domingo, 22 de outubro de 2017

TELENOVELAS - A FORÇA DO QUERER - PARTE UM.

Boa noite, amigos,

Tres belas e competentes atrizes formaram o trio de prota-

gonistas da novela de Gloria Perez: A policial Geiza (Paolla
Oliveira), a irreverente Ritinha (Isis Valverde) e a audacio
sa Bibi (Juliana Paes). Imagem emprestada de Purepleope.
Desde Avenida Brasil, a TV Globo não conseguia emplacar mais de 36 pontos no Ibope no horário mais nobre de sua grade: o da novela das 21,00 horas. A Força do Querer, folhetim que começou em abril e terminou na sexta-feira passada, com média de 49% e picos de mais de 50%, resgatou a audiência perdida nesses anos decorridos, por causa da mesmisse e da falta de inspiração dos diversos autores para manter aceso o interesse do público, com  abordagens mais originais e atuais, em tempos de  pós-modernidade.  Há quem sustente que a Televisão perdeu audiência para a Internet, o que pode ser verdade. Porém,  logo que seja possível apurar, de forma mais abrangente, por quais meios o espectador está assistindo aos seus programas, incluindo as telenovelas (visto que ele não o faz mais apenas na televisão da sala, em tempo real de exibição) e essa afirmação poderá ser constatada ou contrastada de forma mais precisa. Não se pode afirmar, outrossim, que ao falarmos do espectador das novelas, estaríamos nos referindo exclusivamente às classes C e D, as mais modestas, social, cultural e economicamente falando. Não! A novela no Brasil adquiriu um “status” que nenhum outro segmento de comunicação conseguiu superar ou destruir. São décadas de tradição, construídas pelos inúmeros festejados autores que surgiram, desde a geração de Ivani Ribeiro e Janete Claire, ora a contar a  nossa história, com as chamadas “novelas de época”, ora a abordar dramas contemporâneos, sob o enfoque de valores morais e sociais, ou simplesmente provocar distração, mas que também não se abstêm, via de regra, da crítica social bem humorada, aspecto que aprecio muito nesses folhetins. Dos anos 60 para cá, as telenovelas, a exemplo das antecessoras, as radionovelas dos anos 40 e 50, permanecem vivas, mas necessitam, evidentemente, de sucessivas reciclagens, para não se perderem no tempo. Claro que os romances, as intrigas, as comédias e as tragédias, os dramas existenciais do homem e, pois, da vida de cada um de nós, como temas universais e atemporais, ainda que temperados pela ficção, são sempre bem vindos e estão aí autores consagrados, cujas obras se mantêm vivas, séculos passados,  graças a esse expediente, de que é exemplo emblemático William Shekespeare, considerado o maior escritor em língua inglesa e que ainda figura no topo, como recordista disparado de encenações pelo mundo inteiro. Mas as novelas no Brasil nunca se contentaram – e felizmente no meu modo de ver – em permanecer à margem dos problemas e das questões que a sociedade brasileira enfrentou e enfrenta a cada momento, ao menos para incentivar o telespectador a discutir, a rever seus conceitos, a apurar e opinar, de preferência, com conhecimento de causa. Cumprem, enfim, essa função social relevante, que não passa despercebida por nenhuma das autoridades e instituições de poder no país. Não levo muito a sério a corrente que considera apenas os pontos chamados de negativos das teledramaturgias, se é que podem ser comprovados, ou seja, de que as mensagens por elas transmitidas visam unicamente provocar lavagem cerebral no povo mais inculto, impor valores de interesse das empresas de comunicação e seus patrocinadores, dissociados da nossa cultura e tradição. Por outro lado,  aquela história de que novela é coisa de mulher, coisa de quem não tem o que fazer, é mais uma lorota criada pela sociedade patriarcal e machista em que vivemos. E, além de tudo, hipócrita.Esta semana o Ministro Alexandre de Moraes, advogado e professor de Direito Constitucional, ocupando atualmente uma das cadeiras da Suprema Corte do país, declarou a um veículo de comunicação que vê novelas e fez comentários acerca da Força do Poder. Mais à frente falarei a respeito dessa entrevista, com detalhes. O fato é que, convenhamos, a telenovela no Brasil é uma realidade incontestável e o maior veículo de comunicação, por atingir famílias inteiras de todas as classes sociais, transmitida pela televisão aberta e gratuita, o instrumento mais democrático do país, ao lado do rádio (ainda, podem crer). Daí porque as exigências em relação a esse relevante produto ser cada vez maior e os canais abertos têm consciência do poder que ele exerce no espectador ávido por entretenimento, emoção e porque não, também reflexão sobre questões que o assaltam no dia a dia, como educação dos filhos, o país em que se vive, o momento que a sociedade experimenta em relação às suas instituições, etc. Voltei dos Estados Unidos na sexta-feira e pelo canal latino Unimás constatei pessoalmente o que sempre se soube – que a novela brasileira é um dos nossos mais relevantes produtos de exportação e instrumento de divulgação de nosso país e de nossa cultura. Daí a exigência da qualidade em todos os sentidos e setores que envolvem a sua construção, desde os roteiros, o desempenho dos atores, a direção, os recursos técnicos etc. O canal exibe, com dublagem em espanhol, uma após a outra,  todos os dias em determinado horário, A Terra Prometida, uma produção da TV Record e Totalmente Diva, nome escolhido para a novela Totalmente Demais, produzida pela Rede Globo. E você, gostou do final da novela de Glória Perez? Amanhã começo a fazer as minhas considerações sobre a produção que vi quase na integralidade, suas eventuais virtudes e defeitos. Claro na minha opinião, compartilhada com prazer com você, meu amigo, e sempre com respeito à divergência.

Forte abraço.


P.S. (1) -  O folhetim da Globo deve atingir mais de 36 pontos de média na Grande São Paulo e share superior a 55%. O share corresponde ao percentual de audiência  apenas em relação aos aparelhos de TV ligados;

P.S. (2) -  A cada ano o Kantar Ibope atualiza o seu quadro de percentuais em função da atualização da população nos centros onde os índices de audiência são medidos. Na atualização válida a partir de 1º de janeiro de 2.017, para a Grande São Paulo, cada ponto representa 70,5 mil domicílios e 688,2 mil indivíduos;

P.S. (3) Os índices das novelas imediatamente anteriores foram os seguintes, respectivamente, no geral e relativamente ao share (apenas os aparelhos ligados): A Lei do Amor” (25,9 pontos e 36,8%), “Velho Chico” (28,7 pontos e 42,0%), “A Regra do Jogo” (25,1 pontos e 37,8%), “Babilônia” (25,2 pontos e 39,2%), “Império” (30,0 pontos e 48,6%), “Em Família” (30,5 pontos e 49,6%), “Amor à Vida” (34,3 pontos e 54,8%), “Salve Jorge” (30,3 pontos e 50,2%), “Avenida Brasil” (36,4 pontos e 60,1%) e “Fina Estampa” (38,0 pontos e 58,7%).

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