Boa noite amigos,
Registro hoje na coluna, mais um "causo" que está no meu livro Causas & Causos n. II, da editora Millenium: Exame Clínico Informatizado:
"Jubilado pela amaldiçoada aposentadoria compulsória dos
70 anos, o velho e disposto Desembargador comparece à clínica para exames de
rotina.
Seu estado de saúde aparentemente era bom, mas o
haviam convencido que os tais “chek ups” eram muito importantes, sobretudo a
partir de certa idade, para detectar doenças ainda em estágio latente ou
embrionário.
As chances de cura, nesses casos, é muito maior,
diziam os telejornais e outros programas viciados em matérias relacionadas à
saúde da população.
Viu-se, no entanto, defronte a um urologista disposto
a realizar um exame inédito em seus longos e distintos 75 anos de benfazeja e
discreta existência.
Tratava-se do chamado toque retal que, ao lado de outro exame de
sangue para medir o PSA (Antígeno Prostático), permitiam diagnóstico a respeito
da existência de câncer de próstata, cada vez mais numeroso dentre a população
masculina de terceira idade.
A enfermeira lhe pedira para entrar numa salinha,
tirar toda a roupa, incluindo as cuecas, e vestir uma camisolinha branca que
ele achou esquisita.
Realmente, era estranha, porque enquanto ela recobria
a parte da frente do corpo, deixava livre, leve e solto todo o respeitável
traseiro do desembargador.
Coisa boa é que não devia ser, pensou.
E não era.
O médico entrou na tal saleta.
O Desembargador, constrangido, embora soubesse como
era o tal exame e tivesse resistido muito a ele, acabou por ceder aos
insistentes pedidos da família:
- Pai, não seja teimoso! Deixa de ser antigo!
- Oh, sogro. Deixe de besteira. O exame é rápido, o
médico tem experiência. Não chega a doer.
- Vô, brincava
o neto.
- Depois se o
senhor ficar em dúvida, pode pedir uma segunda opinião.
O doutor pediu delicadamente que ele se deitasse em
posição de parturiente.
Que indignidade, pensou.
Antes de atender ao pedido do facultativo, o
Desembargador resolveu tentar um último
recurso.
-Doutor?
- Pois não, Desembargador.
- Me diga uma coisa. O Senhor não é apenas um
excelente médico, é também professor e pesquisador. Suponho que esteja ciente
das últimas novidades e descobertas da ciência.
- Penso que sim.
- Pois bem, certamente deve haver uma maneira mais
moderna de realizar esse exame de detecção de câncer de próstata.
- Não há, não senhor, infelizmente.
- Mas doutor não é possível. O progresso vertiginoso
da tecnologia, a sofisticação dos equipamentos.
- É, mas não tem jeito. Por gentileza, coloque-se em
posição para terminarmos logo, o senhor vai ver que é rápido e não é
traumático.
O Magistrado foi-se então se colocando na tal posição determinada.
E enquanto o fazia, continuava relutante e irresignado:
- Doutor estamos na era da informática, da
cibernética, da engenharia genética, da nanotecnologia, hoje se opera à
distância, usando laser. Nada toca no
paciente.
E entre inconformado e afirmativo:
- Tem de haver um exame mais moderno em São Paulo ou em Londres. Devem ter
desenvolvido nova técnica, por certo.
Surpreendentemente vencido pela insistência, o médico
passa a concordar com o paciente ilustre:
- É verdade, Desembargador. Existe sim hoje um método
novo que foi desenvolvido pela engenharia da computação e tem um nome bem
sugestivo.
E o Desembargador, curioso:
- E qual é esse exame, então doutor.
- O nome científico desse exame, Excelência, é
“Inclusão Digital”.
E sem esperar qualquer comentário ou reação, pediu
licença e meteu o dedo no respeitável ânus do Desembargador".
Até amanhã amigos,
P.S. (1) A imagem da coluna de hoje foi emprestada de alosertao.com.br;
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