“Não nasci, porque pobre não nasce, aparece”.
“Tá certo, seu Paulo, o senhor continue
estudando, tá, e quando chegar o dia de sua formatura, me avise” (Resposta que deu ao Doutor Paulo Machado
de Carvalho, proprietário da Rede Record quando a ele pediu aumento de salário
e o dito cujo disse que iria estudar).
“Chega de homenagens. Eu quero o dinheiro.”
“Mulher é uma mistura
completa de vitaminas e sais minerais. Fortalece o homem, faz bem para a
saúde.”
“Nóis viemos aqui pra
beber ou para conversar?” Bordão que se tornou popular extraído de comercial da cerveja Antarctica dos
anos 1970.
“Bom de briga é aquele
que cai fora.”
“Que tristeza que nóis sentia, cada táuba que
caía, doía no coração” (do samba Saudosa Maloca).
“Eu sou um cara triste, sabe, eu faço piada, mas é tudo por fora”.
“Eu vou pro samba, não sei que horas eu vou voltar”.
“E melhor viver um dia
de cada vez, do que sonhar com um futuro que talvez possa não acontecer”.
“Quanto a você, da
aristocracia, que tem dinheiro, mas não compra alegria, há de viver
eternamente, sendo escrava desta gente, que cultiva hipocrisia.”
Até amanhã amigos.
P.S. A imagem da coluna de hoje, obtida de meu celular,
retrata a estátua, em bronze, do cantor e compositor, exposta no Centro de
Artes, Cultura e Comércio de Valinhos, Estado de São Paulo.
Linda homenagem Dr Jamil! Aposto que ele está dizendo- chega de homenagem,quero dinheiro ! Rs
ResponderExcluirLinda homenagem Dr Jamil! Aposto que ele está dizendo- chega de homenagem,quero dinheiro ! Rs
ResponderExcluirPois é Márcia. Com certeza ele faria essa proposta de troca. Mas como dinheiro, pelo menos para êle, não serve mais pra nada (caixão não tem gaveta), resta aceitar as homenagens que proponho e que, certamente, servem para manter viva a memória de um grande compositor e peculiar pessoa, para conhecimento das gerações subsequentes à sua. Abraço.
Excluir