sexta-feira, 9 de julho de 2021

CAUSO - FALA CU BEM ARTO.

                                                      Boa tarde.

O povo do interior de São Paulo, sobretudo os que ainda vivem e convivem na rica zona rural, conserva costumes e valores que a gente das grandes metrópoles há muito abandonou. O respeito aos mais velhos, a separação entre a linguagem que  os homens podem usar entre si e o que é proibido dizer perto das mulheres, novas ou velhas, especialmente o que se convencionava ser “palavrão” ou expressão imoral são princípios absolutos. Pois bem. Esta vem lá das bandas da “Varge”, que é como o pessoal da simpática cidade de Vargem Grande do Sul, próxima da divisa com o sul das Minas Gerais, costuma se referir à terra natal. E com o testemunho do meu querido amigo Dr. Cortez. Certa vez,  pelas bandas de um sítio, a molecada toda brincando e correndo pelo campo aberto, parou para conversar com o tio Zé, parente da maioria deles  e muito querido pela atenção e dedicação que dispensava a meninos e meninas da grande família que lá vivia e trabalhava. Enquanto conversavam, aponta ao longe, e caminha em direção a eles, uma velhinha, tia-avó  dos garotos e que  sempre manifestava exagerado afeto por eles. Estes odiavam  a forma com que ela os apertava nos calorosos abraços e abominavam os seus beijos molhados, cheios da baba vazada das bocas incontroláveis da respeitável dama da terceira idade. Ao avistarem a velhinha a criançada toda correu e tratou de se esconder onde podia. O tio permaneceu lá e não pretendia “dedar” os meninos para a anciã, sempre ávida de amor e baba para distribuir. Ocultos, atrás de um curral, os meninos permaneciam em silêncio absoluto, quando o tio gritou: - Agora podem sair, ela já foi. Como ele gostava de “pregar peças” e zoar a molecada, o Zé duvidou de  sua sinceridade. Mas ele insistiu: - Saiam meninos, ela já foi embora, estou falando. Diante da insistência, mas ainda receoso de estar sendo enganado pelo tio o Zé gritou: - Oi tio, ela saiu mesmo? E o tio: - Foi embora, já falei. E o moleque para se garantir: -- Se ela não tá aí mesmo, então fala “CU” bem arto.

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