O trio de protagonistas do longa de Tarantino, pela ordem, -
Brad Pitt, Leonardo Dicaprio e Margot Robbie.
Era
uma Vez em Hollywood, o último badalado longa de Quentim
Tarantino, candidato a várias estatuetas no Oscar de 2.020, é mais uma vez a “cara” de seu diretor e roteirista,
com sua conhecida paixão pela indústria cinematográfica e a vontade de prestar
tributo a estilos, épocas e a atores e diretores que se tornaram notáveis no
passado, quando o cinema não contava com os recursos tecnológicos atuais e
dependia fundamentalmente das grandes atuações dos artistas e de diretores
capazes de apresentar e desenvolver roteiros que agradassem tanto ao público,
quanto a produtoresdispostos a apostar seus milhões de dólares
em produtos que deixassem nas bilheterias
muitas vezes o valor de orçamentos milionários. O longa desta vez presta homenagem a Hollywood
de 1.969, época em que o mundo passava por grandes transformações e o cinema
ingênuo e simples, de romances açucarados e faroestes americanos e italianos (espaguetes),
e que ele já homenageara em filmes anteriores como o bomDjango
Livre, estava com os dias contados.A
“guerra fria” que se desenvolvia entre as potências (Estados Unidos e União
Soviética), a Guerra do Vietnã, a conquista do universo com a pousada na lua, o
surgimento do movimento hippie e da contra-cultura em geral, chegava também a Los Angeles. Hollywood vivia o fervor da revolução política e cultural que se
passava no mundo e buscava um novo e comprometido público, para além dos
romances açucarados, bandidos e
mocinhos, índios e caras pálidas, e finais felizes. Movimentos como a Nouvelle
Vague na França e a Escola
de Nova York nos Estados Unidos, com diretores como Godard, Fellini, Antonioni, pensavam um cinema intimista, cadenciado, reflexivo, que ensejasse discussões políticas e existenciais mais em voga. Li em um crítico renomado que a ignorância do jovem espectador sem vivência, nem conhecimento dos fatos políticos do mundo da
época e seus personagens, o impedirá de compreender as mensagens expressas ou
subliminares do filme e identificar lugares, fatos ou personalidades. É verdade. Mas nem por isso estará condenado ao enfado,
porque Tarantino consegue, graças ao
seu talento no domínio do roteiro, prender o espectador ciente ou inciente,até o fim,num filme de quase três horas, focado em três personagens:Rick Dalton (Leonardo diCaprio), um ator em busca
de reconhecimento; seu Double permanente, Cliff
Booth (Brad Pitt), que se conformava
em conservar o seu emprego de segunda linha e a servir o seu amigo e patrão em todas as necessidades
e a atriz, Sharon Tate (Margot
Robbie), na época casada com o diretor polonês, Roman Polansky. E enquanto os dois primeiros são fictícios, a atriz
e outros personagens existiram e fizeram história na Hollywood de 1.969. O
expediente de juntar ficção e realidade para contar fatos ou acontecimentos de
quem ou do que pretende prestar tributo é marca registrada de Tarantino. Seu
forte, portanto, não é o gênero documentário, mas o de construir uma realidade,
como se pudesse reescrevê-la ao sabor de alguns ingredientes que ele concebe e
inclui com o objetivo de alterar o seu
curso. Falar do talento de LeonardoDiCapri
para mim é uma constante. Sou fã desse ator de 45 anos, que acompanho desde
o menino romântico do Titanic. E ele
desempenha mais uma vez de forma magistral o atormentado ator fictício em busca
de sua identidade e do reconhecimento num mundo em que predominam talento,
dinheiro, estilos, mas também hipocrisias, traições e “egos” exacerbados. Brad Pitt não fica atrás, merecendo
destaque pela construção de seu personagem de forma marcante. E o trio se
completa com a atuação de Margot Robbie
para Sharon Tate, a bela atriz
americana que foi brutalmente assassinada, naquele fatídico ano de 1.969, por
fanáticos hippies da seita de Charles
Manson, quando estava grávida de nove meses do diretor Polansky. Não deixe de ver o filme. Há quem o considere o melhor no
conjunto da obra de Tarantino.
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