domingo, 7 de agosto de 2016

MORREU VANDER LEE. SUA POESIA FICA PARA SEMPRE.

Boa tarde amigos,

O cantor e compositor Vander Lee (imagem emprestada de
www.itatiaia.com.br.)
Fechem os olhos, fiquem em profundo silêncio e sintam por um instante  a força lírica destes versos:   Cada dia que passa sem sua presença/ Sou um presidiário cumprindo sentença/Sou um velho diário perdido na areia/Esperando que você me leia/ Sou pista vazia esperando aviões/ Sou o lamento no canto da sereia/ Esperando o naufrágio das embarcações"  [1]. Ou estes outros: “Sabe o que eu queria agora meu amor/ Sair, chegar lá fora e encontrar alguém/ Que não me dissesse nada/ Não me perguntasse nada também/ Que me oferecesse um colo, um ombro/Onde eu desaguasse todo o desengano[2]. De quem são? Manuel Bandeira? Chico Buarque de Holanda? Não, não são deles. Não tenho dúvidas, porém, que eles os assinariam, sem pestanejar. E porque não, o  saudoso e sempre lembrado, Fernando Pessoa e seus heterônomos? Pois o autor desses versos e das  melodias que neles foram harmonicamente encaixadas é um cantor e compositor mineiro, que morreu nesta sexta feira, aos 50 anos de idade. Seu nome artístico: Vander Lee, o Vanderli Catarina, de pia batismal. Desconhecido do grande público (não sei o que seria considerado popular ou pop nesse louco mundo digital),  ausente, ao menos,  dos programas musicais populares, que não frequentava e para os quais certamente não era convidado,  sua obra é considerada muito importante para a música popular brasileira. O artista, cujo estilo de cantar e compor lembrava muito o consagrado Djavan,  já estava na estrada há 19 anos e era admirado pela qualidade de suas canções e de seu trânsito por vários ritmos musicais, incluindo samba e rock mineiro. Porém eram suas músicas românticas,  cujas letras revelavam muito de  seu lirismo nostálgico e de sua postura ética num mundo de muitos desencontros, que marcaram um estilo peculiar de suave protesto, como afirma a letra de uma de suas canções: “Sabe o que eu mais quero agora meu amor/ Morar no interior do meu interior/ Para entender porque se agridem/ Se empurram pro abismo/ Se debatem, se combatem,sem saber”. A diva Maria Bethania, Gal Costa, Emilinha Borba, Elza Soares, Zeca Baleiro, Leila Pinheiro e Nando Reis, são alguns dos "bacanas" de 1ª. linha,  que gravaram músicas desse mineiro que, precocemente falecido, deixa um legado não muito vasto, mas suficientemente relevante para a história da grande música popular deste país. E nós, seus contemporâneos, agradecemos por suas canções capazes de inundar de emoções os nossos corações. Vander Lee por certo está agora num lugar, qualquer que seja ele,  onde Deus possa lhe ouvir.


Até mais amigos.

P.S. (1) Com quase quatro milhões de acessos, ofereço aos amigos o link do vídeo gravado em junho de 2.006, no Teatro Palácio das Artes em Belo Horizonte, durante apresentação do cantor e compositor interpretando o seu mais conhecido sucesso “Onde Deus Possa Me Ouvir”:.     https://www.youtube.com/watch?v=19OaxjeKkvo.




[1] Trecho da canção “Esperando Aviões”
[2] Versos da música “Onde Deus Possa Me Ouvir” gravada por Gal Costa.

Um comentário: