Amigos,
“Rádio
Educadora de Campinas, anos 80. No ar programa de auditório patrocinado pelas
Lojas Ducal, que concedia prêmio no valor de cinco mil cruzeiros, em
mercadorias, para a equipe vencedora. Concorriam equipes de alunos de vários estabelecimentos
de ensino da cidade: Ateneu Paulista, Colégio Progresso, Escola Normal,
Unicamp, dentre outras. No palco o apresentador começa a formular as perguntas
ao representante da Faculdade de Direito da Puc Central, o aluno Paulo Menna
Barreto. – “O que é cacófato?”. O candidato tinha que soletrar antes, como
naquele quadro do programa do Luciano Hulk. Paulo, desenvolto, foi logo
soletrando e respondendo: -Ca-có-fa-to.
Cacófato, do grego Kakóphaton, do latim cacophaton. Segundo Aurélio Buarque de Holanda,
lexicógrafo, ensaísta, crítico literário professor, CPF n. 583.122.143-56,
alagoano, falecido em 1.989 sem ter visitado Tietê, “trata-se de substantivo
masculino que significa som desagradável ou palavra obscena proveniente da
união de sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte.” No
auditório estávamos eu, o José Henrique Toledo, o Ricardo Ortiz, o Rubinho, o
Jack Okada, o Gustavo Paula Leite, o Álvaro Cavaggioni, o Rogério, o Amaury Mônaco, o Fábio Alberici e outros. No
palco havia um conjunto (nome que se dava às bandas naquela época), tocando Hei Judge, dos Beatles. E um coral com a Laís Mosca, a Maria Augusta, a Mariza, a
Denise Penise, a Vivi, a Adriana Albano e a Adriana Sandoval, que abriam e fechavam as bocas, sem que qualquer
som saísse delas, como se tivessem apenas dublando o cantor. E a gente gritava:
- vai, vai, vai. E elas gesticulando, só conseguiam sussurrar: - não
conseguimos! Somos desafinadas e não sabemos cantar! O auditório, em peso,
começa a vaiar as fracassadas cantoras e pedir que elas então façam um “strip-tease”
para compensar. Ao lado, a Rita
Marcondes, com um pedaço de madeira na mão, faz um aceno chamando as jovens: -
Venham cá, venham cheirar isso, é imbuia,
delícia, dá um barato legal. O apresentador, concluída a exposição do Paulo,
pede um exemplo. Mas antes que ele responda, eu e o Zé Henrique pedimos a ele que nos deixe cantar, valendo
pontos para a nossa equipe. E depois de alguns minutos consultando o
regulamento, autoriza. Começamos a cantar, como se tivéssemos combinado e ensaiado.
Antes explicamos: a Música gente se chama “ No cume do Morro”. Ao ouvir isso,
Paulo logo vai disparando: “Cu-me. Cume. Do lat. Cumen. Substantivo masculino.
O ponto mais alto de um monte; cimo, crista, cocuruto ou cocuruta, coruta ou
coruto, cumieira, picaroto, pináculo, píncaro, pinguruto, ponto culminante. E
no sentido figurativo: apogeu, ápice; ponto culminante (ex. píncaro da glória).
Aí emendamos, mandando ver: - “Lá em
cima daquele morro plantei um pé de roseira” E o público, em seguida: - “Ai,
ai, ai”. E nós: - O mato no cume cresce, a rosa no cume cheira. Ai,ai, ai. E
quando vem a noite, salpicos no cume entra, ai,ai, ai, salpicos no cume entram,
formigas do cume saem. Ai, ai, ai.” Rebuliço geral. O apresentador grita:-
Todos pra fora. A Puc está desclassificada. Fomos saindo muitos alegres, apesar
da desclassificação, entoando abraçados
(o mato no cume cresce, a rosa no cume cheira, ai, ai, ai). Na saída nos
esperavam o Diretor, Álvaro Cury, o Professor Álvaro César Iglesias e o
Arcebispo Dom Gilberto Pereira Lopes. Cada um que passava por eles recebia um
puxão de orelhas e um recado: -Vocês estão suspensos por 15 dias. Ao que, o Dr.
Álvaro Cury acrescentava, chutando o traseiro:- Seus vagabundos, ordinários,
pilantras.” Eis que chega a minha vez e
os três, olhando incrédulos e surpresos com a minha presença ali. E lamentando
a minha grave conduta considerada obscena, gritaram ao mesmo tempo: “Até o
Senhor, Professor? O senhor está demitido.” O Dr. Álvaro Cury fez menção de me
dar um chute no traseiro, mas ameacei. –
Oh, oh, não chuta não que eu não sou aluno. Eu te processo. Na esquina seguinte
todos pararam num grande outdoor luminoso do tipo “Time Square” de onde Cris,
em 3 D, pedia que todos fossemos para os Estados Unidos rapidamente, porque lá
as cadeias eram melhores e mais humanas do que aqui e que poderíamos tomar
vacina que já estava garantida para todas as idades (não esquecer que todos nós
éramos jovens). Acordei agitado, em
seguida. Era um sonho. De ontem. Do qual me lembrei em detalhes hoje logo pela
manhã. E pensei: Vou escrever já. Senão eu me esqueço. Tudo a ver com esse
nosso grupo de Whatsapp né gente? E com bagunça de comunicados, sentimentos,
cantoria, fotografia, piada, bullyng e
tudo o mais. Só que em sonho é tudo misturado. E ninguém com competência para
advertir: Se organiza, aí, Jamil.
Até
mais amigos. P.S. A imagem de hoje é de peça em artesanato confeccionada por Rubens Galdino, o Rubinho, da Turma de 86, que além de talentoso advogado em Indaiatuba, é também fazendeiro, amante da natureza e dedicado a múltiplas atividades, dentre as quais as artísticas. Rubinho faz a aniversario hoje e não é mentira. Caríssimo, toda a felicidade do mundo, muita saúde e sorte que você merece. Abraço.
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