Boa tarde amigos,
O cantor e compositor Vander Lee (imagem emprestada de
www.itatiaia.com.br.)
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Fechem os olhos, fiquem
em profundo silêncio e sintam por um instante
a força lírica destes versos: “Cada
dia que passa sem sua presença/ Sou um presidiário cumprindo sentença/Sou um
velho diário perdido na areia/Esperando que você me leia/ Sou pista vazia
esperando aviões/ Sou o lamento no canto da sereia/ Esperando o naufrágio das embarcações" [1]. Ou estes outros: “Sabe o que eu queria agora meu amor/ Sair, chegar lá fora e encontrar
alguém/ Que não me dissesse nada/ Não me perguntasse nada também/ Que me
oferecesse um colo, um ombro/Onde eu desaguasse todo o
desengano”[2]. De quem são? Manuel Bandeira? Chico Buarque de Holanda? Não, não são deles. Não tenho dúvidas, porém, que eles os
assinariam, sem pestanejar. E porque não, o saudoso e sempre lembrado, Fernando
Pessoa e seus heterônomos? Pois o autor desses versos e das melodias que neles foram harmonicamente
encaixadas é um cantor e compositor mineiro, que morreu nesta sexta feira, aos
50 anos de idade. Seu nome artístico: Vander
Lee, o Vanderli Catarina, de pia batismal. Desconhecido do grande público
(não sei o que seria considerado popular ou pop nesse louco mundo digital), ausente, ao menos, dos programas musicais populares, que não frequentava e para os quais certamente não era convidado, sua obra é considerada muito importante para a música popular brasileira. O
artista, cujo estilo de cantar e compor
lembrava muito o consagrado Djavan, já estava na estrada há 19 anos e era
admirado pela qualidade de suas canções e de seu trânsito por vários ritmos
musicais, incluindo samba e rock mineiro. Porém eram suas músicas românticas, cujas letras revelavam muito de seu lirismo nostálgico e de sua postura ética
num mundo de muitos desencontros, que marcaram um estilo peculiar de suave
protesto, como afirma a letra de uma de suas canções: “Sabe
o que eu mais quero agora meu amor/ Morar no interior do meu interior/ Para
entender porque se agridem/ Se empurram pro abismo/ Se debatem, se combatem,sem
saber”. A diva Maria Bethania,
Gal Costa, Emilinha Borba, Elza Soares, Zeca Baleiro, Leila Pinheiro e Nando Reis, são alguns dos "bacanas" de
1ª. linha, que gravaram músicas desse
mineiro que, precocemente falecido, deixa um legado não muito vasto, mas suficientemente relevante para a história
da grande música popular deste país. E nós, seus contemporâneos, agradecemos
por suas canções capazes de inundar de emoções os nossos corações. Vander Lee por certo está
agora num lugar, qualquer que seja ele, onde Deus possa lhe ouvir.
Até mais amigos.
P.S. (1) Com quase
quatro milhões de acessos, ofereço aos amigos o link do vídeo gravado em junho
de 2.006, no Teatro Palácio das Artes em Belo Horizonte, durante apresentação
do cantor e compositor interpretando o seu mais conhecido sucesso “Onde Deus
Possa Me Ouvir”:. https://www.youtube.com/watch?v=19OaxjeKkvo.
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