domingo, 8 de dezembro de 2019

CINEMA DE TARANTINO: ERA UMA VEZ... EM HOLLYWOOD


Boa noite amigos,

O trio de protagonistas do longa de Tarantino, pela ordem, -

Brad Pitt, Leonardo Dicaprio e  Margot Robbie.
Era uma Vez em Hollywood, o último badalado longa de Quentim Tarantino, candidato a várias estatuetas no Oscar de 2.020, é mais uma vez a “cara” de seu diretor e roteirista, com sua conhecida paixão pela indústria cinematográfica e a vontade de prestar tributo a estilos, épocas e a atores e diretores que se tornaram notáveis no passado, quando o cinema não contava com os recursos tecnológicos atuais e dependia fundamentalmente das grandes atuações dos artistas e de diretores capazes de apresentar e desenvolver roteiros que agradassem tanto ao público, quanto a produtores  dispostos a apostar seus milhões de dólares em  produtos que deixassem nas bilheterias muitas vezes o valor de orçamentos milionários. O longa desta vez presta homenagem a Hollywood de 1.969, época em que o mundo passava por grandes transformações e o cinema ingênuo e simples, de romances açucarados e faroestes americanos e italianos (espaguetes), e que ele já homenageara em filmes anteriores como o bom  Django Livre, estava com os dias contados.  A “guerra fria” que se desenvolvia entre as potências (Estados Unidos e União Soviética), a Guerra do Vietnã, a conquista do universo com a pousada na lua, o surgimento do movimento hippie e da contra-cultura em geral, chegava também a Los Angeles. Hollywood vivia o fervor da revolução política e cultural que se passava no mundo e buscava um novo e comprometido público, para além dos romances açucarados, bandidos e mocinhos, índios e caras pálidas, e finais felizes. Movimentos como a Nouvelle Vague na França e a Escola de Nova York nos Estados Unidos, com diretores como Godard, Fellini, Antonioni, pensavam um cinema intimista, cadenciado, reflexivo, que ensejasse discussões políticas e existenciais mais em voga. Li em um crítico renomado que a ignorância do jovem espectador sem vivência, nem  conhecimento dos fatos políticos do mundo da época e seus personagens, o impedirá de compreender as mensagens expressas ou subliminares do filme e identificar lugares, fatos ou personalidades. É verdade. Mas nem por isso estará condenado ao enfado, porque Tarantino consegue, graças ao seu talento no domínio do roteiro, prender o espectador ciente ou  inciente,até o fim,num filme de quase três horas, focado em três personagens: Rick Dalton (Leonardo diCaprio), um ator em busca de reconhecimento; seu Double permanente, Cliff Booth (Brad Pitt), que se conformava em conservar o seu emprego de segunda linha e a  servir o seu amigo e patrão em todas as necessidades e a atriz, Sharon Tate (Margot Robbie), na época casada com o diretor polonês, Roman Polansky. E enquanto os dois primeiros são fictícios, a atriz e outros personagens existiram e fizeram história na Hollywood de 1.969. O expediente de juntar ficção e realidade para contar fatos ou acontecimentos de quem ou do que pretende prestar tributo é marca registrada de Tarantino. Seu forte, portanto, não é o gênero documentário, mas o de construir uma realidade, como se pudesse reescrevê-la ao sabor de alguns ingredientes que ele concebe e inclui com o objetivo de alterar o seu curso. Falar do talento de LeonardoDiCapri para mim é uma constante. Sou fã desse ator de 45 anos, que acompanho desde o menino romântico do Titanic. E ele desempenha mais uma vez de forma magistral o atormentado ator fictício em busca de sua identidade e do reconhecimento num mundo em que predominam talento, dinheiro, estilos, mas também hipocrisias, traições e “egos” exacerbados. Brad Pitt não fica atrás, merecendo destaque pela construção de seu personagem de forma marcante. E o trio se completa com a atuação de Margot Robbie para Sharon Tate, a bela atriz americana que foi brutalmente assassinada, naquele fatídico ano de 1.969, por fanáticos hippies da seita de Charles Manson, quando estava grávida de nove meses do diretor Polansky. Não deixe de ver o filme. Há quem o considere o melhor no conjunto da obra de Tarantino.  

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