sábado, 1 de agosto de 2015

EXPOSIÇÃO DE CINEMA DE ARTE NO CCLA DE CAMPINAS E OS CINECLUBES

Boa noite amigos,

1) Os cineclubes surgiram no Brasil na década de 20, com o objetivo de unir e reunir  os aficionados pela Sétima Arte, em torno de um lugar comunitário destinado  à  exibição de filmes e vídeos produzidos por essa mesma comunidade, ou de  filmes de arte, geralmente fora do circuito comercial, e discutir tudo, desde roteiros, mensagens e objetivos do autor e do diretor, desempenho dos atores, cenários, guarda-roupas, até  trilha sonora. Costuma-se afirmar que, diferentemente do cinema, em que o filme é uma mercadoria de consumo e entretenimento ligeiro, que proporciona, às agências e distribuidoras, o esperado lucro, e para o espectador,  prazer que se goza sozinho ou acompanhado em círculos muito reduzidos, no cineclube o que importa é o encontro[1] de pessoas, unidas pelo objetivo comum de estabelecer um relacionamento, umas com as outras, em torno do filme e sua mensagem, ou como produto meramente estético, porém indispensável ao cidadão ávido de  conhecimento, cultura e, especialmente, de comunicação com os seus semelhantes.[2]

2) Em Campinas, o cineclube surge  em 1.950, por obra e graça de um ilustre cidadão da terra, o arquiteto Marino Ziggiatti, hoje quase nonagenário e atual Presidente do Centro de Ciências Letras e Artes. Marino participou da criação de três importantes instituições ligadas à Sétima Arte: o Clube de Cinema da Associação Campinense de Imprensa, o Cineclube da Sociedade Reunidas e o Departamento de Cinema do Centro de Ciências Letras e Artes. Para contar a história de 65 anos de Cineclube em Campinas, desde o dia 15 de julho de 2.015, está em cartaz no Centro de Ciências, Letras e Artes, sob curadoria competente do jornalista e escritor, João Antônio Buhrer de Almeida, a Exposição “65 Anos de Cinema de Arte em Campinas”.

Na exposição, que visitei na data da abertura (ao lado foto de palestra do curador),   podem ser vistos anúncios, cartazes, reportagens e materiais, como as latas originais de João da Mata, filme antológico de 1.923, de Amilar Alves, que foi exibido em Campinas em 1.950, no Teatro Municipal, com enorme sucesso, tendo 


[1] Dizia Vinícius de Moraes que “a vida é a arte do encontro, embora exista tanto desencontro pela vida”;
[2] “Um cineclube se organiza antes de tudo pela vontade do convívio comunitário, pelo desejo de reunir os amigos, de participar de alguma atividade diferente da existente, de exercer a cidadania. Cincelube é antes de tudo uma atitude cidadã! A organização burocrática vem depois” Disponível em: http://www.culturadigital.br/cineclubes/cineclube/rtigos/o-que-e-um-cineclube/. <Acesso em 31 de julho de 2.015>
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como um dos produtores, José Ziggiatti, pai de Marino. Essas latas  estavam esquecidas embaixo de uma escada de um antigo prédio. As reportagens, fotos e cartazes lembram os vários ciclos de cinema, as jornadas de cineclubes, as palestras proferidas nas dependências do CCLA e os festivais promovidos nas seis décadas decorridas, graças ao empenho de Marino e de cinéfilos da cidade, comprometidos com a continuidade e a excelência das atividades do centro[1].  

A exposição vai até o dia 15 de agosto de 2.015, e merece ser vista, pois é um registro importante da memória da cidade e de seu envolvimento com a Sétima Arte.

Até amanhã amigos.

P.S. (1) As imagens da coluna de hoje, minhas e obtidas de celular, exceção à última,  são todas da exposição 65 Anos de Cinema e Arte de Campinas. A última imagem (emprestada de jornallocal.com.br) é do saudoso Cine Paradiso, aos fundos da Galeria Barão Velha;

P.S. (2) Os cineclubes, seus adeptos e objetivos não desapareceram,  absolutamente. Às vezes,  sem alusão a esse nome, algumas companhias cinematográficas se propõem  a exibir filmes de arte, que estão fora dos circuitos comerciais,  com ambiente propício para debates entre os espectadores, no final das sessões. Em Campinas, tivemos o saudoso Cine Paradiso, pequenino, situado aos fundos da também pequenina Galeria Barão Velho, na rua Barão de Jaguara, 936, Loja n. 09, Centro da cidade, que funcionou durante 17 anos, entre 1.992 e 28 de outubro de 2.009, quando cerrou suas portas, exibindo o filme Os Amantes, para dar lugar a um restaurante. Um dos proprietários, cinéfilo compromissado com a comunidade, escolhia os filmes, vendia ele próprio os ingressos e recebia o público na porta de entrada, tudo para baratear os custos e vivenciar pessoalmente a alegria de dividir o prazer comum. Depois, encerrado o acesso, cerrava as portas e ia assistir, com seus  companheiros, aos filmes em cartaz. No final das sessões eram comuns comentários, conversas e debates acerca dos filmes. Infelizmente, por absoluta falta de viabilidade financeira, o Cine Paradiso fechou as portas em 28 de outubro de 2.009.  O Cine Jaraguá, funcionou durante algum tempo, com proposta de cineclube,  no Shopping Jaraguá, na Avenida Brasil, aqui em Campinas. Mas o cinema e o próprio shopping desapareceram,  dando lugar a outro tipo de empreendimento.  O último reduto dos apreciadores do cinema de arte na cidade,  foi o cine Topázio do Shopping Prado, no Parque Prado.  Não resistiu, porém, às exigências de um mercado cada vez mais fincado no cinema comercial de rápido consumo e lucro fácil. Li nesta semana, no Correio Popular, que no Distrito de Barão Geraldo,  já há um movimento para tentar resgatar o cinema de arte, propondo alguns locais, horários e datas e convocando os adeptos para auxílio na elaboração da programação e obtenção de recursos.





[1]Em 1.965 surgiu o Cineclube Universitário de Cinema, que também se utilizou das dependências do CCLA, fiel parceiro destes jovens cineclubistas. Os integrantes deste grupo foram Rolf Luna Fonseca, Luís Carlos Borges e Days Fonseca. Permaneceram ligados ao CCLA até o encerramento daquele Cineclube, em 1.974.” (notas extraídas do texto EXPOSIÇÃO “65 ANOS DE CINEMA DE ARTE EM CAMPINAS”, assinado pelo jornalista e curador da exposição, João Antônio Buhrer de Almeida).

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