sábado, 3 de abril de 2021

NOSSO MÁRIO PARTIU! O CÉU ESTÁ MAIS ALEGRE.

 

Amigos,


Suponho que tenha sido lá pelo final dos anos 50 ou  início da década de 1.960. Abrindo um sorriso largo, a vovó, com aquela sabedoria de vivência de muitos e muitos anos e, fazendo pouco de minha advertência convicta de que não falasse de sua morte, pois ela não iria acontecer, respondia: “- Saiba meu neto que ninguém fica pra semente. Nem eu, nem você, nem ninguém. Todos  vamos morrer algum dia.”  Carreguei por toda a vida aquela imagem feliz,  serena e resignada de minha avó falando a respeito da própria morte, mas nem por isso sofri menos pelas perdas de muitos parentes e  amigos que fiz por esse vida afora, e por gente especial com as quais cruzei nesse plano da existência. Hoje, dia 03 de abril de 2.021, logo que acordei li a notícia inesperada do falecimento de nosso amigo, Mario de Arruda Leite, em termos delicados transmitidos pela sua irmã  Carminha: “O Mario se foi para junto de Deus.” Embora a  morte nunca seja inesperada, especialmente para os mais velhos  da ala mais antiga do nosso grupo da Creche Lar Ternura, a do Mário, no entanto, a despeito da imprevisibilidade na evolução dessa doença nova, que assola toda a humanidade e já matou mais gente do que guerras somadas, era considerada pouco provável, diante de seu estado de saúde sempre muito bom, de sua energia aparentemente inesgotável e o fato de que ele reagia muito bem e melhorava a cada dia, segundo nossa percepção.  Frequentemente, enviava um áudio no whatsapp com mensagens positivas, do tipo “bota a cerveja pra gelar, que eu tô voltando”, como naquela música da Simone, transmitindo grande otimismo na sua liberação, que para nós parecia breve e certa. Mas o Mário se foi! E se foi como todos iremos um dia. E  o que nos resta é aceitar os desígnios do Criador e continuar o “bom combate” que ele sempre travou. Um combate diário e inesgotável contra a desigualdade e a carência que afeta grande parte da população brasileira, cada vez mais empobrecida, diante dos devastadores efeitos da pandemia do Coronavírus. E especialmente à Creche Lar Ternura, que já completou 40 anos de benfazeja existência, décadas dentro das quais prestou assistência alimentar, social e educacional a milhares de crianças, muitas hoje adultas e até quarentonas, mercê de incessante  trabalho de funcionários, professores, diretores e colaboradores voluntários de todas as formas, aos quais se deve a manutenção e a longevidade da amada instituição.  E mais viva do que nunca, a Creche  caminha e  certamente caminhará altaneira e segura no cumprimento de seu nobre objetivo social, com a nova geração, que aí já está, suprindo – e com vantagens – as lacunas e os defeitos  daqueles que vão ou se aposentam.  O Mário, como lembram as mensagens dos diretores e amigos no grupo da Creche, foi um exemplo de pessoa humana, de pai, de marido, de avô, de filho, de irmão.  E um amigo muito, muito especial mesmo, pela humildade e respeito com que tratava todos, sem exceção. E pelo comprometido trabalho que executava, fosse na manutenção e conservação das instalações do prédio, nas compras mensais, nas vendas de convites dos diversos eventos e na divisão dos trabalhos que o grupo de diretores e voluntários realizava, ficando, amiúde, com os mais penosos e pesados, sem reclamar. Agora o Mário foi encontrar o Gil, o Armandinho, o Zé Luiz, a  Dna. Geny,  o Sebastião e as suas piadas rápidas, engraçadas e certeiras,  a Dna. Argentina e o marido, e tantos outros que, permanente ou episodicamente, abraçaram à bonita causa, gente generosa e despreendida, que deixou esse mundo e foi morar lá no Céu, ao lado do Criador. A Mara me lembrou que a nossa querida Geny se foi no dia seguinte a um domingo de Páscoa. E o Mário se vai agora,  um dia antes da data que comemora, para a cultura judaico-cristã,  a ressurreição de Jesus Cristo, e assim ambos experimentam o privilégio de renascimentos próximos, muito próximos, ao  do filho do Criador. Há muito tempo que, por ocasião de despedidas de pessoas queridas,  reproduzo  mensagem de um velho filme americano de guerra, segundo a qual não se deve chorar ou lamentar a morte de um grande homem, mas louvar a sua vida rica e proveitosa. E a vida do nosso Mário foi tão dedicada a tanta gente que ele ensinou o que significa comprometimento, amor, família, religião, humildade e simplicidade que a gente sempre se referiu a ele muitas vezes em função das pessoas ou causas que ele abraçou. E não era o Mário dele. Era sempre o Mário de alguém ou de alguma coisa a quem ou a qual servia.   Era o Mário da Zilda, o Mário do Junior, o Mário da Simone, o Mário da Denise, o Mário da Rosana, o Mário da Calha e, sobretudo, o eterno Mário da Creche, o seu epíteto mais relevante pelo número dos beneficiados com a sua intervenção pronta e oportuna.   Vá em paz meu amigo e que a certeza dessa  paz,   sua história de vida sirva de conforto à sua Zilda, especial e querida companheira de toda a trajetória, aos filhos e netos.  E que essa mesma bela história seja veículo de  inspiração  para todos os que, homens e mulheres  de boa vontade, buscam servir aos seus e ao próximo, dando, assim,  sentido e razão a essa vida tão breve e passageira, diante da eternidade dos nossos propósitos e esperanças. Sem tristeza, por favor, ele diria se pudesse, tenho certeza.

Profundo abraço Zilda, Simone, Junior, Denise, Rosana, genros, nora e netos. Esse Mário foi  muito relevante. E muito amado pela importância que teve na vida das pessoas.  Assim a gente pode aceitar sem mágoas, sem tristezas e sem revolta a sua partida como vontade do Criador.

 

Essa a mensagem que deixo aqui registrada e envio à família e aos amigos com um abraço afetuoso a todos, meu, da Mara, da Samira, do Renato e do meu neto, Rafael. 

Boa Páscoa amigos. 

P.S. A imagem de hoje é do nosso Mário com parte de sua estimada família. 





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