sábado, 30 de janeiro de 2016

O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA - SARAMAGO



 Boa noite amigos,

O estranho pedido de um barco, feito por um súdito, ao seu rei, com a intenção de poder viajar pela imensidão dos mares, à procura da ilha desconhecida é a metáfora que o escritor lusitano, José Saramago utiliza, com sua sensibilidade e talento, para contar a história de um homem simples, mas incomum, em busca da realização de seus sonhos,  contra o status quo social e político, que lhe impõe dificuldades, dúvidas, desestímulo, limitações e insegurança de  toda ordem, incrementada pela vaga noção que ele próprio tem do que vai encontrar pela frente, e do que o destino, sempre imprevisível e imponderável, lhe reservará. Otimismo,  coragem, dúvidas e contradições são sentimentos antagônicos, mas presentes, que se misturam e criam a dificuldade de  como enfrentar o monstro do mar[1], por quem nunca aprendeu a navegar [2]. A ilha desconhecida é o próprio ser perscrutando o seu interior, a sua alma na mais relevante profundeza, o que deve ser enfrentado sem medo ou receio, com força e obstinação[3]: “Tenho, tive, terei se for preciso, mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quando nela estiver. Não o sabes. Se não sais de ti, não chegas a saber quem és”, eis o trecho que revela, dentre outros, o sentido da ilha desconhecida. A mensagem: Podemos passar toda a vida apenas na superficialidade do conhecimento acerca de nós mesmos e do mundo; Ou podemos optar por uma vida que se compromete em controverter esse conhecimento, com o objetivo de aperfeiçoamento. O Conto da ilha Desconhecida é mais uma obra do escritor, capaz de emocionar e de revelar a genialidade  do autor de Ensaio sobre a Cegueira e outras preciosidades da literatura universal. São vários os formatos, edições e idiomas em que o Conto da Ilha Desconhecida se apresenta ao leitor. Refiro-me aqui à interessante publicação da Companhia das Letras na sua 36ª. impressão, veiculada em 63 páginas, com capa e aquarelas internas de Arthur Luiz Piza (vide imagem da coluna de hoje, emprestada de www.garagemdearte.com.br). Imperdível àqueles que apreciam a obra desse grande escritor e  de sua vasta e relevante literatura.


Até amanhã amigos,







[1] “Sozinho não serei capaz de governar o barco, Pensasses nisso antes de ir pedi-lo ao rei, o mar não ensina a navegar” (fls. 57)
[2] “E tu para que queres um barco, pode-se saber, foi o que o rei de facto perguntou quando finalmente se deu por instalado, com sofrível comodidade, na cadeira da mulher da limpeza. Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o homem. Que ilha desconhecida, perguntou o rei, disfarçando o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada.” (fls. 16/17).
[3] Não queres vir comigo conhecer o teu barco por dentro, Tu disseste que era teu, Desculpa, foi só porque gostei dele, Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.” (fls. 32).








domingo, 17 de janeiro de 2016

ALÉM DO TEMPO - NOVELA, VINHO E REENCARNAÇÃO

Boa tarde amigos,


As atrizes Ana Paula Nogueira e Irene Ravache, uma dupla
que viveu os personagens Emília e Vitória, nas duas fa-
ses da novela, com interpretações viscerais que comoveram
os espectadores. A imagem é emprestada de www.
purepeople.com.br
Não sou “noveleiro”, como se costuma dizer por aí. Mas também estou longe de nutrir qualquer preconceito pelo gênero, que tem sido a grande opção de entretenimento de considerável parcela do povo. Ou, então,  de sofrimento consentido (afinal, sobrevivendo neste país acho que temos algo de masoquismo no nosso DNA coletivo, ainda a ser revelado). E ao contrário das rádios-novelas,  em moda nos anos 40 e 50, que só alimentavam um "vale de lágrimas" e não se via a cara, nem a casa de ninguém, para copiar, os folhetins da TV, exercem na sociedade uma influência significativa, ditando,  não raro, costumes e modas, de linguagem a comportamentos. Bem, esse é um assunto que já foi muito debatido por nossos sociólogos, filósofos e que tais. O que me atrai nas novelas, especialmente as da TV Globo, de reconhecido bom  nível técnico, um dos produtos de exportação do país, é muito mais uma curiosidade estética do que propriamente de outra ordem. Mas não nego que, de vez em quando, alguns autores, grandes atores e roteiros originais me provocam para acompanhar a trama com a regularidade que minha vida profissional e pessoal me permitem. Foi assim com Além do Tempo (Globo, 18,30 horas), que terminou na última sexta-feira, felizmente sem aqueles alongamentos irritantes, mas costumeiros, quando o folhetim emplaca uma boa audiência para o horário,  o que efetivamente ocorreu com a trama de Elizabeth Jihn
Imagem emprestada de www.tvpravc.combr., dos persona-
gens Lívia e Felipe, vividos por Alline Moraes e Rafael Car-
doso, com vestes da primeira fase da novela, que se -
passou no século XIX.
Dividindo os capítulos em duas épocas distintas, a primeira passada no século XIX e a segunda nos anos contemporâneos, a escritora explorou como tema central o renascimento na visão da doutrina espírita, embora a emissora, por seus diretores e técnicos, afirme que não se objetivou qualquer espécie de proselitismo e que a doutrina da reencarnação  é sustentada por várias religiões e seitas diferentes, sob os mais diversificados fundamentos e aspectos. Na novela, porém, a questão da reencarnação é utilizada com muito equilíbrio e bom senso,  mais um artifício supostamente ficcional, ou um  mote para, a um só tempo: a)  propagar, com louvável ufanismo, valores como a bondade, a solidariedade, a  misericórdia,  o perdão, a igualdade livre de preconceitos de cor, raça e origem e, b) para recontar a história dos personagens, para as quais o renascimento cria nova oportunidade de resgate de má conduta de vidas passadas (caso da personagem Melissa, vivida pela ótima atriz Paola Oliveira), ou para viabilizar a sobrevivência de um romance convertido em casamento, ceifado anteriormente pelas armadilhas preparadas pelos maus espíritos (caso de Felipe e Lívia, interpretados, respectivamente, pelos atores Rafael Cardoso e Alline Moraes). Nesse ponto, a autora conseguiu garantir para si a simpatia do público pelo final da trama, ao contrário do que aconteceu com Alma Gêmea, novela que a Globo transmitiu no mesmo horário, entre 2.005/2006, de autoria de Walcyr Carrasco, que também explorou o tema do espiritismo, mas que termina com a morte dos protagonistas, Rafael (Eduardo Moscovis) e Serena (Priscila Fantin). Uma insatisfação que o público não quer experimentar.  Novela que se preze tem que acabar bem para  o mocinho e a mocinha viverem  o esperado “Felizes para Sempre”, com todo o vigor e a dignidade que o sofrimento a eles imposto, durante os longos dias em que correram os capítulos, exige, como recompensa.  Outro ponto positivo para o merecido sucesso de Além do Tempo, foi a escolha do elenco. As atrizes Irene Ravache e Ana Beatriz Nogueira, que nos dois tempos viveram os personagens Vitória Ventura e Emília Navona Beraldini (no primeiro como sogra e  nora e, no segundo, como  mãe e filha), seguraram a dramaticidade da obra, incomum para o horário das seis e meia. Destaque também para o versátil Luis Melo, com a sua categoria de sempre, no papel do criativo e extrovertido, Massimo Vicenzo e para um ator jovem, Emílio Dantas,  que interpretou o invejoso Pedro, resoluto na sua maldade, da qual não se redimiu nem mesmo na chance de reencarnação que a autora lhe deu. Por fim, caiu muito bem a presença do personagem apenas citado como Mestre dos Anjos,  vivido pelo magnífico Othon Bastos, um ator que admiro desde sua fantástica interpretação do bandido Corisco, no antológico filme nacional do Cinema Novo, Deus e o Diabo na Terra do Sol (1.964),  do saudoso Glauber Rocha. 


Imagem emprestada de www. yotube. com, da belíssima  

PAOLA OLIVEIRA, que viveu a maldosa personagem

Melissa, que se converteu no último capítulo, sal--

vando a vida de seu ex-marido Felipe e de sua anta-

gonista, Lívia.
As suas raras aparições sempre foram oportunas, para explicar os limites da intervenção metafísica no mundo real, segundo preconiza a doutrina kardecista, ora dialogando com um de seus discípulos, o Ariel (Michel Melamed), para lamentar os desencontros, ou exigir dele que não interferisse no “livre arbítrio” dos personagens, ora para encorajar almas que pretendiam a regeneração, a buscá-las com ânimo e afinco, como no caso do personagem Bento Ventura, vivido pelo ator Luiz Carlos Vasconcelos. E finalmente, entre vinhas, vinhos e espiritismo, gostei mesmo do nome dado ao vinho produzido pela vinícola de Felipe e sua sócia de último capítulo, Lívia. O “Além do Tempo” é realmente um bom nome para vinho. Principalmente, porque como dizem, quanto mais velho for o vinho, tanto melhor. Imagine, então, se for de outra encarnação!

Até amanhã amigos,

P.S. (1) A novela Além do Tempo é a quarta escrita pela autora, Elisabeth Jihn, versando sobre tema da espiritualidade. As três antecessoras foram, Amor Eterno Amor (2.012); Escrito nas Estrelas (2.010) e Eterna Magia (2.007);

P.S. (2) A mensagem  transmitida pela voz do  médium mineiro, Chico Xavier, encerrando o último capítulo da novela, foi uma das surpresas reservadas ao público e que reafirma que a doutrina explorada na trama se fundamenta no espiritismo de natureza kardecista. Uma grande lição de humanismo,  independentemente de dogmas ou predileções por doutrinas e religiões.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

BUGRINHO NA COPINHA, O GOL DE WENDELL LIRA E O RETORNO DE LUGANO

Boa noite amigos,

O jovem meia, João Victor do Guarani F.C.de Campinas (imagem
emprestada de blogcomgravata.com.br),  já incorporado pelo -
técnico Pintado à equipe principal que ira disputar o cam-
peonato Paulista da Série A-2.
01: O Guarani começou o ano de 2.016 com uma participação interessante na Copinha, apelido carinhoso da Copa São Paulo de Futebol Juniores, a maior e mais tradicional competição da modalidade e que, ao longo de sua existência tem revelado grandes jogadores. Nos últimos dois anos, seguindo a sina que acompanha a equipe titular, o Bugrinho, que foi campeão do torneio em 1.994,  não passou da 1ª. fase. Agora, porém, com uma equipe bem treinada por Renato Morungaba, o meia direita, Renato Pé Murcho, campeão brasileiro de 1.978 ao lado de craques como Zenon e Zé Carlos,  avançou até a 3ª. fase e só deixou a competição na terça-feira, quando foi eliminada na fase de “mata-mata” pelo Corinthians, atual campeão do torneio, pelo apertado e honroso placar de 2 a 1. Apesar da eliminação, pelo menos três jogadores chamaram a atenção pelo bom desempenho físico, técnico e tático: Mineiro, Chiclete e João Vitor, este último autor de um golaço contra o Timão, prometem uma grande carreira, se devidamente lapidados e tiverem juízo e sorte, um binômio que é indispensável ao sucesso de qualquer atleta e, porque não dizer, de qualquer ser humano. Olho neles, portanto,  e que, desta vez, os dirigentes do alviverde campineiro, não revelem incompetência e insensibilidade para permitir ou criar condições legais que permitam a perda dessas promessas para outras equipes, sem qualquer contraprestação que compense o investimento neles.

O atacante Wendell Lira preparando o lance do gol mais
bonito do ano de 2.015 pela FIFA (imagem empres-
tada de www.agenciadenoticas.uniceub.br).
02: Com a preterição de Neymar, que ficou em último lugar entre os três craques indicados à laurea de melhor jogador do mundo em 2.015, restou ao Brasil comemorar o prêmio  recebido pelo jogador Wendell Lira, até certo ponto inesperado, como o autor do gol mais bonito do ano, uma meia bicicleta que redundou no belo gol da equipe do Goianésia numa partida contra o Atlético Goianiense, pelo campeonato goiano do ano passado. O atleta entra assim para a história e a antologia do futebol mundial, coisa que ninguém mais poderá retirar dele. No entanto, apesar disso, num mundo de celebridades fabricadas e descartáveis, o feito isolado não será sinônimo de sucesso. Ao contrário, o atleta de 27 anos e um histórico de graves e repetidas lesões,   não tem sequer garantido  um emprego considerável em alguma grande equipe do futebol brasileiro ou estrangeiro. Contratado atualmente pelo Vila Novas, de Goiás, seu futuro na carreira é incerto e não será surpresa se for obrigado a encerrá-la, para buscar outra ocupação visando o sustento próprio e da família.


O zagueiro Diego Lugano, várias vezes  cam-
peão pelo São Paulo F.C., clube para o  qual
retorna neste ano de 2.016, com uniforme
da Seleção Uruguaia de Futebol (imagem em
prestada de globoesporte.globo.com.).
03: A contratação do zagueiro Lugano pelo São Paulo foi a notícia que mais ecoou entre os torcedores do tricolor e a imprensa em geral. O próprio jogador se surpreendeu com a recepção calorosa que recebeu ainda no Aeroporto de Guarulhos, invadido por mais de 1.000 torcedores, que gritavam o seu nome, muitos uniformizados ou vestindo camisetas confeccionadas com o nome do atleta. Não sei das condições físicas e técnicas atuais do zagueiro de 35 anos,   mas a sua carreira como futebolista, especialmente no São Paulo, é marcantemente vitoriosa, a justificar a euforia com o seu retorno. Particularmente sempre gostei do jogador. E um zagueiro inteligente, que sabe sair jogando,  é raçudo, além de exercer considerável liderança sobre os companheiros de equipe. Uma virtude que será fundamental para o novo tricolor na primeira temporada sem Rogerio Ceni que, a final, se aposentou.


Até amanhã amigos,





domingo, 10 de janeiro de 2016

THE VOICE KIDS - GLOBO E BONINHO ACERTAM A MÃO.

Boa noite amigos,

Um roteiro que busca unir música e verdade, música e talento jovem, música e competição, criança em concorrência com outras crianças ou adolescentes, é um expediente que, embora já muito utilizado em formatos de programas de televisão de todo o mundo, nem sempre consegue satisfazer as expectativas dos espectadores leigos, de críticos e de profissionais que interagem no complexo e delicado processo de educação infantil, todos sensíveis ao cuidado que a exposição dos "baixinhos" na mídia, reclama. Quando se trata de estabelecer uma concorrência entre crianças e adolescentes, em idade entre 9 e 15 anos,  na qual se  tem necessariamente que escolher, criticar,  premiando uns e eliminando outros participantes, é indispensável muita delicadeza e cuidado dos críticos aos quais se atribui a difícil tarefa de trabalhar com as possibilidades, entusiasmos e inevitáveis frustrações de seres humanos ainda em formação da personalidade. 
Pois bem, A TV Globo e o diretor, Boninho, do The Voice Kids, que vai ao ar todos os domingos desde o começo do ano, no horário das 14,00 horas, ainda em fase inicial das chamadas eliminatórias cegas,  tem agradado em cheio, a começar pela escolha dos jurados e do apresentador. Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e a dupla Victor e Leo, conseguem se harmonizar e se equivaler positivamente, de forma absolutamente competente,  na tarefa de recepcionar os candidatos, fazer as críticas que entendem adequadas e pertinentes, em linguagem sempre positiva para classificados e eliminados, tudo com muita alegria e carinho, tarefa que é facilitada pelo fato de que todos os candidatos apresentam grande potencial, o que evidencia o rigor da pré-seleção, outro aspecto a merecer destaque positivo para a direção e a produção do programa. 

A esses ingredientes some-se o carisma do apresentador Thiago Leifert,  um “menino” de 35 anos, que fez uma das carreiras mais brilhantes no jornalismo, na área de esportes, onde começou transmitindo jogos de várzea (lembram-se do Desafio ao Galo?), aos 16 anos, para gradativamente ir conquistando espaços, primeiro numa emissora do interior afiliada da Globo,  depois no próprio Projac, onde assumiu como diretor-responsável pelo Globo Esporte, dando ao programa uma outra dinâmica. 

A maneira leve e humanizada com que desenvolveu seu trabalho, ganhou repercussão positiva e melhorou índices de audiência, atraindo a atenção dos diretores dos vários núcleos da emissora dos Marinhos.  Pois Thiago, no papel de apresentador do The Voice nas suas quatro edições, e, agora, do The Voice Kids, além de cobrar e disciplinar os chamados “técnicos”, para segurar o tempo sempre escasso na televisão, em horários nobres, o que faz com muito humor, respeito e elegância, interage com os candidatos e seus pais, torcendo pela “virada das cadeiras”, indicativo de que o candidato está agradando e está classificado para a fase seguinte. Nesse instante quem está lá na tela é o Thiago mesmo, sem verniz ou maquiagem., chorando,rindo, abraçando, incentivando.

Quem teve oportunidade de vê-lo em alguns momentos de pura emoção, destacadamente quando se despediu de toda a sua equipe do Globo Esporte, ainda no ano de 2.015, para assumir responsabilidades na área de entretenimento da emissora, tem certeza que todos esses gestos de emoção são espontâneos  mesmo e partem do cérebro e do coração desse menino,  que conquistou e conquista a cada dia a simpatia de todos nós. O The Voice Kids é uma das boas surpresas na grade da telinha no início deste ano. Que o seu exemplo possa orientar outras apostas da emissora e de outras emissoras, em mais musicais de qualidade.


Até amanhã amigos.

P.S. (1) A primeira imagem da coluna é do jornalista e apresentador, Thiago Leifert, emprestada de cnews.com.br; A segunda é da cantora, compositora e empresária, Ivete Sangalo (musica.com.br);   A quarta e quinta imagens são, respectivamente, da dupla Victor e Leo e do cantor, compositor, arranjador e agitador musical, o versátil, Carlinhos Brown, emprestadas, ainda respectivamente, de www.Kboing.com.br e redeglobo.globo.com.;

P.S. (2) A terceira imagem é da candidata Kaliny Rodrigues, de Mato Grosso, que foi classificada e entrou para a turma de Brown, interpretando a música Mira Ira (imagem emprestada de www.olhardireto.com.br).





domingo, 3 de janeiro de 2016

MEMÓRIAS DA FACULDADE - A REVISTA "ARTIGO PRIMEIRO"

Boa noite amigos,

Meu afetuoso abraço, agradecendo a companhia de sempre e desejando que nesse ano de 2.016 todas as energias do universo sejam canalizadas para o bem estar, a saúde e a evolução de cada um  de nós. O ano de 2.015, tão difícil, já virou saudade. E por falar em saudade, a primeira postagem do ano é um tributo à memória de um  passado que nos é caro, pela história de que fizemos parte e que sempre nos traz boas recordações e lições para o futuro. Bem, recentemente, por causa da mudança da Faculdade de Direito para o Campus I da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, nosso amigo e funcionário da Secretaria,Toninho, localizou no arquivo morto algumas edições de uma revista, que teria sido editada e circulado por volta de 1.977, entre alunos e professores. Sabedor de meu interesse pela memória da instituição, entregou-me  esse material para consulta e eventual aproveitamento de tudo quanto o conteúdo pudesse indicar ou revelar de interesse para estudo da história da cultura acadêmica e da sociedade campineira daquela época. Essa revista, denominada ARTIGO PRIMEIRO, deve ter circulado durante muito pouco tempo, provavelmente apenas no ano de 1.977. Os exemplares que tenho em mãos, são todos do referido ano (n. 4, de março; n. 6, de maio; n. 7, de junho;  n. 8, de agosto;  e n. 10, de outubro de 1.977).  Não tenho memória da edição e circulação dessa revista, conquanto no referido ano eu já lecionasse na Faculdade, como assistente voluntário na disciplina Direito Civil, cujo titular era o Dr. José Augusto MarinA revista, editada por alunos,  pode ter sido vinculada ao Centro Acadêmico (naquela época Diretório Acadêmico), mas também pode ter sido produzida por alunos independentes, o que é bastante viável, diante da ausência de referência ao Diretório. Vou registrar nessa primeira postagem a respeito dela, a Comissão Editorial (da edição mais antiga de março de 77, pois houve variação nas seguintes) e os anunciantes que patrocinaram a sua edição e  distribuição registrada como gratuita. Vamos lá: ARTIGO PRIMEIRO. COORDENADOR: MAVIAEL AUGUSTO DA SILVA. DIRETOR DE REDAÇÃO: BRAULIO FELÍCIO; DIRETOR COMERCIAL: ROBERTO ROCHA. REPORTAGENS: PEDRO FORTE JUNIOR. EQUIPE DE REDAÇÃO: AZAEL DUARTE MARTINS, ANTONIO M. MARIALVA, FLÁVIO M. PINTO, MARIA APARECIDA LUCARELLI, PAULO M. DA COSTA COELHO, RENATA AP. ZANCAN, SANDRA CATARINA PLAZA. Anunciantes: Roupas Esportivas e Presentes EZEQUIEL  (Rua 13 de Maio, 743) e EZEQUIEL II (Rua General Osório, 955); LOJAS ESPORTES CARIOCA (Rua General Osório, 1.243), O  CACHORRÃO -  HOT DOG (Rua Marechal Deodoro, 855, Esquina José Paulino); CASA DO ENGENHEIRO (Rua Francisco Glicério, n. 962). Um dos professores convidados a publicar na revista foi o nosso saudoso Dr. Milton Duarte Segurado, que lecionava Introdução à Ciência do Direito (disciplina que hoje se denomina Introdução ao Estudo do Direito). Dotado de vasta cultura geral, o Dr. Milton falava e escrevia com propriedade sobre qualquer assunto ligado ao Direito, às Letras e às Artes. Na edição dessa revista, publicou um curioso artigo em que aponta os erros do processo judicial contra Jesus Cristo, analisando a legislação então reinante em Roma e no Direito Hebraico. Numa próxima postagem, prometo um resumo dos argumentos jurídicos apontados para indicar o erro judiciário referido.

Até amanhã amigos,

E. T: A capa desse número da revista, cuja imagem digitalizada ilustra esta postagem é atribuída a DÉLICO MONTAGNINI, do Dung Hill Studio 47, Clanricard Gardens, Notting Hill, London W2, England. E há registro de que foi feita exclusivamente para a revista “Artigo Primeiro”. Chique não?