domingo, 29 de março de 2015

A SELEÇÃO DE DUNGA.

Boa tarde amigos, 

As oito vitórias consecutivas de Dunga com a Seleção Brasileira de Futebol, dentre elas, por um convincente placar de 3 a 1 sobre a França, em Paris, com a seleção jogando bem, técnica e taticamente, não conseguiram apagar, ainda, o trauma da Copa do Brasil, com as vexatórias derrotas de 7 a 1 para a Alemanha campeã e de  3 a 0 para a Holanda, terceira colocada. Muito se falou – e ainda se falará - acerca dos motivos que explicariam a pífia participação do Brasil na segunda Copa do Mundo realizada em sua casa. Claro que não existe uma causa única, mas uma somatória delas. Continuo acreditando, porém, que o otimismo ditado pela indisfarçável certeza de que a seleção superaria os percalços que surgissem, com a sua tradição de pentacampeã, a qualidade individual de seus jogadores e a condição de anfitriã, não pode ser excluído  como um dos motivos fundamentais de acomodação, embora sem qualquer base objetiva ou estatística.  Caímos na armadilha de nossos adversários. Enquanto todos eles disputavam as eliminatórias, aproveitando para montar suas equipes, dar-lhes entrosamento e personalidade, fazíamos amistosos caça-níqueis, engordando os cofres da CBF,  a maioria com adversários que sequer estariam na Copa do Mundo.   E para completar esse injustificável acréscimo de auto-estima,  nos deram o aperitivo de presente: a conquista da inexpressiva Copa das Confederações, com direito a uma final contra a última Campeã do Mundo, uma goleada de 3 a 0 sobre uma Espanha apática e desinteressada, cujos atletas preferiram fazer turismo e noitada no país das mulheres bonitas, do carnaval, do samba, de feijoadas e caipirinhas. Por isso, quando a bola começou a correr para valer nos quatro cantos do país-continente, a Seleção de Felipão jamais conseguiu confirmar o seu suposto favoritismo. Vitórias magras e sofridas ou empates sobre adversários que vieram como coadjuvantes, na primeira fase, classificações suadas contra o Chile e  a Colômbia, nas oitavas e quartas-de-finais, respectivamente,  sinalizavam para o que viria pela frente.  E fomos punidos. Com Neymar lesionado e fora de combate, ficamos à mercê de uma favorita Alemanha, que jogava, então,  o melhor futebol da Copa. De repente o apagão e o vexame das falhas individuais e coletivas, e a sucessão de gols. Claro que por todos os aspectos que se possa analisar, essa goleada não pode ser considerada normal, nem medidora da distância entre a qualidade das equipes. Há tragédias no futebol que não se explicam com argumentos objetivos. Por isso, quando tudo está desfavorável e o adversário conhece os seus pontos vulneráveis, esses desastres tendem a acontecer. De qualquer maneira ninguém discordou depois da Copa,  da necessidade de reforma profunda na gestão e nos conceitos do nosso futebol,  a começar pelo urgente retorno dos investimentos no futebol de base. A primeira etapa da reformulação na Seleção deve ser vista agora em junho na disputa da Copa América. Depois disso, nas difíceis eliminatórias para a Copa de 2.018. Mas não se espere grandes modificações. É muito cedo para isso. O que importa é o início de um trabalho de renovação que coloque o nosso futebol, e quiçá o nosso esporte em geral, no caminho do sucesso, na lógica nem sempre muito lógica nesse nosso mundo da pós-modernidade.

Até mais amigos,

P.S. (1) O cearense, Roberto Firmino (imagem que ilustra a coluna de hoje emprestada de www.express.co.uk), é um meia, que gosta de jogar avançado como atacante,  que surgiu no Corinthians de Alagoas, passou pelo CRB e, dali, diretamente para o Joinville de Santa Catarina, de onde foi contratado pelo Hoffernheim da Alemanha. Tem apenas 23 anos e é disputado por três equipes inglesas (Arsenal, Liverpool e Manchester City). No último campeonato alemão marcou 16 gols.  Foi convocado para a Seleção Brasileira, pelo técnico Dunga, para os últimos amistosos e marcou dois golaços (um contra a Áustria, de fora da área,  e outro, hoje na vitória por 1 a 0 contra a Seleção do Chile. É uma das boas surpresas no projeto de renovação da Seleção; 

P.S. (2) A campanha da Seleção na Copa de 2.014, a segunda na história das Copas realizadas no Brasil (a 1a. foi em 1.950, quando perdemos o título dentro do Maracanã, na virada da Seleção do Uruguai, que venceu por 2 a 1) foi a seguinte: 3 a 1 contra a Croácia; 0 a 0 contra o México, 4 a 1 contra Camarões; 1 a 1 contra o Chile (3 a 2 nos pênaltis); 2 a 1 contra a Colômbia; 1 a 7 contra a Alemanha e 0 a 3 contra a Holanda.
  



domingo, 22 de março de 2015

CONTO - VAI DIRCE!



Boa noite amigos,

O jogo de cartas era uma das nossas mais freqüentes diversões naqueles anos pouco dourados do final da década de 70, início dos anos 80. Cena comum: em volta da mesa, o Miltão e a Sely quebravam o pau o tempo todo, um reclamando da eventual incompetência do outro quanto ao cumprimento da estratégia de jogo, ou, não houvesse motivo palpável, pelo azar, naquela tarde ou naquela noite. Mas as duplas eram cuidadosamente formadas, por causa da suspeita – muitas fundadas, diga-se de passagem – de que nem sempre marido e mulher falavam a mesma língua no jogo de “buraco”. Um era mais concentrado, o outro mais esperto, um não prestava atenção no descarte, outro no que estava na mesa, preferindo “comprar”[1] uma carta muito pior em matéria de aproveitamento, e assim por diante. O Nenê e a Dirce formavam uma das duplas (marido e mulher), amigos do Miltão e Sely dos tempos de Piracicaba, e que, por via destes, também se tornaram nossos amigos. A Dirce fumava muito e sorria o tempo todo. Calma, não prestava atenção no jogo, o que irritava o parceiro, mas fazia a “festa” dos adversários, que vibravam quando ela descartava justamente a carta que dava “canastra” ou para ela (e ela não tinha visto), ou para a dupla adversária (que pegava imediatamente a mesa e agradecia a gentileza). Mas a Dirce era querida. Por mais que não pareça lógico (pois no fim  entregava a vitória para o inimigo),  ela demorava muito para jogar, nunca sabia quando era a vez dela e aí todo o resto do pessoal invariavelmente tinha que lembrá-la o tempo todo: - Vai Dirce! é a sua vez. – Vai Dirce, descarta, pô! A coisa era tão comum que o Miltão estendeu o  “Vai Dirce!” para todo e qualquer jogador que eventualmente estivesse distraído ou demorasse muito para descartar. Era um tal de “Vai Dirce!” gritado coletivamente,  que todos nós experimentamos um dia, pelo menos uma vez, o fenômeno ou o efeito “Vai Dirce!”. A Dirce não ligava. Ria e continuava na dela. Quando então, por essas coisas aleatórias da sorte, apesar de jogar mal, estava ganhando e se demorava (e ela sempre demorava), para jogar, conforme o humor do adversário, era acusada de “tripudiar sobre o cadáver.” Além do que todos consideravam que perder para a Dirce era uma desonra. Ou, no mínimo, um atestado de burrice. E a sua alegria permanente, aliada à desgraça do adversário, sugeria que se deveria mandar ela tomar naquele lugar, no mínimo.  Mas acho que ninguém chegou a tanto. Não sei se a Sely, que era a mais esquentadinha, algum dia  estendeu o dedinho indicador para ela, num vai tomar no.... coreografado”. Os tempos se foram. As duplas de parceiros amigos se desfizeram. Ficamos velhos e saudosos, mesmo dos tempos difíceis. Não vi mais o Nenê e a Dirce, acho que por uns 20 anos. Outro dia o Miltão me falou que a Dirce morreu.  Não quis saber de detalhes, porque eles não interessam, evidentemente, nessa hora. Mas parece que entre o mal e o falecimento não demorou muito. Ao contrário da vida lenta e saboreada, a Dirce deve ter tido uma morte rápida e definitiva. O que ficou dela para mim foi exatamente essa alegria de viver, esse pômeufalasérioojogoédebrincadeiraeeunãotônemaí@com.brE supus, na minha fértil imaginação, a seguinte cena:  Dirce chegando ao paraíso recebida por São Pedro[2]. Distraída, alegre, sem dar conta que ganhara o reino do céu no rápido julgamento que se fizera antes de sua chegada, morosa como sempre. E tão morosa que São Pedro, impaciente, já tendo perdido o primeiro gol do Messi no jogo do Barcelona pela Copa dos Campeões Europeus, não agüentou:  - Pô Dirce, Vem ou não vem?  Quer saber de uma coisa?: “Vai  pro inferno!”. Mas dizem que até hoje a Dirce nem entrou no céu, nem chegou no inferno. 

Até mais, amigos.

P.S. A imagem da coluna de hoje é do quadro do pintor francês Paul Cezanne, o terceiro da série Jogadores de Cartas,  (Le Joueurs de Cartes, em francês),  que o artista pintou entre 1.890 e 1.895. O famoso pintor pertenceu a três movimentos estéticos: Impressionismo, Pós-Impressionismo e Arte Moderna. A tela encontra-se no Museu de Orsay, em Paris.






                                                  




[1] “Comprar” na linguagem do jogo de baralho significa rejeitar a carta ou cartas que estão na “mesa”, preferindo o jogador adquirir a primeira do monte de cartas à disposição, cuja identidade não era conhecida (quanta emoção!).
[2] Dizem que é ele que recebe a gente quando e “se” a gente for pra lá. Não sei porque. Mas suponho que deva ser porque ele foi o primeiro Papa. Que para ele foi dada a chave. E que essa chave deve abrir não só as portas do Vaticano,  mas também  as portas do céu.

domingo, 15 de março de 2015

O MOVIMENTO DE 15 DE MARÇO EM CAMPINAS

Amigos, boa noite

São 19,00 horas deste memorável domingo, dia 15 de março de 2.015, data marcada para o movimento cívico em todo o Brasil, contra a escândalo da Petrobrás, a corrupção de maneira geral, a grave situação da economia e as medidas econômicas adotadas pela Presidenta da República para recuperar as perdas e reaquecer a economia, além de conter a inflação, em alta. Em muitos casos, o movimento também protesta contra o Partido dos Trabalhadores, envolvido no escândalo do Mensalão, e, agora, da Operação Lava Jato, além do pedido de impedimento (impeachment)  da Chefe da Nação. Não quero entrar no mérito de qualquer dessas pretensões. 
Quero registrar que acompanhei vivamente, e com o olho e ouvido de um documentarista isento,  aqui de  Campinas, uma das maiores cidades e mais importantes do interior do país, a organização e a execução do evento, especialmente o da manhã, marcado para as 10,00 horas, no Largo do Rosário.

E  não posso deixar de  enaltecer o comportamento de todos os participantes, ao menos aqueles que permitiram, pela ordem e respeito às coisas públicas e privadas, que os estabelecimentos comerciais que abrem aos domingos, funcionassem normalmente, como ocorreu com o tradicional Bar Giovanetti I, situado no mesmo Largo. Era maciça a presença da classe média e também da classe trabalhadora mais humilde. Depois da manifestação concentrada no Largo do Rosário, onde a multidão ouviu e cantou o Hino Nacional,   os participantes seguiram até o Centro de Convivência Cultural, grande parte usando artefatos com as cores do lábaro nacional, ou carregando a própria bandeira brasileira. A multidão estimada em mais de 10.000 participantes, lotou o Teatro de Arena e ainda a entrada do Teatro do Centro de Convivência, permitindo, no entanto, que a feira de artesanato, que acontece todo domingo no local, funcionasse sem interferência.


Na rua, ao lado do City Bar, um grande trio elétrico carregava a equipe de organizadores e   puxava a manifestação, com discursos inflamados, ouvidos pelo público, em silêncio,  ou com gritos de palavra de ordem, mas sem que se percebesse qualquer tipo de agressão física ou psicológica, nem ato de vandalismo. Uma invejável festa da democracia, denotando participantes maduros e  quero crer, também politizados, tornando público o seu descontentamento com a classe política, especialmente com o Partido dos Trabalhadores, com os rumos imprimidos pela Chefe da Nação à economia do país, e, ainda, com  os vexatórios acontecimentos que ganharam manchete no mundo, envolvendo corrupção institucionalizada na maior empresa brasileira, a Petrobrás. Vários flagrantes foram documentados pelo meu celular, dando conta, por certo, da fidelidade da minha narrativa sobre o evento. Oxalá tenha acontecido o mesmo no país inteiro para mostrar ao mundo que o brasileiro de hoje é, em regra, patriota, preparado politicamente, inconformado com os “maus feitos”, para usar expressão da Presidenta Dilma, e que sabe protestar de maneira incisiva, porém ordeira, cobrando dos agentes públicos, eficiência, honestidade, imparcialidade e efetiva aplicação das punições legais aos responsáveis pelos crimes praticados contra o Estado e a grande  e sofrida nação brasileira.

Até amanhã amigos,

P.S. (1) O deputado federal, Carlos Sampaio, o Carlão Sampaio (PSDB) fez questão de acompanhar todo o evento, suando a camisa, como se pode observar da foto que ilustra a sua chegada ao Teatro de Arena. Carlão tem sido um dos mais ferrenhos e incansáveis adversários do Governo e da Presidenta Dilma na Câmara dos Deputados e no Congresso Nacional. Seus trabalhos, nas várias Comissões que integra,  tem recebido  destaque na imprensa nacional, merecidamente. Carlão foi um dos grandes articuladores da campanha para Presidente da República, do Senador Aécio Neves, derrotado nas urnas por pequena margem de votos, como se sabe.

P.S. (2) Diálogo de uma panela para a outra ouvido no Centro de Convivência hoje de manhã: "A Dilma apronta e nós é que pagamos o pato?"  
  



FUMAGALLI 2 X UNIÃO BARBARENSE 1.

Amigos, boa noite:

Cheguei agora há pouco do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, palco de um clássico regional do interior pela 2ª. divisão do Campeonato Paulista. Guarani e União Barbarense se enfrentaram, com vitória do Bugre pelo placar de 2 a 1. Um resultado lógico? Nem tanto. Fosse pela tradição e pelo retrospecto não há dúvida que o Bugre era mesmo favorito. No entanto, no atual momento, o time de Santa Bárbara D’Oeste revela-se como uma grata surpresa dentre as equipes disputantes, tanto assim que freqüentou o G-4, em praticamente todas as rodadas, trocando, exatamente pela derrota de hoje, o 4ª lugar, com o próprio Guarani. Mas, enquanto o Bugre se mostrou até agora uma equipe instável, a Barbarense, ao contrário, sem grandes talentos individuais, tem mostrado um futebol vistoso, solidário e ofensivo e, por isso,  em boa parte do jogo de hoje envolveu a equipe bugrina. Parou, porém, na boa atuação do goleiro Neneca que, em duas oportunidades pelo menos, fez grandes defesas, evitando  a derrota da equipe da casa. Vi todos os jogos do Bugre neste campeonato que foram disputados em Campinas e concordo com aqueles que consideram a União Barbarense a adversária que mostrou o melhor futebol entre todos os outros que aqui estiveram, inclusive, em relação à Matonense, para quem a equipe campineira sofreu a sua única derrota em seus domínios. Mas o que eu queria dizer é outra coisa. Quero falar do meia, Fernando Fumagalli, que já entrou para a história do Guarani Futebol Clube. Aos 37 anos, tendo pensado na aposentadoria no fim do ano passado, Fuma, sem dúvida, é ídolo da torcida bugrina e  ganha enorme destaque nessa equipe, que, como tal,  não convenceu até agora no campeonato da segundona. Além do futebol preciso e tecnicamente competente que sempre jogou, Fumagalli, neste campeonato,  participou de praticamente todos os gols marcados pelo clube, quer fazendo alguns, quer dando assistência. Hoje novamente desequilibrou, arredondando as bolas que chegavam quadradas, criando, dando assistência e, principalmente, batendo faltas: foram três, todas cobradas com perfeição na direção da meta. Resultado: na segunda o goleiro fez grande defesa. Nas outras duas, não.  Foram duas cobranças majestosas. Dois gols. Os dois gols bugrinos saíram de seus pés para grande festa da torcida que o ovacionou gritando, como sempre faz, o seu nome. O gol da vitória aconteceu aos 49 minutos do segundo tempo, um minuto antes de escoados os cinco de prorrogação assinalados pelo árbitro.  

Até mais.

P.S. (1) José Fernando Fumagalli ou simplesmente Fumagalli como é chamado, começou sua carreira na Ferroviária de Araraquara em 1.995, ou seja, há 20 anos atrás. Jogou no Santos F.C., no Corinthians Paulista, no Sport de Recife, no Vasco da Gama e em outros clubes do Brasil e do exterior. Teve passagem pelo Guarani em 2.000-2.001 com grande destaque. Retornou em 2.012 e, com pequeno intervalo,  continua até hoje. No Bugre tem o vice-campeonato paulista de 2.012, ano em que recebeu o prêmio de craque do interior do Campeonato Paulista. Em 1.999, conquistou o Campeonato Paulista da Série A-2 pelo América de São  José do Rio Preto. No Santos, o torneio Rio-São Paulo de 1.997;  no Corinthians a Copa do Brasil e o Torneio Rio São Paulo de 2.002 e o Campeonato Paulista de 2.003; no Sport, foi tricampeão pernambucano (2.006-2.007 e 2.009). No Vasco da Gama,  o campeonato brasileiro da série B em 2.009 e a Copa da Hora em 2.010;

P.S. (2) A torcida bugrina tem marcado presença neste campeonato da segunda divisão paulista. A média de público chega próxima a 5.000 por jogo, afora os sócios torcedores,  sem dúvida um número muito bom, considerado o nível do campeonato e a ausência dos grandes clubes, que disputam a divisão principal. Além dessa média, a maior dentre todos os 20 participantes, a torcida incentiva a equipe durante todo o jogo, como reconhecem os jogadores. É hora, assim, da equipe e da Diretoria retribuírem esse importante apoio, com o acesso à divisão principal do campeonato paulista, primeiro grande objetivo do primeiro semestre de 2.015; 

P.S. (3) A imagem da coluna de hoje é do herói da vitória sobre a União Barbarense neste sábado, o meia Fumagalli, e foi emprestada do site www.futnacional.com.br.