quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SAN DIEGO E O "CAUSO" DO BARRIL

Boa noite amigos,

Muitos “causos” se contam a respeito da figura do “caboclo” que, nascido e criado no mato, vive curiosas e às vezes perigosas experiências quando posto em contato com a cidade grande, que agrega rotinas, valores e costumes muito diferentes da vida bucólica do campo.  Ilustrando, segue um dos “causo” que se conta por aí e que se garante ser verdadeiro.

SERVINDO O EXÉRCITO”.

O Nando nasceu no sítio e foi criado junto com galinhas, porcos e carneiros, chupando laranja diretamente do pé, à sombra dos “calipá”. Quando completou 17 anos teve que se alistar para o exército. No ano seguinte foi convocado. Apresentou-se no quartel da metrópole tal como era: simplório nos gestos, nas vestimentas e econômico nas palavras, pois não dominava bem a “tar” língua portuguesa. Os outros rapazes eram quase todos dali mesmo e não disfarçavam o orgulho de serem mais experientes e menos incautos. Os dias foram se passando muito iguais:  trabalho intenso, broncas e ensinamentos. O Nando se sentia internado junto com os outros “recos”, soldados rasos. Quinze dias depois, o Leonço, seu colega de quarto, chegou com uma notícia que parecia boa. No final da tarde, começo da noite, fariam um programa diferente. O Nando topou, sem saber bem do que se tratava. Mas ruim, pior que aquilo ali de todo dia,  não podia ser. Na hora marcada, por orientação do Leonço,  seguiram para o meio do mato, nos fundos da grande área que abrigava o quartel. Ali já se formava uma fila de soldados. Entraram na dita fila. À frente se notava um enorme barril velho com um furo no meio. Os rapazes, um a um, abriam a braguilha da calça, davam uma olhada de lado e, enquanto os outros disfarçavam, usavam o tal buraco do barril, digamos, para fins libidinosos. O Nando achou aquilo estranho. Na sua vez, no entanto, repetiu o procedimento. Que experiência maravilhosa! Que raio de buraco era aquele bão demais. Os dois minutos reservado para cada um se passaram rapidamente. O Nando foi embora feliz. Afinal, a vida de quartel não era assim tão ruim. Tinha coisa boa também. Não é que o “tar” buraco do barril era mais gostoso que o cu das galinha e das cabra que o moleque tinha experimentado. Os dias foram se passando. O Nando, inquieto,  questionava o Leonço sobre quando haveria uma nova sessão daquela. Era só de 15 em 15 dias. Finalmente, chegou o dia ansiosamente aguardado. O Nando tratou logo de chamar o Leonço “pra mor de não atrasa o programa”. Foram para lá. Rapidamente o Nando se dirigiu para o final da fila,  que ainda era pequena. Mas imediatamente foi impedido pelo colega de quarto que, virando-se para ele, sem dó, nem piedade, e para espanto do caboclo, foi logo dizendo: Nananinaná. Nada de fila. HOJE É SEU DIA DE ENTRÁ NO BARRIL.

Inté  mais vê, amigos,

P.S. (1) A foto que ilustra a coluna de hoje foi tirada do meu celular em San Diego, Califórnia, uma das mais belas cidades daquele Estado americano. O curioso barril, igualzinho ao da história do conto acima, estava postado na calçada, defronte a um restaurante mexicano situado na San Diego Avenue, local de intenso comércio de produtos e cultura mexicanos. Tive curiosidade de saber se havia algum soldado dentro dele. Mas, por via das dúvidas, não espiei.

P.S. (2) A cidade de San Diego situa-se na fronteira com o México e faz divisa com a cidade de Tihuana. Há entre as duas cidades, uma área binacional. San Diego é considerado um grande centro de biotecnologia e de estratégia militar.

P.S. (3) Lá em casa todo mundo sabe do “causo”. E quando alguém tenta escapar de tarefas que são divididas como, por exemplo,  lavar a louça no domingo ou coisa que o valha, os outros vão logo advertindo o espertinho: “Nananinaná. Hoje é seu dia de entrá no barril”. Essa linguagem, para nós de casa,  é auto-explicativa e o seu sentido figurado não carece de explicação.








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