quinta-feira, 12 de junho de 2014

COPA DO MUNDO NO BRASIL - SIM OU NÃO

Bom dia  amigos,

Começa hoje, em São Paulo,  a Copa do Mundo de Futebol de 2.014, com a partida entre Brasil e Croácia no novo estádio do Corinthians Futebol Clube: o Itaquerão. Há 64 anos o país sediava, pela única e última vez, o  importante evento e quase  chegava a ganhar o seu primeiro título mundial, o que só veio a acontecer oito anos depois, em 1.958, na Suécia. O chamado desastre do Maracanã, estádio que recebia, segundo estimativas, na grande final entre Brasil e Uruguai, cerca de 200.000 eufóricos torcedores, marcou toda uma geração de brasileiros comuns e de atletas, especialmente aqueles  que estiveram em campo na partida que teve como número finais, Uruguai 2, Brasil 1 e uma enorme festa antecipada totalmente frustrada.  Uma lição, sem dúvida, para aqueles que comemoram títulos antes dos 90 ou 120 minutos da partida. Quem acompanha essa modalidade de esporte sabe perfeitamente que, a despeito de talentos e lógicas, o mais forte, o favorito, nem sempre confirma essa condição em campo, pois se trata de uma jogo que envolve técnica, táticas, força e inteligência e, de quebra, circunstâncias, que alguns preferem eufemisticamente chamar  de vontade dos  “deuses dos estádios”, numa apologia ao politeísmo grego . Sim, as famosas circunstâncias às quais se referiu Gasset, ao lembrar que já não existe o homem incondicionado, numa suposta e hipotética existência isolada e primitiva.  E por falar em circunstâncias, agora elas são completamente diversas. O país aparentemente se divide entre aqueles que apóiam a vinda da Copa do Mundo para cá, e aqueles que, ou não gostam de futebol, ou entendem que o Brasil, com seus graves e conhecidos problemas quase insolúveis, envolvendo saúde, educação e segurança, não podia gastar dinheiro público com a promoção de um evento que apenas ensejará, como garantem alguns que ensejou, corrupção e enriquecimento ilícito à custa do sofrido povo brasileiro. Com respeito à divergência, nenhum dos argumentos que ouvi contra a realização da Copa no Brasil, são convincentes. A corrupção é um mal universal e ainda que no país se considere que ela ocorre com maior intensidade, fruto de uma impunidade histórica, o problema não está evidentemente na Copa do Mundo, no futebol, nos turistas estrangeiros que vêm para cá, gastar os seus dólares ou euros, mas em questões endógenas arraigadas na nossa cultura e na maneira de concepção e funcionamento de nossas instituições. Ora, se as obras que aqui se realizaram como exigência da FIFA, a propósito do evento, ensejaram superfaturamento, enriquecimento ilícito de alguém ou alguns, improbidade administrativa etc., aí estão os Tribunais de Contas e o Judiciário nas suas diversas instâncias para prevenir em algumas situações e punir em outras aqueles que se aproveitam do dinheiro público para obter vantagens pessoais. Aliás, muitos dos cronogramas das obras previstas para a Copa do Mundo, foram furados por intervenção do Ministério Público Federal e do Trabalho, de Prefeituras e dos Tribunais de Contas, quando verificaram que havia problemas não solucionados e, apesar de se tratar de Copa do Mundo e de futebol, não tiveram dúvidas em paralisar licitações e obras que não vinham sendo executadas com respeito à legislação, inclusive de segurança do trabalho. Tem mais gente esperta capaz de driblar todas as nossas instituições responsáveis pela fiscalização e aprovação de contas. Deve ter. O deputado Romário, ex- atleta e um dos mais diretos responsáveis pelo nosso título de tetra, nos Estados Unidos, em 2.014, tem botado a boca no trombone. E faz bem. Denunciar é necessário. E vamos continuar fazendo isso, espero, não só em relação a obras da Copa, mas em toda e qualquer obra pública que se revelar inadequada, superfaturada, decidida com desvio de poder etc. Mas dispensar a Copa aqui, por esse motivo, não se justifica, pois a questão, como se disse, é endógena e cabe ao povo brasileiro, às autoridades brasileiras, à Justiça Brasileira e às instituições em geral, solucionar ou aprimorar a decantada impunidade, marco da nossa história. Não vamos esquecer que já tivemos épocas muito piores relacionadas à apropriação de dinheiro público e à impunidade do que agora. Época em que não existia a menor condição de ocorrer um processo e  julgamento envolvendo políticos de prestígio,  a final condenados, a despeito de pertencerem ao partido do governo.

Até mais amigos. Voltaremos ao assunto para completar nosso pensamento.


P.S. (1)  O espírito da Copa já começa a dominar nossa cidade de Campinas, que recebe as seleções de Portugal  e da Nigéria. A imagem n. 1 é de uma bola de futebol gigante colocada pela Prefeitura na Praça do   Centro de Convivência Cultural de Campinas, aqui no Cambuí.  Atrás, vista do  prédio do tradicional teatro,  e, mais ao fundo,  do teatro de arena. A imagem n. 2 é de uma grande loja de departamentos, a Miami Story, oferecendo vastos produtos relacionados à  Copa do Mundo e as seleções. Ambas as fotos do meu celular.


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