domingo, 11 de agosto de 2013

CAUSO - EXAME CLÍNICO INFORMATIZADO



Boa noite amigos,

Registro hoje na coluna, mais um "causo" que está no meu livro Causas & Causos n. II, da editora Millenium: Exame Clínico Informatizado:

"Jubilado pela amaldiçoada aposentadoria compulsória dos 70 anos, o velho e disposto Desembargador comparece à clínica para exames de rotina.
Seu estado de saúde aparentemente era bom, mas o haviam convencido que os tais “chek ups” eram muito importantes, sobretudo a partir de certa idade, para detectar doenças ainda em estágio latente ou embrionário.
As chances de cura, nesses casos, é muito maior, diziam os telejornais e outros programas viciados em matérias relacionadas à saúde da população.
Viu-se, no entanto, defronte a um urologista disposto a realizar um exame inédito em seus longos e distintos 75 anos de benfazeja e discreta existência.
Tratava-se do chamado  toque retal que, ao lado de outro exame de sangue para medir o PSA (Antígeno Prostático), permitiam diagnóstico a respeito da existência de câncer de próstata, cada vez mais numeroso dentre a população masculina de terceira idade.
A enfermeira lhe pedira para entrar numa salinha, tirar toda a roupa, incluindo as cuecas, e vestir uma camisolinha branca que ele achou esquisita.
Realmente, era estranha, porque enquanto ela recobria a parte da frente do corpo, deixava livre, leve e solto todo o respeitável traseiro do desembargador.
Coisa boa é que não devia ser, pensou.
E não era.
O médico entrou na tal saleta.
O Desembargador, constrangido, embora soubesse como era o tal exame e tivesse resistido muito a ele, acabou por ceder aos insistentes pedidos da família:
- Pai, não seja teimoso! Deixa de ser antigo!
- Oh, sogro. Deixe de besteira. O exame é rápido, o médico tem experiência. Não chega a doer.
 - Vô, brincava o neto.
-  Depois se o senhor ficar em dúvida, pode pedir uma segunda opinião.

O doutor pediu delicadamente que ele se deitasse em posição de parturiente.
Que indignidade, pensou.
Antes de atender ao pedido do facultativo, o Desembargador resolveu tentar  um último recurso.
-Doutor?
- Pois não, Desembargador.
- Me diga uma coisa. O Senhor não é apenas um excelente médico, é também professor e pesquisador. Suponho que esteja ciente das últimas novidades e descobertas da ciência.
- Penso que sim.
- Pois bem, certamente deve haver uma maneira mais moderna de realizar esse exame de detecção de câncer de próstata.
- Não há, não senhor, infelizmente.
- Mas doutor não é possível. O progresso vertiginoso da tecnologia, a sofisticação dos equipamentos.
- É, mas não tem jeito. Por gentileza, coloque-se em posição para terminarmos logo, o senhor vai ver que é rápido e não é traumático.
O Magistrado foi-se então se  colocando na tal posição determinada.
E enquanto o fazia, continuava relutante e irresignado:
- Doutor estamos na era da informática, da cibernética, da engenharia genética, da nanotecnologia, hoje se opera à distância,  usando laser. Nada toca no paciente.
E entre inconformado e afirmativo:
- Tem de haver um exame mais moderno em São Paulo ou em Londres. Devem ter desenvolvido nova técnica, por certo.
Surpreendentemente vencido pela insistência, o médico passa a concordar com o paciente ilustre:
- É verdade, Desembargador. Existe sim hoje um método novo que foi desenvolvido pela engenharia da computação e tem um nome bem sugestivo.
E o Desembargador, curioso:
- E qual é esse exame,  então doutor.
- O nome científico desse exame, Excelência, é “Inclusão Digital”.
E sem esperar qualquer comentário ou reação, pediu licença e meteu o dedo no respeitável ânus do Desembargador".

Até amanhã amigos,

P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada de alosertao.com.br;




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