Boa tarde amigos.
Estava cá pensando com os meus botões: os seres humanos, desde o aparecimento do homus sapiens foram divididos em diversas categorias, segundo o critério ou objetivo. Já fomos homens e mulheres; orientais e ocidentais; brancos, negros e amarelos; suseranos e vassalos; livres ou escravos; nobres e plebeus; nacionais e estrangeiros etc. etc. e tal. Atualmente, sinto que o mundo está dividido entre os que têm e os que não têm um tal de QR Code[1]. As publicidades na TV ou de outra mídia convocam a gente para abrir o celular e apontar para esse quadradinho sujinho (o QR code), com a advertência de que depois ele fará o contato e a leitura bem rapidinho. E aí eu posso gozar de certa suposta vantagem. Digo suposta porque vivemos no mundo das (ou dos, não sei) Fake News e “gente de idade”, como eu e como se dizia no meu tempo, mergulhado na ignorância do revolucionário mundo cibernético e, por isso mesmo, desconfiado de tudo e de todos, como convém aos ignorantes que se julgam espertos, não acredito nem no que vejo, ou no que me dizem. Tive a oportunidade de assistir pela TV, em tempo real, a descida do homem à lua em 20 de junho de 1.969, com 17 anos de idade. E a minha admiração de jovem se juntava ao temor do Gilberto Gil que compôs para Elis cantar, o seu Lunik 9. A letra começava com a contagem regressiva para subida do foguete que conquistou a lua e terminava dizendo “... /A mim me resta uma tristeza só/ Talvez não tenha mais luar, para clarear minha canção/ O que será do verso sem luar/ O que será do mar, da flor, do violão?. E a avó da minha mulher, até a sua morte mais de 30 anos depois, me garantia que aquilo era mentira, era montado, jamais alguém chegaria até a lua. Pois é, atualmente o que me enche as pimbóias é o tal do CR code. Com a pandemia e a mania de não poder tocar em objetos, não temos em grande parte, os menus físicos nos bares e restaurantes. Só se pode saber o que a “casa” oferece se você estiver munido do celular e conseguir ler no QR code. Eu, se estou sozinho ou com amigos que também não conseguem viver no mundo desse quadradinho, dessa casinha, vou no velho truque. Olho para os garçons e vejo qual deles me transmite sinceridade e confiança. Chamo-o delicadamente e vou deitando conversa: - Ô meu amigo eu nunca vim aqui. Não tenho jeito para escolher o que comer. O que o senhor me recomenda? Coisa do tipo “prato carro-chefe da casa”. E não dá outra. Sem ler naquela coisa para encontrar o cardápio e tentar adivinhar o que pedir, correndo o risco de me dar mal, garanto ao amigo que sempre me saí bem. E assim vou vivendo e me virando enquanto não substituírem os garçons, de uma vez, por robôs ou algum expediente que possa dar informação esteriotipada sobre a qualidade da comida da casa. E me obrigar a pedir pelo tal QR Code ou alguma outra coisa que o substitua. Ah, entendi! Por isso que de vez em quando o pessoal lá de casa fala que eu ando meio “fora da casinha”. Será que é por fora do QR Code?
P.S. (1) Procurando uma das abotoaduras para usar no
casamento do Gabriel Brocchi, me deparei com uma antiga que eu comprei em
Orlando, nos Estados Unidos há anos. Até assustei porque elas tinham exatamente
o formato e o desenho do QR Code. Vejam as imagens que fotografei para a coluna
de hoje. Visionários os criadores, não?
[1][1] Segundo o Google, “O QR Code ou Código QR é uma espécie de gráfico em 2D (dimensões), geralmente apresentado em formato quadrado e com as cores preta e branca. A tradução das letras significa Quick Response, ou seja, resposta rápida. Essas “caixinhas” podem ser escaneadas por meio de tecnologias móveis.”
Como sempre perfeito! Adorei dr Jamil kkkkkkk.
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